As sutilezas na abordagem da família, as dificuldades em convencer a ceder partes de um parente querido, a urgência na retirada dos órgãos e a alegria de transformar a dor no renascimento de outras vidas. Todas essas são etapas reais no processo dramático e emocionante do mundo dos transplantes. Esse é o universo vivido todos os dias pela equipe que integra a Comissão Hospitalar de Transplantes-CHT do Hospital Regional de Araranguá, que comemorou na última terça-feira, 18, o sucesso na captação de fígado e rins na unidade hospitalar.
Após novo treinamento da equipe e com suporte total da SC Transplantes foi realizado o procedimento que durou algumas horas. Graças ao trabalho da Comissão Hospitalar de Transplantes, atualmente o HRA está habilitado a realizar a captação múltipla de órgãos. Há pelo menos 8 anos o HRA já vinha realizando a captação de órgãos para transplante de córneas, no entanto de fígado e rins ainda é uma novidade. A iniciativa ganhou apoio total do Instituto Maria Schmitt-IMAS que atualmente administra o Hospital.
Segundo Daiane Polli, coordenadora do Pronto Socorro e da Comissão Hospitalar de Transplante CHT, qualquer hospital acima de 80 leitos precisa ter cadastro ativo na SC Transplantes, porém nem todos recebem incentivo da Administração para buscar especialização na área. “Recebemos apoio total do IMAS, por isso nos organizamos e iniciamos um treinamento interno na segunda-feira, na véspera da captação” explica.
Uma decisão que pode salvar muitas vidas
Você sabia que um único doador de órgãos é capaz de salvar ou melhorar a vida de mais de 20 pessoas? A doação de órgãos e tecidos pode ocorrer após a constatação de morte encefálica, que é a interrupção irreversível das funções cerebrais, ou em vida. No HRA uma pessoa pode salvar até oito vidas com a doação, os órgãos destinados a doação e captados pela equipe de explante são: coração, pulmão, rins, fígado, córnea e pâncreas.
Para constatação de morte encefálica são realizados dois testes clínicos por médicos diferentes, mais um teste de apneia e um teste gráfico com laudo de neurologista. Após os testes a equipe aborda os famíliares sobre o interesse de doação e mediante autorização é iniciado o protocolo junto com a SC Transplantes que faz a busca do receptor compatível no estado, ou no país, caso não haja ninguém na fila em Santa Catarina.
O processo é sigiloso e quem vai receber o órgão não é identificado. Não há contato entre doador e receptor. O procedimento de captação também não tem tempo definido devido a localização do receptor e o deslocamento da equipe que realiza o transplante.
O diretor geral do Hospital Regional de Araranguá, Rafael Bonfada diz que é gratificante apoiar iniciativas como esta que contribuem para salvar vidas e ao mesmo tempo desmistificar um assunto tão cercado pelo preconceito e a falta de informação. “É gratificante e ao mesmo tempo emocionante, pois vivenciamos a generosidade das famílias doadoras e até mesmo a alegria delas em saber que apesar da perda estarão transformando e dando esperança a vida de outras pessoas.”
Já o presidente do IMAS, Robson Schmitt, falou sobre o momento ímpar e agradeceu o empenho da equipe e da plantonista Dra. Cintia Scherer, que teve grande agilidade no diagnóstico e início do protocolo. “Para nós, é motivo de orgulho poder participar desse processo de captação de órgãos visto que com essa estrutura de profissionais, conseguimos beneficiar muitas pessoas e salvar vidas. Meus cumprimentos especiais à esta grande equipe que demonstra não apenas um conhecimento técnico elevado na área, mas um espírito de generosidade e compaixão ao próximo fazendo um trabalho tão importante e nobre” elogiou.
Ainda de acordo com o presidente, são iniciativas como esta que devem guiar o Hospital Regional de Araranguá a um futuro mais próspero em 2019.
Informações:
IMAS – Instituto Maria Schmitt
48 3522 2487