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GRIPE A

Estado pede suspensão de liminar

 

O governo estadual entrou na sexta-feira com pedido de suspensão da liminar da Justiça de Papanduva, que há cerca de 15 dias determinou que os 17,7 mil moradores fossem vacinados contra a gripe A.

A Procuradoria-geral do Estado argumentou que, como as doses são distribuídas pelo Ministério da Saúde em cotas, o Governo do Estado se arriscaria a deixar desprotegidas pessoas que fazem parte dos grupos de risco se seguisse liminares que viessem a ser concedidas.

A Justiça da comarca avaliou a vacinação em massa como uma forma de proteger a população. A primeira pessoa a ter contágio pelo vírus H1N1 confirmado no Estado foi um morador, de 34 anos, do município. Nesta semana, o homem com gripe A saiu da UTI, mas permanece internado em um hospital em Mafra.

PAPANDUVA
 
 

 

 

  • Mais da metade

    Em SP, 56,7% dos bebês nascem em cesarianas. Teve gente surpresa. A Organização Mundial de Saúde recomenda teto de 15% para as cesáreas. Não há muita diferença por aqui. Em Joinville, as cesarianas responderam por 50,3% dos partos no ano passado.

  • Alerta da Saúde

    No Hospital da Unimed, as cesarianas foram 78,8% dos partos. No Dona Helena, o índice ficou em 75,7%. A Secretaria de Saúde de Joinville não tem como se meter nos hospitais privados, mas mandou comunicação chamando a atenção sobre a elevada proporção de cesarianas.

     

     


     

    VISOR | RAFAEL MARTINI

     ARCANJO ESTÁ DE CARA NOVA

    O Arcanjo, helicóptero utilizado para resgates, retorna às operações nesta semana. A aeronave foi revisada e ganhou novo layout em vermelho, branco e amarelo, com os logotipos do Corpo de Bombeiros Militar (193) e do Samu (192). Nos quatros meses em que auxiliou os bombeiros, a aeronave socorreu pelo menos 180 pessoas. No dia 14, acontece uma solenidade de formação de novos bombeiros tripulantes. O ponto alto será o depoimento de vítimas salvas durante a temporada.
     
     
    Geral

    SUSPEITA DE ERRO MÉDICO

    O drama de Ana e Wagner

    Filho de um ano e meio do casal morreu nos braços da mãe logo após receber injeção antialérgica num hospital de Joinville

     

    Felipe Malaquias, de um ano e meio, morreu nos braços da mãe enquanto era amamentado. Na terça-feira, o menino deu entrada no Hospital Infantil Jeser Amarante Faria com princípio de pneumonia. O menino foi medicado e apresentava sinais de melhora quando uma injeção na veia tirou o sorriso dele.

    Felipe era o caçula de Ana Paula e Wagner Malaquias. O casal acredita em erro de procedimento de enfermagem. A última imagem que Wagner tem do filho é de minutos antes da morte.

    Um beijo de despedida, um sorriso e um “papai” balbuciado. Wagner saiu do hospital para buscar roupas para a mulher. No caminho, recebeu a notícia de uma vizinha.

    – Ela me disse para voltar correndo que o Felipe tinha sofrido uma parada cardíaca.

    Ana Paula lembra dos últimos momentos com o bebê. Ela o levou para a emergência por causa da febre. O médico decidiu interná-lo por um dia. A enfermeira foi encarregada de ministrar um antialérgico. Neste momento, a recordação de Ana é um misto de tristeza, dúvidas e revolta.

    – No momento em que ela injetou o medicamento, ele escureceu e morreu no meu colo.

    A mãe ficou sem reação. Primeiro, vieram as lágrimas. Depois, a certeza.

    – Eu falei na mesma hora: meu filho não morreu, vocês o mataram.

    Para ela e o marido, não existe outra explicação aceitável.

    – Ele sempre foi saudável. Só tinha gripe. Foi uma coisa inexplicável.

    Desde terça-feira, o casal não faz outra coisa senão tentar entender como uma criança saudável, com um problema simples, teria morrido daquela maneira.

    A hipótese levantada por Ana é de que o medicamento tenha sido diluído no solvente errado.

    – Pessoas lá de dentro nos falaram que eles usaram cloreto de potássio em vez de água e isso deve ter sido a causa da morte do meu filho.

    A explicação fez com que Ana pesquisasse pela internet se a mistura do antialérgico com o solvente poderia ter provocado a morte.

    – Confirmei que sim. Usaram a combinação errada.

