Em meio ao isolamento social e restrições de visitas nos hospitais impostos pela pandemia da Covid-19, os pacientes do Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG), em Florianópolis, estão recebendo uma boa dose de alegria. Uma parceria entre os serviços de Pedagogia e Psicologia da instituição, aliado ao Projeto (A)Gentes do Riso, buscou um novo jeito de continuar levando diversão às crianças internadas. Um aplicativo de troca de mensagens e comunicação em áudio e vídeo pela internet foi a solução encontrada.
Foto: Divulgação / (A)Gentes do Riso
Há nove anos os palhaços doutores atuam no HIJG e, diante do contexto da pandemia, as visitas aos pacientes não poderiam continuar sendo feitas de forma presencial. A partir de conversas entre os serviços de Psicologia e Pedagogia, encontrou-se uma maneira de continuar com o projeto por meio das chamadas de vídeos online ou vídeos gravados diretamente para o paciente.
A visita dos (A)Gentes do Riso e de outros projetos com personagens sempre foi uma prática do Infantil, pois torna o ambiente hospitalar mais lúdico e alegre, aspectos fundamentais para restauração da saúde da criança.
“A alegria, o humor e o lúdico contribuem para o enfrentamento do estresse gerado pela hospitalização e por procedimentos invasivos e dolorosos tanto para o paciente quanto para a família. Consideramos que o hospital não é só um lugar de doença, mas de promoção de saúde. A alegria é um elemento fundamental de todo esse processo. As videochamadas com os (A)Gentes do Riso trazem alegria e humor para a rotina hospitalar, criando momento de descontração, mobilizando aspectos positivos que contribuirão para o bem estar psicofísico dos pacientes. Nesse sentido as visitas são muito terapêuticas”, explica a psicóloga Simone Scheibe, chefe do Serviço de Psicologia do HIJG.
Esse é um atendimento integrado entre a Pedagogia, que acompanha os agentes, e a Psicologia, que escolhe os pacientes e entra em contato com os familiares para ser autorizado o atendimento lúdico online. Toda equipe da Psicologia participa e auxilia na seleção dos pacientes que receberão a visita semanalmente.
Segundo Claudia Mattos Silva, chefe do Setor de Pedagogia Hospitalar, as intervenções online iniciaram pela necessidade de ter os agentes da alegria próximos novamente, mesmo com o isolamento social. "O primeiro paciente com Covid-19 internado no hospital, o Thomas, de nove anos, foi o primeiro que recebeu a intervenção online. Foi um encanto, ficamos impressionados com o quanto é importante essa ação. É uma intervenção que dura cerca de uma hora e a família também se sente muito bem acolhida", explica Cláudia.
A Covid-19 também transformou a forma de atuação dos (A)Gentes do Riso. “Quando aconteceu a pandemia, tivemos que entender esse momento novo que nos foi colocado. Tivemos que nos reinventar. Além de postarmos fotos e receita lúdicas em nossas redes sociais, começamos a criar vídeos em coletivo com três focos: cuidar de si, cuidar do outro e o cuidado com quem tá cuidando da gente. Postamos e foi super bem recebido. Percebemos que as telas também podem ser um canal de comunicação com os pacientes. Foi aí que o setor de Pedagogia se uniu ao de Psicologia e começamos a experimentar os encontros virtuais com os pacientes e a família, que sempre esteve envolvida em nossos atendimentos, pois eles adoecem junto e se dedicam ao tratamento, necessitando desse olhar cuidadoso”, explica o palhaço Egon Seidler, integrante da Traço Cia. de Teatro e da coordenação do projeto (A)Gentes do Riso. Seidler ressalta ainda que, mesmo por meio da tela, é possível criar um laço, um vínculo, fazer arte, brincar e promover o riso.
O feedback recebido dos pacientes e dos pais e cuidadores é muito positivo, segundo a psicóloga Simone Scheibe. “No momento da videochamada, a criança esquece que está em um hospital ou que está fazendo um procedimento invasivo. Ali ela se conecta com a alegria, o humor, a leveza que o momento proporciona. Consideramos que tem sido uma experiência incrível e muito importante dentro do contexto de limitação imposto pela pandemia da Covid-19”, finaliza.