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COMBATE AO DIABETES
 Passos pela qualidade de vida

 

A estudante Luiza Soncini, 12 anos, tinha apenas oito quando a mãe, Kátia Soncini, 47, percebeu os primeiros sintomas do diabetes. “Ela emagrecia muito, mesmo se alimentando bem, e tinha muita sede”, lembra.

Um exame de sangue confirmou a falta de glicose e trouxe o diagnóstico. A menina, que já tem histórico da doença na família, precisou mudar os hábitos alimentares e começar atividades físicas. “Não gosto muito de exercícios, só de handebol, que jogo duas vezes por semana”, conta.

Mas ontem Luiza fez um esforço e correu a favor da conscientização sobre a doença. Segundo o Instituto do Diabetes de Joinville, que organizou a 2ª Corrida e Caminhada Todos Contra o Diabetes, cerca de duas mil pessoas participaram da programação. Os inscritos percorreram até dez quilômetros pela avenida Beira-rio.

“Estamos muito satisfeitos, pois as atividades físicas fazem parte do tratamento contra a doença, que exige também atenção na alimentação e remédios. Quem tem a doença pode fazer qualquer tipo de atividade, desde que pratique regularmente”, orienta o médico e organizador do evento, Luiz Antônio de Araújo.

Mas os efeitos positivos dos exercícios não se limitam ao tratamento do diabetes. O comerciante Newton Sebastião Rodrigues, 61 anos, há três anos encontrou o remédio ideal. “Comecei a correr por saber da importância para a saúde e hoje não sinto mais nada. No ano passado, participei da minha primeira São Silvestre”, conta.

 

ERRO
Equipe esquece compressa na barriga de cozinheira

Desde que fez cirurgia de redução de estômago em 2008, a cozinheira Lilian Tadaisk, de Mafra, sentia um incômodo na barriga. Na quinta-feira passada, foi descoberto o motivo: uma compressa cirúrgica havia sido esquecida dentro de seu corpo. A operação para retirada do tecido ocorreu bem e Lilian está em casa. Há dois anos, a cozinheira escolheu o Hospital Universitário, de Florianópolis para o procedimento. Na ocasião, a equipe do médico Ricardo Baratieri, chefe do departamento de cirurgia, comandou a operação. O médico desconhece o incidente. “Se houve erro, é lamentável. Mas errar é humano”, afirma. Baratieri não quis dizer se o hospital vai investigar o caso.

 

ENDOSCOPIAS FATAIS

Polícia vai ouvir médico de novo
Delegado quer detalhes do exame que causou mortes em Joaçaba
A polícia deve tomar um novo depoimento do médico Denis Conci Braga, 31 anos, nesta semana, em Joaçaba, no Meio-oeste. O delegado quer saber se os procedimentos adotados pelo gastroenterologista durante oito endoscopias estavam corretos.

A investigação aponta que a xilocaína, medicação usada na boca, mucosas e no aparelho endoscópico, pode ter provocado a morte de duas mulheres e ser a causa das reações colaterais em outros seis pacientes. Quatro ainda continuam internados.

Apenas hoje a clínica deve ser interditada pela Vigilância Sanitária regional. O Conselho Regional de Medicina (CRM) vai instaurar uma sindicância para apurar a responsabilidade do médico no caso. Nesta tarde, o material apreendido na Conci Clínica Médica deve ser encaminhado ao Instituto Geral de Perícias (IGP) em Florianópolis. Os itens foram recolhidos do consultório na sexta-feira à noite e guardados na delegacia.

Conforme o delegado Maurício Pretto, somente a conclusão dos laudos periciais e exames bioquímicos explicarão a morte da dona de casa Maria Rosa de Almeida dos Santos, 51 anos, de Joaçaba, e da agricultora de Iomerê Santa Pagliarini Sipp, 60. A previsão é de que as análises sejam concluídas em até 30 dias.

“Nada trará minha mulher de volta, mas preciso saber porque isso foi acontecer com ela”, desabafou o pedreiro Antonio Pereira dos Santos, casado com Maria Rosa havia mais de 30 anos.

