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BOTULISMO
Perto de uma resposta
Saúde espera ter hoje contraprova do exame que apontou intoxicação em mortadela consumida por mulher que morreu em Joinville. Cidade pode ter os primeiros casos registrados de botulismo em SC

No fim da tarde de hoje, a Secretaria do Estado da Saúde pode ter a confirmação se as três pessoas que tiveram de ser internadas em Joinville na última semana realmente sofreram uma intoxicação alimentar rara chamada de botulismo. O resultado da contraprova, encomendado pelo governo ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, tem prazo de entrega para amanhã. Mas o secretário da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira (PMDB), acredita que pode ter informação do resultado ainda hoje.

As primeiras análises, feitas pelo Laboratório Central de Saúde Pública em Santa Catarina (Lacen) em uma amostra da mortadela consumida pelas pessoas que se sentiram mal, apontou presença dos esporos da bactéria Clostridium botulinum. O micro-organismo produz uma neurotoxina cuja ação, associada à demora no diagnóstico, pode ter causado a morte da dona de casa Benta Janaína Lamego, de 36 anos, no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt.

Se forem confirmados os casos de botulismo, Santa Catarina registrará casos da doença pela primeira vez, de acordo com levantamento feito pela Ministério da Saúde e divulgado pela Vigilância Epidemiológica do Estado. Entre 1999 e 2009 foram registrados 105 casos suspeitos no País, dos quais 41 foram confirmados e resultaram em dez mortes. Na região Sul, apenas o Rio Grande do Sul tem registros – dois casos, em 2005.

“A cultura apontou que havia a bactéria Clostridium, mas não sabemos se é a do botulismo ou não”, afirma o diretor da Vigilância Epidemiológica do Estado, Luis Antonio Silva. “Amostras biológicas das pessoas suspeitas de intoxicação também foram recolhidas”, diz.

Segundo a diretora da Vigilância Sanitária de SC, Raquel Ribeiro Bittencourt, como medida preventiva, foi instaurada uma interdição cautelar e a fabricante da marca Pena Branca, ligada à Seara e ao grupo Marfrig, foi orientada a reter o estoque da mortadela toucinho fabricada em 17 de fevereiro. “Com esta medida, os produtos ficarão apreendidos nos estabelecimentos comerciais até a divulgação do laudo. Caso seja confirmada a contaminação, os produtos serão destruídos.”

Por medida de prevenção, a empresa Seara, responsável pela marca Pena Branca, fabricante da mortadela, avisou ontem que retiraria o lote suspeito dos mercados gaúcho e catarinense. Os produtos também foram retirados pela Vigilância Sanitária de Araquari do mercado onde as pessoas com suspeita da doença compraram o embutido. Duas delas continuam internadas no Regional. O marido de Benta, o pedreiro Valdecir dos Santos, de 38 anos, foi medicado no fim da tarde de terça-feira em casa.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a Vigilância Sanitária gaúcha também já foram comunicadas pela Secretaria da Saúde catarinense sobre a suspeita de contaminação. A informação foi repassada às vigilâncias municipais de Santa Catarina, que ficarão responsáveis pela vistoria dos estabelecimentos que vendem o produto.

 

TAÍSA RODRIGUES - KARINA SCHOVEPPER - ROELTON MACIEL

 


BOTULISMO
Dois ainda estão internados

O pedreiro Ademir Muniz Vieira, 34 anos, e a dona de casa Noeli Neusa Maia, 46, internados desde segunda-feira no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt com suspeita de botulismo, continuam em observação. O pedreiro comeu da mortadela dividida com a dona de casa Benta Lamego e o marido dela, que também se sentiu mal. Noeli mora no mesmo bairro que o casal – Itinga, em Araquari – mas eles não se conhecem. Ela comprou o produto no mesmo mercado.

