MATERNIDADE DARCY VARGAS
Renovada parceria com universidade
O Secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, e o pró-reitor da Univille, Raul Land-mann, assinaram ontem, pela manhã, a renovação do termo de cooperação técnica para que a Maternidade Darcy Vargas continue sendo a escola para alunos das últimas fases de medicina da Univille. O documento estende até julho de 2012 a parceria que permite que estudantes dos 5º e 6º anos aprendam práticas de cuidados da gestante e do recém-nascido.
Em contrapartida, a maternidade recebe R$ 120 mil anuais. O recurso tem sido investido na compra de equipamentos e móveis. Entre eles, as TVs instaladas em 2010 em quartos e salas de espera. Há 16 meses, a unidade faz cesarianas de forma improvisada por causa de uma reforma cujos prazos estouraram. A nova previsão de conclusão é outubro.
Na Darcy Vargas, 40 estagiários atuam, em média, por mês. Eles aprendem a fazer partos, assistem a cirurgias e auxiliam no cuidado de bebês. O estágio é obrigatório e não-remunerado. Como não são formados, internos não podem substituir médicos nem residentes.
No auditório da maternidade, Dalmo informou que, nos últimos dois anos, 600 estagiários passaram pela Darcy Vargas e pelo Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. No Estado, são 8 mil estagiários em 14 unidades de gestão própria e quatro mantidas por organizações sociais.
PLANOS DE SAÚDE
Governo quer ser ressarcido também por procedimentos
Dois anos após recomendação do Tribunal de Contas da União, o Ministério da Saúde resolveu cobrar dos planos de saúde por atendimentos de alta complexidade prestados aos clientes na rede pública – como químio. Pela estimativa do TCU, de 2003 a 2007 o governo poderia ter arrecadado R$ 1,3 bilhão. Internações já são ressarcidas.
Mundo
COBAIAS HUMANAS
Experiências dos EUA mataram 83
Pesquisas sobre DSTs foram feitas com 5,5 mil guatemaltecosUm escândalo que envolve ética médica e começou a ser investigado em novembro de 2010 ganhou força ontem. Foram confirmadas 83 mortes de guatemaltecos que foram submetidos a macabras experiências médicas feitas por cientistas norte-americanos que pesquisavam sobre doenças sexualmente transmissíveis nos anos 1940. A determinação de que os casos realmente aconteceram foi de uma comissão de investigação criada pelo presidente americano Barack Obama.
Cerca de 5,5 mil pessoas participaram das experiências sem saber do que consistiam e, entre elas, 1,3 mil foram expostas ou inoculadas com doenças venéreas, segundo Stephen Hauser, membro da comissão, que apresentou suas conclusões preliminares.
Hauser disse que a comissão ainda não determinou em que nível as mortes estiveram direta ou indiretamente relacionadas às experiências, mas que detectaram casos de infecções e meningites depois das inoculações. Das pessoas contaminadas com doenças venéreas, como sífilis e gonorreia, apenas 700 receberam algum tipo de tratamento posterior.
A comissão presidencial para temas de bioética, que por nove meses revisou mais de 125 mil documentos sobre testes realizados entre 1946 e 1948 com financiamento dos institutos nacionais de saúde (NIH), entregará seu relatório final a Obama em setembro.
Obama determinou a investigação do caso em novembro passado, um mês depois que foram reveladas essas experiências classificadas como “crimes contra a humanidade” pelo presidente da Guatemala, Alvaro Colom, cujo governo iniciou suas próprias averiguações.
O presidente norte-americano ligou para Colom para desculpar-se pessoalmente ao tomar conhecimento do fato, que classificou como “imoral”.
Vários dos cientistas que participaram nas experiências na Guatemala já haviam realizado, em 1943, um estudo similar com presos nos Estados Unidos, mas, neste caso, os voluntários sabiam do que se tratava e deram seu consentimento.
ESTUDO
Boiar no mar Morto ajuda diabéticos
Boiar no mar Morto por 20 minutos pode ajudar os diabéticos a reduzir suas taxas de açúcar no sangue, segundo estudo realizado por cientistas israelenses e publicado ontem no jornal “Haaretz”. As 14 pessoas com diabetes tipo 2 que participaram do estudo tiveram redução significativa nos níveis de glicemia.
AN Jaraguá
MUTIRÃO DE CIRURGIAS
Começam os agendamentos
Pré-operatórios de pacientes na fila de espera serão marcados a partir de segunda
A partir de segunda-feira, as ssecretarias de Saúde da região começam a realizar o agendamento das cirurgias eletivas previstas no mutirão do governo do Estado, anunciado no mês passado. Os pacientes serão chamados por telefone para marcar uma consulta pré-operatória, que definirá a data do procedimento.
