AN PORTAL
E o Carnaval?
Uma conexão inusitada. Depois de descobrir a intenção da Prefeitura de Joinville de investir R$ 500 mil no Carnaval, o Ministério Público Federal quer saber do município se a informação é verdadeira. O pedido de esclarecimentos também pergunta sobre a origem do dinheiro, se dos cofres públicos ou de patrocinadores, e como a grana será gasta.
Grana para remédios
O inquérito do MPF foi motivado, e aqui vem a conexão, por uma resposta a outro procedimento dos procuradores: não haveria dinheiro para bancar a compra de medicamento aprovado por comissão de saúde (Comissão de Farmácia, segundo a portaria). Se não tem dinheiro para remédio...
OPINIÃO
Saída difícil, mas possível
O crack é uma droga tão terrível que, quando surge uma boa notícia sobre a recuperação de dependentes, autoridades e especialistas relutam em divulgá-la, temendo que possa servir de estímulo ao consumo. É o caso, agora, de uma pesquisa feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que acompanhou durante 12 anos 107 usuários da pedra. O resultado do estudo confirma os danos: ao final do período da pesquisa, 25% dos viciados estavam mortos, 12% presos e 20% continuavam dependentes. Mas 40% haviam se livrado da droga. Os vitoriosos passaram por períodos de internação e tratamento, receberam o apoio das famílias e lutaram muito até recuperar a autoestima. Na maioria dos casos, envolveram-se com alguma atividade gratificante ou mesmo com alguma religião que lhes despertou valores espirituais. O importante é que estão longe do vício.
O poder público precisa tirar lições deste estudo criterioso da universidade paulista. A primeira porta de saída, sem qualquer dúvida, é o tratamento médico competente, com internação prolongada e acompanhamento dos efeitos físicos e psicológicos da droga. Sem esta intervenção, feita por clínicas especializadas, não há milagre. Por isso, o Estado tem o dever de investir na ampliação de vagas para dependentes de drogas, especialmente para as vítimas do crack. E a internação é só o início, pois os pacientes costumam ter recaídas frequentes. Mas há salvação.
SAÚDE
Hospital certificado em medicina de baixo risco
O Centro Hospitalar Unimed em Joinville obteve um certificado do Instituto Paranaense de Acreditação em Serviços de Saúde (Ipaas), que atesta medicina de baixo risco. A cerimônia de entrega foi na tarde de terça-feira. O Ipaas é uma organização não governamental que difunde sistemas de qualidade em serviços de saúde.
FORA DA VALIDADE
Uma tonelada de produtos com data de validade vencido foi apreendida ontem pela Vigilância Sanitária de Blumenau, em um mercado do bairro Itoupavazinha, que também foi interditado.
EMAGRECEDORES
Anvisa quer banir sibutramina
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer proibir o consumo e a venda no País de sibutramina e outros inibidores de apetite derivados de anfetaminas (anfepramona, fempropox e mazindol). A medida atingiria remédios que têm sibutramina (Reductil, Plenty, Saciette, Biomag, Vazy, Slenfig, Sibutran e Sigran).
A proposta será discutida em audiência pública em Brasília, na quarta-feira. A decisão será da diretoria da agência. A avaliação da câmara técnica da Anvisa é de que o risco potencial à saúde dos produtos supera benefícios.
No caso da sibutramina, a manutenção da perda de peso seria difícil e não compensaria possíveis danos ao sistema cardiovascular. Há quase um ano, a Anvisa endureceu as regras de prescrição da substância. Os anfetamínicos trariam riscos pulmonares e ao sistema nervoso.
ARTIGO
Monitor cardiáco, aliado da boa prática de exercícios
Cada pessoa é única. A máxima vale tanto em seu sentido mais amplo, humanista, como sob o prisma médico-científico. Quanto a este último, as diferenças entre os indivíduos são particularmente relevantes. Os avanços da medicina moderna já identificam com clareza que as pessoas diferem em inúmeras características, como tamanho do coração, massa muscular, diâmetro ósseo, tipo de fibra muscular, distribuição de gordura, flexibilidade, dentre tantas outras.
