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SAÚDE
Livres para escolher


Técnicas permitem às mulheres suspender a menstruação para acabar com cólicas e TPM. Fatores como rotina intensa de trabalho, alimentação e sedentarismo devem ser considerados em cada casoMenstruar ou não? Bom seria se a resposta para esse dilema se resumisse a um simples sim ou não. A princípio, incômodos típicos da menstruação, como enxaqueca, sensibilidade nas mamas, cansaço, tristeza e irritabilidade, podem ser praticamente eliminados com o fim da menstruação. Mas, como tudo o que diz respeito ao organismo humano passa pela individualidade – palavra-chave quando o assunto é saúde –, é importante estar ciente de que aquilo que serve para uma mulher pode não dar certo para outra. Se para algumas a interrupção da menstruação, usando hormônios, é o mais indicado, para outras, uma simples mudança na alimentação pode ser a solução ideal.

O primeiro a levantar a bandeira da supressão da menstruação, ainda na década de 1990, foi o endocrinologista e ginecologista Elsimar Coutinho. Na ocasião, ele publicou o livro “Menstruação, a Sangria Inútil”, no qual defende a interrupção da menstruação para tratamento e prevenção de males como endometriose, mioma uterino, anemia e tensão pré-menstrual (TPM). Segundo ele, do ponto de vista endócrino, quando a mulher ovula, é como se estivesse grávida. A menstruação seria, então, um aborto do óvulo não fecundado.

Para Coutinho, esse processo mensal debilita a mulher e contribui para o desenvolvimento de doenças como anemia, miomatose, entupimento de trompa, doença pélvica inflamatória, ovário policístico, infertilidade, câncer, entre outras. Em resposta às críticas contra a interrupção, ele é categórico: “Meus argumentos são fundamentados em anos de pesquisa. Aos que se opõem, acredito que não conheçam o assunto. Se conhecessem, não poderiam ser contra. Muitos falam que as regras são um processo natural, e são, de fato. Mas, seguindo essa lógica, o natural seria engravidar”.

Ele afirma que, antigamente, as mulheres tinham mais filhos e, portanto, menstruavam menos. “Elas passavam a idade fértil engravidando e amamentando. Hoje, elas têm dois filhos, menstruam cedo e entram na menopausa tarde. Quanto maior o número de menstruações, maior o risco de desenvolver doenças”, argumenta o médico.

Para alguns médicos, no entanto, a supressão da menstruação só deve ser receitada quando a mulher sofre a tal ponto com TPM ou cólicas que isso a prejudica. “É importante fazer uma reflexão sobre a rotina muito intensa de trabalho, a alimentação e o sedentarismo, entre outros aspectos. Não existe pílula anticoncepcional cíclica ou contínua que não tenha efeito colateral. Aumento de peso, retenção de líquido, diminuição da libido. Sempre há consequências, é o preço que elas têm de pagar”, alerta o ginecologista e obstetra Roberto Sizenando.

Segundo Sizenando, a mulher tem se distanciado do que é natural por conta da vida atribulada: “Hoje elas estão adiando cada vez mais a maternidade, muitas param no primeiro filho. Tudo isso faz com que deixem de cumprir sua função biológica. Sob essa ótica, imagino que quadros de TPM, por exemplo, podem acabar se agravando”.

Ele cita uma frase de uma universitária que lhe chamou a atenção: “Ela disse: ‘O foco da minha vida é a profissão, não tenho tempo a perder com cólicas e TPM’”. Então, o raciocínio é esse, é chato, então vou suprimir e ponto final.

Para a tenente-coronel Soraia Almeida, 45 anos, que há três anos optou por um implante de hormônios para suprimir a menstruação, a medida foi a solução para um dilema que se arrastava desde os 30 anos. “Sofri com a endometriose a vida inteira. Tinha muitas dores e cólicas. Passei a me tratar com pílulas, mas nada funcionava. Passados seis, sete meses, o organismo se adaptava, e eu voltava a menstruar”, conta.

A doença levou Soraia a realizar uma intervenção cirúrgica, além de tratamentos com hormônios, o que lhe causava desconforto devido aos fortes efeitos colaterais. “Estou sem menstruar há três anos e feliz por ter dado um fim a esse quadro.”