Conforme o diretor técnico do hospital, médico Hercílio Fronza Jr., os pacientes estão sob responsabilidade do serviço de infectologia. “Eles estão sendo medicados e não correm risco de morrer”, diz. Mas, na terça, segundo a mãe de Ademir, Marlene Muniz, 55, o filho foi transferido para a UTI. “Não sei bem o que ele teve. A língua estava enrolada e a boca seca. Levaram para a UTI, mas graças a Deus ele saiu hoje (ontem).” Noeli não está com os sintomas tão avançados – não chegou a comer a mortadela. Provou, percebeu gosto estranho e cuspiu. Valdecir dos Santos, 38, marido da dona de casa Benta, morta no domingo, não procurou o hospital. Foi medicado terça, em casa. Ontem, contou que se sentia melhor. “O enjoo e a diarréia pararam. Me sinto um pouco melhor. Só dói o estômago, mas estou tomando os remédios certinho.”

O Regional aguarda o laudo encomendado a São Paulo para confirmar se os dois pacientes estão com botulismo e se Benta Lamego morreu em decorrência da doença. O IML de Joinville também espera a análise para anexá-la ao laudo do exame toxicológico feito no corpo da dona de casa. O resultado deve ficar pronto na semana que vem.

 


BOTULISMO
Vigilância vistoria mercado

A dona do supermercado Rio Campense, Mara Ângelo de Souza Kuhnen, onde foi comprada a mortadela consumida pelas pessoas com suspeita de botulismo, sustenta que a contaminação não ocorreu no estabelecimento de Araquari. Ela cita o prazo de validade ainda não expirado do produto fabricado em 17 de fevereiro.

“Ficamos sabendo o que aconteceu e, na sexta-feira, a Vigilância de Araquari e do Estado estiveram aqui. Foi constatado que tudo estava de acordo com as normas, ou seja, a mortadela estava armazenada corretamente”.

A preocupação de Mara é que a clientela se afaste do mercado por causa da suspeita. “Infelizmente, está todo mundo falando do mercado, mas está tudo correto. O laudo deve apontar se tem ou não toxina na mortadela. Não temos culpa. O que posso fazer é prestar solidariedade à família de Benta”, diz ela, citando a dona de casa que morreu no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt na madrugada de segunda-feira.

A Vigilância Sanitária de Araquari recolheu dez produtos da mesma marca no mercado. Amostras foram enviadas para análise em Florianópolis e em São Paulo. A diretora da Vigilância Sanitária de Araquari, Débora Mendes, confirmou ontem que não foram encontradas irregularidades no estabelecimento comercial. “As condições de armazenamento e temperatura estavam de acordo com as normas.”

A diretora adianta que estão previstas vistorias em todos os estabelecimentos que receberam o lote da mortadela. “Quando tivermos o laudo em mãos é que vamos estudar medidas de prevenção e alerta quanto à possível contaminação por botulismo.”

 

 
BOTULISMO
Marca recolherá lote em SC

As mortadelas do lote suspeito de contaminação pela bactéria causadora do botulismo serão recolhidas em todos os pontos comerciais catarinenses e gaúchos. A medida partiu da empresa Seara Alimentos, responsável pela marca Pena Branca, que fabrica embutidos no Rio Grande do Sul. Uma das maiores exportadoras de carne suína do País, a Seara afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que vai retirar o produto de circulação por precaução. A fábrica preferiu se antecipar ao resultado laboratorial para evitar novas suspeitas de infecção.

Ainda segundo a assessoria de imprensa, as mortadelas do lote serão trocadas, nos pontos de venda, por outras com data de fabricação diferente. O fabricante não soube informar em quantas cidades haverá reposição, mas Araquari e Joinville estão incluídas. O produto recolhido será levado a uma câmara fria da empresa, que desde 2009 faz parte do grupo paulista Marfrig, exportador de produtos de carne para 22 países.

Apesar de ter feito um exame com amostras do lote suspeito de contaminação em laboratório particular, o fabricante decidiu não divulgar o resultado. A justificativa é de que o exame não inclui todos os procedimentos para um resultado 100% seguro. Por isso, vai esperar a divulgação da contraprova.