Por outro lado, são reconhecidas as vantagens dos exercícios físicos periódicos para a saúde. Sabe-se, igualmente, que, em razão das diferenças individuais, a avaliação médica é imprescindível para a prática de tais exercícios, bem como seu acompanhamento. É notório que alguns obtêm mais rapidamente os objetivos a que se propõem quando se dedicam a atividades físicas em poucas semanas, em alguns casos, enquanto outros têm de suar durante meses para obter resultados idênticos.
Daí a importância de cada pessoa conhecer e respeitar suas características e seus limites. A boa notícia é que a medicina conta hoje com equipamentos capazes de evitar indesejável sobrecarga sobre o organismo, eventual estresse ou demanda maior que o parâmetro adequado a cada organismo, impedindo assim comprometimento sobre o sistema fisiológico, ou mesmo, a função cardíaca.
Só para citar alguns exemplos, já está estabelecido pela literatura médica que pessoas obesas, hipertensas ou com moléstias cardíacas devem priorizar a caminhada como exercício, três vezes por semana, por período de 40 minutos e buscando manter 50% e 70% da frequência cardíaca máxima.
O fato a se comemorar é que, graças à tecnologia, a salutar prática dos exercícios físicos se torna cada vez mais acessível a um grupo crescentemente amplo de pessoas. Em breve, as pessoas poderão fazer o monitoramento da frequência cardíaca a elas indicada utilizando seus próprios celulares. Com isso, multiplicam-se as possibilidades de aumento da qualidade de vida de parcelas mais abrangentes da população, reduzem-se os riscos inerentes às peculiaridades e limitações de cada indivíduo e, principalmente, assegura-se a popularização de práticas como a dos exercícios físicos, os quais, certamente, produzem incontáveis benefícios à saúde pública.
AMÉRICO TÂNGARI JUNIOR | Cardiologista membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e Associação Médica Brasileira
HOSPITAL REGIONAL
Carne estragada é flagrada
Vigilância Sanitária encontrou 100 kg de alimentos deteriorados na câmara fria da instituição. Empresa suspeita de sabotagemA Vigilância Sanitária Municipal de São José foi chamada ontem de manhã no maior hospital público de Santa Catarina, o Regional de São José, para descartar cerca de 100 quilos de carne estragada, que estavam na câmara fria da cozinha do hospital.
A supervisora da Nutribem, empresa responsável pelos serviços de alimentação no Hospital Regional e no Instituto de Cardiologia, Camila Trajano dos Santos, disse que a empresa está apurando se foi sabotagem ou pane elétrica na câmara fria da cozinha.
– O equipamento é muito antigo, desde quando o hospital foi inaugurado – disse Camila.
O episódio de ontem não é o único envolvendo a Nutribem e o Regional. Em 2009, a Vigilância Sanitária Estadual fez uma vistoria e proibiu a Nutribem de prestar serviço ao hospital e ao Instituto do Coração, que funciona anexo. Entre os motivos, presença de materiais e alimentos acondicionados de maneira inadequada, manipulação imprópria de alimentos, funcionários sem treinamento ou com treinamento insuficiente, embalagens de alimentos violadas, materiais enferrujados, fezes de insetos, fungos e indícios de presença de baratas.
Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça, a Nutribem entrou em dezembro de 2009 com mandado de segurança no Fórum da Capital pedindo para voltar a manipular alimentos nas unidades hospitalares. A liminar foi julgada pelo juiz Hélio do Valle Pereira, que negou o pedido. A Nutribem continu proibida de prestar serviços no hospital e no instituto. Na sentença, publicada no último dia 9 de fevereiro, o juiz determina instauração de inquérito civil público para apurar os fatos e responsabilidades relacionadas às normas sanitárias da empresa JF Gastronomia Corporativa, razão social da Nutribem. Segundo o TJ, ainda cabe recurso.
Camila Trajano, da Nutribem, disse que desconhece a sentença e confirmou a vistoria da Vigilância em 2009.
