O que sai mais caro?
Em decisão recente, a Justiça não aceitou argumento da Secretaria de Saúde de Joinville de que não poderia fazer perícia em segurado do INSS porque senão a fila dos exames seria desrespeitada. A decisão judicial alegou há três anos a paciente vem tentando o exame, assim, passou tempo suficiente. Tem outra: a decisão observa que o município teria gasto mais com a defesa judicial do que com o exame.
Saúde pública
Remédio grátis para quem tem hepatite C
Obedecendo a uma decisão judicial, Santa Catarina se torna o primeiro Estado do País a oferecer o medicamento
Santa Catarina é o único Estado brasileiro que garante aos portadores de hepatite C o acesso gratuito aos remédios. A medida é o resultado de uma ação civil pública do Ministério Público Federal. Não cabe recurso. Até agora, o Sistema Único de Saúde (SUS) assegurava o tratamento – feito com Interferon Peguilado e Ribavirina – aos pacientes que sofriam do genótipo 1 da doença.
O tratamento foi considerado eficiente no controle dos outros dois genótipos. Cada ampola com o medicamento chega a custar R$ 1,3 mil. Um paciente precisa de quatro ampolas por mês (gasto que ficaria entre R$ 8 mil e R$ 9 mil por mês). A medida é válida somente para pessoas que moram em Santa Catarina.
Considerada uma doença endêmica no País, a hepatite é dividida em tipos A, B, e C, e subdivida em outros tipos. Enquanto em todo o mundo cerca de 170 milhoes a 190 milhões de pessoas estão infectadas, no Brasil, as estimativas chegam a 3,5% da população – cerca de 600 mil pessoas.
Muitos casos são atribuídos a usuários de drogas injetáveis. Em Santa Catarina, o quadro é grave: estima-se que 2,1% dos catarinenses, 126 mil pessoas, tenham hepatite C. O número justifica que muitos pacientes tenham procurado o MPF para assegurar a medicação gratuita.
Joinville registrou 14 mortes por hepatites virais nos últimos 15 anos, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde. O período de 2004 a 2007 foi mais crítico, com nove mortes. Em 2009 e 2010, não foram registrados óbitos. Joinville fica atrás de Florianópolis (28 casos), Criciúma (19) e Tubarão (15) no Estado. Nos últimos 15 anos, Santa Catarina registrou 133 mortes por causa da doença.
De acordo com o procurador da República Mauricio Pessuto, antes da recomendação entrar em vigor, alguns pacientes dos genótipos 2 e 3 conquistavam na Justiça o tratamento gratuito.
A medicação deve ser acessível a todos os pacientes, mas a conservação dos remédios deverá ser feita pelo SUS. O paciente deve ir até uma unidade de saúde e não poderá levar o remédio para casa. É preciso ser encaminhado pela Secretaria Estadual de Saúde.
Uma luta que iniciou em 2002
“Quantos companheiros perderam a vida sem ter este direito conquistado.” A frase reflexiva é de Anna Gomes Haensel Schmitt, fundadora e coordenadora do Grupo Hércules de Apoio a Portadores de Hepatite C em Santa Catarina. Agora, pelos seus cálculos, 180 mil catarinenses poderão usufruir do benefício de receber de forma gratuita o medicamento.
Com a primeira página da ação do Ministério Público Federal em uma das mãos e uma caixa de medicamento na outra, Anna lembra quando, em setembro de 2002, então portadora do vírus C, iniciou panfletagem e divulgação em Florianópolis convidando outros portadores e familiares para a primeira reunião.
Naquele ano, com a participação de outros três portadores (Arnaldo Millman, Leandro Lazzari, Marcos Pereira Batista) era criada a organização. “Naquela época, hepatite C era uma sentença de morte. Falava-se muito pouco da doença, havia preconceito e o tratamento era muito caro”. Fatores como estes levaram o grupo a exigir na Justiça o recebimento do remédio. Foi uma sucessão de liminares. Algumas deram resultado, como o tratamento a que Anna se submeteu. A doença negativou.
Em 2004, a ação foi ingressada via Ministério Público Federal. Seis anos depois, o resultado: “A gente quase nem acredita. Agora, independente do genotipo, todo portador poderá receber tratamento via o Sistema Único de Saúde. Isso é um grande avanço para portadores e suas famílias”, diz Anna.
