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HOSPITAIS
Segundo o IBGE, 66% dos leitos no Brasil estão em hospitais privados e 34% nos públicos. Na Grande Florianópolis, a situação se inverte: 80% são públicos, e 20%, particulares. Esses índices mudarão com a inauguração do Hospital Baía Sul, quarta-feira, na Capital. Serão mais 90 leitos e com estrutura voltada às cirurgias de alta complexidade
Geral
COMPULSÃO POR COMER
Um dia de cada vez, um prato de cada vez
Grupo de Florianópolis ajuda a reconhecer transtorno alimentar e dá apoio para ter uma vida mais saudável
Ela tem 54 anos, é casada e mãe de dois filhos. Hoje dirige, trabalha, faz aula de dança e de violão, tem uma rotina alegre com a família. Mas nem sempre foi assim. Quando tinha 32 anos, achou que sua vida tinha acabado. Era deprimida, mas não sabia o porquê.
Com um familiar alcoólatra, não tinha ânimo para nada. Comia escondida, mentia, não queria sair nem ver as pessoas. Sentia-se infeliz com o corpo, fez dietas, tomou remédios, mas não se animava. Um dia, fez travessas enormes de doces e salgados. Comeu tudo rapidamente. Passou mal, mas logo depois voltou a comer.
Então, se deu conta que não conseguiria se ajudar. Foi nesta época que conheceu os Comedores Compulsivos Anônimos (CCA), um programa baseado nos Alcoólatras Anônimos e que ajuda pessoas que sofrem de compulsão alimentar.
O grupo surgiu em 1960 na Califórnia, nos Estados Unidos, e teve o primeiro grupo fundado no Brasil em 1984, no Rio de Janeiro.
Em Florianópolis, houve grupos anteriores que fecharam, mas um novo foi criado em julho. Para participar, não é preciso pagar mensalidade, preencher cadastros e sequer dizer o nome completo. Os frequentadores têm total direito ao anonimato. O importante é reconhecer o comportamento compulsivo, que não está ligado somente à obesidade. Magros também podem sofrer da doença sem saber.
O compulsivo acha que pode se controlar
Hoje, cinco pessoas frequentam regularmente: um homem e quatro mulheres. Para eles, o apoio é fundamental para não sofrerem as crises de compulsão. É o caso de um jovem de 32 anos, casado e que se considera gordinho desde sempre. Com 1m78cm e 105 quilos, quer mudar.
– Eu me perguntava por que aquilo acontecia justo comigo. Ninguém da minha família é assim. Eu comia escondido, culpava meus pais. Tentei de tudo, exercícios, dietas, remédios, até descobrir que era doente e tinha ajuda – diz.
Para ele, o comedor compulsivo é orgulhoso, acha que pode se controlar. E ainda costuma deixar a mudança para o dia seguinte. Ele acredita, ainda, que o segredo do programa é a continuidade.
Um dia de cada vez. É como vive a mulher de 54 anos, citada no início da reportagem e que hoje tem uma rotina completamente diferente. Afirma que o grupo melhorou não só sua autoestima, mas a relação em casa:
– Não quero mais morrer em vida. Fiquei nove anos sem ir à praia, sem vestir uma saia, sem usar salto alto. Ao ficar mal, eu fazia mal à minha família – diz.
A mesma opinião tem uma jovem de 34 anos, casada e mãe de duas filhas. Vaidosa, começou a se incomodar com o sobrepeso aos 23 anos. Foi uma batalha, até que, aos 32 anos, conheceu o CCA pela internet e descobriu seus benefícios. No começo, frequentava uma reunião online, mas acha o grupo presencial melhor, pois pode se dedicar mais à reunião. Hoje, tem tranquilidade para lidar com os hábitos e com a família. Diz que se policia mais e espera conseguir se controlar para sempre.
Diferenças
Compulsivo
l Tem ataques e come tudo o que gosta e está disponível
l Sente culpa depois e pode até passar mal
l Se não puder comer na hora da crise, ficará mais estressado
l Come em grandes quantidades em pouco tempo. Por exemplo, duas caixas de chocolate em uma hora.
Quem come por prazer
l Come bastante, mais em eventos ou festas
l Em geral, não sente culpa depois
l Se não puder comer, não se sente angustiado
l Come em grandes quantidades, mas em um espaço de tempo maior. Por exemplo, uma caixa de chocolate ao dia.
juliana.debei@diario.com.br
COMPULSÃO POR COMER
Novo estilo de vida
A coordenadora do Comedores Compulsivos Anônimos (CCA) em Florianópolis tem 31 anos e o desejo de ajudar a outras pessoas e a si mesma.