A família de Iara Penteado, a adolescente de 15 anos que está internada em coma induzido na UTI do Hospital Universitário Santa Terezinha (Hust), em Joaçaba, desde a tarde de sexta-feira, se reveza na frente na unidade para saber mais notícias sobre o estado da paciente.

“Quando estivermos com ela bem, e em casa, queremos levar o caso adiante. Alguém tem que pagar por isso”, dizem os pais Emerson e Márcia.

O OUTRO LADO

ARGUMENTOS DA DEFESA

O advogado do médico, Germano Bess, disse que o cliente já realizou entre 400 e 500 endoscopias e que nunca teve qualquer problema. Para o advogado, Denis Conci Braga tomou os procedimentos corretos e está muito abalado pelas mortes das pacientes e internação das outras seis pessoas. O advogado quer esperar o laudo da perícia para se pronunciar.

POR QUE A CLÍNICA SÓ SERÁ FECHADA HOJE?

A clínica ainda não havia sido interditada porque as fiscais da Gerência Regional de Saúde ainda não tinham decidido se interditavam. Segundo a fiscal Kátia Valentini, interditar a clínica bloquearia o acesso de outros proprietários de salas e consultórios à galeria.

PROCEDIMENTO É CONSIDERADO SEGURO

Segundo a médica endoscopista Silvana Dagostin, presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – Regional Santa Catarina (Sobed/SC), não há motivo para pânico, pois o exame é bastante seguro. A médica afirma que a orientação principal é para que os pacientes procurem profissionais qualificados e que tenham o certificado da especialidade de endoscopista.

 

JOAÇABA
 

O CORAÇÃO SOB PRESSÃO

Obesidade e sedentarismo favorecem o surgimento de hipertensão na infância
Pressão alta não é exclusividade dos adultos. Pelo contrário. A maior parte dos doentes deve ter tido alterações na pressão arterial na infância, mesmo sem saber.

“No adulto, o diagnóstico é mais fácil, pois a aferição da pressão sempre é feita no exame clínico. Nas crianças, embora ela seja indicada a partir dos três anos, os pediatras não costumam avaliar a pressão”, diz a cardiologista Sandra Henrique.

Pressão arterial é a pressão gerada na circulação quando o coração bombeia o sangue. O hipertenso, devido a diversos fatores, entre eles a obesidade e um mau estilo de vida, tem níveis de pressão prejudiciais ao organismo. A hipertensão pode sobrecarregar o coração, o cérebro, os rins e a retina.

Segundo a cardiologista, a hipertensão infantil tem se tornado cada vez mais incidente, devido principalmente ao estilo de vida das crianças: com alimentação inadequada, consumo exagerado de fast-food e sedentarismo.

“Hoje, entre 12% e 13% das crianças acabam sofrendo de pressão alta”, afirma Sandra, destacando que, em 55% dos casos, há histórico familiar do problema.

A detecção precoce fica ainda mais difícil porque o problema não costuma apresentar sintomas. A médica alerta que, atualmente, o mais importante é a prevenção, possível nos casos em que a pressão alta é causada por fatores ambientais – especialmente quando há casos da doença na família, o que aumenta o risco para a criança.

“É preciso combater a obesidade infantil e estimular hábitos alimentares saudáveis e a prática de exercícios”, diz a médica.

A hipertensão pode ser causada por outras doenças, como cardiopatias e doenças renais. Nesse caso, não há como evitar o problema. O tratamento é feito com o combate à doença de base, o que, consequentemente, deve estabilizar a pressão.

Já quando a hipertensão é consequência de má alimentação ou sedentarismo, a primeira medida costuma ser mudar essa situação. “No caso das crianças, evitamos usar medicamentos, apesar de eles poderem ser indicados. O ideal é identificar a causa e reverter o quadro”, diz Sandra . O correto é manter a criança saudável para que se torne um adulto saudável.

 

É VERDADE?
 
 Sal faz aumentar a pressão.
 