Com a recente conquista do benefício, Anna e seu grupo pensam em homenagear Leandro Lazzari, vencido pelos vírus das hepatites C e B, com o nome da lei que deverá ser criada. O Grupo Hércules orienta infectados e familiares sobre a doença, serviços, direitos e tratamentos, além de apoiar e subsidiar a criação e manutenção de novas ONGs na Região Sul. Entre os dias 11 e 14 Florianópolis vai sediar um encontro com 60 ONGs de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
Saiba mais
O Hospital Santa Isabel, da rede Divina Providência, em Blumenau, é referência no Brasil em transplantes de fígado. Desde 2002, quando se iniciou o serviço, 430 transplantes já foram feitos. A média ideal de transplantes para Santa Catarina, segundo recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), seria de 120 transplantes por ano. Atualmente, o hospital realiza em torno de 90 por ano.
Uma ajudinha da ciência
Os resultados de uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) podem ajudar no foco das campanhas de prevenção da hepatite C. Segundo o trabalho, que faz parte da Rede de Diversidade Genética Viral, os três principais subtipos do vírus causador da hepatite, o HCV, no Brasil, teriam entrado no País em diferentes momentos. O mais recente deles, o 1a, que tem crescido mais e, especialmente, entre os mais jovens, estaria associado às pessoas que possuem mais parceiros sexuais e estiveram expostas a mais fatores de risco.
O contato sexual foi usado como medida para compreender a interação social dos indivíduos. De acordo com o coordenador da pesquisa, o virologista do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Paolo Zanotto, partiu-se do pressuposto de que a rede de contatos sexuais de uma pessoa seria um bom indicativo também de suas interações sociais.
Segundo Camila Romano, pesquisadora do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, os portadores do vírus HCV-1a teriam mais interações sociais e mais comportamentos de risco, o que indica que os subtipos mais novos, em especial o 1a, devem continuar se espalhando. Entretanto, segundo ela, é importante ressaltar que o número de relações sexuais não é o responsável pela transmissão acelerada, mas apenas um indicador dos contatos sociais.
Para chegar aos resultados foram feitas coletas de sangue de indivíduos infectados entre 1996 e 2007, em diferentes centros de tratamento da doença no interior paulista e no Hospital das Clínicas de São Paulo.
Além do sequenciamento de parte do vírus, os pesquisadores contaram com dados de questionários respondidos pelos pacientes. Mesmo assim, segundo a pesquisadora, não foi possível explicar cerca de 40% dos casos, que não foram expostos aos principais fatores de risco, como o uso de drogas injetáveis e transfusão de sangue antes de 1993. Práticas como manicure e pedicure, extração dentária e pequenas cirurgias, reveladas pelos questionários, também não foram informativas, já que todos os pacientes haviam feito grande parte delas.
Vacinação até os 24 anos
A faixa etária para a vacinação contra a hepatite B oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) será ampliada. Atualmente, a idade vai de zero a 19 anos. No ano que vem, de acordo com o Ministério da Saúde, a imunização será oferecida também para a faixa de 20 a 24 anos. Em 2012, deve atingir a faixa entre 25 e 29 anos.
De 1999 a 2009, 96 mil pessoas contraíram a doença, e 5.079 morreram. Segundo o Ministério da Saúde, após tomar as três doses, mais de 90% dos adultos jovens e 95% das crianças e adolescentes ficam imunizados contra a hepatite B.
Neurociência premiada
Sem ficção, só científico
Brasileiro que estuda controle de máquinas por meio do cérebro ganha US$ 2,5 mi
Quase 30 anos após o filme “Blade Runner”, a possibilidade de unir cérebros e máquinas para compensar fragilidades do corpo humano continua aposta firme da ciência. O neurocientista paulistano Miguel Nicolelis foi um dos escolhidos do prêmio Pioneer, dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH), que financia projetos visionários e de alto risco nas áreas de biomedicina e comportamento.