    Ana e Wagner ainda não tiveram tempo de chorar a perda do filho. Na sexta-feira, passaram a manhã no Hospital Infantil. No local, ninguém admitiu que cometeu o erro.

    Pais dizem que são tratados com frieza pelo hospital

    – Para nós, falaram que o exame ainda não está pronto, mas nós também sabemos que está, que existe um laudo – conta o pai.

    – Nós só não queremos ser tratados com deboche. A gente pergunta e eles respondem com uma frieza impressionante – diz Ana Paula.

    Às vésperas do Dia das Mães, Ana se conforta no marido e nos filhos Nathália, de quatro anos, e Marlon, nove. As lágrimas ainda são tímidas, parecem presas na incerteza e na revolta.

    – Não foi uma fatalidade. Foi com o meu filho, mas podia ter sido com qualquer outro.

    Sem respostas oficiais do Hospital Infantil Jeser Amarante Faria, Wagner e Ana decidiram recorrer ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Na sexta-feira, foram à Promotoria da Infância e Juventude para fazer a denúncia do que consideram um erro de procedimento de enfermagem. Eles relataram o fato à assessoria do promotor Sérgio Joesting, que está de férias e é substituído por Júlio César Mafra.

    Na segunda-feira, o Ministério Público vai solicitar ao Hospital Infantil e ao laboratório a quem o casal atribui a responsabilidade pelo laudo que vai comprovar se houve erro de procedimento ou não uma explicação imediata sobre o caso. O objetivo de Wagner e Ana é levar a investigação até a última instância.

    – O processo vai ser uma consequência. Mas agora que começamos, vamos até o fim. Não estamos interessados em dinheiro, porque isso não vai trazer nosso filho de volta. Se ganharmos algum dinheiro com isso, com certeza vamos doar para alguma instituição – afirma Ana.

    – Nós só queremos uma explicação para o que aconteceu. Se foi uma imprudência, alguém vai ter que responder por isso – completa Wagner.

    O casal tem certeza de que o Hospital Infantil está omitindo informações sobre o caso. Segundo Ana, uma fonte “lá de dentro” confirmou que o laudo que esclareceria a questão chegou sexta-feira do laboratório.

    – Mas para nós eles negam. Dizem que vai demorar para chegar. Eu já perguntei se nós podemos procurar o laboratório e eles dizem que não – diz o pai.

    amanda.miranda@an.com.br

    AMANDA MIRANDA | Joinville
    Contraponto
    Por meio da assessoria de imprensa, a direção do Hospital Materno Infantil informa que abriu uma sindicância para apurar o caso.
    Segundo a direção, a funcionária (enfermeira) que pode ter cometido o suposto erro permanece afastada. A assessoria informa que somente os resultados de diversos exames poderão identificar a causa da morte de Felipe

     

     

    COMPORTAMENTO

    Pílula versus Igreja Católica

    Relatório revela que as mulheres usam o meio contraceptivo mesmo com as proibições da religião

     

    Cinquenta anos depois da chegada da pílula ao mercado americano, milhões de mulheres no mundo inteiro ainda vivem sob influência dos preceitos da Igreja Católica, que as proíbem de tomar o remédio. Mas a grande maioria já desistiu de respeitar essas proibições há muito tempo.

    –Não está provado que os preceitos da Igreja acabaram influenciando os católicos em sua decisão de usar um meio contraceptivo – acrescentou Frances Kissling, autora de um relatório sobre os comportamentos sexuais dos católicos e membro de uma associação de defesa das mulheres, Women Deliver.

    Cerca de 98% das mulheres americanas com idade entre 15 e 44 anos utilizaram alguma forma de contracepção ao longo de suas vidas e 44 milhões tomaram a pílula em algum momento, segundo os dados dos Centros de Controle de Doenças (CDC). Kissling disse, ainda, que menos de 5% dos católicos nos EUA utilizam os métodos anticoncepcionais autorizados pela Igreja, como o método do ciclo natural ou da abstinência.

    Os protestantes, os judeus e os muçulmanos são menos conservadores do que os católicos, com suas rígidas maneiras de contracepção, mas todas as grandes religiões concordam que as relações sexuais têm como objetivo a reprodução. Em 1968, dois anos após a aprovação da pílula, mesmo com o aviso tolerante de uma comissão de bispos e teólogos preconizando o crescimento das restrições contraceptivas, o papa Paulo VI manteve a proibição do uso do medicamento.

    – A pílula não é o problema. A Igreja não concorda é com as pessoas que querem manter relações sem procriar – diz Bill Mattison, professor de Teologia da Universidade Católica de Washington.

