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OPINIÃO DE A NOTÍCIA

Anúncios do governo

A previsão de liberação de obras na Costa do Encanto e a autorização para contratações emergenciais pelo Hospital Regional Hans Dieter (dentro de um pacote para todo o Estado) são duas boas notícias do governo do Estado para Joinville e região. As áreas contempladas são justamente aquelas com maiores demandas do Norte com o governo do Estado.

A Costa do Encanto, uma via alternativa de tráfego no Norte com apelo turístico, foi prometida há quase uma década, ainda pelo governo anterior. A administração anterior executou uma parte e garantiu financiamento e, tudo indica, as obras serão retomadas a partir de agora. Como já houve atraso suficiente, afinal as mesmas ordens de serviço de dois dos trechos que serão autorizadas agora foram liberadas no ano passado, espera-se agilidade nas obras.

O reforço de pessoal no Regional é a ação mais necessária para ampliar o atendimento no hospital. Inclusive autoridades estaduais reconhecem a necessidade da unidade de saúde produzir mais e não deixar Joinville tão dependente do Hospital Municipal São José.

Outras medidas são necessárias, seja na infraestrutura ou na saúde, mas as notícias sobre a Costa do Encanto e o Hospital Regional são motivos de comemoração. Está havendo reconhecimento, embora com algum atraso – se trata de governo de continuidade. Espera-se maior velocidade de agora em diante do governo do Estado no atendimento das cobranças de Joinville e região.

  

OPINIÃO DO GRUPO RBS

Os ralos da saúde


O debate em torno da viabilização de mais verbas para a saúde provoca um questionamento paralelo que os gestores federais, estaduais e municipais, com exceções, preferem ignorar. Trata-se do desperdício de recursos em decorrência da ineficiência na aplicação das verbas e também de irregularidades. Repetem-se, sem que sejam reprimidas, as manobras que registram como investimentos no setor alguns gastos sem nenhuma conexão com a saúde. É uma forma de burlar as normas, ainda difusas, que determinam despesas mínimas com os serviços, baseadas nos orçamentos públicos. O mais grave, no entanto, é que as contas da área estão sob descontrole, conforme alerta da dirigente da União Nacional dos Auditores do SUS, Jovita Rosa.

Em entrevista recente, a auditora reforçou um diagnóstico que não é novo, mas suas observações têm impacto por serem apresentadas publicamente por quem conhece o funcionamento do sistema de saúde. Na sua avaliação, o aumento das dotações, em todos os níveis, da União aos municípios, dificilmente se traduzirá em melhorias significativas nos serviços. Tudo porque o SUS enfrenta sangria crônica de recursos por ralos que desviam boa parte das verbas das suas destinações. É uma realidade que não anula os argumentos em favor de mais recursos, mas que deveria ser considerada quando há um esforço do governo para a criar novo imposto o custeio do SUS.


 Geral


HOSPITAL REGIONAL

Pedido de socorro é atendido
Governo autoriza a contratação de 12 médicos para atender na emergência


A falta de plantonistas na emergência do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville, pode estar perto de ser resolvida. O governo autorizou ontem a contratação de 596 profissionais de saúde em todo o Estado. Desses, 142 serão chamados de forma imediata, por meio de processo seletivo e contrato temporário. O restante será por um concurso público autorizado para ocorrer ainda este ano.

O Regional de Joinville foi autorizado a receber 27 profissionais o mais rápido possível. São 12 médicos (oito clínicos e quatro cirurgiões) para preencher as escalas de trabalho do pronto-socorro, que tem ficado sem plantão nos últimos fins de semana. Mais 15 técnicos de enfermagem serão chamados para reativar os dez leitos de UTI, que tiveram de ser fechados em agosto, também por falta de profissionais.

No hospital, todas as contratações serão temporárias, por meio de processo seletivo, segundo a direção. O contrato vai até o concurso ser realizado e os aprovados estiverem prontos para assumir as vagas. Se atingir a meta, o número de médicos do pronto-socorro será dobrado: eles passarão de 12 para 24.

