O Hospital Regional Alto Vale (HRAV), de Rio do Sul, realizou pela primeira vez cirurgias de ressincronização cardíaca com a implantação de marcapassos em três pacientes. Os procedimentos, executados em 2 de novembro, tornaram-se possíveis devido à habilitação estadual em Cirurgia Vascular e Procedimentos Endovasculares Extracardíacos, concedida em maio pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). Com o credenciamento, a unidade tornou-se um Centro de Referência em Alta Complexidade Cardiovascular para a macrorregião do Vale do Itajaí.
Dr. Marcelo Vier Gambetta, cardiologista e diretor técnico do hospital, explica que os pacientes da região costumavam enfrentar uma espera de um a dois anos para a implantação de marcapassos ressincronizadores ou cardiodesfibriladores (CDI). Com as novas habilitações em cardiologia, ele acredita que o tempo de espera será reduzido. "Recebemos em julho, via regulação SES, os primeiros pacientes da habilitação estadual em cardiologia. E todos já foram operados", destaca.
O médico ressalta que o uso desse tipo de dispositivo tem tido um impacto significativo na redução das filas de transplante cardíaco em todo o mundo. “Vários pacientes que anteriormente precisavam de transplante tiveram sua condição melhorada ou resolvida por meio da ressincronização cardíaca. Atualmente, o transplante cardíaco é considerado como uma opção de último recurso”, avalia.
Tratamento mais próximo
A iniciativa faz parte de um esforço mais amplo de descentralização dos serviços de Cardiologia em Santa Catarina, que teve início em fevereiro. O objetivo é aproximar os pacientes do tratamento, dar andamento às filas de cirurgias eletivas, bem como desafogar o fluxo de encaminhamentos ao Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC), em São José.
“Esse movimento foi iniciado porque se evidenciou que havia muitos pacientes em regiões distantes da Grande Florianópolis e que havia hospitais com capacidade de atendê-los. Santa Catarina motivou o Ministério da Saúde a autorizar e conseguiu regionalizar os atendimentos da cardiologia, tanto de cateterismo cardíaco quanto de implante de dispositivos tipo marcapasso, e aí surgiram as habilitações estaduais em cardiologia”, explica o Superintendente dos Hospitais Públicos Estaduais, Roberto Henrique Benedetti.
Desde fevereiro, a Secretaria de Estado da Saúde já credenciou 11 hospitais com habilitações e qualificações estaduais em cardiologia. As unidades estão localizadas em cinco macrorregionais: Sul (1), Planalto Norte e Nordeste (3), Meio Oeste e Serra Catarinense (1), Grande Oeste (1), Grande Florianópolis (1), Foz do Rio Itajaí (1), Alto Vale do Itajaí (3).
Melhor qualidade de vida
“Eu não podia nem dar uma risada bem boa, porque o meu fôlego não dava”, relata Selma Weiss, 63 anos, moradora de Imbuia, no Alto Vale. A agricultora vinha enfrentando inúmeras adversidades devido a uma condição cardíaca debilitante. Há quatro anos, após consulta com um especialista, foi diagnosticada com uma cardiopatia grave e, em dezembro de 2022, encaminhada para a realização do implante de marcapasso pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Em janeiro deste ano, uma ambulância do município a levou até o Instituto de Cardiologia, em São José, para uma primeira avaliação. Com a iniciativa de descentralização dos serviços de cardiologia iniciada pela SES, por meio das habilitações estaduais, sua jornada foi alterada. A partir de então, foi informada de que receberia cuidados médicos mais próximos de sua cidade, em Rio do Sul, no Hospital Regional Alto Vale.
“De Imbuia a Rio do Sul dá somente uma hora, antes nós levamos três horas de ambulância até o município de São José, na Grande Florianópolis. Eu só tenho a agradecer ao Governador, à Secretaria da Saúde e a todos que tomaram essa decisão, porque é muito mais prático. Estamos bem mais perto de casa, é tudo mais fácil e bem mais viável. Parabéns pela atitude de vocês”, agradece Selma.
A aposentada é portadora de uma condição médica chamada cardiomiopatia dilatada, na qual o coração se expande e perde sua força, gerando fadiga e falta de ar. Na última semana ela recebeu o implante do aparelho pelo SUS. Desde então, tem se sentido melhor.
“O marcapasso multissítio, também chamado de ressincronizador, possibilita a redução do tamanho cardíaco, a melhora da força cardíaca e, consequentemente, o alívio parcial ou total dos sintomas”, explica o cardiologista, Dr. Marcelo Vier Gambetta, responsável pela cirurgia.
Todos os procedimentos foram realizados com anestesia local e sem a necessidade de grandes cortes. Um dia após a cirurgia, ela havia recebido alta. De volta ao lar e com fôlego renovado, dona Selma espera agora poder ter uma melhor qualidade de vida, com boas risadas.
“Eu trabalhava na lavoura e eu não aguentava mais nem levar café para turma na roça, subir um morro, fazer qualquer serviço em casa, era muita canseira. Se andava muito, sentia falta de ar. Essas pequenas coisas que eu não podia mais fazer, que farão a diferença para mim daqui pra frente”, comemora.
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