Ela se deu conta de que era compulsiva há cerca de um ano e meio e recebeu ajuda para mudar. Assim como muitas mulheres, teve um filho jovem e começou a engordar na gravidez.Em cinco anos, pesava 32 quilos a mais. Fez tratamento médico e tomou remédios, sem sucesso. Começou a sentir cada vez mais vontade de comer compulsivamente:
– Eu escondia a comida e fazia farras. Esperava, ansiosa, a hora de comer sozinha – lembra.
Um dia, conheceu o programa por meio de uma reportagem e descobriu que eram feitas reuniões pela internet. Depois de um tempo, teve a ideia de criar um grupo presencial.
– Há mais concentração, você sente a emoção dos outros, olha nos olhos deles – explica a coordenadora do CCA.
Ela ensina o caminho para quem quer criar um grupo, que funciona de modo autossuficiente, sem ser filiado a organizações públicas e privadas. Pessoas de qualquer cidade podem organizar reuniões, basta entrar em contato por meio do site. Com a ajuda do grupo, ela emagreceu 15 quilos e adotou um novo estilo de vida. O CCA atua em questões emocionais, físicas e espirituais, e também diverge de outros grupos de reeducação alimentar:
– O alimento que causa a compulsão é visto como proibido. Nós não temos a balança e o constrangimento que ela causa. Nem cobranças financeiras. E há, ainda, a questão do anonimato.
Serviço
l CCA em Florianópolis
l Local: Paróquia Santo Antônio, Avenida Padre Schuler, 81, Centro, próximo ao Lira Tênis Clube
l Reuniões: todas as terças-feiras
l Horário: 20h
l Contato: ccafloripa@yahoo.com.br
l Site: www.comedores compulsivos.com.br
COMPULSÃO POR COMER
Os riscos e os benefícios para a saúde
Buscar ajuda em um grupo de apoio contribui para o tratamento. É o que acredita o médico Omar César Castro, especialista em nutrologia. Ele diz que os Comedores Compulsivos Anônimos funcionam como uma terapia, mas alerta que é preciso buscar ajuda de psicólogos e médicos.
– A compulsão alimentar é quando o indivíduo não consegue se controlar e come até se sentir cheio, depois sofre com o sentimento de culpa. Um especialista deve ajudá-lo.
Cada organismo reage diferente aos alimentos e, para o médico, eliminar do cardápio as comidas que causam a compulsão pode prejudicar a saúde. Eles devem ser compensados, com orientação médica. Entre os tratamentos, indica uso de medicação para reduzir a ansiedade, a reeducação alimentar, atividade física e acompanhamento psicológico.
O presidente na Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia da Regional SC, o médico Alexandre Hohl, explica que algumas pessoas podem ter o chamado transtorno de compulsão alimentar periódico (TCAP). Hoje, 30% dos obesos mórbidos no Brasil sofrem da doença.
– Os sintomas são pelo menos dois episódios de compulsão por semana, por seis meses. Nele, a pessoa, sozinha, come exageradamente em um curto espaço de tempo e não tem controle sobre isso. O alimento é ingerido mesmo sem fome. Além da culpa, os compulsivos podem sentir repulsa de si mesmos.
Hohl diz que a compulsão não está, necessariamente, relacionada à obesidade, mas os magros compulsivos tendem a engordar. Para o tratamento, o indicado são medicamentos que agem no sistema nervoso central e terapia. Em teoria, grupos como o CCA também podem ajudar pelo conhecimento de outras pessoas com a mesma doença, o que diminui a sensação de a pessoa sentir-se a única com problemas.
Transformar o anseio em algo construtivo
A psicanalista Soraya Valerim fala que o risco de participar somente do grupo é a pessoa acreditar que é reduzida a um rótulo. Outro perigo é aceitar conselhos e ideias prontas.
– Às vezes, o conselho vem com uma carga do “dever ser”, um ideal, o que pode aumentar a sensação de culpa por um comportamento.
Para a psicanalista, a compulsão se manifesta nas pessoas que não suportam ficar em falta.
A comida fornece uma satisfação para um vazio, mas depois é pior. A sensação de impotência aumenta, e a pessoa quer comer ainda mais, o que cria um círculo vicioso.
