RECÉM-NASCIDO
A chegada do bebê é marcada por uma grande expectativa de toda a família. De acordo com Eneida Bittar, enfermeira-consultora em Aleitamento Materno pela University of Califórnia, é quando os pais chegam em casa com o bebê que começam a surgir as primeiras dúvidas. “As mães, em especial, podem ficar mais inseguras. Elas querem cuidar de seus bebês da melhor forma possível, compreender as necessidades deles e saber qual é o momento ideal para dar de mamar, fazer dormir, dar banho e trocar fraldas”, afirma.
A boa notícia é que não há parâmetros para julgar o que é certo ou errado. “O que precisa ser criado é uma rotina em que a mãe possa se sentir confortável para fazer tudo da melhor forma possível. A habilidade irá surgir naturalmente”, destaca Eneida. Confira abaixo algumas dúvidas que podem surgir durante esse período e aproveite os primeiros dias para construir um vínculo vitalício com o seu bebê.
1 Como os pais podem se preparar para a chegada do bebê?
Eneida Bittar – O primeiro filho é um marco na vida do casal, por isso, é importante que ambos estejam preparados para receber as grandes mudanças que estão por vir. É comum que os pais se preocupem em preparar o quarto, o enxoval, decidam se terão ou não a ajuda de terceiros para os primeiros meses e, ainda, em qual maternidade o bebê irá nascer. Essas mudanças são importantes para garantir todo o conforto do bebê. No entanto, ainda durante a gravidez, os pais precisam se preparar emocionalmente para receber a nova família que está por vir. Ambos precisam saber que irão assumir novos papéis, o de pai e mãe, mas que não devem perder as suas identidades.
2 Como a mãe pode se preparar para amamentar o bebê?
Eneida Bittar – A amamentação é um processo de aprendizado entre mãe e bebê nos primeiros dias de vida. Existem diferentes orientações e condutas referentes à amamentação, e o mais importante é seguir a orientação do seu médico, pediatra ou profissional capacitado no atendimento à amamentação. É recomendada a amamentação exclusiva por seis meses e, após esse período, deve-se introduzir, paralelamente, novos alimentos. Se for necessário optar por outra forma de alimentar seu bebê, procure conhecer as vantagens e desvantagens de cada opção.
3 Como tornar o momento da troca de fraldas tranquilo para os pais e o bebê?
Eneida Bittar – A primeira questão é sempre trocar a fralda quando ela estiver molhada ou suja, para evitar o aparecimento de assaduras e garantir que o bebê fique confortável. Para que a troca de fraldas seja segura, é fundamental que o local esteja organizado com todos os materiais necessários e, se faltar algo, nunca deixar o bebê sozinho. Desde as primeiras trocas, crie o hábito de falar com o bebê sobre o que será feito com ele, passo a passo, isso o deixará mais tranquilo.
4 Quais são as etapas para uma troca de fraldas ideal?
Eneida Bittar – Como um recém-nascido troca entre 8 e 12 fraldas ao dia, com o tempo os pais terão habilidade para cumprir todas as etapas facilmente. A primeira delas é escolher produtos de boa qualidade e sem perfumes, corantes e conservantes, para evitar possíveis alergias. Limpe a pele em movimento único, de cima para baixo (ou de frente para trás), para evitar a contaminação da uretra com resíduo de fezes. Use água morna e algodão, limpando bem as dobrinhas do bebê. Na hora de enxugar, utilize uma toalha macia e faça movimentos delicados, sem esfregar a pele do bebê. Use um creme para evitar assaduras e finalize a troca ajustando a fralda na cintura do bebê com uma folga de um dedo.