Pesquisador de neurobiologia da Universidade Duke, na Carolina do Norte, Nicolelis terá US$ 2,5 milhões (R$ 4,4 milhões) durante cinco anos para aprofundar estudos sobre o funcionamento do sistema nervoso e a interação cérebro-máquina. A meta do prêmio, diz o NIH, é estimular inovações e não premiar resultados. “É para fazer coisas do futuro mesmo; não só ciência incremental”, diz Nicolelis.
Ele desenvolve sistemas que permitem controlar máquinas por comando cerebral – em benefício de vítimas de lesões ou doenças neuronais. Um tetraplégico poderia controlar um braço robótico ou escrever textos numa tela com o pensamento. Outra estratégia é desenvolver neuropróteses, que seriam vestidas pelo paciente.
Experiências com pessoas foram promissoras, mas o aparato ainda é complexo. Agora, o estudo avalia macacos num ambiente no qual interagem com macacos digitais usando comandos cerebrais.
Massaranduba
Em vez de hospital, polêmicas
Vereadores querem explicações sobre motivo pelo qual a unidade está fechada
Cansados de não terem uma definição sobre o futuro do Hospital Municipal, os vereadores de Massaranduba convidaram para a sessão da próxima segunda-feira o prefeito Mário Fernando Reinke. Eles querem uma justificativa para o não-funcionamento da instituição de saúde. Inaugurado no dia 21 de dezembro de 2008, ao fim da administração do ex-prefeito Dávio Leu, o hospital era visto como uma retomada na melhoria do atendimento de saúde na cidade, depois que as irmãs franciscanas, que eram responsáveis pelo Hospital Sagrado São Jesus, suspenderam o atendimento em 2000, por falta de recursos.
Leu concluiu a obra com cerca de 90% dos equipamentos comprados, num investimento de R$ 1,5 milhão. O custo da obra física foi de R$ 3,5 milhões. Depois da troca de governo, o hospital não foi ativado.
O atual prefeito disse que há falhas, que a unidade não atendeu às exigências da Vigilância Sanitária e isso impede que o hospital entre em funcionamento. A Prefeitura contratou um escritório de engenharia para fazer um novo projeto de readequação. A previsão, segundo o prefeito, é que mais de R$ 1 milhão devem ser investidos para fazer as correções. “Foi feito tudo errado”, ressaltou.
O ex-prefeito de Massaranduba Dávio Leu também será convidado pelos vereadores a dar esclarecimentos sobre a obra. A data da sessão não foi confirmada ainda. Questionado sobre as informações de que a estrutura não teria iniciado por falhas no projeto, que não estaria de acordo com exigências da Vigilância Sanitária do Estado, Leu disse que qualquer obra nova pode apresentar pequenas deficiências e que a construtora havia se comprometido a corrigir os defeitos apontados.
Ele disse que o projeto estava de acordo com as normas do Ministério da Saúde e também foi encaminhado para análise da Secretaria da Saúde do Estado e Vigilância Sanitária de Santa Catarina.
“O prefeito (Reinke) não aceitou isso. Deixei no banco R$ 2 milhões para qualquer eventualidades de ajustes técnicos e também para suprir os custos de funcionamentos até que fosse firmados os convênios para dar o atendimento. Esse hospital está parado por causa do atual prefeito”, disse. Conforme Reinke, em média dez pessoas de Massaranduba se deslocam atualmente para serem atendidas em hospitais da região.
Disputa política em jogo
As informações e opiniões diferentes dadas pelo prefeito Mário Fernando Reinke (PSDB) e pelo ex-prefeito Dávio Leu (DEM) devem tomar conta das sessões da Câmara de Vereadores previstas para debater o destino do hospital. Os dois são adversários políticos e essa obra aumentou a rivalidade.
Leu informou aos vereadores que a atual secretária de Saúde e mulher do prefeito Mário Fernando Reinke, Suzane Reinke, era a secretária de Saúde, fazia as licitações e administrava o fundo municipal de Saúde que pagou a obra. “Se tem algo errado no hospital, não posso ser apontado como o único culpado”, disse.
Reinke tem provocado o adversário. “Ele tem de assumir a responsabilidade por essa obra. Não foi atrás da Vigilância Sanitária, nem do Ministério da Saúde. Fez tudo como um ‘todo-poderoso’ e agora quer jogar a culpa nos outros”, disse o prefeito.