Mesmo sem a certeza da contaminação, o secretário da Saúde, Dalmo Claro, não se arrepende de ter alertado do caso pelo Twitter. “Procurei agir da maneira mais rápida possível. Imagina se a mortadela realmente é contaminada e a gente não avisa a população?”.

O secretário também não espera que o Estado seja alvo de ação judicial. “A empresa tem o direito de reclamar. Mas eu, como autoridade de Saúde, me senti na obrigação de alertar a população”, justifica.

 

Perguntas e respostas*
- Quais os alimentos mais sucetíveis ao botulismo?
Enlatados ou conservas. Lata ou vidro fechados são ambientes livres de oxigênio, e esporos da bactéria sobrevivem se não aquecidos no tempo adequado. Raramente, eles permanecem em produtos de carne artesanais ou derivados de leite.
- O que garante um alimento livre da toxina botulínica?
No caso de alimentos industrializados, um processamento térmico adequado de alimentos enlatados e outros processos como salga e secagem, fermentação ou acidificação. Dentro de casa, boas práticas de higiene e evitar produtos artesanais.
- Por que bebês correm risco se comerem mel?
Ao coletar néctar, abelhas podem trazer com elas esporos da bactéria. A maioria das pessoas pode ingerir esporos sem problemas, porque as bactérias nos intestinos e o sistema imunológico os eliminam. Bebês não possuem essas defesas.

 


PARANÁ
Estado confirma quinta morte por dengue no ano

A Secretaria de Saúde do Paraná confirmou ontem a quinta morte por dengue no Estado. Uma mulher de 41 anos, moradora de Londrina, morreu no dia 18 de fevereiro. Antes, já haviam sido confirmadas outra morte em Londrina e três em Jacarezinho. As duas cidades respondem por 68,6% dos casos de dengue no Paraná neste ano.


GRAVIDEZ
Fumo passivo eleva risco de mortalidade ou malformação

O fumo passivo na gestação aumenta o risco de malformação congênita ou de o bebê nascer morto. A constatação é de uma revisão de 19 estudos. Segundo os pesquisadores, grávidas não-fumantes que têm contato com a fumaça do cigarro correm risco 23% maior de que o bebê nasça morto. A probabilidade de malformação do feto é 13% maior.

 

AN Jaraguá 

SAÚDE PÚBLICA
Nova licitação e mais reformas
Vigilância Sanitária aprova projeto de melhorias no Hospital de Massaranduba

A Prefeitura de Massaranduba vai lançar, dentro de 15 dias, um edital para a licitação das reformas do Hospital Municipal de Massaranduba. A obra, orçada em R$ 1,5 milhão, é necessária para atender as exigências da Vigilância Sanitária do Estado para que a unidade possa atender à população.

Inaugurado em 2008, a estrutura não pôde funcionar por não ter o projeto aprovado pelo órgão. Somente depois de ter feito um projeto de readequação, finalizado no ano passado e que foi aprovado pelo órgão do Estado na semana passada, é que a Prefeitura poderá adequar a estrutura aos padrões sanitários exigidos para começar a funcionar.

O projeto de adaptações custou R$ 52 mil. Uma empresa de Blumenau foi contratada para fazer as mudanças de acordo com as normas da Vigilância Sanitária. Agora, com a aprovação do projeto pelo departamento da Secretaria Estadual de Saúde, o prefeito Mario Fernando Reinke disse que não quer perder tempo para colocar o hospital em funcionamento. Porém, ele pretende fazer uma parceria para administrar a estrutura. Segundo Reinke, o poder público não tem condições de manter o hospital sozinho. “Estamos estudando uma parceria com uma entidade que tenha experiência nesta área. Não tem como uma cidade de 15 mil moradores manter um hospital”, disse.