5 Como evitar as assaduras?
Eneida Bittar – A assadura é uma das dermatites mais comuns na infância, sendo mais frequente entre os sete e 12 meses de vida. Tem como causa uma combinação de fatores que incluem o ambiente úmido e abafado proporcionado pelo uso da fralda, o atrito com a pele e, principalmente, o contato prolongado com fezes e urina. Desta forma, para prevenir o seu aparecimento, troque a fralda com regularidade; remova os resíduos (fezes, urina e cremes) com água morna e algodão, e ao secar, utilize um pano macio, sem esfregar; sempre aplique um creme antiassaduras e não deixe a fralda exageradamente apertada ou folgada.
6 Como dar banho em um recém-nascido?
Eneida Bittar – Não existe uma técnica para a hora do banho, o importante é a segurança e o prazer da mãe e do bebê. Escolha um horário em que possa dedicar alguns minutos a esta tarefa, sem preocupações ou pressa. Antes de tirar a roupa do bebê, prepare e deixe à mão todos os materiais necessários (sabonete neutro, cotonetes, toalha, escova macia, creme antiassaduras, fralda e roupas limpas). Lembre-se ainda de prender os cabelos e retirar pulseiras, relógios e anéis para evitar machucar a pele do bebê, que é muito delicada. O local do banho deve ter a temperatura ambiente e sem correntes de ar. Comece o banho pelo rosto, lavando somente com água e, a seguir, a cabeça e o resto do corpo com sabonete neutro, incluindo o coto umbilical, que deve ser secado com cuidado e suavidade.
7 Homens também podem ajudar a trocar fraldas, dar banho e ajudar o bebê a dormir?
Eneida Bittar – Claro que podem! Nos dias atuais, os homens participam, cada vez mais, de todos os processos – gestação, parto e cuidados com o bebê. E a hora do banho e da troca de fraldas são momentos em que eles podem interagir com o bebê. É comum que o homem fique inseguro nas primeiras vezes. Este é um momento de aprendizado para ambos, portanto, ajudem-se sempre. E mamães, segurem a ansiedade, cada um tem um jeito de cuidar e isso deve ser respeitado. O pai pode ter uma forma diferente de trocar ou pegar o bebê, mas nem por isso é errada. Não se esqueça que você precisará descansar nas pausas das mamadas, elogie-o e ganhe um companheiro para os momentos em que mais precisar.
CÂNCER DE MAMA
Números do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional do Câncer (Inca) sobre câncer de mama no Brasil para o biênio 2010/2011 revelam que, até o fim do ano, deverão ter sido assinados nos hospitais brasileiros cerca de 10 mil atestados de óbito de um contingente de cerca de 50 mil pacientes diagnosticadas com câncer de mama – ou seja, um quinto da população vítima da doença. Como se não bastasse a gravidade desses indicadores, a comunidade médica tem ficado cada vez mais preocupada com a constatação de que o número de casos do mal entre mulheres abaixo dos 40 anos vem aumentando significativamente.
No Centro de Oncologia do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, o médico Artur Katz comenta o assunto com preocupação, baseado em sua experiência clínica do dia a dia. “Tenho visto mulheres de 19 anos, 30, 35, em quantidade muito maior, e isso não é normal”, afirma. Ele sustenta que, normalmente, cerca de 70% dos casos ocorrem em pessoas acima dos 65 anos, contra 5% a 10% em mulheres abaixo dos 39. Esses percentuais, no entanto, já não são os mesmos, segundo Katz: “Não temos ainda uma pesquisa definitiva, apenas estudos pontuais sobre o tema, mas o crescimento é um fato”.
Ele descarta que isso ocorra unicamente porque o sistema de diagnósticos tem sido mais precoce ou eficiente. “Acredito que tem a ver com a história da mulher. Antes, no tempo de nossas avós, elas menstruavam mais tarde, tinham filhos mais cedo e em maior quantidade e amamentavam mais.” Ele credita ainda ao tabagismo e a outros fatores exteriores a elevação da incidência de casos em mulheres jovens.