Umas se adaptam, outras não

A ginecologista Lucila Nagata está há nove anos sem menstruar e prescreve a supressão para suas pacientes sempre que julga apropriado. “A escolha do método muitas vezes se dá por tentativa e erro”, reconhece. Além de pílulas de uso contínuo, são usadas injeções trimestrais, semestrais, implantes e DIU.

“Gosto do DIU porque dura cinco anos, e a paciente não precisa ficar preocupada caso esqueça de tomar o medicamento. Além disso, a eficácia é superior à da pílula”, avalia Nagata.

Com o implante, desenvolvido pelo ginecologista Elsimar Coutinho, a dosagem de hormônios varia de acordo com os resultados de exames da paciente. Fatores como idade, peso, tabagismo e sedentarismo também são avaliados. O método pode durar de seis meses a um ano.

A fotógrafa Andrea Zayit, 40 anos, não menstrua há oito anos. “Botei o implante porque não me adaptava a nenhum método contraceptivo, morria de enjoo com o anticoncepcional e, com o DIU, tive muita cólica. Além disso, sofria com a TPM. Hoje, eu nem sei o que são esses sintomas”, comemora.

Quanto ao período de adaptação, Andrea conta que sentiu muita retenção de líquidos nos primeiros seis meses e teve que fazer tratamento para espinhas. Mas o esforçou valeu a pena: “Foi a melhor coisa que fiz na vida”.

Já para a advogada Cristina Moreira, 44 anos, o implante não foi positivo. “Continuei a menstruar de forma irregular, e meu peso aumentou muito. Depois de seis meses, meu cabelo começou a cair. O médico disse que era preciso ajustar a dosagem e ter persistência, pois o meu fígado estava com dificuldade de absorver o hormônio por causa de um medicamento que eu havia usado por um período”, diz. Mesmo assim, Cristina preferiu suspender o tratamento. “Hoje, tento amenizar o problema com uma alimentação rica em ácidos graxos, como a linhaça.”

 

Tire as dúvidas

Interromper a menstruação pode dificultar a gravidez quando chegar a hora de tentar?

Não. Depois de parar de vez com a pílula, as suas funções de ovulação são retomadas em cerca de três meses. No dia a dia, os médicos verificam que quem toma qualquer tipo de anticoncepcional não tem mais ou menos dificuldade para engravidar.

Qualquer tipo de pílula pode ser adaptada para o uso contínuo?
Sim. A pílula bloqueia a função ovulatória o ovário. A diferença é que umas têm mais hormônio e outras menos. Um anticoncepcional com baixa dosagem usado continuamente pode resultar em alguns escapes (perdas de sangue), que não se equivalem à menstruação. São menos intensos e episódicos, quando há descamação limitada do endométrio. Já a menstruação é uma escamação total.
Qual o método contínuo mais seguro: implante, pílula ou injeção?
A segurança e os hormônios são os mesmos. Considera-se mais adequado o método por via oral, que pode ser interrompido a qualquer momento. No caso do implante, ele teria de ser retirado para cessar o efeito. A injeção exigiria esperar que sua ação termine.
Faço uso contínuo de pílula, mas a cada quatro ou cinco meses fico menstruada. É sinal de que a pílula não está funcionando? O que fazer?
Se não houve esquecimento, a pílula está funcionando. Sangramentos pequenos podem ocorrer mesmo com o uso descontínuo, sem que isso represente redução de eficácia. Recomenda-se que a paciente faça um intervalo a cada três ou quatro cartelas contínuas, para ocorrer um sangramento de privação (pela falta do hormônio da pílula) e evitar os sangramentos irregulares.
Com que idade pode ser iniciada a suspensão da menstruação? Adolescentes podem fazer isso?
Um sistema de ovulação que está amadurecendo não deve ser bloqueado. O mais recomendado seria que adolescentes não utilizassem anticoncepcionais, mas não se pode correr o risco de uma gravidez indesejada nessa fase. Emendar cartelas não prejudica a saúde
.
Mesmo sem menstruar, posso ter sintomas de tensão pré-menstrual?
Não deveriam ocorrer. Com o uso contínuo da pílula, os níveis de estrogênio (hormônio feminino) ficam estáveis, o que faz com que os sintomas pré-menstruais sejam reduzidos.