A proposta é como transformar esse anseio em algo construtivo. O desejável seria construir o próprio caminho e encontrar satisfação na relação com outras pessoas, no trabalho, em uma causa, em algo que não seja solitário.
os mitos sobre o que engorda
l Cerveja não engorda. Cada grama de álcool tem 7 calorias. O açúcar, por exemplo, tem 4 calorias por grama, e a gordura, 9 calorias.
l É bom cortar totalmente a gordura da alimentação. O ideal é comer, no máximo, 20% de gordura ao dia, restringido a saturada.
l Sem fazer exercícios, a pessoa não emagrece. É possível emagrecer só com a reeducação alimentar, mas é mais difícil. O exercício é bom não só pela perda calórica, mas pelo ganho de massa muscular.
l Beber água durante as refeições engorda. Sopa tem água e pode ajudar a emagrecer. E o cafezinho de manhã, não é em uma refeição? Com moderação, não há problemas em beber água ou suco.
l Refrigerante light à vontade não engorda. As substâncias presentes na bebida podem alterar o metabolismo.
l Ficar sem comer ajuda a emagrecer. O jejum piora o metabolismo e aumenta a tendência a engordar. O ideal é fazer várias refeições saudáveis.
l Comer uma refeição mais calórica engorda. Se a pessoa mantiver uma meta diária e souber distribuir as calorias ao longo do dia, poderá comer aquela macarronada sem culpa no almoço
COMPULSÃO POR COMER
Obesidade em Santa Catarina
Uma das consequências da compulsão alimentar é o aumento do peso. Santa Catarina é destaque no número de obesos, segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) e antropometria (relação entre o peso e altura) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos domicílios brasileiros entre 2008 e 2009.
De acordo com o estudo, os garotos catarinenses na faixa dos 10 anos e os homens entre 20 e 24 anos são os mais pesados do país. O Estado empata com o Rio Grande do Sul nestas faixas etárias e está em terceiro entre as idosas a partir de 75 anos.
Na Região Sul, metade da população – 56,8% dos homens e 51,6% das mulheres – pesa mais do que o ideal, conforme o índice de massa corpórea, que calcula o valor de obesidade.
Outro estudo do IBGE, divulgado em agosto, mostra que 7,2% dos estudantes de 13 a 15 anos do 9º ano do ensino fundamental em Florianópolis estão acima do peso. O percentual está na média da Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (Pense).
A pesquisa mediu o peso e a altura de quase 60 mil adolescentes em todas as capitais brasileiras. O principal problema constatado foi o excesso de peso, o sobrepeso e a obesidade.
Segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS), o total de internações reduziu de 442 em 2008 para 272 até agosto de 2010.
Sobre os óbitos, em 2008 foram registrados 46, em 2009 o total subiu para 81, e até agosto deste ano, foram 34 mortes.
34 pessoas morreram em consequência da obesidade até agosto deste ano no Estado.
diario.com.br
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ALTA COMPLEXIDADE
Um novo hospital para a Capital
Baía Sul, que será inaugurado quarta-feira, terá 70 leitos e vai atender exclusivamente pacientes conveniados e particularesA Grande Florianópolis ganhará uma unidade de saúde de alto padrão voltada para pacientes conveniados e particulares. O Hospital Baía Sul atenderá procedimentos de alta complexidade. O empreendimento – que será inaugurado na quarta-feira e entra em funcionamento em dezembro – faz parte do complexo Baía Sul Medical Center, localizado no Centro da Capital.
De acordo com Irineu May Brodbeck, neurocirurgião e um dos idealizadores do projeto, existe uma demanda na região e até mesmo estadual por uma unidade hospitalar de alta complexidade. Um dos motivos é a recomendação dada em 2006 pelo Ministério Público Estadual para que os hospitais públicos de saúde de SC sob a administração do Estado – com exceção do Hospital Infantil Joana de Gusmão e do Hospital de Caridade, na Capital, por possuírem serviços exclusivos – atendessem somente pelo SUS.
Para exemplificar a dimensão do número de pessoas que serão beneficiadas com o empreendimento, o médico cita a maior empresa de plano de saúde do Estado, que possui 180 mil clientes em 21 municípios da Grande Florianópolis. Até então, a demanda por esse público era suprida por três unidades – Hospital de Caridade, SOS Cárdio e Casa de Saúde e Maternidade São Sebastião –, segundo a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de SC (Fehoesc).