No Hospital A.C. Camargo, de São Paulo, a radiologista Márcia Aracava acompanha o raciocínio do colega. “Fatores ambientais devem estar provocando esses casos. O que preocupa mais é que esse tipo de câncer é muito mais agressivo em pessoas jovens.” O médico Ronaldo Correa, do Inca (Instituto Nacional do Câncer), pede, contudo, cautela quando se fala em aumento de casos nessa faixa etária. “Só se pode confirmar uma estatística dessas se for baseada em registro de câncer de base populacional (RCBP). O que temos são opiniões, estudos sobre o assunto”, pondera, mesmo reconhecendo que há dados concretos apontando nessa direção.
A última pesquisa feita pelo Inca, em parceria com o Hospital do Câncer de São Paulo, é de 2005. Na época, registrou-se um crescimento de 17% dos casos de câncer de mama em mulheres abaixo dos 39 anos, três vezes mais que o esperado. Recentemente, o Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp) concluiu pesquisa que endossa a suspeita de Artur Katz: nos últimos três anos, 15% das pacientes têm menos de 45 anos. Foram analisados 2.573 casos.
O futuro está na guerra celular
Quando se fala em câncer, atualmente, sabe-se que as batalhas serão travadas de forma cada vez mais frequente nos campos da genética e da biologia molecular. “As novas tecnologias melhoraram as perspectivas do diagnóstico precoce e a identificação das mutações cromossômicas. Esse novo arsenal pode nos orientar a entender melhor as neoplasias e a encontrar novos bloqueadores de ação dos oncogenes”, avalia o patologista Carlos Bacchi, o único no Brasil que faz um teste semelhante ao holandês MammaPrint, a mais confiável assinatura genética em exames patológicos.
A versão nacional é o MammaGene, um genérico do norte-americano Oncotype e do teste holandês. “É a mesma coisa, não tem diferença. É importante, porque prediz que um paciente vai ser de baixo ou alto risco num período de 10 anos”, explica o médico, consultor de grandes centros de oncologia.
O modelo holandês é anterior ao americano. A diferença entre os dois é que o Oncotype trabalha com a leitura de 21 genes e o MammaPrint com 70 genes. Os dois têm a capacidade de dizer, também, se o paciente deve fazer ou não quimioterapia e acertam o alvo dos prognósticos a uma distância no tempo de até dez anos. “São exames fundamentais para um grupo de pacientes com a doença no início”, comenta a oncologista Solange Sanches, do hospital A. C. Camargo.
A versão brasileira não fica atrás das outras, embora apresente o mesmo problema: o preço. Um teste desses não sai por menos de US$ 5 mil. Além do custo dos exames, outro fator complicador é o preço dos medicamentos. Para se ter ideia, um tratamento de um ano com uma droga nova como o herceptin, um poderoso anticorpo monoclonal (feito de RNA, a cópia da célula) que bloqueia a ação do oncogene HER-2, usado contra câncer de mama, não sai por menos de R$ 30 mil. O herceptin faz parte de uma família de inibidores genéticos que representa o futuro e a possibilidade de o homem derrotar o câncer de mama.
CARLOS TAVARES | CORREIO BRAZILIENSE
Fila do ultrassom
Na fila de 16,7 mil pessoas à espera de um exame na rede municipal de saúde de Joinville, 13,5 mil aguardam por uma ultrassonografia, sendo 2,9 mil o ultrassom com doppler. A técnica do doppler traz informações mais apuradas. Os dados são de pedido de informação feito pelo vereador Patrício Destro (DEM).
Os sonhos
Com 13,5 mil à espera de exames e 83 mil pessoas aguardando por uma consulta especializada, Joinville deverá discutir em 2012 a necessidade de construção de um novo hospital. Como ocorreu em 2008. Até para prometer e discutir grandes temas, mas convém pensar também nas providências mais corriqueiras.