A interrupção vale para qualquer mulher ou somente para aquelas que têm muito desconforto ao menstruar?
O benefício é para quem se sentir melhor com o método.
Pode haver alteração no desejo sexual quando se para de menstruar por um longo período?
Existem mulheres que sofrem uma diminuição no desejo sexual com o uso de anticoncepcional, seja qual for a forma de uso.

Emendar cartelas pode influenciar na menopausa?
Não.
Quais são as contraindicações de emendar as cartelas?
Não há comprometimento na saúde do paciente. O ruim é o desconforto de perder sangue sem data marcada e sem tempo para terminar, o que pode ocorrer às vezes.
FONTES: GUSTAVO PY GOMES DA SILVEIRA E JAQUELINE NEVES LUBIANCA, GINECOLOGISTAS

 


A CENA MÉDICA | MOACYR SCLIAR
Semana passada, pelo quarto ano consecutivo, dezenas de países da Europa, da Ásia e da América Latina participaram do Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência. Atividades foram desenvolvidas para que as pessoas tomem consciência daquilo que se configura cada vez mais como um grave problema pessoal e de saúde pública.

Quando falamos de gravidez na adolescência estamos nos referindo ao período da vida entre dez e 19 anos. Uma faixa etária que, com a expressiva diminuição da mortalidade infantil, tem crescido; no Brasil, corresponde a 20,8% da população geral. É muita gente. E é um problema muito sério, que está aumentando, inclusive em países desenvolvidos como os Estados Unidos. A América Latina registra anualmente 54 mil nascimentos com mães menores de 15 anos e 2 milhões com idade entre 15 e 19 anos. No Brasil, calcula-se que a incidência da gravidez nesta faixa etária esteja entre 14 e 22%.

A gravidez na adolescência envolve riscos: maior incidência de anemia materna, pressão alta, parto complicado, infecção urinária, prematuridade do bebê, infecções pós-parto, dificuldade para amamentar. Além disso, a gravidez tumultua a vida da adolescente: apenas metade delas completa o ensino médio, enquanto que, entre as adolescentes que não engravidam, a cifra é de 95%. No Brasil, apenas 30% de adolescentes que tinham engravidado voltaram e concluíram os estudos.

A prevenção deve levar em consideração os fatores predisponentes da gravidez na adolescência: baixa autoestima, dificuldade escolar, abuso de álcool e drogas, comunicação familiar escassa, pai ausente ou hostil, pais separados, amigas que engravidaram na adolescência. Os pais das adolescentes que não engravidam têm melhor nível de educação, o que mostra a importância desse fator. Outro dado importante: 60% das adolescentes consideram que falar com o parceiro sobre contracepção seja um tema “difícil”.

Na América Latina, 56% dos jovens admitem terem tido relações com um novo parceiro sem o uso de anticonceptivos. Conclusão: estamos diante de um problema que é claramente social e psicológico e que não será resolvido com castigos ou ameaças, mas sim com a aplicação da antiga frase: conversando a gente se entende. Os jovens e os pais têm de falar sobre gravidez na adolescência. E este domingo é um bom dia para começar.


SAÚDE
Redução de danos

O conselho dos nutricionistas é claro: evitar frituras. Mas as vezes é difícil resistir ao sabor de um pastel ou de uma coxinha. Para diminuir o peso na consciência, uma solução é tentar tornar os quitutes fritos o mais saudável possível. A dica é prestar atenção a um elemento essencial: o óleo de cozinha. A regra básica é usá-lo uma única vez. Ou seja, após fritar os alimentos, é necessário descartar o líquido – ou reciclá-lo. Outro ponto interessante é comparar os diferentes produtos existentes no mercado.