– A Vigilância Estadual encontrou anomalias, mas já foram sanadas. Faz 15 dias que recebemos o alvará sanitário da Vigilância Municipal. Se tivesse problemas, a vigilância não teria liberado – afirmou a supervisora da Nutribem.
O alvará da Vigilância Sanitária Municipal de São José para a Nutribem operar no hospital e no instituto foi emitido entre agosto e setembro do ano passado, e não neste ano, como informou a representante da empresa.
– Foi emitido ano passado e ainda está em vigência – disse o diretor da Vigilância, Odair Dutra.
Segundo Dutra, técnicos estiveram há 20 ou 30 dias fazendo uma vistoria de rotina.
– Neste dia não encontramos irregularidades. Estava tudo dentro do padrão. A única coisa que notei foi que faltou limpeza das telas de proteção das janelas da cozinha, onde manipulam alimentos – observou o diretor.
Duas ações conjuntas das vigilâncias municipal de São José e estadual foram realizadas na cozinha do Regional, de acordo com o diretor Odair Dutra. Segundo ele, a situação estava regularizada. A vistoria de 2009 e a proibição à Nutribem de prestar serviços de nutrição ao hospital e ao instituto foram confirmadas pela assessoria da Vigilância.
Nutribem é investigada pelo MPSC
A qualidade das refeições da Nutribem está sendo investigada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Sônia Piardi, da Promotoria da Cidadania, que cuida de questões da saúde, está apurando o serviço prestado ao Hospital Regional, no Instituto de Cardiologia e em outros órgãos e entidades com os quais a empresa tem contrato.
Segundo a assessoria do MPSC, a investigação começou quando a promotora soube das várias autuações que a Nutribem recebeu da Vigilância Sanitária Estadual.
A promotoria tomou conhecimento das autuações quando o Judiciário mandou o processo envolvendo a empresa para o MPSC emitir um parecer, já que envolve interesse público.
Em reunião, ontem, com o secretário estadual de Saúde, Dalmo de Oliveira, a promotora Sônia Piardi pediu que a Secretaria apure a situação da alimentação nas unidades hospitalares.
Todo o serviço de alimentação prestado no Regional e no anexo Instituto de Cardiologia é produzido no próprio hospital e é de responsabilidade da Nutribem. A empresa terceirizada é contratada, por meio de licitação, pelo governo estadual, com quem manteve três contratos em 2010, no valor total de R$ 14,2 milhões.
Servidores denunciam problemas
No mesmo dia em que a Vigilância Sanitária flagrou 100 quilos de carne estragada na cozinha do Hospital Regional de São José e do Instituto de Cardiologia, que funciona anexo, um grupo de servidores da instituição denunciou ao DC outras irregularidades envolvendo a Nutribem.
O grupo, que pediu para não ser identificado, com medo de represálias, falou da precariedade dos serviços prestados aos pacientes.
– É um desrespeito à dignidade humana – desabafou um dos funcionários ouvidos.
Os servidores entregaram fotos de flagrantes do ano passado, tiradas por eles. Segundo os servidores, o grande problema envolvendo a Nutribem é que ela não cumpre o contrato. Quarto lugar na licitação que escolheu o fornecedor, a Nutribem está desde 2009 prestando serviços ao complexo.
Uma das irregularidades, segundo os servidores, é quanto à quantidade e à qualidade dos alimentos servidos no hospital.
– Frutas e verduras vencidas são servidas. Pacientes com problema no coração, que precisam de uma dieta com carne magra e sem sal, recebem carne de segunda, com gordura. No lugar da margarina estipulada em contrato, um creme vegetal de má qualidade. As copeiras da Nutribem que separam as porções erram no tipo de comida dada a pacientes – afirmou um dos denunciantes.
Casos como estes, de não saber interpretar as prescrições médicas, segundo os servidores, podem até matar.