Um novo hospital em Joinville
Na última campanha municipal, o vencedor Carlito Merss disse que a fila de espera acima de um ano era “inadmissível para uma cidade do porte de Joinville” (página 29 do plano de governo) e prometeu hospital com 360 leitos (página 35). Ainda não foram entregues os 30 leitos do 4º andar do Hospital São José. E o novo hospital da zona Sul ainda não tem projeto, muito menos fonte de financiamento.
Visor
DUCHA DE ÁGUA FRIA
Vigilância Sanitária da Capital fez uma visitinha ao Lar Recanto do Carinho, que atende crianças portadoras de HIV. Como toda a entidade assistencial que se preze, luta aos trancos e barrancos contra a falta de dinheiro e apoio. Foi notificada de que tem 30 dias para adequar o box do chuveiro às medidas exigidas pela prefeitura. Ajudar que é bom...
Geral
MULHERES DE ROSA
Unidas pela vida há 50 anos
Voluntárias da Rede Feminina de Combate ao Câncer prestam atendimento gratuito
O dia era 6 de janeiro de 1998. Marisa Maria Reichert, com 41anos, acordava no leito do Hospital Santo Antônio, em Blumenau. Abriu os olhos meio confusa, se questionando se estava viva. A primeira pessoa que avistou foi uma mulher com idade avançada, vestida de rosa.
Ela não sabia, mas quem a visitou foi uma das voluntárias da Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC), que neste mês completa 50 anos de fundação no Estado. Nem imaginaria que ela mesma seria uma mulher de rosa, a cor da luta contra o câncer de mama.
– Naquele dia, acordei me sentindo mutilada. Aí aquela mulher olhou para mim, passou a mão em minha cabeça e disse: Bom dia, a senhora é mastectomizada (que fez cirurgia de retirada da mama). Eu respondi, com uma voz seca, de quem estava desiludida: passei a ser desde ontem.
Elas conversaram mais um pouco e a desconhecida se despediu. Passaram-se alguns meses, Marisa fez uma cirurgia de reconstrução da mama e aquela mulher não saía de seus pensamentos. Queria fazer por outras pessoas aquilo que a senhora fez por ela. No final de 1998, Marisa já participava da rede, que, hoje, conta com 4,2 mil voluntários no Estado.
– Vamos sempre nos setores de quimioterapia e oncologia do hospital. Conversamos ou ficamos quietinhas do lado das pacientes. Elas contam suas histórias, fazem planos de vida, choram. Ficamos emocionadas, porque fazemos tão pouco e elas recebem como se fosse o maior presente da vida – diz Marisa.
O trabalho da rede vai além de apoiar aquelas que estão em tratamento. A principal luta é pela prevenção. Nas 60 regionais espalhadas pelo Estado são oferecidos gratuitamente exames preventivos de câncer de colo de útero (papanicolau) e também ensinado como fazer a apalpação das mamas para descobrir o surgimento de nódulos. Se ocorrem suspeitas de doenças, as pacientes são encaminhadas para médicos voluntários ou do Sistema Único de Saúde. O foco são mulheres de baixa renda.
Mesmo que hoje os postos de saúde ofereçam os exames, a procura pela rede é alta. Em 2010, a liga realizou 115 mil atendimentos. Além da agilidade na entrega dos resultados – em um prazo médio de 15 dias –, a receptividade é um dos diferenciais.
– Tratamos com muito amor as pacientes que, muitas vezes, vêm com medo do resultado do exame. Em cada regional são feitos 40 exames por dia, menos do que na maioria dos postos de saúde. Assim, conseguimos oferecer uma boa atenção a quem nos procura – explica a presidente estadual, Aglaê de Oliveira.
Em julho, as voluntárias vão realizar um encontro estadual para festejar os 50 anos no Estado. A Rede Feminina de Combate ao Câncer é a mais antiga organização não-governamental brasileira na área de prevenção e saúde.