“Existem alguns produtos de maior qualidade, que, se usados de maneira adequada, vão amenizar um pouco os efeitos maléficos da fritura”, explica o nutricionista e especialista em frituras, Márcio Mendonça. Do ponto de vista da saúde, ele afirma que o azeite e os óleos de canola, girassol, amendoim e milho são melhores que o de soja.
No entanto, o especialista ressalta que, exposto a grandes temperaturas, todos os tipos liberam radicais livres – compostos resultantes da oxidação, que podem danificar células sadias. “A melhor estratégia é escolher os óleos de melhor qualidade porque eles vão demorar um pouco mais para virar gordura saturada”, afirma Mendonça.

A chef de cozinha Lilian Pelliccione, 31 anos, aprendeu na Itália a usar o azeite para tudo, inclusive para a fritura. Em seu restaurante, com exceção do polpetone, tudo é frito no óleo de oliva. Ela reconhece que é uma admiradora do tempero porque ele agrega sabor aos alimentos. “Além de realçar o sabor das carnes, o azeite é, na minha opinião, melhor para a saúde. Eu posso até dizer que sou uma defensora do azeite”, brinca.Lilian lembra que, durante o curso de gastronomia na Itália, ela teve aulas de degustação de azeite. Além de refinar o paladar, foi lá que ela se deu conta da importância desse óleo. “Eu sempre ouvi falar que ele era melhor para a saúde e mais gostoso, mas foi na Itália que aprendi a respeitar o azeite. O italiano sabe usá-lo da melhor maneira”, comenta.Um hábito comum em casa é jogar um palito de fósforo na panela, para ver se o óleo já esquentou. O chef Gabriel Magnani alerta que esse é um dos maiores perigos da fritura. “O fósforo acender quer dizer que o óleo já saturou, já se tornou o pior tipo de gordura possível”, comenta. Ele diz que a solução é mergulhar um palito de madeira e observar se o objeto vai fritar. “Se soltar bolinhas, como um nuggets, tá no ponto.”

Na hora de jogar o óleo fora, é preciso pensar no meio ambiente. A decomposição desse dejeto gera metano, um dos principais responsáveis pelo efeito estufa. Jogar o líquido pelo ralo da pia, por exemplo, é um crime contra a natureza, pois ele demora vários anos para se degradar. A solução é a reciclagem, pois a gordura que fica na panela, misturada com soda cáustica, resulta em um outro utensílio importante nas cozinhas: o sabão.O nutricionista Márcio Mendonça ensina um método para saber se o óleo está fresco ou não. Basta olhar a batatinha frita. Se ela estiver clara e crocante, está tudo certo. Mas se o aperitivo apresentar aquelas manchas escuras e amareladas, além de uma consistência murcha, pode mandar trocar que se trata de uma bomba para o organismo.O uso de fritadeiras elétricas também pode ajudar a reduzir os danos da fritura. Segundo o nutricionista Márcio Mendonça, a tampa e o controle de temperatura impedem uma degradação mais rápida dos óleos de cozinha. Fritar com um aparelho fechado é melhor porque a interação com o oxigênio ajuda a deteriorar o óleo mais rapidamente.

Saiba mais

Muita gente se pergunta qual é a melhor gordura para fritar. A resposta não é definitiva, pois tudo depende do realce no sabor desejado pelo cozinheiro. As diferenças começam na origem: a manteiga é uma gordura animal, enquanto o óleo é vegetal. Para a saúde, a gordura animal é mais prejudicial, pois ela, fria, já é saturada – tipo que aumenta o colesterol ruim (LDL). O óleo vegetal só satura em temperaturas acima de 180ºC.


VINHO
Consumo de vinho melhora raciocínio

Um estudo realizado na Universidade de Tromso, na Noruega, indica que o hábito de ingerir álcool moderadamente faz bem para o raciocínio – melhor ainda se a bebida for vinho. Voluntários que bebiam com moderação (quatro vezes ou mais por semana) se saíram melhor em testes medindo funções cognitivas do que os totalmente abstêmios ou que bebiam pouco (uma vez ou menos no mesmo período).

Foram avaliadas mais de cinco mil pessoas, com 58 anos. Os autores da pesquisa, publicada na revista “Acta Neurologica Scandinavica”, admitem que outros fatores não testados, como dieta e profissão, podem ter influenciado.