Verdade. Mas a quantidade de sal necessária para fazer com que a pressão sanguínea se eleve é bem grande, dizem os médicos. Normalmente, um prato de batatas fritas não tem esse efeito.
 
 Pressão alta pode estar associada a outras doenças.
 
Verdade. Segundo especialistas, a doença pode ocorrer devido a um problema cardíaco ou a uma disfunção renal, por exemplo. Nos adultos, normalmente a hipertensão faz parte de uma síndrome metabólica.
 
 Não há como prevenir a hipertensão.
 
Mentira. Quando o problema é causado por fatores como alimentação inadequada e falta de atividades físicas, pode ser evitado.
 
 Nas crianças, a pressão alta é tratada da mesma forma que nos adultos.
 
Mentira. Nas crianças, o tratamento é feito identificando as causas e combatendo as doenças associadas ou melhorando os hábitos de vida. Já nos adultos, normalmente, medicamentos são indicados no início do tratamento.
 

 

EMOÇÕES NÃO SE APAGAM

Pesquisa indica que doentes de Alzheimer, apesar dos danos à memória, continuam a perceber manifestações de afeto
O homem sentado na cadeira de rodas já não é o mesmo com quem a artista plástica Cleonice Lima Bertolucci subiu no altar, 48 anos atrás. Mas também não é tão diferente assim do jovem apaixonado e inquieto de outrora – pelo menos não no coração. Portador da doença de Alzheimer, Rubem Bertolucci, 73 anos, é um exemplo concreto daquilo que um estudo realizado pela Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, acaba de comprovar – como mostra esta reportagem. Pacientes consumidos pelas falhas de memória, concluíram os pesquisadores, podem até esquecer de fatos, datas e pessoas. Mas nem por isso deixam para trás sentimentos e emoções desencadeados por um acontecimento. Ou, no caso de Rubem e Cleonice, por uma história de amor.

O ex-bancário começou a apresentar os sintomas da doença em 2002. O problema aflorou no dia do casamento da filha, Daniela, hoje com 34 anos. Desnorteado, Rubem não quis dançar a valsa com a mulher. Ninguém entendeu. Seis meses, vários médicos e exames depois, veio o diagnóstico. O quadro piorou com o passar dos anos. Em 2007, depois de cair de uma escada, Rubem não levantou mais. Praticamente parou de falar. Passou a se alimentar por uma sonda. Isolou-se.

Apaixonada pelo marido, Cleo, como é conhecida por amigos e parentes, não desistiu dele. Lá no fundo, no olhar aparentemente perdido de Rubem, ela ainda via o rapaz com quem trocou alianças em um fim de tarde escaldante de 1962. Ele de fato estava lá. E continua lá.

“Fico triste com gente que pergunta por que dou tanta atenção ao meu marido, se ele não sabe mais quem sou e não sente mais nada. Ele sabe, sim. Pode até ter perdido a identidade, mas jamais perdeu os sentimentos”, desabafa Cleo.

Para quem convive com os dois, é fácil perceber que a artista plástica está certa. Basta Cleo entrar na Morada do Cristal, residencial onde o paciente recebe cuidados especiais, para que Rubem se transforme. Ele não volta a andar, mas consegue se expressar pelos olhos, por gestos de carinho e até por palavras de afeto, que pronuncia com algum esforço.

“Presenciei vários momentos assim. No dia do aniversário da Cleo, o seu Rubem estava emocionado desde que acordou. Ele gosta muito dela. E ela, dele”, conta a fisioterapeuta Cristina Fernandes, 32 anos.

Foi esse amor, segundo Cleo, que a levou a buscar apoio na Associação Brasileira de Alzheimer. Hoje, ela é uma das voluntárias mais atuantes. Com a força de quem não desiste nunca, a artista plástica agora ensina a outras pessoas que, por trás da paralisia do ente querido, ainda existe um ser humano. As emoções, ao contrário do que muitos pensam, não se extinguem jamais.