ROBERTA KREMER
MULHERES DE ROSA
Carinho essencial
Ao chegar à Rede Feminina de Combate ao Câncer de Florianópolis, a paciente passa por entrevistas para o atendimento. O carinho e o sorriso das integrantes da liga são fundamentais para deixar as mulheres mais à vontade para fazer os exames. A delicadeza na lida com quem procura a rede é uma tradição da regional, que completou 25 anos em abril.
Com o apoio de 60 voluntários, a entidade atende 450 mulheres ao mês. Desde sua criação, foram cadastradas 44 mil pacientes. Uma das integrantes que faz as entrevistas é Sônia Maria Momm Corte, de 67 anos. Ela participa do grupo desde 1987. Naquela época, a rede ficava em um prédio alugado ao lado do Hospital Lara Ribas, da Polícia Militar, no Centro. Hoje, a instituição já tem sede própria, no bairro Agronômica.
Sônia questiona as pacientes sobre qual dia foi a última menstruação, se tem vida sexual ativa, se usa camisinha e uma série de outras perguntas para prestar esclarecimentos e repassar às enfermeiras e médicos.
– Estamos aqui lutando pela vida das pessoas, orientando para que se cuidem. Hoje, tudo o que se encontra cedo tem salvação – afirma Sônia.
A morte da mãe devido a um câncer de mama, aos 53 anos, em 1967, levou Sônia a dedicar-se à causa.
– Naquela época nem se ousava falar a palavra câncer. Se dizia que era “aquela doença ruim”. Minha mãe teve de retirar a mama em São Paulo, pois aqui ainda não tinha o procedimento, mas não sobreviveu. A medicina não era tão evoluída – lembra.
Hoje, há 95% de chance de cura se o tratamento for feito precocemente. Francisca Iargas, enfermeira da rede desde a sua criação diz que a liga tem uma equipe educativa que realiza bate-papos sobre prevenção em comunidades carentes, universidades e supermercados.
A presidente da rede em Florianópolis, Márcia Helena Blini Barbosa, explica que tudo é feito de graça e com boa vontade. Elas mantêm a entidade com um convênio de R$ 2 mil da prefeitura, doações, mensalidade dos voluntários e de uma ajuda de R$ 1 mil, para comprar cestas básicas para pacientes carentes do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon)
MULHERES DE ROSA
Ajuda não foi sempre do mesmo jeito
A Rede Feminina de Combate ao Câncer em Santa Catarina começou em 1961 com o objetivo de atender pacientes dos hospitais de Florianópolis, que vinham do interior para tratar a doença, tão pouco conhecida naquela época. As voluntárias arrecadavam alimentos, materiais de higiene pessoal e roupas para levar aos doentes mais necessitados.
A ex-presidente estadual Zita Sander de Meireles conta que a rede foi criada em Santa Catarina por Ina Tavares Moellmann, que era amiga da Carmen Prudente, mulher que trouxe a ideia da liga para o Brasil, em 1946, em São Paulo.
– Como amigas, elas estenderam a rede feminina para o Estado. As voluntárias atendiam principalmente no Hospital de Caridade. Levavam frutas, pijamas. Era tudo para pessoas sem condições econômicas.
Com o tempo, outras redes foram criadas no Estado. As primeiras foram em Joinville, Chapecó e Blumenau, regiões onde a liga passou a oferecer exames preventivos contra câncer do colo de útero e mama. Há 25 anos, Florianópolis também passou a contar com um ambulatório.
– É um serviço maravilhoso. O atendimento é rápido. Se os médicos suspeitam de algum problema, em uma semana, a pessoa já é encaminhada para um hospital ou para novos exames. A procura é grande, porque nos postos de saúde não é tão ágil assim – observa Zita.
Ações de prevenção
CASOS NO ESTADO
Os cânceres que mais adoecem mulheres em Santa Catarina são o de mama e o de colo de útero. A expectativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontava a ocorrência de 1.570 novos casos de câncer de mama e 610 de colo de útero no Estado para 2010. A entidade não divulgou a estimativa para 2011. O número de mortes por ano por essas doenças é de cerca de 470 em SC. No Brasil, passa de 16 mil.