Secretária de Saúde da época da construção do hospital, Suzane Reinke disse que sabia das obras do hospital, mas sempre cobrou de Leu para que enviasse o projeto para a Vigilância Sanitária do Estado. “Ele (prefeito) dizia que não iria mandar porque não precisava da aprovação deles (Vigilância Sanitária) para fazer a obra”, rebateu.
O presidente da Câmara de Vereadores de Massaranduba disse que agora não quer entrar na questão de quem é o culpado pela situação do Hospital Municipal. “Precisamos de esclarecimentos para saber como essa obra vai ficar, se vamos transformar em hospital ou em outra coisa. Já passa de um ano e meio e não temos nada certo ainda. Não há improbidade administrativa aqui. O hospital foi feito. Falta funcionar”, afirmou.
Gerais
Professor faz BO por não ter sido atendido
O professor Heyson da Luz registrou, ontem, Boletim de Ocorrência contra o Hospital Regional de São José, na Grande Florianópolis. Após ser atropelado e fraturar o punho, ele foi ao hospital e recebeu a informação de que não tinha médico para atendê-lo. Mais tarde, de madrugada, o professor retornou ao local e não recebeu atendimento.
Hepatite C
Depois da luta, a vitória– Quantas pessoas perderam a vida sem ter este direito conquistado?
A frase reflexiva é de Anna Gomes Haensel Schmitt, fundadora e coordenadora do Grupo Hércules de Apoio a Portadores de Hepatite C em Santa Catarina. Agora, cerca de 126 mil catarinenses poderão usufruir do benefício de receber de forma gratuita o medicamento.
Com a primeira página da ação do Ministério Público Federal em uma das mãos e uma caixa de medicamento na outra, Anna lembra quando, em setembro de 2002, então portadora do vírus C, iniciou panfletagem e divulgação em Florianópolis convidando outros portadores e familiares para a primeira reunião.
Naquele ano, com a participação de outros três portadores (Arnaldo Millman, Leandro Lazzari, Marcos Pereira Batista) era criado o grupo. – Naquela época, hepatite C era uma sentença de morte. Falava-se pouco da doença, havia preconceito e o tratamento era muito caro.
Fatores como estes levaram o grupo a exigir na Justiça o recebimento do remédio. Foi uma sucessão de liminares. Algumas deram resultado, como o tratamento a que Anna se submeteu. A doença negativou. Em 2004, a ação foi ingressada via Ministério Público Federal. Seis anos depois, o resultado:
– Agora, independente do genótipo, todo portador poderá receber tratamento via SUS. Isso é um grande avanço para portadores e suas famílias – diz Anna. Com a recente conquista do benefício, Anna e seu grupo pensam em homenagear Leandro Lazzari, vencido pelos vírus das hepatites C e B, com o nome da lei que será criada.
Tratamento para todos
Santa Catarina é o único Estado a garantir acesso gratuito a medicamentos da doença
Santa Catarina é o único Estado brasileiro que garante aos portadores de hepatite C o acesso gratuito aos medicamentos. A medida é o resultado de uma ação civil pública do Ministério Público Federal (MPF). Não cabe recurso. Até agora, o Sistema Único de Saúde (SUS) assegurava o tratamento – feito com Interferon Peguilado e Ribavirina – aos pacientes que sofriam do genótipo 1 da doença.
O tratamento foi considerado eficiente no controle dos outros dois genótipos, mas é caro. Cada ampola com o medicamento chega a custar R$ 1,3 mil. Um paciente precisa de quatro ampolas por mês, ficando o tratamento mensal em torno de R$ 5,2 mil.
A medida é válida somente para pessoas que moram em Santa Catarina. Com a determinação, os pacientes que contraíram o genótipo 2 e 3 também têm o direito de receber os remédios. Considerada uma doença endêmica no país, a hepatite é dividida em tipos A, B, e C, e subdivida em outros tipos.
Enquanto em todo o mundo cerca de 170 a 190 milhões de pessoas estão infectadas, no Brasil, as estimativas chegam a 3,5% da população. Em Santa Catarina, o quadro é grave: estima-se que 2,1% dos catarinenses, 126 mil pessoas, tenham hepatite C. O número justifica que muitos pacientes tenham procurado o MPF para assegurar a medicação gratuita.
