ALA MÉDICA DO PMDB
Semana passada, o secretário de Saúde, Dalmo Claro, e o vice Pinho Moreira (ambos de costas) acompanhados pelo deputado Antonio Aguiar, percorreram o Norte. Os três são médicos
AUTISMO
Descobrir o que está ao redor
Esta é a grande dificuldade de pessoas autistas, como a menina Sara, de cinco anos. Em Joinville, uma associação abraçou a missão de ajudá-lasApatia, falta de comunicação e isolamento são algumas características de uma pessoa com autismo. Sinais que surgem ainda na infância e que, se detectados a tempo, podem resultar num melhor tratamento. Muitos pais conseguem perceber no isolamento do filho e na agressividade indícios de algum transtorno. A tarefa de ser pai e mãe torna-se, então, algo maior – eles são os principais responsáveis pelo delicado objetivo de criar um canal de comunicação da criança com a vida ao redor.
Para a dona de casa Clarice Klemane Karsten, de 33 anos, o Dia da Conscientização sobre o Autismo, celebrado neste sábado, significa mais do que quando era professora e pesquisava sobre o tema. O 2 de abril representa a luta que Clarice trava todos os dias para descobrir a filha e tentar entendê-la. Ela notou sintomas de autismo na filha Sara desde que ela nasceu. A menina, hoje com cinco anos, apresentava um atraso no desenvolvimento já no primeiro ano. “Ela não andava, não falava e não apontava o que queria”, lembra a mãe.
Clarice e o marido, o empresário Edir Karsten, de 34 anos, chegaram a procurar um pediatra. Mas a preocupação ficou mais intensa para o casal quando a menina passou a se agredir, aos três anos, a se irritar constantemente e a ser violenta com as outras pessoas. Assustados, os pais buscaram ajuda num neurologista, que confirmou as suspeitas.
“Ele falou que ela tinha grandes chances de ter autismo. Como a Sara apresentou dificuldades motoras, tudo foi acontecendo devagar (os sintomas). Foi mais fácil para a gente aceitar que havia um problema. A única coisa que não achava é que seria mental”, comenta Clarice.
Os pais de Sara sempre optaram por ter uma vida normal e levar a pequena aos lugares públicos, e sem restrições. O maior exemplo disto foi a matrícula da menina num Centro de Educação Infantil (CEI). “Até então ela era muito irritada. Não ia mais ao mercado. Ela mudou de um jeito... (depois que passou a frequentar a escola). Fiquei surpresa e feliz. É maravilhoso ver as crianças interagindo com ela”, lembra a mãe, ao contar que a filha é feliz.
Para ajudar no desenvolvimento de Sara, a dona de casa e o marido optaram por adotar uma menina. Emanoela, de seis anos, chegou há pouco tempo na família e teve que se adaptar ao comportamento diferente da irmã. Trazer uma companhia para Sara foi uma atitude para colocá-la em um ambiente de ainda mais afeto. Além disto, há 16 dias, a pequena ganhou outro irmão, Samuel.
Apesar do crescimento da família, o futuro de Sara ainda é uma incógnita. Os pais tentam não pensar no caso, principalmente porque em Joinville não há nenhuma espécie de lar para abrigar adolescentes e adultos com necessidades especiais. Mas admitem que vão cuidar dela enquanto tiverem forças e condições. Por enquanto, Sara participa das atividades pedagógicas desenvolvidas pela Associação de Amigos dos Autistas (AMA), única entidade que trabalha com pessoas com autismo na cidade.
gisele.krama@an.com.br
AUTISMO
Busca por apoio coletivo
Diferentemente dos pais de Sara, o projetista Gerson José de Borba, de 54 anos, tem optado por não levar o filho Elton a locais públicos, como supermercados e lojas. Aos 28 anos, o jovem apresenta sinais de melhoras, mas ainda lhe faltam condições de levar uma vida autônoma.