PREVENTIVO CONTRA O CÂNCER DO CÓLO DO ÚTERO
- Quando fazer: a cada ano depois do primeiro ato sexual. Virgens, menores de 18 anos, só podem fazer o exame com recomendação médica e autorização dos pais.
- Condições do exame na rede:
– Cartão do SUS e carteira de identidade.
– Fazer o exame entre o quinto dia após a menstruação e o quinto antes do início dela.
– Estar 48 horas sem fazer relação sexual.
– Não usar medicamento local.
- Quando fazer: Começar a se examinar aos 20 anos. Fazer todos os meses no sétimo dia, depois de começar a menstruação. Aquelas que não menstruam, devem marcar um dia no mês. Toda a mulher acima de 40 anos deve fazer a mamografia, oferecida pelo SUS.
BONS HÁBITOS AJUDAM A PREVENIR
Além de fazer exames periódicos, existem outras formas de se prevenir do mal. Entre elas ter bons hábitos, como praticar atividade física, ter uma alimentação saudável, não fumar e não exagerar em bebidas alcoólicas. A primeira gravidez após os 30 anos, o uso de anticoncepcionais orais, menopausa tardia e reposição hormonal são fatores de risco associados à doença.
PARA AJUDAR OU FAZER EXAMES
Rede Feminina – Florianópolis
Rua Rui Barbosa, 736
Fone: (48) 3224-1398
No local funciona também um brechó e comércio dos artesanatos feitos no Projeto Recanto das Artes.
TELEMEDICINA
1 milhão de exames e 287 cidades atendidas
Em seis anos de atuação, sistema desenvolvido pela UFSC está presente em 98% do Estado
A rede catarinense de Telemedicina comemora esta semana 1 milhão de exames realizados e pretende ampliar ainda este ano o atendimento médico a todo o Estado. O sistema desenvolvido pelo Laboratório de Telemedicina da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi implantado pela Secretaria de Estado da Saúde em 2005 e já atende 98% das cidades catarinenses.
As únicas seis cidades não atendidas aguardam a novidade. De acordo com o coordenador do projeto, Luiz Felipe Nobre, falta apenas aprimorar a conexão de internet dos municípios.
Com o sistema, exames feitos no interior de SC podem ser analisados por médicos especialistas em qualquer parte do mundo, explica o professor que desenvolve o projeto responsável pela implementação da tecnologia, Aldo von Wangenheim.
– O que queremos colocar é que quanto mais simples o exame, mais próximo ele esteja do paciente. De preferência, que o paciente possa ir a pé – explica Wangenheim.
Além de técnicos operacionais e de uma boa conexão de internet para a operação do sistema, foram implantados equipamentos para a realização de eletrocardiograma, dermatoscopia, raio-X digital ou ressonância magnética em hospitais e postos de saúde das 287 cidades catarinenses.
Na prática, os pacientes podem ser tratados nas suas localidades.
– O clínico geral pode encaminhar uma fotografia do problema de pele. Se for indicada apenas a aplicação de uma pomada, o próprio médico pode orientar o paciente – exemplifica o professor Luiz Felipe.
Os pacientes só vão para os hospitais de outras regiões se for realmente necessário. Medida que ajuda a reduzir as filas dos hospitais centrais.
Desde que o sistema começou, a estimativa do laboratório da UFSC é de que os pacientes deixaram de viajar cerca de 13 milhões de quilômetros para serem atendidos
Sistema agiliza atendimentos e ajuda a reduzir as filas
De acordo com o professor Wangenheim, a rede de atendimento é capaz de aumentar a rapidez e a acessibilidade dos laudos.