A maioria dos cerca de 70 funcionários que trabalham pela Nutribem no Regional são mal capacitados, de acordo com os denunciantes. Alguns não teriam curso de manipulação de alimentos, que é obrigatório, além de ser gratuito no Senac.
– A falta de higiene é apavorante. Os uniformes são sujos. As dietas são liberadas para os familiares trazerem de casa, porque a comida é péssima e tem causado diarreia – disseram.
O gerente administrativo do Hospital Regional, Fernando Luz, negou os problemas apontados pelos servidores.
– Numa estrutura enorme como o Hospital Regional, é compreensível que ocorram erros pontuais que são facilmente identificáveis e resolvidos – garantiu Luz.
GERAIS
Neonatal do Santa Inês pode ser desativada
A UTI Neonatal do Hospital Santa Inês pode ser desativada. A FGL Serviços Médicos avisou que deixará de prestar serviços ao hospital em 1º de março. O grupo, composto por seis médicos, atua de forma terceirizada desde 2007. A empresa afirmou que a inconstância de prazos contratuais e das condições de trabalho são alguns dos motivos que levarão à decisão. O diretor do hospital, Eroni Foresti disse que a direção fará o possível para resolver o problema, mas não descarta a possibilidade de fechar a ala.
Dia a Dia
- Terapias - Estão abertas as inscrições para o curso de especialização em acupuntura estética e terapias afins, com duração de dois anos, e que começa em março, na Capital. O curso ocorrerá no Cieph (Centro Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem). Informações: (48) 3024-7852.
EXPOSIÇÃO
Vide bula
Mostra de artista baiano propõe reflexão sobre uso de medicamentosFobia, estresse, angústia, paranoia e outras manifestações da mente humana, até então restritas ao campo de estudo da psicologia e da psiquiatria, inspiram o trabalho do artista plástico baiano Devarnier Hembadoom. Ele abre hoje, às 19h, a exposição Sibutramina, na Galeria Municipal de Arte Pedro Paulo Vecchietti, em Florianópolis.
Promovida pela Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), a mostra propõe uma reflexão sobre o uso indiscriminado de medicamentos na sociedade contemporânea e os efeitos desse consumo, muitas vezes impulsivo, na vida das pessoas. A visitação é gratuita.
Também chamada de A Perseguição aos Estímulos Insistentes Permanentemente Insatisfeitos pelas Regras Ditatoriais Estético-midiáticas..., a exposição é resultado de uma pesquisa desenvolvida desde 2003. Nela, o artista aborda – por meio de pinturas, desenhos, artes digitais, artes gráficas e músicas – a temática das doenças psicossomáticas e da automedicação, associada às sensações, desejos e estímulos próprios de um mundo globalizado, voltado para o consumo.
Sibutramina foi mostrada nos estados do Ceará, Sergipe, Bahia, Piauí e São Paulo. Em Florianópolis, ficará aberta à visitação pública até 18 de março, de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h, na Galeria Municipal de Arte Pedro Paulo Vecchietti, na Praça 15 de Novembro, no Centro.
Baiano, nascido em Salvador, cidade onde trabalha e mora, Devarnier Hembadoom é formado em Desenho Arquitetônico, graduado em Artes Plásticas pela UFBA (1997), e mestre em artes visuais pela EBA-UFBA (2010). Ele cursou fotografia, computação gráfica (no Rio de Janeiro) e serigrafia (em Salvador). Realizou mais de 70 exposições no Brasil e em países como Itália e Espanha, além de ter obras suas em coleções particulares da Itália, Espanha, Alemanha, Guatemala e França.
Em abril de 2003 fundou o Coletivo A.S. (Artistas Sincréticos), desenvolvendo o conceito de arte sincrética que utiliza tanto nas artes visuais quanto na música. Hembadoom participou das bandas alternativas baianas Pesadelo, Monstros Primitivos, Cranite, Modus Operandi, Parafernália, Projeto Paralelo e Banda Inominável. Produziu discos como Broma (2003), Ciclo Vital (2004), Excesso – Fluoxetina – Devolve o Colorido à Vida (2005), entre outros.
