Um adolescente e duas crianças de quatro anos passaram por procedimentos cirúrgicos no tórax e na traqueia entre a sexta e o sábado.
Uma equipe do Centro Cirúrgico do Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG), coordenada pelo médico. Felipe Flausino, realizou nesta sexta-feira (23) e sábado (24) três cirurgias inéditas. A primeira, ocorrida sexta-feira, foi em um adolescente com Pectus Excavatum, que é uma deformidade do tórax que se acentua na adolescência. “É um defeito congênito que pode comprimir órgãos como coração e pulmão. Além disso, há o problema estético, levando esse jovem a sentir vergonha do próprio corpo. Existem aqueles que têm a deformidade para dentro do tórax e aqueles que têm a deformidade para fora”, explica Flausino. Essa cirurgia já foi feita por outros médicos no HIJG, mas a diferença agora é que o procedimento foi por vídeo, com apenas três incisões. “Antes era uma cirurgia muito longa, que durava quase um dia todo e era necessário fazer um corte no peito. Agora, conseguimos colocar a placa de titânio com apenas três incisões, levando em média três horas”, complementa o médico.
O HIJG abriu agenda de consultas para crianças e adolescentes com Pectus Excavatum há um ano e recebe de oito a dez pacientes por mês. “Desses, 10% precisam passar por cirurgia, os demais conseguem fazer tratamento com colete torácico dinâmico”, observa Flausino.
Crianças com traqueostomia
As outras cirurgias inéditas, neste sábado, foram feitas em duas crianças de quatro anos que têm traqueostomia, orifício artificial criado cirurgicamente na traqueia para que o paciente consiga respirar.
Uma das crianças precisou da traqueostomia devido a uma má formação da traqueia, problema que acontece em um a cada 20 mil nascidos, geralmente associada a outras síndromes. “A criança tinha dificuldade de respirar e risco de ir a óbito. Na cirurgia, colocamos um enxerto de costela na região da traqueia”, observa o médico.
A outra criança havia ficado com sequela da intubação. Segundo Dr. Felipe Flausino, 2% das crianças que vão para a UTI fazem esse tipo de lesão. “Pode ocorrer mesmo tomando todos os cuidados. Essa cirurgia era realizada somente fora do Estado e a um custo muito elevado, podendo ultrapassar R$ 50 mil. Retiramos a área lesada e reconectamos a traqueia”, salienta.
Cada uma das cirurgias deste sábado durou quatro horas. “Os procedimentos irão dar qualidade de vida para essas crianças. Tiveram o empenho de vários profissionais e direção do hospital”, enaltece o médico.
Toda a equipe (anestesista e cirurgiões) fizeram especializações e treinamentos internacionais para a realização dessas cirurgias. Um cirurgião de Campinas, cidade localizada no interior de São Paulo, veio ao HIJG para acompanhar o trabalho.
Texto: Bruna Borges