Apesar de as dificuldades recentes para encontrar profissionais temporários – o próprio Hans Dieter Schmidt é um exemplo, com a realização de processos seletivos com poucos candidatos –, o secretário de Estado de Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, espera preencher ou chegar perto de atender as vagas mais urgentes. “Tem a questão de falta de profissionais no mercado. Muitos não querem o contrato temporário, mas a realização do concurso deve ser um incentivo.”

Além dos 27 profissionais imediatos no pronto-socorro e UTI, um levantamento no Regional indicou que serão necessários mais 19 funcionários em outros setores para atender à demanda atual. A situação é a menos pior do Estado. O Hospital Celso Ramos, em Florianópolis, por exemplo, precisa de 138 profissionais (veja ao lado).

Segundo o secretário, a Maternidade Darcy Vargas também administrada pelo Estado, não terá contratações, por enquanto.

rogerio.kreidlow@an.com.br


ROGÉRIO KREIDLOW

  


HOSPITAL REGIONAL
“A situação piorou nos últimos meses”

Entrevista/secretário de Estado da Saúde

A decisão de contratar temporários e abrir concurso público é considerada uma emergência?

Dalmo Claro de Oliveira – Sim. Tem casos, como o Hospital Regional de Joinville, em que houve redução de pessoal (quatro médicos pediram demissão). Em outras unidades, a demanda cresceu. Houve também aposentadorias, afastamentos, vagas que têm que ser supridas.

A restrição de orçamento dos primeiros meses de governo contribuiu para a situação chegar a esse ponto?

Dalmo – Tínhamos que tomar conhecimento da situação, e nos quatro primeiros meses o governo decidiu apertar o cinto para fazer esse diagnóstico. A situação piorou nos últimos meses, de alguma maneira, e foi a hora de autorizarmos a contratação.

O concurso público será realizado ainda este ano?

Dalmo – É a intenção. Tem alguns trâmites, como abrir licitação para contratar a empresa que vai fazer concurso, mas esperamos que isso seja feito o mais rápido possível para atendermos à demanda por profissionais.

  
MATERNIDADE DARCY VARGAS

Alegria virou tristeza
Para casal, a falta de atendimento médico em maternidade provocou morte da filha

A expectativa e a alegria de um casal, que aguardava a chegada da primeira filha mulher, viraram tristeza e indignação. Diovânia Felipe, 38 anos, e Jailton de Souza, 41, dizem que o descaso no atendimento médico na Maternidade Darcy Vargas, em Joinville, provocou a morte da filha. A menina, que se chamaria Damaris, nasceu sem vida na sexta-feira passada.

Os exames feitos no pré-natal indicavam que a criança deveria nascer até o dia 27 de agosto. Mas, segundo o casal, os médicos que atenderam Diovânia, nas cinco vezes em que ela procurou a maternidade, não quiseram fazer a cesariana e ignoraram as recomendações do médico que acompanhou a gestação no posto de saúde do bairro Estevão de Matos, onde moram. Diovânia teve pressão alta durante a gravidez e a bebê não estava na posição correta para o parto normal.

“Fui três vezes à maternidade com pressão alta. A terceira vez foi dia 29, quando fui ao postinho e uma ambulância do Samu me levou à maternidade. Mesmo assim, não fui atendida”, conta Diovânia. Ela diz que no dia 1º voltou a se sentir mal e foi novamente ao hospital. “Tive febre, mas disseram para voltar só quando começasse a sentir contrações, porque a bebê ainda não estava na posição para nascer”, conta.

No dia seguinte, Diovânia começou a sentir fortes dores. Ela e o marido foram à maternidade, ansiosos pela chegada do terceiro filho, que seria a primeira menina. Neste dia, Dilvânia foi internada. “O médico que nos atendeu disse que poderia voltar tranquilo para casa, porque a bebê nasceria na manhã seguinte. Duas horas depois me ligaram dizendo que havia acontecido um probleminha”, lembra o pai.

