icone facebookicone twittericone instagram

 

SAÚDE
UMA IMAGEM DISTORCIDA
Transtornos como a anorexia, a bulimia e a vigorexia fazem o paciente se ver às avessas, em uma busca obsessiva por um padrão de beleza nunca alcançado

A imagem do corpo extremamente magro da modelo e atriz francesa Isabelle Caro chocou o mundo em 2007. Isabelle, que havia entrado em coma um ano antes ao pesar 25 quilos, tornou-se símbolo de uma campanha contra a anorexia. No ano passado, chegou aos 42 quilos, mas no dia 17 de novembro, aos 28 anos, acabou morrendo, o que só foi revelado em dezembro. O fato reacendeu a polêmica sobre os transtornos de imagem relacionados ao perfil de beleza que nunca é atingido.

Considerado um problema psiquiátrico, a anorexia é um dos que mais matam – de 20% a 25% dos casos resultam em falência do organismo. Uma parcela acaba em internação hospitalar, mas a maioria consegue conviver bem com a doença. Assim aconteceu com uma estudante de 20 anos, que pediu para não ser identificada. Há cinco anos, após uma crise de fúria, foi internada. O ataque foi desencadeado quando a mãe insistiu para que comesse uma fatia de bolo. Após a alta, precisou tomar cinco tipos de remédios para aplacar a ansiedade e a depressão.

“Cheguei a beber xampu para vomitar. Queria parar de me sentir gorda. Me chamavam de esquelética, mas a imagem que eu via o espelho refletir era de uma obesa”, conta a jovem, que hoje cursa nutrição.

Medindo 1m58cm, ela chegou a pesar 35 quilos. Hoje mantém 43 quilos. Não era o caso de abrir o apetite. Fome ela tinha de sobra. O fato é que se sentia impotente diante de um prato de comida.

“Eu ficava nervosa, as mãos suavam. Isso era pior diante de outras pessoas. Parecia que todo mundo estava me olhando e me julgando. Eu queria comer, mas não conseguia.”

O problema se desenvolveu na garota por volta dos sete anos, mas foi aos 13 que se tornou mais problemática. Depois de meia década com a doença adormecida, a relação com o alimento mudou. Mesmo assim é uma luta diária para não ter recaídas.

A doença da jovem preocupa os especialistas e já está se tornando uma epidemia, que tende a aumentar no verão, conforme a psicóloga e terapeuta familiar Ieda Zamel Dorfman. Se antes o descaso com o alimento e a rebeldia dos adolescentes eram vistos como “coisas da idade”, agora vem deixado o meio médico em alerta. “Os pais precisam ficar mais atentos ao comportamento dos filhos. Assim que notarem qualquer sinal do problema devem buscar um especialista e impedir que a doença fique incontrolável”, diz a endocrinologista Patrícia Santafé.

 


A obsessão pelo vigor físico

Casos de vigorexia vêm crescendo proporcionalmente à adoção de um perfil estético cada vez mais sarado. Uma família faz campanha para convencer uma jovem de 26 anos, que não quis ser identificada, de que ela precisa de ajuda, pois acredita que a estudante está passando dos limites.

A paixão desenfreada pela academia começou em 2006. Assim que viu os primeiros músculos despontarem no corpo traçou metas audaciosas para uma garota fininha de 1m58cm e 47 quilos. Na mesma época, entrou para a faculdade de nutrição e aliou os novos conhecimentos à vontade de ver o volume da sua massa corporal crescer. Hoje, faz agachamento com 120 quilos para engrossar as pernas e têm desmaios e vômitos.

“Não consigo ficar um dia sem treinar. Tenho vergonha das minhas pernas finas. Tenho pavor de me ver assim tão magra”, diz a jovem, que pesa 75 quilos e tem 67 centímetros de coxa e 36 de braço.

A universitária não concorda com a visão da família, que acredita que ela está obcecada pelo vigor físico. O marido, que é fisioterapeuta, já cansou de pedir para que ela se tratasse. “É claro que está com uma imagem distorcida do próprio corpo”, diz.

Há mais de dez anos, a medicina dá conta de que pessoas obcecadas pelo vigor têm um déficit de serotonina. Segundo o professor da Faculdade de Psiquiatria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Willian Dunningham, haveria também um fator genético envolvido, que é estimulado pelo fator social.

“É uma ideia que vem do inconsciente e invade a consciência e obscurece todas as atividades cognitivas. Gera ansiedade. Por isso, estabelecem rituais compulsivos”, afirma.

Com a busca obsessiva pelo corpo sarado, não é raro malhadores lançarem mão de anabolizantes – substâncias que atuam no sistema nervoso, aumentando a tendência a esse comportamento. A vigorexia é mais comum em homens.

Os especialistas apontam que esta época – em que o Carnaval se aproxima – é uma boa oportunidade para observar o fenômeno. Notam que o perfil das mulheres que são destaques nas escolas de samba vem aumentando. São elas que representam o padrão que as mulheres perseguem.

 


Homem foge do Hospital e acusa diretoria

Uma equipe de reportagem do Correio Lageano se mobilizou para investigar a denúncia do aposentado José Carlos de Oliveira. Segundo ele, o diretor clínico do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, Canísio Winkelmann, havia lhe dado alta na noite de terça-feira (19), sem que o paciente tivesse terminado um tratamento contra uma infecção, que surgiu após uma cirurgia na coluna feita em 3 de dezembro.
 
Ao ser procurado, Canísio afirmou que o paciente havia saído do hospital por conta própria após ser abordado pela diretoria administrativa, a pedido da gerência de enfermagem. José não estaria se comportando de forma adequada para o ambiente.

O diretor clínico afirmou que o paciente fumava, circulava entre os setores e se negava em atender as orientações da enfermagem. “Ele se sentiu ofendido com a nossa abordagem mas afirmou que iria colaborar. À noite ele se evadiu do local sem concluir o tratamento médico e sem alta”, explicou.

Canísio afirma ainda que, se o paciente persistisse no comportamento, poderia receber uma alta administrativa, que pode ser emitida por ele mesmo, mas apenas em casos extremos. “Mas não foi o caso dele, ele saiu porque quis”.