A administração municipal está negociando com a Coopervida, que é uma cooperativa que administra hospitais e unidades de saúde de Penha e de Garuva. Segundo o prefeito, embora passando a administração para uma empresa privada, o hospital vai ter uma função pública. “Claro que iremos trabalhar com convênios privados, mas a sustentação será pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”, ressaltou.

Antes de firmar o contrato de terceirização da administração, a Prefeitura também tem de aprovar o modelo de parceria. “Temos que decidir se será por meio de fundação, instituto ou organização social. Vamos conversar com alguns especialistas na área e depois encaminhar um projeto para a Câmara de Vereadores avaliar o modelo. Pretendemos fazer isso o mais breve possível”, ressaltou Reinke.

 

 

 

 

Visor

POSTO DE SAÚDE DIVIDE OPINIÕES


Está intensa a discussão em torno da construção do posto de saúde junto ao Parque de Coqueiros, na região continental de Florianópolis. Os contrários alegam que irá ocupar uma área do espaço público destinada ao lazer. Os favoráveis garantem que a construção avançou apenas 2,3 metros sobre o estacionamento e enumeram os benefícios do investimento de R$ 700 mil, com capacidade para até 500 atendimentos por dia. O secretário municipal da Saúde, João Cândido da Silva, diz que discutiu com a comunidade sobre o projeto nos últimos dois anos e afirma ter um abaixo-assinado com mais de 3 mil assinaturas. Confira as principais opiniões, na íntegra, no blog
www.diario.com.br/vis

 

 

Geral


BOTULISMO
Confirmação pode sair hoje
Secretaria de Saúde espera resultado do material enviado para São Paulo para confirmar doença

No fim da tarde de hoje, a Secretaria do Estado da Saúde pode ter a confirmação se as três pessoas que tiveram de ser internadas em Joinville na última semana realmente sofreram uma intoxicação alimentar rara chamada de botulismo. O resultado da contraprova, encomendado pelo governo ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, tem prazo de entrega para amanhã. Mas o secretário da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira (PMDB), acredita que pode ter informação do resultado ainda hoje.

As primeiras análises, feitas pelo Laboratório Central de Saúde Pública em Santa Catarina (Lacen) em uma amostra da mortadela consumida pelas pessoas que se sentiram mal apontou presença dos esporos da bactéria Clostridium botulinum.

O microorganismo produz uma neurotoxina cuja ação, associada à demora no diagnóstico, pode ter causado a morte da dona de casa Benta Janaína Lamego, de 36 anos, no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt.

Se forem confirmados os casos de botulismo, Santa Catarina registrará casos da doença pela primeira vez, de acordo com levantamento feito pela Ministério da Saúde e divulgado pela Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina.

Entre 1999 e 2009 foram registrados 105 casos suspeitos no país, dos quais 41 foram confirmados. Desses, 10 mortes foram notificadas. Na Região Sul do país, apenas o Rio Grande do Sul tem registros – dois casos, em 2005.

– A cultura apontou que havia a bactéria Clostridium, mas não sabemos se é a do botulismo ou não. Amostras biológicas das pessoas suspeitas de intoxicação também foram recolhidas – afirma o diretor da Vigilância Epidemiológica do Estado, Luis Antonio Silva.

Produtos foram retidos na empresa fabricante

Segundo a diretora da Vigilância Sanitária de Santa Catarina, Raquel Ribeiro Bittencourt, como medida preventiva, foi instaurada uma interdição cautelar à fabricante da marca Pena Branca, ligada à Seara e ao grupo Marfrig. A empresa foi orientada a reter todo o estoque da mortadela toucinho fabricada em 17 de fevereiro.

Por medida de prevenção, a empresa Seara, responsável pela marca Pena Branca, fabricante da mortadela, avisou, ontem, que retiraria o lote suspeito dos mercados gaúcho e catarinense. Os produtos também foram retirados pela Vigilância Sanitária de Araquari do mercado onde as pessoas com suspeita da doença compraram o embutido.

