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SAÚDE
É preciso mais informação

Desconhecimento sobre esclerose múltipla atrasa diagnóstico“Sou esclerosada, não louca.” Esta é uma brincadeira criada pela publicitária Bruna Rocha Silveira, 24 anos, depois de passar dez anos explicando para amigos e conhecidos a diferença entre esclerose, forma popular para se referir a doença mental, e esclerose múltipla. Aos 14 anos, cursando o 1º ano do Ensino Médio, ela viu a vida se desestabilizar. Para não ter de falar em voz alta, o médico entregou um bilhete para a mãe da adolescente, Sônia Nunes Rocha, 52 anos: “Esclerose múltipla”. “Quando ele fez isso, pensei: ‘Meu Deus, o que será que eu tenho?’”, relembra.

Sônia, fisioterapeuta, explicou para a filha que a enfermidade que atingia o cérebro e a medula espinhal era incurável, degenerativa, mas que a vida não terminava ali. Era o começo de uma fase de experimentações e de conhecimento do próprio corpo, uma realidade para 2,5 milhões de pessoas no mundo.

No Brasil, estima-se que haja 35 mil portadores de acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla. Uma pesquisa realizada em São Paulo mostrou que há 15 casos para cem mil habitantes.

Por ser invisível e silenciosa, na maior parte dos casos, a esclerose múltipla é mais uma, entre tantas doenças, de difícil constatação e de tratamento tardio. A demora para que o paciente chegue ao diagnóstico fica em torno de cinco anos, conforme o neurologista Rodrigo Thomaz, da Santa Casa de São Paulo. Muito dessa resistência em procurar o médico está no desconhecimento dos sintomas, que surgem em surtos e podem causar tontura, dormência em membros, desequilíbrio e dificuldades para enxergar.

“É uma doença que não se reconhece só de olhar para a pessoa. Como não aparece, as pessoas não acreditam na gente. A maioria acha que quem tem esclerose múltipla é preguiçoso, manhoso”, diz Bruna, que não apresenta sinais constantes do problema, mas já teve surtos em que precisou usar bengala por até cinco meses. Para esclarecer quem desconfia e para amenizar a dor dos pacientes, Bruna criou o blog www.esclerosemultiplaeeu.blogspot.com.

KAMILA ALMEIDA

 

 SAÚDE
Não menospreze os sintomas da esclerose múltipla


Súbita dificuldade para andar ou enxergar é um dos sinais de alertaAssim como 76% da população brasileira, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). divulgada na semana passada, a blogueira e publicitária Bruna Silveira, 24 anos, já tinha ouvido falar em esclerose. Acreditava, como 48% da população do País, que se tratava de uma doença mental. Estava enganada.

De acordo com o neurologista Marcio Menna Barreto, que coordena grupos de pesquisa sobre esclerose múltipla no Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a esclerose é sinônimo de uma demência como o Alzheimer, por exemplo. Já a esclerose múltipla afeta o sistema nervoso central, provocando surtos com sintomas como dormência em partes do corpo, problemas de visão e coordenação motora. Apesar de conhecida há mais de um século, só passou a ser diagnosticada no Brasil, com precisão, depois do advento de exames como a ressonância magnética, há 25 anos. “É comum médicos e pacientes desconhecerem a doença. Isso faz com que o diagnóstico seja complexo e, muitas vezes, lento”, afirma Barreto.

Segundo o neurologista Sérgio Haussen, é comum sinais quase imperceptíveis ao longo da vida, que não levam o doente ao consultório: “Se você sente dormência no dedo, por exemplo, vai pensar que dormiu em cima da mão ou que está com problema de circulação. É raro cogitar a esclerose múltipla”, avalia. A dificuldade vai além, pois os sintomas se confundem com os de outras doenças como labirintite e problemas cardíacos. A orientação é procurar um especialista sempre que algo diferente ocorrer – dificuldade para enxergar ou para se locomover ou mesmo um cansaço fora do comum. “Detalhar bem e não menosprezar os sintomas é meio caminho andado para o êxito no diagnóstico”, diz Barreto.

E foi assim que Bruna fez. Dois anos depois de saber que tinha a doença, começou a escrever um diário, que levava consigo toda vez que precisava ir ao médico. Ela lembra que tudo começou com um formigamento na mão, depois foi a perna, vez ou outra a visão falhou, e a força motora já não era mais a mesma em questão de semanas. Com o tempo, a aceitação aumentou. De tanto explicar que não estava velha nem louca, criou o blog www.esclerosemultiplaeeu.blospot.com, fazendo dele a sua terapia. São cerca de 150 acessos diários de internautas de todo o Brasil, que enviam perguntas e dividem anseios com a blogueira.