O casal disse que já doou todas as roupas, o berço e as fraldas. “O mais triste foi ter de comprar um caixãozinho para ela”, conta Jailton. Ele diz que vai procurar um advogado para pedir indenização por danos morais. “Não pelo dinheiro, mas para que eles sejam punidos e que isto não ocorra com outras pessoas.”

mariana.pereira@an.com.br

 


MATERNIDADE DARCY VARGAS
Causa da morte foi asfixia

Diovânia conta que a preparação para o parto durou pelo menos uma hora. “O primeiro médico que me examinou disse que ouviu o coraçãozinho.”

Ela lembra que no centro cirúrgico o obstetra não encontrava o coração da bebê e disse que, provavelmente, o que o primeiro médico escutou era a pulsação da gestante. “Então, foi uma correria. Nem esperaram a anestesia fazer efeito. Gritei com a dor do corte, aguentei firme, mas era tarde.”

Na certidão de óbito, consta que a causa da morte foi por asfixia. Mas o laudo completo sairá em 30 dias.

A gerente administrativa da Maternidade Darcy Vargas, Heloísa Hoffmann, disse que o caso foi encaminhado ao comitê de ética da unidade, que vai apurar se foi uma fatalidade ou se houve negligência médica. O diretor da unidade de saúde, Fernando Marques, disse que só falará sobre o caso após sair o laudo.

 

EMOÇÃO RARA
Prontos para uma nova vida
Mulher que doou o rim para o ex-marido se recupera bem. Ele sai do São José hoje

Rosmari da Silva Noronha, 49 anos, protagonista de uma história inusitada ao doar um rim ao ex-marido, chega ao sétimo dia após a operação praticamente recuperada. Ela voltará a Joinville especialmente para buscar o ex-marido Osório Noronha, 53 anos, que recebe alta hoje.

Segundo a doadora, a recuperação está sendo rápida e sem complicações. Ela teve alta no Hospital São José na segunda-feira passada e está na casa da irmã, em Itapema.

Ela quase consegue ter uma rotina normal: anda, faz atividades do cotidiano e se alimenta sem restrições. “Só não posso fazer esforço por seis semanas”, diz.

Osório vai receber alta antes do previsto, que era de pelo menos dez dias. A recuperação foi rápida, apesar de ter passado a quarta-feira não muito bem por causa de reações da medicação. Ele sairá do hospital por volta das 8 horas de hoje.

Depois da alta, ele vai ter de ficar isolado porque está com imunidade baixa. As comemorações ficarão para depois

 

 EMOÇÃO RARA
Operação de 3 horas sem complicações

Sobre a cirurgia, a educadora física Rosmari Noronha conta que foram três horas para retirar o rim e outras três para implantar no ex-marido Osório Noronha. “Os médicos ficaram felizes e surpresos com a cirurgia. Eles nunca viram um rim tão saudável. No primeiro momento já funcionou”, conta.

Separados há 16 anos depois de 14 anos de casamento, a educadora física e o corretor têm dois filhos, Aline e Maurício. A família, incluindo a ex-cunhada Tânia, acompanhou toda a batalha de encontrar um doador compatível para Osório, que sofria de insuficiência renal há cinco anos, provocada por diabetes.

“Fiz isso pela amizade e pelo amor como ser humano”, disse Romari, um dia antes de o ex-marido ser operado.

 


CAIXA PARA SAÚDE

Alternativas no lucro do pré-sal e nos jogos
Preocupação é com novas fontes para financiamentos imediatos na área

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou, ontem, que os governadores estão preocupados com novas fontes de financiamento imediato para a saúde e que precisam de mais recursos agora. “O dinheiro do pré-sal destinado à saúde já está previsto e aprovado no Congresso”, diz Padilha.

O fundo social, de onde virá o recurso, já foi criado, mas deverá ser abastecido a partir de 2015, com a exploração do pré-sal, o que não resolveria o impasse orçamentário atual para a emenda 29, que regulamenta os percentuais de União, Estados e municípios.

