O Dia Mundial sem Tabaco, celebrado em 31 de Maio, foi criado com o objetivo de alertar a população para a epidemia e as mortes causadas pelo tabagismo. Em 2018, o tema é “Tabaco e Doença Cardíaca”. A Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) alerta que o consumo do tabaco e de seus derivados mata 7 milhões de pessoas por ano em todo o mundo, das quais 900 mil são fumantes passivas.
“Se a tendência continuar, até 2030, o tabaco deve matar mais de 8 milhões de pessoas por ano, com 80% dessas mortes ocorrendo em países de baixa e média renda.”, afirma o Diretor da Dive, Eduardo Marques Macário. Estudos evidenciam que o consumo de derivados do tabaco (cigarro, charuto, narguillé) causa quase 50 doenças diferentes, principalmente as cardiovasculares (infarto, angina), o câncer e as doenças respiratórias obstrutivas crônicas (enfisema e bronquite). As doenças cardiovasculares e o câncer são as principais causas de morte no Brasil e em Santa Catarina.
De acordo com os dados rcoletados do Sistema de Informações da Mortalidade (SIM), em 2017 foram registrados 10.788 óbitos por doenças cardiovasculares em Santa Catarina. Sendo 6.707 óbitos em pessoas com 70 anos ou mais, 3.382 em pessoas com idade entre 50 e 69 anos, 673 em pessoas entre 15 e 49 anos e 26 em crianças de zero a 14 anos. Ainda em 2017 foram registradas 47.478 internações, com o custo de R$ 139.586.233,30 aos cofres públicos.
Em relação as ações de prevenção, 256 municípios catarinenses implantaram o Programa de Controle do Tabagismo com tratamento gratuito na rede pública de saúde para quem estiver interessado em parar de fumar. Em 2017, das 11.411 pessoas atendidas, 5.032 pararam de fumar ao final do primeiro mês de tratamento.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo, sendo responsável por 63% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis. Desses, o tabagismo é responsável por 85% das mortes por doença pulmonar crônica (bronquite e enfisema), 30% por diversos tipos de câncer (pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga, colo de útero, estômago e fígado), 25% por doença coronariana (angina e infarto) e 25% por doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral – AVC).
A Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 (PNS) indica que cerca de 80% dos fumantes começaram a fumar diariamente aos 19 anos de idade e 20% com menos de 15 anos. O Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica, 2018) aponta que 9,6% dos adolescentes brasileiros com idade entre 12 e 17 anos sofrem hipertensão arterial.
Em relação ao tabagismo passivo no ambiente domiciliar, a proporção de pessoas não fumantes expostas à fumaça de produtos de tabaco foi de 10,7%. As mulheres não fumantes estavam mais expostas (11,7%) que os homens (9,5%). As pessoas entre 18 e 24 anos de idade também estavam mais expostas a esses ambientes que as demais faixas etárias. No trabalho, entre as pessoas não fumantes ocupadas e que trabalhavam em ambientes fechados, 13,5% estavam expostas ao fumo passivo. Nesse caso, os homens estavam mais expostos (16,9%) que as mulheres (10,4%).
De acordo com a Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde (CID-10, 1997), o tabagismo integra o grupo de transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de sustâncias psicoativas e, também, é considerado a maior causa isolada evitável de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo. É reconhecido como uma doença epidêmica que causa dependência física, psicológica e comportamental semelhante ao que ocorre com o uso de drogas como álcool, cocaína e heroína.
Tal dependência ocorre pela nicotina presente em produtos de tabaco, que obriga os fumantes a inalarem mais de 4.720 substâncias tóxicas – monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína –, além de 43 substâncias cancerígenas, sendo as principais: arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, chumbo, resíduos de agrotóxicos e substâncias radioativas.
O principal agente do tabaco e condutor dos distúrbios cardiovasculares é a nicotina. Após cada tragada, a concentração de nicotina no sangue tem elevação rápida e pode atingir o pico máximo entre cinco e 1dez minutos. Há intenso efeito colinérgico no sistema nervoso central, bem como na produção de adrenalina, catecolaminas, vasopressina e outros hormônios. Com isso, é desencadeada a aceleração da frequência cardíaca e a vasoconstrição, elevando assim a pressão arterial.
Já o monóxido de carbono diminui a oxigenação do miocárdio e dos tecidos em geral, pois possui cerca de 250 vezes maior afinidade pelo oxigênio que pela hemoglobina e forma carboxihemoglobina. Com o aumento da frequência cardíaca, o miocárdio trabalha mais e necessita consumir mais oxigênio e, se este lhe for negado, devido à vasoconstrição e elevação da carboxihemoglobina no sangue, o coração entra rapidamente em sofrimento.
Dados do Ministério da Saúde (MS) apontam que, em até 16% dos fumantes regulares, o tabagismo causa aumento da pressão sanguínea. Quanto maior for a concentração de nicotina, mais severo será o distúrbio cardiocirculatório. O ato de fumar é um dos principais fatores de doenças cardiovasculares, sendo responsável por uma a cada três morte por tais enfermidades.
A prática aumenta o triglicerídeo, diminui a quantidade do HDL (colesterol bom), torna o sangue pegajoso e mais propenso a coagular, o que pode bloquear o fluxo sanguíneo para o coração e o cérebro, danifica as células que revestem os vasos sanguíneos, aumenta o acúmulo de placa (gordura, colesterol, cálcio e demais substâncias) nos vasos sanguíneos e causa espessamento e estreitamento dos vasos sanguíneos.