Idade, nível de educação, peso e doenças foram considerados. Em mulheres, o fato de não beber esteve associado a desempenho cognitivo “significativamente” mais baixo. “O maior risco de função cognitiva pobre esteve em abstêmios. Entre homens, resultados sugerem menos disfunção cognitiva em consumidores de vinho e cerveja”, diz o artigo. Os autores anotavam só a frequência do consumo, não a quantidade. As diferenças entre os sexos podem estar ligadas a diferentes níveis de consumo.

 


MARCAÇÃO CERRADA
É proibido fumar

Reportagem do Diário Catarinense foi a três pontos públicos de Florianópolis para testar a lei antifumo, que completou seis meses no dia 25 de setembro. O resultado foi o mesmo: a medida está sendo cumpridaAcendo o cigarro dentro do Terminal Rodoviário Rita Maria, em Florianópolis. Nem dá tempo para três tragadas. – Oh, meu amigo! É proibido fumar aqui dentro. – Mas quem é você? – questiono ao ser interrompido. – Não interessa quem eu sou, é lei e precisa ser cumprida. Não era um policial ou um guarda, mas o guia turístico Genílson da Silva, 39 anos, quem me abordou. Mais uma prova de que a lei antifumo de Florianópolis, em vigor há seis meses, pegou.

O Diário Catarinense testou a lei antifumo em três espaços públicos da Capital. Enquanto eu fumava nos locais proibidos, o fotógrafo Flávio Neves ficava longe, registrando as cenas. Além da rodoviária, fomos ao Terminal de Integração do Centro (Ticen) e ao Aeroporto Internacional Hercílio Luz.

Em todos os lugares, alguém pediu para que eu apagasse o cigarro, sempre citando a lei que completou seis meses no dia 25.

O primeiro teste foi no Ticen. Acendi o cigarro na entrada da plataforma B, ao lado das placas de proibido fumar, e já ouvi a dica de um passageiro.

– Se você entrar ali vão te tirar o cigarro. Já fizeram isso comigo.

Ele tinha razão. Não no primeiro cigarro, mas no segundo. Dois seguranças do terminal se aproximaram e me pediram, com educação, que ele fosse apagado.

Roberto Carlos, 36 anos, um dos seguranças, disse que o consumo de cigarros caiu no Ticen, mas ainda é comum alguém fumar lá dentro. Em meia hora, não flagramos ninguém fumando no local – só fora do terminal, onde é permitido.

No aeroporto, mesmo do lado de fora, nova abordagem. Nem metade do cigarro havia terminado quando um segurança se aproximou.

– Cigarro só é permitido do outro lado da rua – explicou Márcio Martins, também fumante, 38 anos.

Ele estava fazendo uma ronda quando viu a cena. Disse que os fumantes costumam ser educados quando avisados da proibição.

A cabeleireira Cristiane Nunes, 34 anos, que mora em Araranguá, não foi logo acendendo o cigarro. Ao ver o guarda, perguntou onde era permitido fumar. E foi até o outro lado da rua, onde outros fumavam.

– É uma questão de educação. Não se pode fumar perto dos outros.

Na rodoviária, ninguém desrespeitou a lei

Na rodoviária, a reclamação foi mais rápida. E, ao contrário dos dois outros locais, não partiu de um guarda, mas de um guia turístico.

– Bastante gente ainda fuma aqui, principalmente aqueles que descem do ônibus e logo vão acendendo um cigarro. É uma falta de consciência, tem que ter bom sendo. E eu sempre vou avisando as pessoas – disse.

Não encontramos mais ninguém desrespeitando a lei na rodoviária, a não ser eu mesmo.