Padilha afirmou que está confiante que deputados e senadores encontrem um caminho para solucionar o problema. Durante coletiva, evitou comentar que saída seria a mais adequada e reiterou que a saúde deve ter regra clara e estável de investimento, além de mais recursos.

“Sou otimista sobre o debate no Congresso”, afirmou o ministro, após o 1º Encontro com a Comunidade Científica no qual anunciou o investimento de R$ 1,5 bilhão em área de pesquisa e produção tecnológica no País para os próximos quatro anos.

Também ontem, o ministro Guido Mantega (Fazenda) explicou que não há a intenção de se direcionar recursos da exploração do pré-sal para a saúde.

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), defendeu a legalização dos jogos de azar como possível fonte de financiamento para a saúde. Cabral participou da inauguração do prédio reformado da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj) e na qual foram doados cerca de R$ 4 milhões a projetos sociais, fruto da arrecadação da Loterj.

“Eu acho que o jogo no Brasil, se aberto e legalizado, poderia ser uma fonte de financiamento importante para tanta coisa. Inclusive para saúde.” Cabral afirmou que “só no Iraque, no Afeganistão, no Iêmen e na Coreia do Norte” o jogo não é legalizado.

 

 

 Visor

INTEGRAÇÃO
Nos próximos dias 22 e 23, a Associação Catarinense de Medicina (ACM) e Unimed Grande Florianópolis promovem 1º Fórum de Integração Medicina e Justiça, na Capital

 

 ARTIGOS
Drogas e infertilidade, por Dirceu Henrique Mendes Pereira *

É chocante constatar que celebridades do esporte, das artes e de outras profissões utilizam drogas para conseguir alcançar níveis de satisfação e produtividade nas suas áreas de atuação. O consumo de drogas ilícitas vem aumentando substancialmente, tornando-se um pesadelo para a humanidade, afetando o relacionamento familiar, provocando repercussões sociais e prejudicando a saúde dos indivíduos. Além dos efeitos maléficos sobre o corpo e a mente dos usuários, as drogas também prejudicam o sistema reprodutivo. O usuário fica mais suscetível às doenças sexualmente transmissíveis, dificultando a obtenção e evolução de uma gravidez saudável.

O álcool e o tabaco – embora considerados drogas lícitas – causam danos irreparáveis tanto quanto a maconha, cocaína, heroína, ecstasy, LSD, crack, narguile, cetamina, inalantes, solventes, ansiolíticos, barbitúricos, ópio, morfina, heroína, oxi, anfetaminas. A fertilidade do homem e da mulher é afetada de forma sorrateira em decorrência da ação tóxica das inúmeras substâncias que integram o tabaco, geradoras de radicais livres. A mulher fumante pode ter dificuldade para engravidar, interrupção da gravidez, retardo de crescimento fetal intrauterino e recém-nascido de baixo peso. O seu patrimônio de óvulos é reduzido em decorrência da ação tóxica das substâncias do tabaco e há diminuição do fluxo sanguíneo das artérias que irrigam os ovários.

A fertilidade masculina é afetada devido à ação deletéria das substâncias tóxicas e dos radicais livres, produzindo lesões na membrana e no DNA dos espermatozóides. Em casos extremos, pode ocorrer morte celular (apoptose), provocando alterações no patrimônio de espermatozoides. Existem repercussões negativas no comportamento sexual, sendo a mais frequente a disfunção de ereção peniana decorrente de dificuldade de irrigação vascular.

Uma constatação preocupante é de que os indivíduos alcoolizados têm um comportamento sexual de risco, expondo-se a doenças sexualmente transmissíveis (DST), principalmente as hepatites e a Aids. Atualmente, a medicina reprodutiva tem realizado procedimento muito seguro de fertilização in vitro, utilizando a técnica de injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) com tratamento especial que evita a transmissão do vírus para o embrião.

