Santa Catarina passou a ofertar nas unidades de saúde de todo o estado a vacina meningocócica ACWY (conjugada), que protege contra as Doenças Meningocócicas (meningite, meningococcemia) causadas pela bactéria Neisseria Meningitidis (meningococo) dos sorogrupos A, C, W e Y. A vacina está indicada para adolescentes de 11 e 12 anos de idade, em dose única. Atualmente, a estimativa populacional em Santa Catarina nesta faixa etária é de 212 mil jovens. A meta é vacinar, ao menos, 80% deste total.
A Doença Meningocócica é uma infecção bacteriana grave que, se não for tratada a tempo, pode deixar sequelas como atraso mental, surdez, cegueira e, até mesmo, levar à morte em algumas horas. A bactéria causadora da doença é classificada em 12 sorogrupos. Sendo que, no Brasil, os principais são: B, C, W e Y. Os principais sintomas são: dor de cabeça intensa e febre elevada e de início súbito, vômito, rigidez na nuca e manchas vermelhas na pele.
O Sistema Único de Saúde (SUS) já oferecia imunização contra o sorotipo C, através da vacina meningocócica C. As doses eram aplicadas em bebês aos 3 e 5 meses, com reforço aos 12 meses; e também nos adolescentes. Agora, com a oferta desta nova vacina na rede pública, os jovens tomam somente a ACWY. Para os bebês, no momento, não há alteração. A vacina é uma das principais formas de prevenção contra a doença.
Outras vacinas que previnem a meningite e a doença meningocócica
- Vacina Pentavalente: previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite por Haemophilus Influenzae B.
Crianças: 1ª dose (2 meses) / 2ª dose (6 meses) / 3ª dose (6 meses)
- Vacina Pneumocócica 10 valente conjugada: previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo (Streptococcus pneumoniae).
Crianças: 1ª dose (2 meses) / 2ª dose (4 meses) / reforço (12 meses)
- Vacina Meningocócica C conjugada: previne doença meningocócica C
Crianças: 1ª dose (3 meses) / 2ª dose (5 meses) / reforço (12 meses)
- a vacina BCG: previne as formas graves de tuberculose, principalmente miliar e meníngea
Crianças: dose única ao nascer
Doença Meningocócica em Santa Catarina
Em Santa Catarina, havia uma predominância de circulação do sorogrupo C até 2016. No entanto, a partir de 2017, o sorogrupo W começou a ter uma elevação. Naquele ano, 41% do total de casos foram do sorogrupo W, contra 29% do sorogrupo C, seguido do sorogrupo B (12%).
A gerente de imunização da Secretaria de Saúde de Santa Catarina, Lia Quaresma Coimbra, explica que essa mudança no perfil dos casos fez com que o Mistério da Saúde observasse a necessidade da implantação para todo o Brasil da vacina contra os sorogrupos A,C,W e Y. “Os adolescentes e adultos jovens constituem um grupo crucial na epidemiologia da doença meningocócica estando associadas à elevadas taxas de colonização de nasofaringe, com participação importante na transmissão do meningococo na comunidade. Devido a este fator a faixa etária de 11 e 12 anos é a população preconizada pelo Programa de Imunização Nacional”, conclui.
Casos em Santa Catarina
Em 2019 foram confirmados 50 casos de Doença Meningocócica em Santa Catarina. Destes, 19 (38%) foram identificados como sendo do sorogrupo C; 13 (26%) do sorogrupo W, 9 (18%) como sorogrupo B, 7 (14%) sem identificação de agente etiológico e 2 foram do sorogrupo Y. No mesmo ano foram 13 óbitos; 5 (38,5%) foram identificados como sendo do sorogrupo W, e outros 5 (38,5%) do sorogrupo C, 1 (7,7%) do sorogrupo B, 1 do sorogrupo Y (7,7%) e 1 (7,7%) não identificado. A taxa de letalidade foi de 26%.
Diferente dos anos anteriores, em 2020 foram confirmados, até a semana epidemiológica 20, dia 14 de maio, 5 casos de Doença Meningocócica no estado de Santa Catarina. Entre os casos confirmados, o sorogrupo C foi identificado em 2 amostras, 1 caso foi pelo sorogrupo B e 1 caso de sorogrupo W. Do total de amostras, 1 caso com sorogrupo não identificado. No mesmo período foi notificado 1 óbito pelo sorogrupo W.
Como prevenir a doença meningocócica?
A transmissão da Doença Meningocócica ocorre por meio das vias respiratórias, no contato com secreções, gotícula do nariz e da garganta expelidas pela fala, tosse e espirro. A propagação é facilitada em ambientes fechados e/ou sem ventilação. Pessoas residentes na mesma casa, que compartilham dormitórios ou alojamentos, estão suscetíveis ao contágio que também pode ocorrer em creches, escolas, acampamentos ou locais em que há aglomeração de pessoas.
Por isso, além de tomar a vacina, é importante seguir algumas recomendações para evitar a transmissão da doença: manter os ambientes bem ventilados e, se possível, ensolarados, principalmente salas de aula, quartos, locais de trabalho e transporte coletivo; lavar as mãos frequentemente com água e sabão; manter rigorosa higiene com pratos, talheres, mamadeiras e chupetas; e evitar aglomerações.