A família começou a suspeitar que havia algum problema quando o menino tinha quatro ou cinco meses. “Era bem paradão, não reagia e não olhava”, diz a mãe, Roseli de Borba, de 52 anos. O diagnóstico foi apresentado por um neurologista somente quando o menino tinha dois anos. “No começo, foi uma surpresa. Mas já sabíamos que tinha alguma coisa”, comenta Roseli.
As características de Elton eram iguais a de outras crianças com autismo. Segundo os pais, o menino não queria companhia de ninguém, ficava sentado, balançando o corpo. A falta de informações sobre a síndrome na década de 1980 levou Gerson e mais três famílias a criarem a Associação de Amigos dos Autistas (AMA). “A gente não sabia o que era autismo e nem como tratar”, lembra o pai de Elton.
Depois de quase 25 anos de tratamento, o que mais incomoda a família é ainda não conseguirem se comunicar com Elton. É comum, por exemplo, que ele peça algo e os pais não consigam entender o que é. “Muita gente não faz ideia. Mas essa é uma das síndromes mais difíceis de lidar”, comenta Roseli.
AUTISMO
Convívio faz mais bem do que mal
Apesar de a possibilidade de uma crise estar sempre presente, uma pessoa autista não deve ficar afastada do convívio com outras e dos passeios em áreas públicas. É o que defende a psicóloga Ana Carolina Wolff Mota, que trabalha para a AMA, de Joinville, que atende a 46 pessoas com o transtorno. São 24 crianças e 22 adultos.
Para ajudar neste convívio social, há 23 anos a AMA oferece serviços pedagógicos e técnicos aos portadores da síndrome, como psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. A entidade é mantida com recursos da Prefeitura e do governo do Estado, além de doações. Pais contribuem com o que cabe na renda. A intenção da diretora, Liane Müller, é conseguir, em médio prazo, uma casa para abrigar os adultos. “Uma preocupação das famílias é onde os filhos vão ficar. O problema não é conseguir a casa, e sim mantê-la.”
As crianças que frequentam aulas regulares em escolas passam três dias da semana na entidade. Os adultos vão à sede diariamente para atividades físicas e pedagógicas. Segundo a psicóloga Ana Carolina, não há dados sobre a incidência do transtorno em Joinville. “No País, estima-se que há mais de dois milhões de autistas.”
O autismo aparece, normalmente, associado a outra deficiência que, na maioria dos casos, é intelectual. Segundo a psicóloga, a síndrome atinge três áreas: sociabilidade, linguagem e comportamento imaginativo.
FIM DE REFORMA
UTI neonatal vai voltar a funcionar
Após concluir a reforma da UTI neonatal, o Hospital Santa Inês prevê reabrir a unidade, fechada desde 1º de março, na próxima semana.
A desinfecção, pintura e manutenção dos equipamentos foram exigências da Vigilância Sanitária para que o serviço voltasse a ser prestado. Agora, a direção precisa fechar o contrato com a equipe médica que prestará o serviço. Segundo o hospital, os profissionais já foram selecionados.
– Se tudo der certo, acredito que logo depois do dia 5 de abril reabriremos a UTI neonatal – afirma o diretor do Santa Inês, Eroni Foresti.
De acordo com Foresti, são necessários pelo menos seis neonatologistas. O diretor conta que as negociações estão sendo feitas com médicos de Itajaí e São Paulo.
– A ideia é que eles prestem o serviço por meio de uma empresa, ou seja, serão terceirizados. O contrato já está pronto, só falta assinar.
A UTI neonatal de Balneário Camboriú conta com 10 leitos e atendia em média 50 bebês ao mês. Enquanto está fechada, os recém-nascidos que precisam de cuidados especiais estão sendo transferidos para Itajaí, Blumenau e Joinville.
A suspensão das atividades ocorreu depois que a FGL Serviços Médicos, que prestava os serviços de neonatologia no hospital, se desligou do Santa Inês. O grupo era composto por seis médicos e atuava em regime terceirizado desde fevereiro de 2007.
Balneário Camboriú