 

JULIANA BUBLITZ
 

SAÚDE
Paciente diferencia entonação da voz
Centro para Alzheimer do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jerson Laks, não é possível afirmar, ao certo, o motivo pelo qual os portadores de Alzheimer se esquecem dos fatos, mas continuam com as sensações inerentes a eles. Porém, diz que há uma hipótese bastante plausível.

“Na criança, quando o cérebro começa a se desenvolver, a primeira coisa que aparece é a memória emocional, processada na amígdala cerebral. Depois é que vem a parte cognitiva, processada em outra parte, o hipocampo. Na hora da involução, do mesmo modo, é possível que o comprometimento inicial seja do hipocampo, ficando ainda um traço do emocional”, afirma.

Segundo Laks, muitas vezes acontece de as pessoas acharem que podem falar qualquer coisa na frente de um portador de Alzheimer, com a certeza de que ele não vai entender. “Eles podem não se lembrar, mas fica o impacto emocional. É possível verificar isso, por exemplo, observando que eles ficam agitados”, diz.

O médico explica que, mesmo na fase mais grave da doença, quando o paciente parece completamente afastado da realidade, o modo de falar interfere. “Ele não entende o que é dito, mas consegue entender a entonação da voz”, explica.

O autor da pesquisa conta que a dissociação entre emoção e memória em pacientes com amnésia data de 1911, quando o neurologista suíço Édouard Claparède escondeu um alfinete entre seus dedos enquanto apertava a mão de uma paciente. Poucos minutos depois, a mulher havia se esquecido do encontro. Porém, quando Claparède tentou apertar novamente sua mão, ela se negou. Quando perguntado o motivo, ela questionou: “Por acaso há um alfinete escondido na sua mão?”.

Apesar da resposta, Claparède alertou que a paciente deixou claro que não se lembrava de ter se ferido com um alfinete.

Segundo o neurologista Justin S. Feinstein, contudo, experimentos como o do médico suíço tratam da resposta condicionada a um estímulo, ou seja, um reflexo natural. Já a pesquisa da Universidade de Iowa procurou estudar que a emoção decorrente de um fato persiste mesmo quando o evento que a induziu foi esquecido.

Com o resultado, ele espera que os cuidadores se conscientizem da necessidade de tratar bem os portadores de Alzheimer, independentemente de eles esquecerem dos fatos em questão de segundos.

“A pesquisa forneceu claras evidências de que tratar com respeito e dignidade os pacientes que sofrem de amnésia é mais do que uma simples questão moral”, afirma Feinstein.

 

Estudos
 Pesquisadores identificaram um gene que provavelmente aumenta o risco de desenvolver a doença de Alzheimer de início tardio, tipo mais frequente da enfermidade. O MTHFD1L está no cromossomo 6, e sua alteração foi identificada em 2.269 pessoas com Alzheimer. Indivíduos com uma mutação nesse gene teriam o dobro de riscos de desenvolver a doença.
 
 Uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Columbia, em Nova York, faz uma relação com a dieta. Cientistas descobriram que os adultos que incluíam mais frutos oleaginosos, peixe, aves, frutas e verduras na alimentação, diminuindo a quantidade de laticínios gordurosos, carne vermelha e manteiga, apresentavam risco menor de sofrer de demência. O segredo pode estar em nutrientes como ômega 3, vitamina E e ácido fólico.
 
 Cientistas japoneses anunciaram a descoberta de uma ferramenta que poderá revolucionar o diagnóstico da doença. O exame mede o nível da proteína beta-amiloide no fluido espinhal do paciente. Quanto maior a presença da substância, maior a probabilidade de o indivíduo ser portador de Alzheimer. Os autores acreditam que o exame vai facilitar o diagnóstico precoce.
 



 

 

RESISTÊNCIA À DOAÇÃO


Apesar das campanhas a favor das doações, a resistência de familiares ainda é significativa no momento de autorizar a retirada dos órgãos. Entre janeiro e março, foram registrados 67 pacientes com morte encefálica em Santa Catarina. Em 20 casos, as famílias não aceitaram a doação – apenas duas em Joinville. Dá um índice de 30% no Estado.