Três regiões estão no foco das atenções: o Litoral, Vale do Itajaí e o Oeste. Nos últimos 15 anos, Santa Catarina registrou 133 mortes por causa de hepatites virais. São 8,8 mortes por ano. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde. De acordo com o procurador da República Mauricio Pessuto, antes da recomendação entrar em vigor, alguns pacientes dos genótipos 2 e 3 conquistavam na Justiça o tratamento gratuito.
Na decisão, se resolveu que a medicação será acessível a todos os pacientes, mas a conservação dos remédios deverá ser feita pelo SUS. Para atender a demanda deverá ser ampliado o número de polos de aplicação de medicamentos injetáveis, que são postos de saúde de referência. Em Florianópolis, o local é o Hospital Nereu Ramos. Também ali são oferecidos medicamentos para tratamento de doenças como Aids e tuberculose.
O paciente deverá ir até a unidade de saúde para receber a vacina ou remédio e não poderá levá-lo para casa. Para ter acesso, é preciso ser encaminhado pela Secretaria Estadual de Saúde. Quem não conseguir o tratamento de graça, deve fazer uma denúncia no MPF. A União e o Estado podem pagar multa de R$ 10 mil por paciente que não receber a medicação.
Pesquisa traça novo perfil
Os resultados de uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) podem ajudar no foco das campanhas de prevenção da hepatite C. Segundo o trabalho, que faz parte da Rede de Diversidade Genética Viral, os três principais subtipos do vírus causador da hepatite (1b, 3a e 1a), o HCV, no Brasil, teriam entrado no país em diferentes momentos.
O mais recente deles, o 1a, que tem crescido mais e, especialmente, entre os mais jovens, estaria associado às pessoas que possuem mais parceiros sexuais e estiveram expostas a mais fatores de risco.
De acordo com o coordenador da pesquisa, o virologista do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Paolo Zanotto, partiu-se do pressuposto de que a rede de contatos sexuais de um portador da doença seria um bom indicativo também de suas interações sociais. Segundo Camila Romano, pesquisadora do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, os portadores do vírus HCV-1a teriam mais interações sociais e mais comportamentos de risco, o que indica que os subtipos mais novos, em especial o 1a, devem continuar se espalhando. Entretanto, segundo ela, é importante ressaltar que o número de relações sexuais não é o responsável pela transmissão acelerada.
Para chegar aos resultados foram feitas coletas de sangue de indivíduos infectados entre 1996 e 2007, em diferentes centros de tratamento da doença no interior paulista e no Hospital das Clínicas de São Paulo. Os pesquisadores também contaram com dados de questionários respondidos pelos pacientes.
Mesmo assim, segundo a pesquisadora da universidade, não foi possível explicar cerca de 40% dos casos, que não foram expostos aos principais fatores de risco, como o uso de drogas injetáveis e transfusão de sangue antes de 1993.
Blumenau é referência
O Hospital Santa Isabel, da rede Divina Providência, em Blumenau, é referência no Brasil em transplantes de fígado. Desde 2002, quando se iniciou o serviço, 430 transplantes já foram feitos. De acordo com o Marcelo Nogara, gastroenterologista, hepatologista e chefe da equipe de transplantes de fígado do hospital, a média ideal para Santa Catarina, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), seria de 120 transplantes por ano.
– Estamos no caminho porque realizamos 90 transplantes de fígado por ano – destaca Nogara.
Sem mortes em Joinville
Joinville registrou 14 mortes por hepatites virais nos últimos 15 anos, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde. Entre 1998 a 2002, não houve mortes. O período de 2004 a 2007 foi mais crítico: foram quatro mortes no primeiro ano, duas em 2005 e 2006 e três em 2007.
A partir de 2008, os números voltaram a cair, quando houve apenas uma morte. Em 2009 e neste ano, não foram registradas mortes causadas pela doença. Em Santa Catarina, a cidade está à frente de Florianópolis (28 casos), Criciúma (19) e Tubarão (15).
Vacinação será ampliada
A faixa etária para a vacinação contra a hepatite B oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) será ampliada. Atualmente, a idade vai de zero a 19 anos. Em 2011, de acordo com o Ministério da Saúde, a imunização será oferecida também para a faixa de 20 a 24 anos. Em 2012, deve atingir a faixa entre 25 e 29 anos.