*Doutor em Ginecologia e Obstetrícia e diretor científico da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana

 


EDITORIAIS

OS RALOS DA SAÚDE

O debate em torno da viabilização de mais verbas para a saúde provoca um questionamento paralelo que os gestores federais, estaduais e municipais, com exceções, preferem ignorar. Trata-se do desperdício de recursos em decorrência da ineficiência na aplicação das verbas e também de irregularidades. Repetem-se, sem que sejam reprimidas, as manobras que registram como investimentos no setor alguns gastos sem nenhuma conexão com a saúde. É uma forma de burlar as normas, ainda difusas, que determinam despesas mínimas com os serviços, baseadas nos orçamentos públicos. O mais grave, no entanto, é que as contas da área estão sob descontrole, conforme alerta da dirigente da União Nacional dos Auditores do Sistema Único de Saúde, Jovita Rosa, que também integra o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.

Em entrevista recente, a auditora reforçou um diagnóstico que não é novo, mas suas observações têm impacto por serem apresentadas publicamente por quem conhece o funcionamento do sistema de saúde. Na sua avaliação, o aumento das dotações, em todos os níveis, da União aos municípios, dificilmente se traduzirá em melhorias significativas nos serviços. Tudo porque o SUS enfrenta sangria crônica de recursos por ralos que desviam boa parte das verbas das suas destinações, sem que os controles internos identifiquem tais procedimentos. Certamente, somem nesses labirintos recursos que deveriam ser aplicados em programas capazes de evitar ou pelo menos atenuar os dramas das emergências e das filas, se a saúde fosse percebida numa visão mais ampla, com atenção à prevenção e a investimentos em saneamento básico, que têm relação direta com qualidade de vida.

Uma das causas dessas omissões seria o sucateamento dos quadros de auditagem do governo federal, que não são renovados. O Sistema Nacional de Auditoria, criado há 18 anos, existiria assim apenas formalmente, sem um trabalho efetivo de averiguação dos gastos com saúde. É uma realidade que não anula os argumentos em favor de mais recursos, mas que deveria ser considerada quando há um esforço do governo no sentido de convencer o Congresso a criar novo imposto para a complementação do custeio do SUS.

A ameaça de gerar tributos está presente desde 2007, quando da extinção da CPMF, mesmo que o próprio governo tenha desperdiçado oportunidades recentes de aumentar as verbas para a saúde, por conta exatamente do aumento de impostos, como o IOF. Discute-se agora a criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS), que dividiu os governadores. E aponta-se até mesmo parte da renda com os royalties do pré-sal como saída milagrosa, mesmo que tais receitas só venham a se viabilizar no longo prazo. Por fim, registre-se que a própria base aliada suspeita que a CSS poderia ter o mesmo destino da CPMF, que não assegurava aplicação integral em saúde e se prestava, com manobras contábeis, ao financiamento de outras áreas menos essenciais

 

Geral


JOINVILLE
Sonho de casal vira tristeza e indignação


Pais acusam médicos da Maternidade Darcy Vargas pela morte da filha

A expectativa de um casal, que aguardou por nove meses a chegada da primeira filha, foi substituída por tristeza e indignação em Joinville. Diovânia Felipe, 38 anos, e Jailton de Souza, 41, acusam médicos da Maternidade Darcy Vargas de negligência e pretendem processar os profissionais que teriam responsabilidade sobre a morte da filha.

Exames feitos durante o pré-natal apontavam que o bebê estava atravessado no útero e deveria nascer até o dia 27 de agosto. Mas, segundo o casal, os médicos que atenderam Diovânia nas cinco vezes em que ela procurou a maternidade negaram-se a realizar a cesária.

Na última sexta-feira, a bebê, que se chamaria Damaris, nasceu morta, e só ontem a mãe, que passou por complicações no parto, recebeu alta.

No caso de Diovânia, o bebê deveria ter nascido após 40 semanas de gestação. Mas o drama se estendeu por uma semana e três dias, e a pequena Damaris acabou não resistindo à espera.

– Fui três vezes à maternidade com pressão alta; a terceira vez foi dia 29 – conta Diovânia.