Faceira, lembra de uma menina de 18 anos que, assim que soube ter a doença, largou o trabalho e os estudos, mas foi encorajada a seguir a vida quando leu o blog. “Teve também uma mulher de 42 anos que acompanhava os meus relatos e reuniu forças para sair de casa, depois de passar dois meses enclausurada, com vergonha . Não há nada que pague essa recompensa”, conta.

Ter vergonha da doença é comum, afirmam os especialistas. Isso ocorre, segundo Barreto, porque o portador descobre um problema, muitas vezes incapacitante, em uma fase da vida em que está com plenas condições de trabalho, estudo e lazer.

SAÚDE
“Estou bem, o tratamento me deixou de pé


”Neurologistas, psiquiatras e pacientes concordam em um ponto que é definitivo para o tratamento, principalmente, de doenças degenerativas: apoio familiar é fundamental. A aposentada Neiva Cadó, 52 anos, recebeu o diagnóstico há quatro anos, depois de peregrinar por consultórios médicos. Passou por um momento de desespero, mas encontrou apoio nos filhos Vinicius, 27 anos, e Arthur, 23, e no marido, João Benildo, 57.

“Quando você fica sabendo, perde o chão. Eu era gerente de um banco, tive de ficar um ano afastada por impossibilidade de trabalhar. Hoje estou bem graças ao tratamento, que me deixou de pé”, conta Neiva.

O último surto foi em 2008, quando sentiu dor na nuca, náusea e paralisia no braço esquerdo. Foi atendida no pronto-socorro como se estivesse infartando e se sentiu bem outra vez cerca de duas horas depois.

Conforme o psiquiatra Eduardo Daura Ferreira, o primeiro ano após a descoberta é quando, geralmente, as pessoas passam por um período de revolta e depressão. O carinho dos parentes se torna imprescindível. O bem-estar emocional e a força de vontade são 70% do resultado positivo do tratamento, calcula o médico.

“Quando recebo os pacientes se lamentando, questiono: qual é a alternativa? Vamos lutar”, afirma Daura Ferreira.

Foi assim que Neiva reagiu. Buscou recursos na fisioterapia, no pilates e na hidroginástica para não se abater. Para entender o corpo, pesquisou por horas na internet para conhecer a doença: “Me formei em esclerose múltipla”, diz.

 

A CENA MÉDICA | MOACIR SCLIAR
Arte e enxaqueca

Enxaqueca, todo mundo sabe, é um tipo de dor de cabeça que, em geral, é sentido em um lado só do crânio; daí o termo “hemicrânia”, criado pelo famoso médico Galeno de Pergamon há quase dois milênios - o problema, portanto, é muito antigo. De hemicrânia surgiu o vocábulo migraine, em inglês e francês, uma das palavras mais empregadas na linguagem médica, o que não é de admirar: cerca de 10% das pessoas têm esse problema.

Entre as muitas pessoas que sofrem, ou sofreram de enxaqueca, estão alguns dos nomes mais significativos da arte, da literatura, da intelectualidade. Claro, às vezes, o diagnóstico é retrospectivo e talvez duvidoso, mas as listas clássica incluem Júlio César, Napoleão, o presidente dos Estados Unidos (e o grande inspirador da Declaração da Independência) Thomas Jefferson, o Cervantes de Dom Quixote e a escritora inglesa Virginia Woolf, Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud.

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Muito interessante são as especulações acerca da influência da enxaqueca sobre a obra de grandes artistas e escritores. Criatividade não raro está associada a problemas emocionais e estes, por sua vez, desencadeiam os ataques. A dor de cabeça frequentemente é precedida pela chamada aura, que inclui distorções da visão. E isto poderia explicar as coisas que a Alice, do escritor inglês Lewis Carroll, vê no País das Maravilhas: figuras estranhas, objetos que aumentam ou diminuem, ou ainda os fascinantes efeitos que aparecem nos quadros de Vincent Van Gogh e de George Seurat, em homenagem a quem se cunhou a expressão “o efeito Seurat”.