No ano passado, a não-concordância com a doação dos órgãos ocorreu em 35% dos casos diagnosticados de morte encefálica. Mesmo que a família concordasse, os órgãos não seriam transplantados com sucesso em 100% dos casos, pois nem sempre é possível o aproveitamento e há a ainda questão de transporte em caso de doador distante. Mas, é claro, o número de transplantes realizados no Estado seria maior. Mesmo que o paciente tenha registrado em vida o desejo de doar, a família sempre é consultada.


Os números


Foram 883 transplantes em Santa Catarina no ano passado – o número inclui os órgãos transplantados de doadores vivos. Quase a metade foi de córneas, com rins na segunda colocação.


Fila de espera


São 1.746 pessoas aguardando transplante em Santa Catarina. A grande maioria, 1,2 mil, espera por córneas. Rim (272 pessoas) e fígado (153) vêm em seguida.

 

 

 

 

MORTES EM JOAÇABA

Xilocaína pode ter sido a causa

 

A polícia deve tomar um novo depoimento do médico Denis Conci Braga, 31 anos, nesta semana, em Joaçaba, no Meio-Oeste. O delegado quer saber se os procedimentos adotados pelo gastroenterologista durante as endoscopias foram corretos. A investigação prévia, inicial, aponta que a xilocaína, anestésico usado na boca, mucosas e no aparelho endoscópico, pode ter provocado a morte de duas mulheres e ser a causa das reações colaterais em outros seis pacientes.

Apesar de duas pessoas terem morrido e seis serem internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), a Conci Clínica Médica ainda não havia sido interditada até ontem. Todas fizeram endoscopia no local na sexta-feira. O delegado da Polícia Civil de Joaçaba, Maurício Pretto, que investiga o caso, acredita que há fortes indícios de que uma pomada anestésica tenha causado as mortes e provocado os efeitos colaterais. O médico que fez os exames prestará depoimento nesta semana

Somente hoje, a clínica deve ser interditada pela Vigilância Sanitária Regional. Segundo a fiscal da Gerência Regional de Saúde Kátia Valentini, interditar a clínica bloquearia o acesso de outros proprietários de salas e consultórios à galeria. Além disso, ainda é preciso a análise técnica do local, o que deve ser feito hoje.

O Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (Cremesc) vai instaurar uma sindicância para apurar a responsabilidade do médico no caso.

O advogado do médico, Germano Bess, disse que o cliente já fez entre 400 a 500 endoscopias e que nunca teve problema. Segundo ele, Braga tomou os procedimentos corretos e está muito abalado pelas mortes das pacientes e internação das outras seis pessoas.

Nesta tarde, o material apreendido na clínica como ampolas, seringas, luvas cirúrgicas, medicamentos e amostras de água destilada utilizadas para a anestesia, deve ser encaminhado ao Instituto Geral de Perícias (IGP) em Florianópolis. Os itens foram recolhidos do consultório na sexta-feira e guardados na delegacia.

Conforme o delegado Maurício Pretto, somente a conclusão dos laudos periciais e exames bioquímicos explicará a morte da dona de casa Maria Rosa de Almeida dos Santos, 51 anos, de Joaçaba, e da agricultora de Iomerê Santa Pagliarini Sipp, 60 anos. A previsão é que as análises sejam concluídas em até 30 dias.

A primeira suspeita da polícia era de que a medicação usada para sedar (Compaz Diazepan) teria sido a causa das mortes, mas segundo o delegado, o indício mais forte é que a pomada anestésica xilocaína tenha causado as sucessivas convulsões e paradas respiratórias nas vítimas.

A hipótese ganha força porque Pretto afirma que houve outros casos, há cerca de sete anos, no Brasil. No site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há um registro de 2005 que alerta para o uso da xilocaína. Na época, três pessoas morreram e 12 tiveram reações adversas, em Itagibá, na Bahia, depois da utilização do anestésico para fazer a endoscopia.