Segundo o gerente de Saúde da Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) de Jaraguá do Sul, Sérgio Pacheco, a previsão é de que 800 cirurgias sejam feitas na região nas especialidades de otorrinolaringologia (amígdalas, adenoide e cirurgia múltipla), ortopedia (joelho, membros superiores ou inferiores e retirada de material de síntese e pinos), oftalmologia (catarata) e cirurgia geral (vesícula, hérnia e varizes).
No Vale do Itapocu, cerca de 1,5 mil pacientes estão na fila de espera somente nas especialidades previstas no mutirão. Se somar todas as áreas médicas, o número chega a 2,1 mil. “A prioridade será de quem está há mais tempo na fila. Há casos de pacientes que estão há mais de dois anos aguardando para fazer cirurgia de varizes”, diz Pacheco.
Na segunda-feira, os hospitais Jaraguá e São José assinarão um convênio com a Secretaria de Estado da Saúde se comprometendo a realizar as operações previstas até o fim do ano. A cada 50 cirurgias, as instituições receberão um incentivo de R$ 10 mil. Ontem, os dois hospitais não tinham o número exato de médicos que participarão do mutirão. Em todo o Estado, a previsão é de 22,6 mil procedimentos até o fim de 2012. O custo é R$ 20 milhões.
MUTIRÃO DE CIRURGIAS
A ansiedade de quem espera
Há cerca de quatro meses, o segurança Orlando Leandro, 46 anos, descobriu que tem uma hérnia e entrou na fila de espera para fazer a cirurgia. “Não sei se vão me chamar no mutirão porque tem outras pessoas na minha frente. Mas é uma boa iniciativa porque vai evitar que os pacientes fiquem mais tempo esperando”, destacou.
Já o cobrador Idomar Zezuíno, 53 anos, descobriu que tem um problema cardíaco há três anos. Ele afirma que uma válvula do coração está parada e que o problema só será corrigido com uma cirurgia. Idomar conta que fez consultas particulares até maio deste ano, quando soube que o caso poderia ser atendido pelo SUS. “Estou preocupado porque não sei quando vou fazer a cirurgia”, comentou. O caso de Idomar não se encaixa com o mutirão, mas ele tem esperança de ser atendido logo.
O secretário de Saúde, Francisco Garcia, afirma que somente com o retorno ao especialista que está acompanhando o caso é que Idomar terá o diagnóstico sobre a necessidade da cirurgia. Garcia afirma que a consulta estava prevista para este mês, mas houve atraso nos atendimentos e ela deve ocorrer em setembro. “Estamos tratando o caso dele como prioridade”, garantiu o secretário.
Saiba mais
Em maio deste ano, as cinco cidades da região fi rmaram um convênio com os hospitais Jaraguá e São José que garante o repasse de R$ 150 por cirurgia eletiva, além dos recursos recebidos pelo SUS. Só o Hospital Jaraguá fez 300 cirurgias em quatro meses.
EMAGRECEDORES
Anvisa decide, hoje, sobre proibição da sibutramina
Possível retirada dos medicamentos das prateleiras das farmácias contrapõe especialistas em SC
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decide, hoje, se mantém ou proíbe a venda dos remédios emagrecedores no Brasil. Em SC, maior consumidor do inibidor sibutramina, parte da classe médica é favorável à permanência, principalmente endocrinologistas e nutrólogos. Mas psiquiatras criticam o uso abusivo das pílulas, que atuam diretamente no sistema nervoso central.
A decisão estava marcada para ontem, só que foi postergada mais uma vez. Em fevereiro, o veto aos produtos já foi adiado. Na ocasião, o colegiado da Anvisa analisou a recomendação da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme), grupo de consultores da agência, que recomendou a proibição da comercialização da sibutramina e derivados de anfetaminas – anfepramona, femproporex e mazindol.
Com a pressão das entidades médicas, a Catema fez novo relatório, mantido sob sigilo. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o documento sugere permitir a sibutramina.
A discussão veio à tona depois que a substância foi proibida na Europa e EUA, com base em um estudo que apontou que apenas 30% dos usuários perderam peso e as chances de derrame e infarto aumentaram 16% em pessoas com predisposição.
Membro da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), o especialista em medicina esportiva Glaicon Michels defende a manutenção. Para ele, o médico é capaz de identificar se o paciente pode ou não usar.
– É preciso formação médica para saber a hora de começar e suspender o tratamento – diz Michels.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) em SC, Itairan da Silva Terres, os riscos da obesidade e as dificuldades em obter resultado em tratamentos não-medicamentosos são superiores aos efeitos negativos.
Mas psiquiatras, como Marcos de Noronha Ribeiro, são mais reticentes. Ribeiro é contra proibir, mas alerta sobre a necessidade de mais critérios.