Aliás, falando em aura, este é um termo criado pelo grande Walter Benjamin em “A Obra de Arte na Época de sua Reprodutibilidade Técnica”. Walter Benjamin sofria, claro, de enxaqueca e até teve de interromper o ensaio que escrevia sobre Baudelaire por causa do problema.

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O sofrimento causado pela dor de cabeça inspirou poetas; o caso do fantástico João Cabral de Mello Neto, que durante meio século sofreu de uma cefaleia que, segundo muitos especialistas, bem poderia ser enxaqueca. João Cabral recorria à aspirina, em homenagem à qual escreveu um poema famoso:

“Claramente: o mais prático dos sóis,
o sol de um comprimido de aspirina:
de emprego fácil, portátil e barato,
compacto de sol na lápide sucinta.”

Já o inglês Robert Graves nos garante que: “O amor é uma enxaqueca universal/ uma mancha brilhante da visão/ que apaga em nós a razão”.

Já não é necessário sofrer estoicamente de enxaqueca; temos bons tratamentos para isso. Mas a verdade é que este difícil e fascinante problema fez história. Às vezes, de maneira comovente e arrebatadora

 

MEDITAÇÃO
O poder da mente
Pesquisas mostram que a meditação é uma alternativa para combater o estresse, além de poderosa arma para enfrentar diversos males

Cobranças pessoais, pressões profissionais, expectativas não atendidas, anseios sufocados, horas demais dedicadas aos afazeres, tempo de menos para si próprio. É assim que a vida contemporânea tende a se apresentar para a maioria das pessoas. A conta do caos chega em algum momento, e ninguém está livre dos efeitos gerados por um cotidiano frenético. O desequilíbrio causa exaustão física e mental, compromete a atenção e a concentração, coloca a imunidade à prova e nos deixa vulneráveis a males. O presente passa despercebido. Corpo e mente, sempre a mil com frustrações do passado e projeções para o futuro, padecem.

A meditação, técnica usada há milênios pelos védicos(civilização formada pelo povo que compôs os textos religiosos conhecidos como Vedas, no subcontinente indiano), vem ganhando cada dia mais espaço no Ocidente como um meio eficaz de prevenir e até mesmo remediar males físicos e emocionais. A ciência tem produzido estudos comprovando os benefícios da prática.

O que é meditação, afinal? Meditar não é privar a mente de todo e qualquer pensamento, mas aprender a cultivar ideias e emoções positivas. De acordo com a instrutora de meditação transcendental Teresa Castilho, trata-se de uma técnica simples, que pode ser adotada independentemente de fé ou religião. A prática aprimora o pensar de maneira tão intensa que é possível alcançar o repouso mental, no qual o corpo responde aos impulsos da mente com um relaxamento profundo.

Teresa sustenta que, quando se medita, a mente refina o pensamento, produz ordem cerebral. Durante a meditação, diferentes partes do cérebro funcionam, comunicam-se e ativam regiões menos utilizadas e ociosas dessa estrutura. Os efeitos são variados. “Conseguimos reduzir o cortisol, hormônio relacionado ao estresse, e aumentamos a serotonina, substância relacionada ao bem-estar. A pressão arterial sistólica diminui. A meditação também influencia na qualidade do sono e na imunidade”, alega.

O servidor público Eliézer Ávila, 47 anos, confessa que tinha uma vida para lá de agitada. O caos do dia a dia o transformou em uma pessoa inquieta e agressiva. “A meditação me trouxe paz interior, autoconhecimento”, diz.

Vítima de uma arritmia cardíaca rara, Eliézer passou por cirurgias que não resolveram o problema. Além do coração, a coluna cervical sofria. “Passei a ter um sono de qualidade, minha arritmia desapareceu. Não sinto mais dores nas costas e me tornei mais centrado”, garante.

O bem-estar sentido por Eliézer é comprovado por trabalhos científicos. Instigados com os benefícios da meditação, pesquisadores dedicados a estudar o cérebro já produziram mais de 1,6 mil publicações sobre os efeitos da técnica. Um estudo recentemente divulgado pela Universidade de Manchester, no Reino Unido, revela que meditantes regulares suportam melhor a dor, já que o método treina o cérebro para focar no presente.

“Assim, a pessoa não perde tempo em antecipar eventos negativos e sensações desagradáveis. A meditação se tornou um caminho complementar no tratamento de dor crônica”, especifica Christopher Brown, pesquisador que conduziu o trabalho.