As famílias querem encontrar uma explicação para as duas mortes e a internação de seis pessoas.

– Nada trará minha mulher de volta, mas preciso saber por que isso foi acontecer com ela – desabafou Antonio Pereira dos Santos, marido de Maria Rosa de Almeida dos Santos, a primeira vítima.

 

MORTES EM JOAÇABA

 

Agonia para a família

Até ontem à noite, quatro pessoas ainda continuavam internadas em hospitais de Joaçaba e Videira. A paciente em estado mais grave era Iara Penteado, 15 anos, em coma induzido na UTI do Hospital Universitário Santa Terezinha, em Joaçaba.

Para a família da jovem, cada toque no celular é uma fonte de agonia. O pai, Emerson Penteado, teme que a ligação seja uma notícia que ele, a esposa, Marcia, e a filha mais nova, Tais, não consigam suportar.

– Sei que minha filha vai sair dessa, mas há alguém que errou muito por tê-la colocado nessa situação. Quando estivermos com ela bem e em casa, queremos levar o caso adiante. Alguém tem que pagar por isso – afirmou Emerson.

Acompanhado de irmãos, sobrinhos e amigos, o casal se reveza em frente ao hospital.

Ontem, o morador de Salto Veloso, Fabrício Godinho, 27 anos, saiu do hospital. Ele ficou na UTI por quase seis horas e foi transferido para um dos leitos da unidade hospital. Ele sente que nasceu de novo:

– Comecei a passar mal assim que chegamos na rodoviária, onde eu e minha mãe esperaríamos a ambulância para voltarmos. Tremia e me chacoalhava para frente e para trás descrontoladamente. Agora, tenho dois aniversários, 26 de fevereiro, quando nasci, e 14 de maio, quando renasci depois da endoscopia.

 

MORTES EM JOAÇABA

Lentidão para apurar o caso

Agilidade não foi a maneira escolhida pelos órgãos de saúde do Estado para tratar o caso em Joaçaba. A inspeção da Vigilância Sanitária será feita hoje, três dias depois. Sem a análise das condições de funcionamento, a clínica não pode ser interditada. Se quisessem, os proprietários teriam tempo, por exemplo, de esterilizar equipamentos e limpar o local, já que as chaves não foram recolhidas.

A Secretaria de Estado da Saúde foi igualmente lenta. Até ontem não houve qualquer manifestação das autoridades. Quando foi procurada, a assessoria de imprensa não atendeu as ligações e não respondeu as mensagens deixadas na caixa postal do celular. O procedimento não atende à recomendação do governador Leonel Pavan, que determinou, segundo a assessoria, acompanhamento do caso.

Além de não comentar o assunto, a secretária municipal de Saúde, Elisabeth Buors, viajou a passeio no dia seguinte às duas mortes para Jaraguá do Sul e ignorou um caso incomum na medicina.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, a probalidade de complicações durante o exame é de 0,2%. Quando estes eventos ocorrem, quase sempre a situação é revertida com uso de aparelhos e técnicas médicas.

Ao menos a Polícia Civil e o Instituto Geral de Perícias (IGP) foram ágeis. O delegado Maurício Pretto disse que foram recolhidos todos os medicamentos usados na endoscopia. Ele instaurou inquérito por homicídio culposo, sem intenção de matar, contra o médico Denis Conci Braga. Também foram recolhidas amostras de órgãos dos pacientes. O material será enviado à sede do IGP em Florianópolis.

Pretto não sabe onde serão examinados os medicamentos e afirma que é preciso checar se o Estado tem equipamentos adequados para a tarefa. A assessoria de imprensa do IGP informou que a resposta sairá hoje. Se não for possível, uma universidade se encarregará do serviço.

felipe.pereira@diario.com.br

 

 

CACAU MENEZES

 
Ambulancioterapia

 

Santa Catarina, considerado modelo em tantas áreas e por tantos anos, está investindo menos do que o obrigatório: 11,74%. Em síntese, não cumpre a lei. Está entre os 13 estados que aplicam menos do que o mínimo. Perde até para quatro estados nordestinos. Os dados foram divulgados, neste final de semana, pelo Ministério da Saúde, que analisou os balanços de todos os estados referentes a 2008.