De 1999 a 2009, 96 mil pessoas contraíram a doença, e 5.079 morreram. Segundo o Ministério da Saúde, após tomar as três doses, mais de 90% dos adultos jovens e 95% das crianças e adolescentes ficam imunizados contra a hepatite B.
Editoriais
O mal silencioso
As medidas de prevenção devem ser farta e claramente divulgadas para que regridam os números que já configuram uma endemia.
O Ministério da Saúde anunciou que vai ampliar a faixa etária da população que, atualmente, tem direito à vacina contra a hepatite B pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, o direito à imunização pelo SUS limita-se à faixa de zero a 19 anos. A partir do ano que vem, o direito será estendido até os 24 anos e, em 2012, ampliada para a faixa de 25 a 29 anos. A decisão foi tomada diante do aumento exponencial do número de casos dessa doença no Brasil.
O número registrado no ano passado 13.389 casos foi 8% maior do que o de 2008. Ao todo, calcula-se que as hepatites virais dos tipos A, B e C mataram pelo menos 20 mil pessoas no país na última década. O Ministério da Saúde considera que o número real deve ser bem maior, eis que muitos casos sequer são diagnosticados. A do tipo C, da qual cerca de 90% dos casos se tornam agudos, afeta, preferencialmente, o grupo de pessoas entre 50 e 59 anos.
Atualmente, entre todos os tipos de doenças, é o que causa o maior número de mortes no Brasil. Todos os números referentes às hepatites virais são ameaçadores, e tanto justificam, à plenitude, as medidas agora anunciadas pelas autoridades da saúde pública quanto exigem muitas outras, tanto curativas quanto preventivas.
Santa Catarina, desde o último dia 20, é o único estado do país que garante a todos os portadores de hepatite C o acesso gratuito aos medicamentos antivirais que combatem o insidioso mal. Este avanço foi obtido graças a uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal.
No país, os números referentes à hepatite C, segundo os critérios utilizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – que, na quarta-feira, Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais, lançou um alerta sobre a disseminação do mal também em escala planetária – já configuram uma endemia. Em todo o mundo, oscila entre 170 milhões a 190 milhões o número de pessoas que estão infectadas. No Brasil, o cálculo chega a mais de 3% da população e, em Santa Catarina, estima-se que 3,5% dos habitantes – em torno de 126 mil pessoas – tenham a hepatite C.
As formas de transmissão, certamente, ajudam a explicar a maior rapidez com que essas doenças virais têm se disseminado nos anos anos recentes. O vírus é transmitido pelo sangue, esperma e secreções vaginais, ou seja, por via sexual e sanguínea. Divulgada no ano passado, uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde apontou que o uso de preservativos em relações casuais caiu de 51,5% da população sexualmente ativa, em 2004, para 46,5% em 2008.
Uma das maiores preocupações refere-se, justamente, à hepatite C, a de maior incidência no Estado, que se torna crônica em sete de cada 10 casos registrados, e é uma doença “silenciosa, pois, quando consegue ser diagnosticada, quase sempre já provocou danos muito intensos nos portadores”, segundo o chefe da Vigilância Epidemiológica do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) da pasta. Como sempre em casos semelhantes, a informação integra o arsenal para combater o mal.
E as medidas preventivas precisam ser farta e claramente explicadas à população para que regridam os números das doenças, como o uso de preservativos em relações sexuais, desinfecção adequada de instrumentos usados em salões de beleza e cabeleireiros etc. Além disso, impõe-se multiplicar os laboratórios aptos à realização, pelo SUS, dos exames necessários ao diagnóstico do mal silencioso e letal se não atacado a tempo.
Sem documentos
Farmácia lacrada na Ilha
Entre os problemas estão armazenagem incorreta, e venda de remédios fracionados e anabolizantes
Falta de autorização para funcionar e irregularidades no armazenamento de remédios levaram a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a interditar uma farmácia de Florianópolis, ontem à tarde. Na terça-feira, outra farmácia já tinha sido lacrada.