A bióloga e pesquisadora do departamento de psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo, Elisa Harumi Kozasa, explica que a meditação promove coordenação e equilíbrio do sistema nervoso central. A prática reduz o estresse, incrementa o potencial mental e é uma ferramenta para a conquista da qualidade de vida. “Meditar reduz a atividade do sistema nervoso simpático e aumenta a do parassimpático, o que implica relaxamento do corpo e da mente, que passa a buscar melhores meios para enfrentar as dificuldades físicas e emocionais”, diz Elisa.

Tipos de meditação

Dinâmica

Criada pelo mestre Osho, na Índia, é praticada mediante movimentos, danças, sons específicos e posições imóveis, como meio para deixar a mente serena, evitando pensamentos negativos.

Cristã

Baseada nos ensinamentos do monge beneditino John Main. Essa meditação tem seu eixo central na repetição da palavra “maranatha”, que significa “vem, Senhor”.

Yoga (raja)

Originada dos ensinamentos de Patanjali (sábio da antiga Índia), que propôs o uso da mente como instrumento para alcançar a espiritualidade mediante um método exigente quanto à meditação e à concentração.

Transcendental

Descrita como um processo simples, natural e sem esforço. A técnica permite um mergulho interior, a fim de experimentar o reservatório silencioso de energia, criatividade e inteligência encontrado dentro de cada pessoa – um estado natural de alerta em repouso.

 

H1N1-Álcool gel é pouco eficiente

Boston- Lavar as mãos com álcool gel, uma medida preventiva muito popular durante a pandemia de gripe H1N1 em 2009,não aumenta a proteção contra o vírus, afirma estudo divulgado neste sábado em uma conferência médica nos Estados Unindos. " Um desinfetante de mãos à base de álcool não reduz de forma segnificativa a frequência das infecções por rinovírus( responsável pelo resfriado, entre outros) ou vírus da gripe", afirmam os autores do trabalho. O estudo foi apresentado em Boston, na coferência intercientífica sobre agentes antimicrobianos e quimioterapia ( Interscience Coference on Antimicrobial Agents and Chemotherapy). Os cientistas concluíram que 12 de cada cem partipantes do grupo que lavou as mãos com álcool gel foram contaminados com vírus da gripe H1N1, enquanto no grupo que não usou nenhum desinfetante, 15 de cada cem contraíram a doença.

 

 
Médicos da Região Sul participam de Curso Gratuito
 

 O Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa (IEP/HSL)

 promove, no dia 1º de outubro (sexta-feira), o Curso Intensivo Avançado de Atualização em Mastologia, em Florianópolis. Sob coordenação do Núcleo de Mastologia do Hospital Sírio-Libanês (HSL), em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, o evento conta com o apoio da Maternidade Carmela Dutra e trará palestrantes das duas instituições. O objetivo do curso é atualizar o conhecimento dos médicos que atuam no sistema público de saúde na Região Sul, oferecendo o mesmo nível de discussão de condutas adotado pelo HSL, que é uma das maiores referências internacionais em tratamento do câncer.

 Entre os assuntos que serão abordados estão assinaturas genéticas, a terapia redutora de risco, o uso na ressonância magnética para o diagnóstico precoce, a radioterapia intraoperatória em dose única e a relação entre as terapias de reposição hormonal e o aparecimento do câncer. A participação dos médicos é totalmente gratuita.

 Parceria de vários anos
 O curso realizado pelos profissionais do HSL em Florianópolis representa mais uma iniciativa dentro da parceria que o Hospital mantém com o SUS há vários anos. Em 2009, por exemplo, o Ambulatório de Filantropia do Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês realizou, em São Paulo, 273 cirurgias de câncer de mama em mulheres encaminhadas pelo SUS.

 Após a cirurgia, as pacientes ainda recebem acompanhamento integral, que inclui a cirurgia de reconstrução e o atendimento interdisciplinar. Além disso, 40% das pacientes que passam pela radioterapia intraoperatória para tratamento de câncer de mama no HSL são encaminhadas pela rede pública.

 O principal benefício é que, ao contrário das terapias convencionais, a mulher não precisa se submeter às várias sessões de radioterapia após a cirurgia para retirada do tumor. Além disto, esta metodologia evita a exposição de outros órgãos (pele, coração e pulmões) à radiação. O sucesso obtido pelo HSL no tratamento das pacientes será debatido com os profissionais em Santa Catarina, com o objetivo de levar a qualidade técnica praticada em São Paulo a todos no Sistema Público de Saúde.