 


BOTULISMO
Cuidado antes de comer

Segundo o Manual Integrado de Vigilância Epidemiológica do Botulismo, do Ministério da Saúde, a bactéria se desenvolve, principalmente, em produtos enlatados ou em conserva, mesmo em vidro, como de palmito e picles. Caso a comida enlatada for ingerida fria, o botulismo se desenvolve. Por isso, deve-se sempre aquecer as embalagens de forma e tempo adequados, para matar os esporos da bactéria.

Raramente, a bactéria pode permanecer em produtos de carne cozida ou defumada de forma artesanal, como salsicha e presunto. Ou ainda em derivados de leite. Para garantir um alimento livre da toxina botulínica, no caso de alimentos industrializados, deve-se ter um processamento térmico adequado de alimento. Dentro de casa, bastam boas práticas de higiene.

A forma mais comum de contaminação é pela ingestão de alimentos contaminados. Os alimentos mais comumente envolvidos são conservas vegetais, principalmente artesanais (palmito e picles, entre outros); produtos cárneos cozidos, curados e defumados de forma artesanal (salsicha, presunto, carne frita conservada em gordura); pescados defumados, salgados e fermentados; queijos e pasta de queijos e, raramente, em alimentos enlatados industrializados.

Para o tratamento, as primeiras 72 horas são de extrema importância para o diagnóstico. O tratamento se dá por injeção de antitoxina botulínica. A letalidade reduz consideravelmente quando a assistência médica é prestada em unidades de terapia intensiva. Mortes precoces geralmente resultam da falha em reconhecer a gravidade da doença e do retardo em iniciar a terapia. O dano causado às terminações neuromusculares é permanente. A recuperação depende da formação de novas terminações. Por isso, pode variar de um a 12 meses

 

 

REAJUSTE
Remédios ficarão mais caros dia 31

Medicamentos com preços controlados pelo governo deverão sofrer um reajuste que varia de 3,54% a 6,01%, dependendo da categoria a que pertencem, a partir do dia 31 de março. Este será o maior porcentual desde 2006. Os valores foram calculados a partir de resolução publicada pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) no Diário Oficial, com normas para o aumento.

Os novos preços terão de ser mantidos até março de 2012. As regras valem para cerca de 20 mil itens do mercado farmacêutico, como antibióticos e remédios de uso contínuo. Medicamentos de alta concorrência no mercado, fitoterápicos e homeopáticos não estão sujeitos aos valores determinados pela CMED – seus preços podem variar de acordo com a determinação do fabricante.

O cálculo de reajuste leva em conta uma série de fatores. O primeiro deles é o IPCA acumulado entre março de 2010 e fevereiro de 2011. Além disso, é observada a competitividade de determinado remédio no mercado, avaliada pelo nível de participação de genéricos nas vendas. Quanto maior a participação de genéricos nas vendas de cada segmento, maior o porcentual de reajuste permitido.

A composição do índice de reajuste observa também o ganho de produtividade. São fixadas três faixas de reajuste, que obedecem esse critério.

O reajuste, no entanto, não é imediato. Para poder aplicar o aumento, empresas produtoras de medicamentos deverão apresentar à CMED um relatório informando os reajustes.

 


MOACIR PEREIRA

SOS: as ameaças


A juíza substituta Marjorie Cristina Ribeiro da Silva, da Vara Federal Ambiental de Florianópolis, decide a qualquer momento sobre a concessão ou não de liminar sobre ação civil pública impetrada pelo Ministério Público Federal, requerendo a anulação das licenças ambientais e a demolição do Hospital SOS Cárdio, na SC-401. Assinada pela procuradora Analúcia Hartmann, a inicial alega que o prédio foi construído em área do manguezal do Itacorubi, e tem como réus o SOS Cárdio, a prefeitura de Florianópolis, a Fatma e o Ibama.