No dia 1º, Dilvânia voltou a se sentir mal, e igualmente retornou pra casa. No dia seguinte, Diovânia começou a sentir fortes contrações. Ela e o marido foram rapidamente para a maternidade de carona com o vizinho.

– Quando chegamos, por volta das 20h20min, o médico me felicitou, e disse que o bebê nasceria na manhã seguinte. Mas, duas horas depois me ligaram dizendo que tinha acontecido um “probleminha” – lembra Jailton, sem conter as lágrimas.

Na certidão de óbito consta que a causa da morte foi asfixia. Mas o laudo completo, que poderá estimar há quanto tempo a criança já estava morta, antes da cesariana, só sairá dentro de 30 dias. Segundo a gerente administrativa da Maternidade Darcy Vargas, Heloísa Hoffmann, o caso foi encaminhado ao comitê de ética da unidade, que vai apurar se foi uma fatalidade ou se houve de fato negligência médica.

mariana.pereira@an.com.br

MARIANA PEREIRA | Joinville

 


DOAÇÃO DE RIM

Ótima recuperação surpreende médicos
Doadora está em casa desde segunda-feira e ex-marido deve ter alta hoje

Rosmari da Silva Noronha, 49 anos, protagonista de uma história inusitada ao doar o próprio rim ao ex-marido, chega ao sétimo dia após a operação praticamente recuperada. Ela voltará para Joinville especialmente para buscar o ex-marido Osório Noronha, de 53 anos, que deve receber alta hoje.

Segundo a doadora, a recuperação está sendo rápida e sem complicações. Ela teve alta na última segunda-feira e, desde o começo da semana, está na casa da irmã, em Itapema.

Sem complicações, a educadora física quase consegue ter uma rotina normal em poucos dias após a cirurgia. Consegue andar normalmente, fazer atividades do cotidiano e se alimentar sem restrições.

– Só não posso fazer esforço por seis semanas – adianta. Sobre a cirurgia delicada, Rosmari conta que foram três horas para retirar o órgão e outras três para implantar no ex-marido.

– Os médicos ficaram surpresos com a cirurgia. Eles nunca viram um rim tão saudável e grande. No primeiro momento já funcionou – contou, orgulhosa.

Osório vai receber alta antes do previsto. Ele deveria ficar no hospital pelo menos 10 dias. A recuperação foi rápida e surpreendeu os médicos, apesar de ele ter passado o feriado não muito bem por causa de reações da medicação. Ele deverá sair do hospital por volta das 8h de hoje.

– Depois da alta, ele vai ter que ficar dois meses com pouco contato com o exterior, já que corre o risco de rejeição e estará com imunidade baixa – explica Rosmari, que já adiantou que as comemorações com a família ficarão para depois.

Rosmari não pensava que a história da doação ganharia tanta repercussão. Seja na internet quanto em comentários, as pessoas falam sobre o ineditismo da história.

– Acho que foi devido a não termos grau de parentesco e pelo fato de ter doado depois da separação – diz a educadora física.

Seja como for, recados não faltaram dando apoio ou elogiando a ação.

gisele krama@diario.com.br

GISELE KRAMA | Joinville

 


ATÉ O FIM DO ANO

Hospitais ganharão 596 funcionários
Haverá chamada de concursados e processo seletivo para temporários

O Estado vai contar com mais 596 funcionários da área da saúde em 14 unidades hospitalares até o fim do ano.

A medida para a contratação de profissionais como médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas foi solicitada pelo secretário estadual da Saúde, Dalmo de Oliveira, e aprovada pelo governador Raimundo Colombo.

Dos novos postos, 78 virão de candidatos que passaram no processo seletivo de 2010 e que atuarão em unidades da Grande Florianópolis, Joinville, Ibirama, Mafra e Lages. Outros 64 serão admitidos em caráter emergencial, com a realização de processo seletivo simplificado – para contratação por um ano. As inscrições estarão abertas de 12 a 23 de setembro e a seleção deve estar encerrada antes do concurso público, previsto para o preenchimento das demais vagas. O prazo final de conclusão do concurso é dezembro de 2011.