mauricio.frighetto@diario.com.br

 que diz
- Proíbe, em Florianópolis, fumar cigarro, cigarrilha, charuto, cachimbo, narguilé (espécie de cachimbo de água de origem árabe feito, geralmente, de vidro para fumar), aparelho e outros derivados de fumo em qualquer espaço de uso coletivo, público ou privado
.
É permitido fumar em bares, restaurantes, casas noturnas ou qualquer outro estabelecimento similar?
- Não, a menos que estes locais tenham um fumódromo.
O restaurante ou bar tem obrigação de informar a seus clientes sobre a proibição na casa?
- Sim. Um aviso precisa ser fixado em local de ampla visibilidade.
A pessoa que se sentir incomodada pela fumaça do cigarro de outra reclama para quem?
- Para o dono ou para o responsável pelo estabelecimento.
Fumar nas mesas que estão nas calçadas dos bares e restaurantes é permitido?
- Sim, desde que ela não esteja coberta.
É permitido fumar nas praças de alimentação dos shoppings centers?
- Não. A menos que o espaço tenha um fumódromo exclusivo para este fim.
É permitido fumar em rodoviária, terminal de ônibus, aeroporto e estádios de futebol?
- Não, a menos que estes lugares não tenham cobertura.
É permitido fumar em parques e praças?
- Sim, porque são lugares abertos.
O passageiro pode fumar no táxi?
- Não. A medida vale também para ônibus (municipal, intermunicipal e interestadual).
É permitido fumar em hotéis e pousadas?
- Apenas em locais permitidos, como nos quartos destinados para fumantes.
É permitido fumar em condomínios?
- Não nas áreas coletivas e cobertas, como as garagens. A lei será enviada por correio para os condomínios. Depois, será feita uma fiscalização com uma amostragem destes locais. Caso a maioria não tenha se adequado à lei, uma fiscalização mais severa será realizada.
O fumante e o estabelecimento comercial podem ser multados se descumprirem a lei?
- Sim. Primeiro, serão realizadas três visitas de orientação pelos profissionais da Vigilância em Saúde. Na quarta, se o estabelecimento não estiver adequado à lei, receberá uma multa de R$ 300. O consumidor que estiver fumando neste local também será multado. A cada reincidência a multa dobra. Na quinta, o alvará é cassado.

 


MARCAÇÃO CERRADA
Lei pegou sem nenhuma multa

A lei antifumo pegou em Florianópolis sem nenhuma multa ter sido aplicada. Segundo dados da Secretaria da Saúde da Capital, 222 notificações foram feitas, todas em caráter de orientação. A fiscalização, sob responsabilidade da Vigilância em Saúde, abrange um universo de 23 mil estabelecimentos.

Para o diretor da Vigilância em Saúde de Florianópolis, Anselmo Granzotto, o fato de nenhuma multa ter sido aplicada é positivo:

– Multas funcionam, mas se elas não precisam ser dadas é melhor.

A lei de Florianópolis, que entrou em vigor no dia 25 de março, proíbe o uso de cigarros e derivados do fumo em qualquer espaço de uso coletivo, tanto público quanto privado. Segue uma tendência internacional de combate a um dos produtos mais maléficos à saúde. Ele é fator determinante de duas das maiores causas de morte por todo o mundo – as doenças cardiovasculares e o câncer.

São Paulo foi o Estado pioneiro no combate de forma eficaz ao cigarro. A lei, que entrou em vigor em agosto do ano passado, acabou até com os fumódromos. Antes, havia uma norma federal, de 1996, que proibia o consumo em recintos públicos fechados, mas autorizava a criação de áreas para os fumantes.

Florianópolis não é a única cidade do Estado a restringir o cigarro. Das 10 maiores, oito seguiram o exemplo de São Paulo. A última a entrar na batalha foi Joinville, que aprovou uma lei na terça-feira. Para entrar em vigor ela precisa ser sancionada pelo prefeito Carlito Merss.

A fiscalização na Capital é feita de duas formas: por denúncia, como as 33 que foram feitas por meio da ouvidoria, ou pela rotina dos vigilantes. Cada vez que visitam um estabelecimento, eles verificam o cumprimento da lei e distribuem cartazes.

Donos de bares e restaurantes também não têm reclamado. É o que afirma o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Santa Catarina (Abrasel-SC), Fábio Queiroz:

– Grande parte dos restaurantes já fazia o que pede a lei. Foi mais difícil para bares, que perderam uma parte dos clientes no início. Mas, depois, isso foi recuperado em parte.

 


MARCAÇÃO CERRADA
Até tu, fumante?

Os fumantes encontram duas situações em bares e restaurantes de Florianópolis. Ou ficam em um fumódromo, desde que seja em uma área externa e aberta, ou simplesmente saem dos estabelecimentos para acender um cigarro. E dificilmente algum deles vai reclamar.