SAÚDE
Caramujo invade bairros
Vigilância incinera 200 kg por mês BLUMENAU - Aglomerados por toda a extensão da parede, caramujos africanos transformaram muros de casas do Bairro Fortaleza em cercas vivas. Nos fundos da igreja da comunidade da Rua Araranguá, no Distrito do Garcia, a cena se repete, assim como em vários pontos da Itoupava Central. Ao encostar nesta espécie, a pessoa pode contrair doenças graves, como a meningite. Por isso, o ideal é recolher os moluscos com uma luva ou sacola plástica e depositá-los nas bombonas dispostas pela Vigilância Sanitária em todas as unidades de saúde do município.
– Por mês, recolhemos 200 kg destes animais nos postos e os incineramos – explica o diretor de Vigilância em Saúde de Blumenau, Marcelo Schaefer.
Trazido da África do Sul na década de 1980 para substituir o escargot, o caramujo africano foi rejeitado pelo estômago das pessoas. Com gosto amargo e ruim, as unidades que chegaram com a expectativa de servir como alimento tiveram de ser soltas na natureza. Com fácil capacidade de reprodução, se espalharam rapidamente.
– Podem desovar cerca de 200 filhotes por mês – explica o diretor Schaefer.
Em Blumenau, os caramujos encontram o que precisam para viver e se proliferar: calor, umidade, extensa área verde e terrenos baldios com restos de materiais de construção. Nas regiões onde a agricultura é mais forte, são capazes de destruir lavouras, ressalta Schaefer. A recomendação do diretor é para que as pessoas não matem os caramujos africanos usando produtos ou outras técnicas, já que a casca dele pode ser usada como proliferador de mosquitos e até do Aedes Egiptys – transmissor do vírus da dengue.
SAIBA MAIS
- Ao encostar no molusco, libera muco que produz verme que pode causar doenças como a meningite
- A espécie deve ser levada às unidades de saúde de Blumenau
- Produtos químicos não devem ser usados para matar o caramujo
- Para recolher este molusco, use luvas ou sacolas plásticas
- Matos altos devem ser cortados e entulhos retirados de terrenos
- Pais devem orientar as crianças a não brincar com os moluscos
Fonte: Marcelo Schaefer, diretor de Vigilância em Saúde de Blumenau
UTI pode ser desativada
BALNEÁRIO CAMBORIÚ - A UTI Neonatal do Hospital Santa Inês pode ser desativada. A FGL Serviços Médicos avisou que deixará de prestar serviços ao hospital a partir de 1º de março. O grupo, composto por seis médicos, atua de forma terceirizada desde 2007. A empresa afirmou que a inconstância de prazos contratuais, as condições de trabalho e a frequente evasão de profissionais para serviços melhores estruturados, com garantia de estabilidade, levaram à decisão. O diretor do hospital, Eroni Foresti, afirma que a direção fará o possível para evitar o fechamento.
Radioterapia ainda sem data para funcionar
Lages - Apesar de o ex-governador Leonel Pavan ter inaugurado a estrutura física da radioterapia do Hospital Tereza Ramos em dezembro do ano passado, até hoje os serviços não entraram em funcionamento.
Com isso, os pacientes que necessitam desse tipo de tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), continuam buscando os serviços fora de Lages.
“Acho que toda essa demora só prejudica os pacientes que precisam do exame e que têm que se deslocar para outros centros em busca de atendimento. O que está acontecendo é um verdadeiro desleixo dos políticos com a população”, declara a dona de casa Tereza Bernardo, que mora no bairro Centenário. Segundo ela, o primo deve precisar, em breve, fazer radioterapia e torce para que os serviços em Lages funcionem o quanto antes.
A gerente administrativa do hospital, Ivoni Zambam Koech, diz na próxima quarta-feira (23), técnicos da Siemens, empresa que vai fornecer o aparelho de radioterapia, conhecido como acelerador linear, virão a Lages para iniciar o processo de instalação do equipamento. “São eles que nos informarão quando a radioterapia vai começar a funcionar de fato”, explica.