O assunto predomina nos meios políticos, empresariais e sociais da Capital há semanas. De acordo com os médicos que idealizaram e construíram o mais moderno hospital de cardiologia do Sul do Brasil, “há um misto de indignação e perplexidade”, pela função relevante que o Hospital SOS Cárdio cumpre na assistência médica, pelas carências do sistema hospitalar da microrregião e, sobretudo, pela data em que a ação foi proposta, às vésperas da inauguração, no dia 16 de abril.

A Advocacia Geral da União contestou a ação e pediu sua rejeição em duas intervenções. Na primeira, invocando laudos do Ibama, reiterando não se tratar a área de mangue. Na segunda, o Serviço do Patrimônio da União sustentando que a área é particular e não inclui terreno de marinha.

A prefeitura também defendeu as licenças da Floram e da Secretaria de Serviços Públicos, ratificou que a área está fora do manguezal e requereu a rejeição.

Na origem da polêmica, uma notificação da Fatma (2007) contra um muro nos fundos, perto do mangue. Inquérito civil público da Procuradoria resultou em remoção da construção e recuperação ambiental da área degradada, tudo concluído com homologação judicial e concordância do Ministério Público, segundo os advogados do SOS Cárdio.


IMPASSE
A ação tem 21 páginas. A defesa é feita em 23. Nela, os advogados definem a iniciativa como “incompreensível, descabida e irrazoável”. Informam que o SOS Cárdio fez consulta prévia à prefeitura sobre a viabilidade de construção na propriedade. O imóvel foi adquirido em 2005, depois dos pareceres favoráveis da prefeitura. A construção só começou em 2007, depois das licenças ambientais da Fatma e da Floram. Este um dos pontos da contestação da defesa, pois só agora, decorridos quatro anos de obra e investidos cerca de R$ 60 milhões, é que o Ministério Público contesta a construção.

O SOS Cárdio foi criado em 1992 por oito cardiologistas. Partiram da fragilidade do sistema hospitalar na área e da necessidade de um pronto-socorro, UTI e plantão de cardiologia. Reuniram as economias e montaram uma unidade numa casa da Beira-Mar. Em 1998, mudaram-se para a Avenida Trompowski, onde estão até hoje. São hoje 18 acionistas, que optaram pela SC-401 visando a melhorar o atendimento. Nenhum auferiu lucros. Tudo foi reinvestido. Grupos da Suíça e de Minas, além da Unimed, propuseram a compra. Como a cardiologia ia desaparecer, os sócios rejeitaram as propostas.

Outros quatro médicos da Bio-Nuclear injetaram, agora, mais recursos para viabilizar a abertura do hospital. São 80 leitos e equipamentos de última geração, que darão um salto de qualidade na cardiologia e mais segurança à população. No prédio atual, 35 leitos atendem 800 doentes por mês.

No hospital concluído serão mais de 3 mil pacientes. No SOS Cárdio pratica-se a cardiologia mais sofisticada de Sana Catarina e do Sul do Brasil. Faz-se, por exemplo, implantação de válvula aórtica com cateter pela virilha, um procedimento que garante sobrevida para idosos. Poucos hospitais no Brasil usam este sofisticado recurso. Um dos sócios é o médico André d’Ávila, diretor no Hospital Monte Sinai, de Nova York, que periodicamente traz inovações à cardiologia catarinense.

Estatística oficial revela: 30% das mortes em Santa Catarina são causadas por doença cardiovasculares.

Os advogados afirmam que 312 procedimentos estão agendados para março e abril, dos quais 40 cirurgias cardíacas e 260 de angioplastia, cateterismo e eletrofisiologia.

Além disso, enfatizam que a não transferência do prédio atual na Trompowski para a SC-401 acarretará prejuízos irreparáveis. E alertam: “Se o hospital não for transferido, o SOS Cárdio vai à bancarrota.”