É o caso da professora Ana Paula Claudino, 29 anos, que veio a Florianópolis fazer um curso e foi até a Cervejaria Original, no Centro. Como o lugar não conta com um fumódromo, os clientes precisam sair do bar. Basta deixarem a carteira de identidade para o segurança.

– Acho uma atitude correta, concordo em não fumar em locais fechados. A gente sabe o mal que faz – defendeu a professora.

Ela vê outro ponto positivo na lei. Como precisa sair do bar, diz que acaba fumando menos. Segundo o gerente da cervejaria, Gesse Henrique da Silva, alguns até reclamam, mas acabam compreendendo. O maior problema é que muitos esquecem os documentos no bar e precisam voltar no outro dia.

No Absoluto Chopp Bar, também no Centro, os clientes precisam se dirigir a uma área externa e aberta, cercada por uma grade. O estudante Luiz Fernando Gomes, 27 anos, não se incomodou muito:

– É chato, mas sou a favor da lei e tem que respeitar. Em casa, por exemplo, só fumo na sacada. Em Paris, que era o lugar dos fumantes, a situação está muito pior.

 

Outras cidades
Das 10 maiores cidades de Santa Catarina, oito aprovaram medidas mais restritivas para o consumo de cigarros depois de São Paulo ter colocado em prática sua lei, em agosto de 2009. De forma geral, todas impedem que se fume em ambientes fechados de uso coletivo, tanto público como privado.
1) Joinville
Foi aprovada terça-feira. Entra em vigor assim que o prefeito Carlito Merss sancionar.
2) Florianópolis
Em vigor desde 25 de março deste ano.
3) Blumenau
Em vigor desde 30 de outubro de 2009.
4) São José
Em vigor desde 8 de março deste ano.
5) Criciúma
Em vigor desde 28 de fevereiro deste ano.
6) Chapecó
Em vigor desde 29 de junho deste ano.
7) Itajaí
Tem duas leis da década de 1970 que
proíbem o cigarro no interior de coletivos, supermercados, lojas em geral e hospitais. A de 2008, obriga as escolas municipais a exporem cartazes que mostram os malefícios causados por drogas, bebidas e doenças sexualmente transmissíveis.
8) Lages
Em vigor desde 17 de fevereiro deste ano.
9) Jaraguá do Sul
Em vigor desde 30 de outubro deste ano.
10) Palhoça
Tramitou em 2009 na Câmara de Vereadores, mas não foi aprovada. Esse ano não entrou na discussão

 

MARCAÇÃO CERRADA
Inimigo público

O cigarro é um dos inimigos públicos da atualidade. E a afirmação é tão verdadeira que é difícil encontrar um fumante que discorde das leis antitabagismo.

Sempre tentei não atrapalhar os não fumantes. Fumar nos pontos de ônibus, com alguém por perto, jamais. Mesmo assim, acabava acendendo cigarros nos terminais de integração do transporte coletivo de Florianópolis. Já que era permitido, não via problema nenhum.

Só depois da lei aprovada na Capital, no entanto, é que parei de fumar nos terminais e vi como a atitude era errada. Até lembrei de uma cena muito corriqueira nesses lugares – alguém fumando na fila, jogando o cigarro no chão um pouco antes de entrar no ônibus. Não tenho mais visto isso, ainda bem.

Quanto a bares, restaurantes e boates, sempre respeitei as proibições, muitas que chegaram antes mesmo da lei antifumo da cidade. E logo que ela começou a valer já deu para notar a diferença. Não lembro de ter ido a algum estabelecimento onde o cigarro seja permitido fora do que diz a lei.

Ou seja, é um cerco se fechando contra o cigarro, mas parece que os fumantes estão se dando conta de que pelo menos não se pode atrapalhar os outros. Eu também. E deve ser o primeiro passo antes de parar de vez com a fumaça nos pulmões. Minha mãe vai adorar ler isso.

