Carnaval é tempo de brincar, pular e curtir, mas a prevenção não pode ficar de fora da festa. Por esse motivo, a Secretaria de Saúde de Santa Catarina (SES/SC) reforça que diversão e prevenção devem andar lado a lado durante os dias de folia.
O médico infectologista da SES/SC, Eduardo Campos de Oliveira, ressalta que o método mais eficaz para prevenir Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) é com o uso do preservativo masculino ou feminino em todas as relações sexuais. “Além de proteger contra ISTs, como sífilis, hepatites e HIV, o uso da camisinha também evita uma gravidez não planejada”, avalia.
Para garantir que todos estejam protegidos, o estado enviou aproximadamente 4 milhões de camisinhas aos 295 municípios catarinenses. Os preservativos serão distribuídos em festas, blocos de rua, blitze, além de ações pontuais. Eles também podem ser retirados, gratuitamente, nos serviços públicos de saúde.
A Secretaria de Saúde também firmou parceria com a concessionária Autopista Litoral Sul para a entrega de kits com preservativos e material informativo sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis na praça de pedágio de Araquari, no Norte de Santa Catarina.
HIV/Aids
Em 2019, foram diagnosticados 1.841 novos casos de infecção pelo HIV em Santa Catarina e 1.071 de aids. Em um comparativo com o ano de 2018, ambos tiveram redução. Naquele ano foram 2.244 novos casos de HIV e 1.276 de aids. O número de óbitos por aids também registrou queda. Em 2018, foram 469 e em 2019, 417. As pessoas que mais se infectam pelo HIV são jovens, com idade entre 15 e 34 anos, sendo quase dois homens para cada mulher.
Para Campos, essa redução é resultado das ações de ampliação da testagem e diagnóstico, início precoce do tratamento, além da implementação das estratégias de profilaxia pós-exposição e pré-exposição ao HIV em Santa Catarina.
Profilaxia Pós-Exposição (PEP)
É uma forma emergencial de prevenção da infecção pelo HIV mediante o uso de uma combinação de antirretrovirais (“coquetel”). É recomendada para pessoas que tiveram relações sexuais desprotegidas, consentidas ou não. O tratamento deve ser iniciado, preferencialmente, nas primeiras duas horas após a relação sexual ou, no máximo, em até 72 horas, e deve ser continuado por 28 dias, sempre com orientação médica.
Profilaxia Pré-Exposição (PrEP)
É um novo método de prevenção da infecção pelo HIV, com a utilização de medicamentos antirretrovirais. Consiste na ingestão diária de um comprimido, mesmo que não haja relação sexual. Os antirretrovirais impedirão o vírus de infectar o indivíduo, se houver exposição de risco (sexo sem preservativo).
Hepatites Virais
São doenças silenciosas, causadas por vírus que prejudicam o fígado e podem levar à cirrose e ao câncer. As hepatites que são transmitidas através das relações sexuais não protegidas são as do tipo B e a C.
Em Santa Catarina, houve estabilidade nos registros de novos casos da hepatite B entre os anos de 2018 e 2019 (1.344 em 2018 e 1.350 em 2019) e mínima redução nos casos de hepatite C (1.377 em 2018 e 1.156 em 2019). Além do uso de preservativos, a hepatite B também pode ser prevenida com vacina. No estado, a cobertura vacinal em 2018 foi de 58,5%, e em 2019, de 65,2%, considerando todas as faixas etárias. Já contra a hepatite C não há vacina, mas existem medicamentos que, em praticamente 100% dos casos, leva à cura em poucas semanas de tratamento.
Sífilis
A sífilis é uma grave IST, muito frequente nos dias atuais e que muitas vezes pode passar despercebida. Santa Catarina também registrou queda na notificação de novos casos de sífilis adquirida. Em 2018, foram registrados 12.364 novos casos e em 2019, 9.447. Se uma gestante tem sífilis, o feto poderá ser infectado e graves consequências poderão ocorrer, inclusive o abortamento.
A infecção tem cura, por isso é importante o diagnóstico precoce para iniciar o tratamento o quanto antes. O uso correto e regular da camisinha feminina ou masculina é uma medida importante de prevenção, já que a sífilis não confere imunidade e uma nova infecção pode ocorrer sempre que houver contato com a bactéria.
Teste rápido
Nos serviços de saúde de todo o estado estão disponíveis os testes rápidos para o diagnóstico das ISTs: HIV, sífilis e hepatites B e C. Os testes são práticos e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. Eles devem ser realizados periodicamente e sempre que houver alguma situação de risco, como transar sem camisinha, por exemplo, além de serem importantes para o diagnóstico dessas ISTs.