Enquanto isso, ambulâncias transportam pacientes para serem tratados na Capital. Até para casos relativamente simples. E as manchetes continuam: “Homem morre em fila de atendimento”; “Emergências estão lotadas”; “Serviços estão paralisados”.A saúde dos catarinenses continua na UTI. Valha-nos Deus, que elas não estejam também fechadas, em reforma.


 

 

 

Saúde

O governador Leonel Pavan se reúne, nas próximas horas, com os líderes Elizeu Mattos (PMDB), do governo, Serafim Venzon, do PSDB, e Antônio Aguiar, do PMDB, para afinar o discurso sobre a questão salarial dos servidores da Saúde. Existe a possibilidade de incorporação do abono de 16,78%, que depende de parecer da Procuradoria Geral do Estado.Pavan quer evitar um efeito semelhante ao da desinformação na análise das medidas provisórias.

 

 

 


Cidade

 Gripe A. Em quase todos os grupos imunizados até agora na capital, cobertura já passou dos 80%

Vacinação atinge as metas

 

Adultos com até 39 anos de idade e idosos acima dos 60 anos aproveitaram a folga no sábado para se vacinar contra a Gripe A e a gripe comum. Um trailer de vacinação foi montado em frente ao Ticen pela Secretaria municipal de Saúde de Florianópolis.

 

A assessoria da Secretaria Municipal de Saúde não soube informar quantas doses de vacina foram aplicadas no trailer no sábado. A população de Florianópolis, de todas as idades e grupos, terá a última chance de tomar a vacina contra a gripe A, e idosos acima de 60 anos, contra a gripe comum, no dia 22. Um mutirão será organizado e todos os postos do município estarão vacinando das 9h às 17h. 

  

 

 

 

Capacitação permanente a agentes de saúde
Otacílio Costa

 

A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Escola de Formação em Saúde (Efos), realizou, na última semana, o curso de formação de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) em Otacílio Costa. A Aula Inaugural aconteceu na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), bairro Pinheiros. Este ano, a SES pretende abrir turmas em 27 cidades catarinenses, com a participação de quase 6 mil alunos.

 

Os Agentes Comunitários de Saúde percorrem as residências de inúmeras localidades para fornecer orientações de prevenção a doenças e, quando necessário, encaminhar as pessoas para o atendimento médico. Com essas visitas, os ACS também podem avaliar as condições de higiene das casas, detectar problemas relacionados à violência doméstica, entre outros. Eles trabalham em conjunto com outros profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF).

 

Organizada pela Efos, em parceria com as gerências de saúde das SDRs, apoio dos municípios e financiamento do Ministério da Saúde, a capacitação tem carga horária de 400 horas/aula, sendo 120 de concentração (teórica) e 280 de dispersão (ensino em serviço), onde a orientação é feita por profissionais da saúde e educação.

 

"Isso é educação permanente, pois parte do pressuposto da aprendizagem significativa. Além de promover e produzir sentido, sugere a transformação das práticas profissionais baseadas na reflexão crítica sobre as práticas reais, em ação na rede de serviços", observa Leni Coelho Granzotto, gerente da Efos. A formação dos Agentes Comunitários de Saúde repercute na qualidade do atendimento prestado pelo Sistema Único de Saúde pois quanto melhores os profissionais, mais qualificado e eficaz o trabalho prestado nas comunidades.

 

Além do prefeito de Otacílio Costa, Denilson Padilha, prestigiaram a aula inaugural a ex-secretária de estado da Saúde, Carmem Emília Bonfá Zanotto e o secretário regional em exercício, Juarez Matos.

 

Sabe-se que a Constituição Federal determina que os estados invistam, no mínimo, 12% de seus recursos em saúde pública, até porque a saúde é direito de todos e dever do Estado... (art. 196).