MAURÍCIO FRIGHETTO * | * Jornalista e fumante

 

 

Cidades

 

Leishmaniose. Fiocruz avalia amostras de 40 animais silvestres coletadas no Canto dos Araçás

Agora é esperar os resultados

 

Num prazo de no mínimo 30 dias, a Fiocruz deve divulgar os resultados das análises das amostras de 40 animais silvestres coletadas por técnicos, na sexta-feira, no canto dos Araçás, Leste da Ilha. O trabalho tem o objetivo de identificar o tipo de  infecção por leishmaniose, doença rara e fatal em 90% dos casos humanos, que contaminou 13 cães na comunidade.

 

O material biológico de 33 roedores e sete marsupiais silvestres, como cuícas, foi coletado por cinco técnicos da Fiocruz, além de três profissionais das secretarias estadual e municipal de Saúde. Para auxiliar os trabalhos, um laboratório foi montado no local para a extração das amostras.

 De acordo com a gerente de controle de zoonoses da Secretaria de estado da saúde, Suzana Zeccer, está é a primeira vez que há registros de leishmaniose em Florianópolis. Os casos são considerados isolados e não há registro em outras localidades na capital.

 Todos os animais infectados foram sacrificados. “No caso dos cachorros, uma vez infectado, ele sempre será um potencial transmissor, por isto o abate é necessário”, explica Suzana.

 

Doença pode ser curada

 No Casio de infecção em humanos há tratamento. “Mesmo infectado, o homem pode ser curado e não voltará a transmitir a doença, por isso é importante a procura por tratamento médico o mais rápido possível”, afirma.

 A leishmaniose ataca os órgãos internos e é provocada por um protozoário, que pode ser transmitido por um mosquito presente em áreas de mata. Mas ainda não se sabe se as infecções, nesse caso, se deram desse modo, ‘Ocorre que os cães do Canto dos Araçás estão em um espaço onde há mais condições de contágio pelo mosquito”, explica a gerente.

 

 SITE TERRA


SC: programa de TV em hospital público tumultua fim de campanha
01 de outubro de 2010 • 19h28
Fabrício Escandiuzzi
Direto de Florianópolis
A gravação de um programa eleitoral do candidato do DEM ao governo de Santa Catarina, Raimundo Colombo, no interior de um hospital de Lages, cidade localizada a 200 quilômetros de Florianópolis, está gerando polêmica nesta reta final de campanha.

O PT usou o espaço destinado à propaganda gratuita de deputados na noite desta quinta-feira para acusar o DEM de gravar cenas internas no Hospital Geral e Maternidade Tereza Ramos, prejudicando procedimentos médicos e cirurgias agendadas.

Todos os procedimentos teriam sido adiados até que algumas cenas fossem gravadas com o candidato Raimundo Colombo. O caso teria ocorrido no dia 14 de agosto, de acordo com relatórios elaborados pelos próprios servidores da unidade apresentados no programa da candidata Ideli Salvatti.

O Hospital Tereza Ramos, um dos maiores de Lages e administrado pelo estado, nega que cirgurias tenham sido canceladas. Entretanto, o diretor da unidade, Osmar Buzatti Filho, confirmou em nota que autorizou uma equipe de filmagens a realizar gravações em seu interior. "Como diretor autorizei as filmagens e não houve intercorrência ou prejuízo à população", afirmou por intermédio de uma nota.

A denúncia petista gerou forte reação dos democratas que, nesta sexta-feira, ganharam na Justiça Eleitoral o direito de resposta a ser veiculado na programação noturna de rádio e televisão. Os advogados do PT catarinense informaram que irão recorrer da decisão no TRE.

Além de toda a polêmica na esfera eleitoral, que "esquentou" uma campanha até então pacífica no Estado, o Sindicato de Servidores de Saúde de Santa Catarina apresentou um pedido de investigação do caso junto ao Ministério Público, Tribunal Regional Eleitoral e governo.

O secretário de estado da Saúde, Roberto Hess de Souza, informou no final da tarde desta sexta-feira que a liberação do hospital para filmagens e as denúncias feitas pelo PT e sindicato serão investigadas. Por intermédio de sua assessoria, Hess disse que "diante da repercussão do caso na mídia", determinou a abertura de uma sindicância administrativa para apurar "eventuais irregularidades na conduta" da direção do hospital.