Segundo ela, num primeiro momento será instalada a “base” do acelerador. “Esse processo deve durar cerca de 30 dias”, afirma a diretora. O acelerador já foi comprado pelo governo do Estado da Alemanha e custou US$ 618 mil. A radioterapia vai contar também com um tomógrafo, que custará US$ 750 mil e todo sistema de planejamento avaliado em mais R$ 192 mil.
“Entendemos a preocupação da população, mas estamos fazendo o possível para iniciar o funcionamento da radioterapia o quanto antes, mas o processo é lento e complexo, e muitas vezes as pessoas não entendem. Todas as obras e a mobília já foram compradas, restando somente o aparelho (acelerador) para a radioterapia funcionar por definitivo”, acrescenta.
A estrutura física da radioterapia tem uma área de 859 metros quadrados e foi inaugurado pelo governador Leonel Pavan no dia 10 de dezembro do ano passado. Fica anexa ao Hospital Tereza Ramos e é composta por 30 salas, consultórios, sala de medicação e de espera. Só na parte física, foram investidos cerca de R$ 3,2 milhões.
A radioterapia terá capacidade para realizar 30 procedimentos por dia. Hoje, segundo Ivoni, cerca de 80 pacientes da região, que precisam dos serviços, são encaminhados mensalmente para fazer o exame pelo SUS no Cepon, em Florianópolis.
Indicações
Como a radioterapia é um método de tratamento local, pode ser indicada de forma exclusiva ou associada aos outros métodos terapêuticos. Em combinação com a cirurgia, poderá ser pré ou pós-operatória. Também pode ser indicada antes, durante ou logo após a quimioterapia.
O tratamento pode ser radical (ou curativa), quando se busca a cura total do tumor; remissiva, quando o objetivo é apenas a redução tumoral ou profilática, quando se trata a doença em fase subclínica.
Efeitos
Os efeitos colaterais podem ser classificados em imediatos e tardios. Os efeitos imediatos são observados nos tecidos que apresentam maior capacidade proliferativa, como as gônadas, a epiderme, as mucosas dos tratos digestivo, urinário e genital, e a medula óssea.
Os efeitos tardios são raros e ocorrem quando as doses de tolerância dos tecidos normais são ultrapassadas. Ele manifestam-se por atrofias e fibroses. As alterações de caráter genético e o desenvolvimento de outros tumores malignos são raramente observados.
EDITORIAL
A saúde sem estrutura
Grande parte dos problemas na área da saúde, aqui e no Brasil inteiro, passa pela incapacidade dos hospitais de atenderem a toda a demanda, sobretudo nos setores de emergência. É ali, no contato direto com o público, que se escancaram as deficiências humanas e operacionais, porque há sempre mais pessoas na fila do que condição das casas de saúde de socorrê-las a contento. A falta de estrutura, de um lado, e o hábito dos pacientes de procurarem hospitais, quando poderiam ser tratados nos postos de saúde, são as principais razões desses gargalos que depõem contra um sistema que aos poucos, passo a passo, vem sendo aprimorado no Brasil.
O caso do Hospital Regional de São José, na Grande Florianópolis, é emblemático. Para ali são levados os doentes – e os nem tão doentes – de toda a região. Por outro lado, as condições de atendimento se precarizaram a ponto de ocorrer a falta de profissionais, na medida em que médicos, enfermeiros e atendentes foram se aposentando e não houve a reposição de mão de obra. A superlotação e a impossibilidade de dar conta de tantos pacientes provocam o aumento da espera por atendimento e o desvio de parte das pessoas para outras unidades, em municípios próximos.
A solução parece ser a multiplicação das chamadas UPAs, que responderiam pelos casos de menor gravidade. Ao mesmo tempo, cabe ao governo do Estado repor o material humano que saiu, por meio de concursos pontuais. Sem isso, voltará a acontecer o caos que se observou nesta semana, com pacientes vagando pelos corredores ou sendo mandados embora porque não havia como atendê-los com a estrutura existente.