A Kefarma, fechada ontem, pertence ao vereador Renato Geske (PR) e fica na Lagoa Conceição. O fiscal da Anvisa Thiago Rezende disse que uma geladeira guardava insulina e alimentos. Também havia fracionamento irregular de remédios, foram encontrados anabolizantes e armazenamento incorreto de medicamentos controlados. Uma caixa com estes produtos foi encontrada no escritório da Kefarma, e 27 unidades acabaram apreendidas.
Thiago explicou que o funcionamento de farmácias exige um alvará municipal e outro da Anvisa que recolhe uma taxa anual de R$ 500. O fiscal afirmou que não havia autorização federal desde 2003. Um relatório foi entregue à Polícia Federal.
O delegado Ildo Rosa, também da PF, falou que o vereador responderá inquérito em liberdade para a apurar o caso. Segundo Rosa, o crime entra na lei de combate ao tráfico de drogas por tratar de psicotrópicos.
Geske admitiu que existem alguma irregularidades, que considera administrativas. Garantiu, ainda, que em nenhum momento os problemas colocaram a saúde da população em risco. Ele negou que houvesse alimentos na geladeira onde a insulina era guardada. Reclamou do fechamento da farmácia e disse que “um estabelecimento com 30 anos de funcionamento não pode ser jogado na vala comum”.
Sobre os anabolizantes, o vereador declarou que eram medicamentos injetáveis para disfunção erétil pertencentes a clientes que deveriam ser aplicados a cada 21 dias. Eles permaneceriam na farmácia para facilitar a vida dessas pessoas. A respeito da falta de licença de funcionamento, disse que as taxas foram pagas ontem e os documentos serão enviados à Anvisa.
Quanto aos remédios fracionados, Geske argumentou que, às vezes, os doentes não tinham dinheiro suficiente e a venda era feita em quantidade menor para não deixar os pacientes sem tratamento.
Professor preso na terça foi liberado ontem
Outro dono de farmácia, que havia sido preso na terça-feira, foi solto ontem. O professor universitário foi detido porque sua farmácia vendia remédios falsificados. Mais um problema: ele não ficava com a receita de remédios de uso controlado, o que é obrigatório por lei.
Omissão. Professor foi atropelado e não conseguiu ser atendido
Homem denuncia hospitais à polícia
O professor Henryson Rocha da luz, 29, denunciou o Hospital Regional de São José e o Hospital Celso Ramos por omissão de socorro. Ele disse que sofreu um acidente em frente a um sumpermercado no bairro Saco dos Limões, em Florianópolis, onde teve um dos pulsos ferido e não conseguiu atendimento nos dois hospitais públicos. O acidente ocorrer por volta das 15h10m de quarta-feira e o professor procurou atendimento no Hospital Regional de São José. Mas, segundo a vítima, não havia ortopedista disponível. "Eles me indicaram o Celso Ramos, fornecendo o telefone do hospital. Liguei do meu celular, mas uma funcionária disse que o hospital só atende acidentados em casos de emergência", disse Luz.
O professor registrou então um boletim de ocorrência na 1ª DP do centro e voltou para casa. CComo o ferimento doía muito e o professor não conseguía dormir, ele foi mais tarde à UPA Sul. Lá ele foi atendido pelo médico de plantão, medicado e orientado a retornar À UPA Sul na manhã seguinte para uma radiografia, que não pode ser feita porque a máquina estava quebrada, segundo o professor.
A Secretaria de Estado da Saúde, responsável pela administração dos dois hospitais, foi procurada ontem pela reportagem, mas limitou-se a responder com uma nota de cinco linhas. Segundo a secretaria, o Hospital Regiional de São José deverá ativar uma ala específica para pacientes com fratura, independente da gravidade do caso, com o objetivo de agilizar o atendimento emergencial nesse tipo de situação.
Servidores da Saúde aguardam reunião para semana que vem
Servidores estaduais da Saúde voltaram a fazer assembléia ontem. Eles reclamam da demora da secretaria em cumprir acordo firmado com os servidores, que reivindicam a incorporação do pagamento do abono aos salários. Ontem eles receberam ofício em que o governo afirma já ter o estudio da repercussão da medida e deve marcar uma reunião com o sindicato. Os servidores decidiram aguardar até a próxma sexta-feira.