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Para muitas mulheres, o sonho de ser mãe não é tão simples, e as perdas gestacionais entram como um dos fatores deste processo. Na maternidade Darcy Vargas, em Joinville, um procedimento visa auxiliar pacientes nesses casos, a Cerclagem abdominal pré-gestacional por laparotomia. O primeiro procedimento deste tipo, pelo que se tem conhecimento, em um hospital público de Santa Catarina foi realizado na unidade no último dia 5.

A paciente possuía múltiplas perdas gestacionais, sendo a última com 22 semanas, além disso já havia realizado a cerclagem vaginal. A grande diferença entre os dois procedimentos é que a Cerclagem vaginal, como o nome já diz, é realizada pela vagina, onde é colocado um fio de sutura ao redor do colo uterino para impedir a sua dilatação e é realizado durante a gestação.

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Já a Cerclagem abdominal, habitualmente é realizada antes da próxima gestação, e a sutura é colocada em uma posição mais alta, em região do orifício interno do colo uterino e fixada anteriormente ao útero (próximo da bexiga). Por ser um procedimento mais invasivo, é necessária uma avaliação precisa do histórico gestacional para indicar a sua realização.

Giórgio Conte Tondello, ginecologista e obstetra na Maternidade, explica as condições específicas para que a paciente se enquadre nas indicações. “A paciente que tem indicação de realizar a cerclagem por via abdominal é acompanhada desde a resolução da última gestação. A história deve ser compatível com o quadro de incompetência istmo cervical, que é caracterizado pela incapacidade do colo uterino de segurar a gestação no segundo trimestre, além de já ter realizado uma cerclagem via vaginal e mesmo assim não ter tido sucesso em manter a gestação” explica. Outra indicação é para aquelas que não possam realizar uma cerclagem via vaginal, seja por uma impossibilidade anatômica ou alguma cirurgia prévia no colo uterino.

A realização do procedimento visa assegurar que o feto permaneça mais tempo dentro do útero. “Estudos recentes têm demonstrado uma taxa de sobrevivência neonatal maior que 90%, além da idade gestacional média de nascimento entre 36 e 37 semanas nas pacientes que realizaram a cerclagem abdominal”, reforça Giórgio.

As complicações do procedimento são raras, mas como uma cirurgia exige cuidados na recuperação. Para a realização da cerclagem pré-gestacional, a paciente permanece internada por 24 horas. A orientação é que a tentativa de nova gestação deva ser realizada a partir de 60 dias do procedimento.

O procedimento inovador foi realizado pela equipe formada pelos obstetras Giorgio Tondello, Carlito Moreira Filho e Jorge Amaral, no dia 05 de março e já há mais uma paciente candidata que poderá realizar a cirurgia ainda neste mês.