Ele explica que um médico que está em casa e que já tratou um paciente com problemas cardíacos pode enviar ao hospital, “de pantufas”, os exames feitos e agilizar uma cirurgia de emergência.
O professor Luiz Felipe destaca a dimensão da conquista trazida pela rede de Telemedicina:
– É a conexão de informações de saúde pública, com tecnologia pública e por rede pública – resume.
O evento que comemora o marco de 1 milhão de exames realizados em Santa Catarina está marcado para amanhã, às 14h, no auditório do Centro Administrativo do Governo do Estado, na Capital.
GABRIELLE BITTELBRUN
TELEMEDICINA
SC é pioneira no trabalho médico
Santa Catarina é pioneira no sistema de compartilhamento de informações médicas. Segundo o coordenador do grupo de pesquisa de Telemedicina da UFSC, professor Aldo von Wangenheim, Minas Gerais e São Paulo contam com uma rede similar. Mas ela contempla poucos exames, como por exemplo o raio-X.
Para o professor Wangenheim, a expansão da rede em SC ocorreu por necessidades pontuais das regiões, como a falta de médicos de algumas especialidades
Foi isso que despertou o interesse das prefeituras em facilitar a emissão de laudos por médicos de outras localidades.
O professor estima que, daqui a cinco ou 10 anos, a rede de Telemedicina tenha se expandido de tal maneira em Santa Catarina que todo tipo de informação dos pacientes, como os exames realizados e os tratamentos adotados, esteja no sistema.
Para que a rede seja implantada em todo o país, o professor considera que é preciso haver o mesmo interesse político. Além disso, segundo Wangenheim, a tecnologia que a rede de Telemedicina exige para funcionar é relativamente simples e já estava disponível há 10 anos.
O maior desafio para a extensão do sistema não é o aparato tecnológico, mas a mudança em relação à atuação do médico e à valorização do fator presencial.
– É preciso aceitar que o processo de trabalho dos médicos mude – defende.
ARTIGOS
Remuneração médica, por José Cechin *A discussão sobre remuneração médica na rede privada necessita ser aclarada, seja pelas diferenças substantivas da dinâmica de custos da saúde suplementar em comparação a outros mercados, seja pela livre negociação que rege a relação entre médicos e operadoras de saúde. O crescimento da demanda por serviços de saúde, impulsionado pelo envelhecimento e aumento da longevidade da população, incorporação de novas tecnologias e crescente consciência em relação aos cuidados com a saúde, tem contribuído para aumentar o número de consultas e exames de diagnóstico pelos beneficiários e, consequentemente, as despesas das operadoras.
As operadoras são gestoras do dinheiro dos beneficiários e cabe a elas zelar pelo equilíbrio dessa balança, garantindo a oferta e a qualidade de todos os serviços contratados. Imaginar que é possível aplicar os mesmos índices de aumento de mensalidades às tabelas de honorários dos prestadores de serviços é ignorar a complexidade de gerenciamento de toda essa engrenagem.
A baixa remuneração dos médicos não interessa a nenhum dos lados. Empresas filiadas à Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que reúne 15 das maiores operadoras do país (das 1.183 operadoras em atividade), que respondem pelo atendimento a 20,2 milhões de beneficiários e cerca de 37% do mercado, aplicaram reajustes entre 83,3% e 116,3% no valor das consultas médicas praticado entre 2002 e 2010. Esses índices, reajustados anualmente nas datas-bases acordadas, são significativamente superiores à variação do IPCA do período, de 56,9%.
Pesquisa do Datafolha para o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess) mostrou que 80% dos entrevistados avaliam positivamente os planos de saúde e que 95% tiveram as solicitações para realização de procedimentos médicos autorizadas no último ano.