 

 

 

ARTIGO
O Dia Mundial do Rim

O Dia Mundial do Rim é comemorado anualmente na segunda quinta-feira de março – neste ano, hoje, dia 10. Esta é a sexta edição do evento, que está tendo progressiva repercussão internacional e, a cada ano, apresenta sempre um tema diferente. Em 2009, foi enfatizada a relação entre hipertensão arterial e rim; em 2010, o diabetes e o rim, e para este ano o tema é Proteja o seu Rim, Salve o seu Coração.

Sabe-se há muito que pressão alta, diabetes mellitus, fumo e colesterol elevado e anemia são situações patológicas predisponentes à doença cardíaca. Agora, a estes se soma a doença renal crônica.

A doença renal é muitas vezes silenciosa e há dois exames complementares que definem função renal e comprometimento vascular: a creatinina no exame de sangue, e a quantificação de proteínas no exame de urina em amostra isolada (relação proteína/creatinina). São exames baratos, de fácil realização, e que dispensam a incômoda coleta de urina de 24 horas. Estes devem compor a rotina de exames laboratoriais de revisão.

A partir da creatinina no sangue se pode avaliar, através de fórmulas especiais, a real função dos rins. Considera-se doença renal crônica quando essa for menor que 60 ml/min por mais de três meses, com estágios três (60 a 30 ml/min), quatro (pré-terminal, 30 a 15 ml/min) e cinco (terminal, menor que 15 ml/min). Este último já exigindo diálises ou transplante renal. À medida que a função renal piora, aumentam os riscos cardíacos – enfatizando-se que a maior causa de morte em doente renal é por doença cardíaca.

Proteja seus rins tratando as doenças que os agridem (diabetes e pressão alta), tendo hábitos mais saudáveis (não ao fumo, à obesidade e ao sedentarismo) e evitando alguns remédios, dos quais destaco os anti-inflamatórios não esteroidais (os inúmeros remédios para “reumatismo”, tão usados para qualquer dor).

 

HUMBERTO REBELLO NARCISO|Médico

 

Geral


CÂNCER
Técnica com nanodiamantes poderá ser usada para tratar doença

WASHINGTON - Pesquisadores americanos anunciaram ontem a descoberta de uma maneira de atacar tumores em estágio avançado do câncer de mama e de fígado, usando uma potente droga quimioterápica aliada a minúsculas partículas de carbono conhecidas como nanodiamantes. A técnica foi testada em ratos, e mostrou que os nanodiamantes ajudam a doxorrubicina a penetrar no tumor normalmente resistente ao medicamento e reduzir seu tamanho. O estudo foi publicado na revista Science Translational Medicine.

Sem os nanodiamantes, a droga era rejeitada pelo corpo ou não conseguia atuar sobre o tumor – ou, pior ainda, acabava causando a morte do paciente se administrada em doses muito altas.

– Este é o primeiro trabalho a demonstrar a importância e o potencial dos nanodiamantes no tratamento de cânceres resistentes à quimioterapia – indica a pesquisa.

O estudo aponta o uso promissor do nanodiamante em humanos, já que a resistência à quimioterapia provoca o fracasso do tratamento em 90% dos casos de câncer com metástase.

– O mais interessante neste trabalho era quando aplicávamos uma dose ainda mais alta do medicamento, tão alta que matava todos os animais. Eles não sobreviviam o suficiente nem para concluir o estudo. Mas, quando aplicávamos a mesma dose alta combinada ao nanodiamante, não apenas os animais sobreviviam, como a redução dos tumores era a maior que víamos no estudo – destaca Dean Ho, da Universidade Northwestern, principal autor da pesquisa.

Ho diz ter se interessado pelo uso das partículas de carbono em combinação com medicamentos há mais de três anos, e passou a se concentrar nos nanodiamantes porque outras linhas de pesquisa no campo automotivo mostraram que eles funcionam bem combinados à água – um requisito básico para o uso médico.

 

O QUE SÃO NANODIAMANTES 
São espécie de dejetos obtidos geralmente a partir de explosões, como em minas de carvão ou refinarias de petróleo. Suspeita-se que resultem também do impacto de meteoritos