– A Região Metropolitana apresenta baixa oferta de leitos hospitalares aos pacientes particulares e usuários de convênios e planos de saúde. O Baía Sul representa uma nova opção para a população, que poderá contar com um serviço de alta qualidade, com tecnologia de ponta preenchendo um espaço que se encontrava aberto no segmento hospitalar da região – ressalta Tércio Egon Paulo Kasten, presidente da entidade.
O centro cirúrgico, com seis salas, atenderá procedimentos de grande porte, tais como neurocirúrgicos, urológicos, bariátricos, ortopédicos e oncológicos, que requerem infraestruturas mais sofisticadas. Todos os equipamentos de alta tecnologia foram importados da Alemanha. O hospital irá contar com 70 leitos, incluindo suítes de até 50 metros quadrados. Cada ala terá a sua própria enfermaria. Na UTI, estão instalados 15 leitos, sendo oito deles privativos.
– Santa Catarina precisa de investimentos como este, com altíssima tecnologia, não apenas em Florianópolis, mas também em outras cidades. O hospital está sendo aberto em um momento importante para a saúde suplementar e, sem dúvida, será uma resposta à demanda por procedimentos de alta complexidade aqui no Estado – analisa o secretário de Estado da Saúde, Roberto Hess de Souza.
O Hospital Baía Sul funcionará no Bloco B, onde opera, desde 2005, o Baía Sul Hospital Dia, especializado em cirurgias de média e baixa complexidade. Para receber a estrutura, o prédio foi ampliado e reformulado. O investimento é de R$ 30 milhões.
O hospital pertence a uma sociedade formada por empresários e médicos. A unidade vai gerar 350 empregos diretos, entre equipes de apoio, administrativa e médica, e cerca de outras 200 vagas indiretas. O hospital terá ainda serviço de pronto-atendimento, mas ainda não há previsão para o início do funcionamento.
ALTA COMPLEXIDADE
Humanização do uniforme à decoração
O Hospital Baía Sul foi planejado dentro do conceito de humanização desde a decoração dos quartos até a escolha dos uniformes. Com o uso de cores, madeira e iluminação natural, os ambientes fogem do aspecto hospitalar, lembrando mais um hotel.
Já no atendimento, o objetivo, segundo Brodeck, é a agilidade, desde o agendamento da consulta até a alta.
– O quanto antes o paciente for para casa, melhor para ele, para o convênio, para a família, para quem está esperando por leitos, enfim, para todos. É um padrão que não tem igual em nenhum hospital do Estado.
Outro diferencial é que haverá acesso rápido e fácil a diferentes serviços como exames complementares. Para isso, a estrutura física do prédio é integrada por meio de elevadores, rampas e passarela.
A Estrutura
HOSPITAL BAÍA SUL
- Área: 4,5 mil m2
- Capacidade total: 70 leitos
- Foco: cirurgias de alta complexidade
- Público: convênios e particular
- Localização: no Bloco B do complexo Baía Sul Medical Center, junto ao Baía Sul Hospital Dia, na Rua Menino Deus, 63, Bairro Centro
- Investimento: R$ 30 milhões (deste total, R$ 2,5 milhões foram gastos em equipamentos da UTI e centro cirúrgico)
- Inauguração: na próxima quarta-feira
- Abertura: dezembro
O QUE O EMPREENDIMENTO OFERECE
- 70 leitos, entre suítes de até 50 metros quadrados, apartamentos e enfermarias
- Centro cirúrgico de grande porte com seis salas de até 50 metros quadrados, com equipamentos de última geração
- 15 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo oito privativos
- Estacionamento terceirizado
O COMPLEXO BAÍA SUL MEDICAL CENTER
- Inaugurado em 2003
- Mais de 20 mil metros quadrados de área construída
- É dividido em dois edifícios: o bloco A abriga mais de cem consultórios e o bloco B compreende o Baía Sul Hospital Dia e o novo Hospital Baía Sul
- Possui centro de diagnóstico por imagem e também um laboratório de patologia clínica
O BAÍA SUL HOSPITAL DIA
- Implantado em 2005, já realizou mais de 12 mil procedimentos cirúrgicos
- Ocupa uma área de aproximadamente 4 mil metros quadrados e dispõe de seis salas cirúrgicas
- Possui o Centro de Recuperação Pós-anestésica com quatro leitos e mais 22 leitos de internação
- Atende cirurgias de baixa e média complexidade
- O público são pacientes conveniados e particulares
Comunidade faz denúncia contra irregularidades em hospital público Curitibanos, 6 e 7/11/2010, Correio Lageano
Cobrança de consultas de pacientes encaminhados pelo sistema público de saúde do município a consultórios particulares no hospital público Hélio dos Anjos Ortiz; existência de serviços particulares atuando nas instalações onde deveria funcionar o hospital regional. Essas são as denúncias envolvendo a instituição.Pelo que apurou nossa equipe, no hospital funciona a Imed, uma clínica particular que efetua vários tipos de exames.