* Diretor executivo da FenaSaúde
14º FEMESC reunirá médicos em Balneário Camboriú
Em reunião realizada esta semana na Associação Catarinense de Medicina na capital, o presidente do Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (SIMESC) Cyro Soncini declarou que a expectativa é de que pelo menos 250 médicos participem das atividades
Cyro Soncini, presidente do sindicato dos medicos de santa catarina
Médicos de Santa Catarina estarão reunidos entre os dias 3 e 4 de junho, no hotel Sibara, em Balneário Camboriú para a 14ª edição do FEMESC (Fórum das Entidades Médicas de Santa Catarina). Entre os principais temas em debate a judicialização da medicina e a regulação médica de urgências. Ao final do encontro a plenária estadual dos médicos redigirá a Carta de Balneário Camboriú.
Em reunião realizada esta semana na Associação Catarinense de Medicina na capital, o presidente do Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (SIMESC) Cyro Soncini declarou que a expectativa é de que pelo menos 250 médicos participem das atividades. “Analiso como positiva a discussão sobre a judicialização da medicina que terá a participação de representantes de expressão para debatermos o tema como o secretário estadual de Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, o juiz Sílvio Dagoberto Orsatto, o promotor de justiça Luiz Suzin Marini Júnior e a presidenta da Associação Catarinense de Medicina, Márcia Regina Ghellar logo na abertura do Fórum”, avalia Cyro.
Além de participar do debate da judicialização da medicina, o secretário Dalmo de Oliveira também explanará em conferência sobre o panorama da saúde pública em Santa Catarina. “Ele já nos antecipou que irá apresentar os dados de como encontrou a pasta quando assumiu o cargo. Acredito que isso facilitará muito a compreensão e análise da atual situação da saúde no Estado pelos colegas presentes ao FEMESC”, acrescenta Cyro Soncini.
A 14ª edição do FEMESC está sendo coordenada pelo SIMESC e terá também mesa redonda que discutirá a regulação médica de urgências. Participam como debatedores Saint Clair Vieira de Oliveira (cirurgião do hospital Celso Ramos – Florianópolis), Cristina Machado Pires (médica coordenadora do SAMU/SC), Rosina Moritz dos Santos (pedagoga, secretária adjunta estadual de Saúde), Florentino de Araújo Cardoso Filho (médico diretor de Saúde Pública da Associação Médica Brasileira e presidente da Associação Médica Cearense), Ricardo Polli (médico presidente do Conselho Regional de Medicina).
O evento encerra com a redação e aprovação da Carta de Balneário Camboriú.
Programação 14º FEMESC
03/06 – sexta-feira
15 às 17h30: Mesa redonda: Judicialização da Medicina
Presidente - SIMESC
Secretário - CREMESC
Debatedores: Dalmo Claro de Oliveira – médico, Secretário de Estado da Saúde / Silvio Dagoberto Orsatto - juiz de direito, membro do Comitê Estadual no Âmbito do
Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde / Luis Suzin Marini Jr. - promotor de justiça, Coordenador Geral do Centro de Apoio Operacional da Cidadania e Fundações e Membro do Comitê / Márcia Regina Ghellar, médica, Presidente da Associação Catarinense de Medicina
Debates
20h30: Solenidade de abertura
21h: Conferência: Panorama da Saúde Pública em Santa Catarina
Conferencista: Dalmo Claro de Oliveira, Secretário de Estado da Saúde
22h: jantar
04/06 – sábado
9 âs 11h30: Mesa redonda: Regulação Médica de Urgências
Presidente – ACM
Secretário – SIMERSUL
Debatedores: Saint Clair Vieira de Oliveira, médico, Cirurgião do Hospital Governador Celso Ramos / Cristina Machado Pires - médica, Coordenadora do SAMU em Santa Catarina / Rosina Moritz dos Santos, pedagoga, Secretária Adjunta da Secretaria de Estado da Saúde / Florentino de Araújo Cardoso Filho - médico, médico diretor de Saúde Pública da Associação Médica Brasileira e presidente da Associação Médica Cearense / Ricardo Polli, médico, Presidente do Conselho Regional de Medicina