DARCY VARGAS
UTI neonatal em alerta
A UTI neonatal da Maternidade Darcy Vargas, em Joinville, deixou de receber novos bebês por estar superlotada. Há 12 crianças internadas onde haveria espaço para apenas oito. Como a maternidade não tem mais condições de atender pacientes na UTI, os bebês em estado de saúde grave precisam ser transferidos para outras unidades da região. Entre quarta-feira e ontem, dois nenéns foram levados para o Hospital Dona Helena devido à falta de vagas no sistema público de saúde. Conforme o diretor da Darcy Vargas, Fernando Pereira, a situação está controlada. “Sempre que for preciso, vamos recorrer a maternidades particulares.”
MUTIRÃO NO SÃO JOSÉ
Uma cirurgia atrás da outra
Médicos vão fazer amanhã operações em ombros e mãos de 15 pacientes
A cabeleireira Olinda dos Santos, 66 anos, está há meia década na fila de espera para uma operação de ombro pelo SUS, em Joinville. Amanhã, graças a um mutirão de cirurgias de ombro e mão no Hospital São José, será a vez de ela passar pela operação. “Estava aguardando, pelo menos para aliviar a dor. Tenho problema em um tendão e hoje não consigo lavar uma louça, limpar as vidraças. Para dormir, só em uma posição.”
Segundo o hospital, a fila de espera ocorre por causa da demanda por cirurgias de urgência e emergência, que acabam tirando vaga das chamadas cirurgias eletivas (que podem esperar), como é o caso de Olinda. Os mutirões, aos sábados, têm sido um jeito de tentar amenizar o problema, segundo o hospital. Hoje, cerca de 200 pacientes estão na fila para operações de mão ou de ombro.
Amanhã, 15 pacientes, alguns na fila desde 2005, irão passar pelo centro cirúrgico ambulatorial, voltado a operações rápidas e de pequena complexidade. Pacientes como Olinda devem ser operados e receber alta no mesmo dia ou no dia seguinte, segundo a assistente administrativa Eliane de Oliveira, do setor de ortopedia, que organiza o mutirão.
A ideia desta ação partiu da equipe médica. Além de cirurgião, o trabalho vai envolver anestesistas, enfermeiros e técnicos. Foi escolhido o sábado por ser um dia em que não há outras cirurgias marcadas no setor.
A escolha dos pacientes foi com base no tempo de espera e no quadro de saúde de cada um, acompanhado por meio de exames de rotina. Outros mutirões para cirurgias de mão e ombro estão sendo agendados para maio. Pacientes que estão na fila serão chamados pelo hospital – eles não precisam ir até a instituição. Segundo Eliane, mutirões de outras pequenas cirurgias também estão sendo estudados para este ano.
EDITORIAIS
Questão de vida ou morte
Apenas seis dos 80 leitos oferecidos pelo Hospital Florianópolis, no Bairro Estreito, em Florianópolis, estão funcionando. O atendimento de emergência é improvisado, com os pacientes instalados em macas e cadeiras nos corredores. A reforma desta instituição de saúde arrasta-se desde 2009. A obra deveria ter sido concluída no final do ano passado, mas não foi surpresa embora escandaloso o anúncio de que, antes de janeiro do ano que vem, nada feito.
Em Balneário Camboriú, a crise enfrentada pelo Hospital Santa Inês também vale como um atestado da situação falimentar do atendimento à saúde no Estado e no país. No hospital, os médicos ginecologistas e obstetras que atendem na maternidade pediram desligamento do quadro funcional, alegando falta de condições para o trabalho. Os problemas vão da frequente falta de água a aparelhos essenciais sem condições de uso, como as máquinas para esterilizar instrumentos cirúrgicos, por exemplo. A maternidade do Santa Inês efetua, em média, cem partos por mês.
As explicações dos poderes públicos responsáveis são fartas; as promessas de corrigir os problemas, também. Poucos acreditam em umas e outras depois de tantas decepções e engodos. As situações desses dois hospitais refletem o assustador quadro do atendimento médico e hospitalar público no país. Mais do que isso: são emblemáticas do descalabro geral da saúde pública. Os cidadãos dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS) – e eles formam a imensa maioria – são obrigados a aguardar meses por uma simples consulta e a penar longas esperas por atendimento hospitalar.
Um panorama que provoca justa revolta, que impõe mudança urgentíssima, e sinaliza para gestões incompetentes, permitindo, até mesmo, falar em desídia por parte dos formuladores e administradores das políticas de saúde nas três esferas do poder público. Literalmente, uma questão de vida ou morte.