Os atendimentos são particulares e por meio de convênios. No entanto, são atendidos pacientes encaminhados pelos postos de saúde do município e parte do valor do exame é cobrado de forma indevida do paciente.
Segundo afirmou uma das atendentes da clínica, o paciente paga parte do procedimento ao qual foi submetido.
Outra metade, que a assistente classifica como “diferença”, seria um “desconto” dado pelo médico. “No caso de uma tomografia que particular custa R$ 280,00, por exemplo, quando é encaminhado pelo posto o paciente só paga R$ 100,00”, afirmou.
Essa mesma modalidade de atendimento é feita junto aos cerca de 10 consultórios particulares que funcionam nas dependências do hospital que deveria ser público.
Segundo esclareceu outra atendente, nos estabelecimentos são atendidos pacientes também encaminhados pelos postos de saúde e deveriam ser atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo assim, precisam pagar pelos serviços.
Em alguns consultórios, o valor da consulta é de R$ 180. Se o paciente for encaminhado pelo posto, paga somente R$ 100. “Esse tipo de consulta é marcada pelas moças (dos postos)”, esclareceu uma atendente.
Diretor e secretário admitem os serviços
O diretor do hospital, Marcelo Antônio Pastolini, admite a existência dos estabelecimentos nas dependências do Hélio Anjos Ortiz, porém garantiu que o uso foi liberado pela Secretaria de Estado da Saúde. “Tinha, no hospital, alguns espaços ociosos, então eles foram cedidos à iniciativa privada”, destacou.
Segundo ele, para fazer uso dos espaços os donos dos estabelecimentos pagam aluguel. “O valor arrecadado é revertido em melhorias ao próprio hospital”, afirmou, sem saber o montante que é arrecadado com a locação. Conforme ele, os valores do aluguel estão previstos em contrato e os beneficiados pagam por meio de boleto bancário.
Pastolin entende que os consultórios e as clínicas instaladas no hospital regional prestam um importante serviço à sociedade.
“Nosso hospital não teria condições de ter esses serviços, então, eles são muito úteis, principalmente considerando-se o fato de estarem perto da população”, enfatizou, informando que além da Imed, no mesmo espaço também funciona a clínica de hemodiálise.
Em relação às cobranças, disse que é um assunto que deve ser tratado com o gestor do município. “Esse é um serviço ambulatorial”, concluiu.
O secretário Municipal de Saúde, Alzane Adriano Scur, admite que existe, de fato, o encaminhamento do posto, entretanto, negou qualquer prática envolvendo cobrança irregular de pacientes atendidos pelos SUS.
“Os consultórios são particulares e o desconto oferecido pelos médicos nas consultas é para facilitar a vida dos pacientes mais carentes”, afirmou. Para ele, qualquer informação sobre a cobrança de procedimentos do SUS é “equivocada”.
Autoridades vão investigar as denúncias
Por meio de nota da assessoria de comunicação, a Secretaria de Estado da Saúde informou que está organizando uma visita técnica, na próxima semana, para verificação da situação do Hospital Hélio dos Anjos Ortiz.
“Se houver suspeita de irregularidades por parte de servidores públicos, será aberta uma sindicância para apuração dos fatos. Se houver suspeita de irregularidades envolvendo terceiros, será aberta uma auditoria”, destaca a nota.
Sobre as denúncias do uso do espaço público, a assessoria não prestou esclarecimentos. Segundo apurou o CL, os espaços em hospitais públicos só podem ser cedidos à iniciativa privada por meio de licitação pública.
A promotora de Justiça da Comarca de Curitibanos, Andrea Gevaerd, frisou que qualquer tipo de taxa, cobrada de pacientes atendidos pelo SUS, é ilegal. “Quem, por ventura, se sentir lesado, deve fazer a denúncia no Ministério Público”, finalizou