– A sibutramina é um antidepressivo. Na maioria das pessoas, obesidade tem espectro compulsivo – diz.
Para ele, estas pessoas não podem usar o remédio, que pode levar a quadros de psicose e até suicídio.
– Anfetaminas são mais perigosas. Nunca receitaria para emagrecer, pois, além dos transtornos em pacientes com tendências compulsivas, altera a estabilidade de humor e pode levar à dependência. É mais violento do que uma cirurgia bariátrica.
ROBERTA KREMER
EMAGRECEDORES
Usuários estão divididos
O uso dos medicamentos também divide a opinião de quem usa ou já consumiu os populares inibidores de apetite. A bibliotecária Leonita Fernandes, 40 anos, não sofreu os efeitos colaterais da sibutramina – insônia e aumento de pressão arterial –, mas considerou que o remédio não teve efeito durante os 10 anos em que tentou perder peso com a substância.
– Comecei a usar a sibutramina assim que explodiu no mercado. No começo, achava que ia tomar e parava a saciedade. Mas depois notei que não fazia efeito, pois sempre que começava a tomar, iniciava uma dieta e fazia mais exercícios físicos, isso sim fazia a diferença. Não dou crédito à medicação, pois, no ano passado, tentei usar novamente e percebi que não fazia diferença – afirma.
De família predispota à obesidade, Leonita também fez uso de anfetamina. Considerou uma “bomba”, diz que se sentia mal-humorada e com sintomas de anorexia. Não comia quase nada quando ingeria o remédio.
– Mas se ficasse dois dias sem tomar a anfetamina, queria comer uma churrascaria inteira. Acabava retornando todo o peso – conta a bibliotecária, que agora optou apenas por manter o controle alimentar e a prática de exercícios físicos.
Para outras pessoas, o consumo dos inibidores de apetite é a garantia de se alcançar um corpo em forma com mais rapidez. A recepcionista Livia Nogueira, 27 anos, explica que começou a tomar a sibutramina porque tinha muita dificuldade em reduzir peso. Há quatro meses, passou a tomar o remédio com acompanhamento médico. Com alimentação equilibrada e de academia, saiu dos 70 quilos para os 65. O tratamento acaba quando ela chegar a 60 quilos.
– O único efeito colateral que sinto é um pouquinho de secura na boca. Tinha tentado só com dieta alimentar, sem o mesmo resultado. Senti que passou a ansiedade e melhorei a autoestima, me sinto mais bonita – garante Livia.
ARTIGOS
Dia do Nutricionista, por Ana Jeanette Lopes de Haro *
No Brasil, a nutrição emergiu no decorrer dos anos 1930 e 1940, fomentada por estudos e pesquisas anteriores relacionados à alimentação e aos hábitos alimentares da população.
No início da década de 1930 surgem duas correntes científicas relacionadas à nutrição: uma delas, segundo o professor Francisco de Assis Vasconcelos, conhecida como de “perspectiva biológica”, enfocando o indivíduo, a doença e a fisiologia; a segunda, de “perspectiva social”, voltada para a produção e consumo de alimentos pelos brasileiros, com foco na coletividade e na disponibilidade de alimentos.
Em 31 de agosto de 1949, foi criada a Associação Brasileira de Nutricionistas (ABN), e em alusão ao fato, comemora-se nesta data o Dia do Nutricionista. O período entre 1950 e 1975 é designado, na obra de Vasconcelos, como a fase da “consolidação da profissão de nutricionista”, e teve como pontos marcantes a aprovação da primeira regulamentação da profissão (Lei Federal 5276/67) e a ampliação de cursos de Nutrição no país.
A fase da “evolução da profissão” (1976-984) é marcada pela criação dos conselhos Federal e regionais de nutricionistas, aprovada pela Lei Federal 6583/1978, regulamentada pelo Decreto 84444/1980.
Após esta fase, ocorreu um crescimento no processo de mobilização política da categoria, coroada pela aprovação da segunda regulamentação (Lei Federal 8234/1991), que estabelece as atribuições privativas do nutricionista.
As atuais políticas públicas brasileiras para a área de saúde e alimentação, que objetivam garantir alimentação segura, adequada e saudável como direito de todos os brasileiros estão em consonância com as origens da história da nutrição e dos nutricionistas.
O tema da campanha do Sistema CFN/CRN para 2011, trabalhando seus três eixos – fome, obesidade e desperdício de alimentos –, resgata a história e defende a saúde e a qualidade de vida dos brasileiros.
* Presidente do CRN-10
Contratação:Começou pela Saúde a contratação dos aprovados em concurso para atuarem nas SDRs. A promessa do governo é ampliar.