     


    HIV E GRAVIDEZ
    Pesquisadores elaboram guia

    Ministério da Saúde vai orientar casais soropositivos que querem ter filhosO Ministério da Saúde reuniu um grupo de pesquisadores para discutir uma série de orientações para que casais com parceiros soropositivo tenham filhos. A ideia é elaborar um documento que possa servir como base para os profissionais da rede pública de saúde. Um dos pontos polêmicos da futura cartilha é a instrução para que o sexo seja feito sem proteção no período fértil.

    De acordo com Andrea da Silveira Rossi, consultora indicada oficialmente pelo ministério para falar sobre o tema, a estratégia de redução de riscos inclui: fazer sexo desprotegido na data exata do período fértil; estar com a carga viral baixa; ter o CD4 (células de defesa) elevado e não ter outras doenças. A principal preocupação do governo é que o parceiro não infectado seja resguardado.

    A estudante universitária, que prefere não ser identificada, nasceu em uma época em que os tratamentos para evitar a transmissão vertical (de mãe para filho) da Aids ainda eram pouco avançados e difundidos. Ela foi infectada pela mãe, que era soropositivo, e hoje, aos 21 anos, está grávida de sete meses. O marido da estudante também contraiu o vírus por transmissão vertical. Os dois se conheceram em uma instituição que abriga crianças infectadas por HIV. Eles estão juntos há cinco anos e, segundo ela, mesmo usando preservativo, engravidou.

    – Eu sempre quis ser mãe. Não era para ser neste momento, mas quando soube que estava grávida, tomei todos os cuidados para proteger meu bebê – conta a estudante.

    Para o médico infectologista Valter Rótolo da Costa Araújo, o ideal seria que os casais pudessem fazer inseminação artificial já que, mesmo nas condições descritas pelo ministério, o risco de contaminação continua existindo.

    Araújo atende a pessoas infectadas pelo vírus HIV há mais de 16 anos e quatro de suas pacientes já engravidaram. Nenhuma delas pensou em planejar a gestação e todas tinham parceiros que não possuíam a doença.

    – A inseminação artificial é a mais indicada, mas, na prática, é difícil porque é um método realmente muito caro. No caso das minhas pacientes, sempre oriento para que avisem o parceiro sobre a doença porque engravidar sem fazer inseminação pode colocá-lo em risco – diz o infectologista.

    A ginecologista Andréa Campos Borges, que atende a pacientes soropositivos na maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis, também avalia que o ideal seria fazer reprodução assistida no caso de casais discordantes (quando apenas um dos parceiros está infectado). Mas, em Santa Catarina, o tratamento não é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

    A ginecologista afirma que o momento de maior perigo de contaminação do bebê é durante o parto, quando as chances de infecção podem chegar a 65%. Segundo ela, quando as pacientes realizam o acompanhamento médico e seguem à risca o tratamento indicado e, ainda, quando o parto é programado, o risco diminui para menos de 1%.

     

    MAYARA RINALDIanteriorlista

     


    HIV E GRAVIDEZ

    Ser mãe é possívelAs experiências de uma chef de cozinha de 31 anos, soropositivo e mãe de dois meninos, foram um pouco diferentes. Na primeira gravidez, há 12 anos, ela recém tinha descoberto que havia contraído o vírus HIV.

    – Na época, foi bem difícil mas eu quis muito o meu filho e resolvi tomar todos os cuidados indicados pelo médico – lembra.

    Na segunda vez, como já tinha passado por aquela situação, a chef de cozinha teve uma gestação mais tranquila. Ela engravidou mesmo usando preservativo, mas redobrou os cuidados para evitar a transmissão para o filho que viria.

    – Hoje, eu e meus filhos levamos uma vida normal. Não entro em crise por causa da minha condição. Há mais de 10 anos a minha carga viral está indetectável e minha imunidade é mais alta que o normal.

    Atualmente, estou namorando e já contei a meu parceiro que tenho o vírus. Havendo respeito, confiança e honestidade numa relação, o que vale é aquilo que for de comum acordo entre os dois. Quem é soropositivo também tem tanto direito de amar e ser amado.

    No Grupo de Apoio à Prevenção da Aids de Santa Catarina (Gapa-SC), que realiza assistência a portadores do vírus, a presidente Helena Edília Lima Pires orienta aos casais que procurem acompanhamento médico antes de tomarem qualquer decisão:

    – As pessoas que pensam em ter filhos precisam estar muito conscientes, não apenas da possibilidade de contaminação entre os parceiros, como também da responsabilidade de colocar uma criança no mundo.