Para o presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Santa Catarina (Fehoesc), Tércio Egon Paulo Kasten, as novas vagas devem agilizar o atendimento.

– Não sei se é o suficiente, mas já é um bom número – afirma o presidente da Fehoesc.

Entre as novas vagas, serão admitidos quatro médicos e 33 técnicos de enfermagem para a reabertura do setor de emergência do Hospital Governador Celso Ramos. Já para o Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville, a disponibilidade é para 12 médicos e 15 técnicos de enfermagem.

De acordo com Kasten, cerca de quatro meses após a contratação, se poderá ter uma avaliação do que as novas vagas representaram para o atendimento. Para ele, além de mais profissionais, a área da saúde requer outras medidas em caráter de urgência, como a melhoria da gestão dos serviços e o maior investimento no setor.

 


ATÉ O FIM DO ANO

27 profissionais em Joinville

As contratações vão ajudar também o Hospital Regional Hans Dietter Schmidt, em Joinville, que deverá receber 27 profissionais o mais rápido possível. São 12 médicos (oito clínicos e quatro cirurgiões) para preencher as escalas de trabalho do pronto-socorro, que têm ficado sem plantão nos últimos fins de semana.

Mais 15 técnicos de enfermagem serão chamados para reativar os 10 leitos de UTI, que tiveram de ser fechados em agosto, também por falta de profissionais.

No hospital, todas as contratações serão temporárias, por meio de processo seletivo. O contrato vai até que o concurso tenha sido realizado e haja funcionários efetivos para assumir as vagas. Se atingir a meta, o pronto-socorro terá o número de médicos dobrado: eles passarão de 12 para 24.

A Maternidade Darcy Vargas, também administrada pelo Estado, não terá contratações por enquanto.

 

Joinville

  

SAÚDE
Ministro diz que estados pedem verba


Alexandre Padilha comentou que governadores estão preocupados com novas fontes imediatas

O ministro Alexandre Padilha (Saúde) afirmou, ontem, em Brasília, que os governadores estão preocupados com novas fontes de financiamento imediato para a saúde e que precisam de mais recursos agora.

Ao falar da pressão por mais verbas, Padilha afirmou que confia que deputados e senadores encontrem um caminho para o problema.

– O dinheiro do pré-sal destinado à saúde já está previsto e aprovado no Congresso – disse.

O fundo social, de onde virá o recurso, já foi criado, mas deverá ser abastecido a partir de 2015, com a exploração do pré-sal, o que não resolveria o impasse orçamentário atual para a emenda 29, que regulamenta os percentuais de União, estados e municípios.

Ele não opinou sobre a saída mais adequada e reiterou que a saúde deve ter mais verbas e regra clara e estável de investimento.

Cabral defende legalização do jogo para financiar saúde

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), defendeu, ontem, a legalização dos jogos de azar como possível fonte de financiamento para a saúde.

Cabral inaugurou o prédio reformado da Loteria do Estado (Loterj), que doou cerca de R$ 4 milhões a projetos sociais.

– Acho que o jogo no Brasil, se aberto e legalizado, poderia ser uma fonte de financiamento importante para tanta coisa. Inclusive para saúde. Não se fala tanto em financiamento de saúde? Lamento que no Brasil a gente não possa ter jogos legalizados, organizados, controlados e com dinheiro bem aplicado – disse.

Cabral afirmou que “só no Iraque, no Afeganistão, no Iêmen e na Coreia do Norte” o jogo não é legalizado.

– O Brasil vive hipocrisias.

 

Brasília

 

 


Auxílio

O remédio que a Secretaria Estadual da Saúde encontrou para melhorar o processo de comunicação e de acesso às pessoas que necessitam de consultas e procedimentos (média e alta complexidade) oferecidos pelo SUS tem como princípio ativo a tecnologia.

Neste mês, em uma primeira etapa, começa a doação de 300 computadores e 35 kits multimídia para as secretarias municipais e gerências regionais de Saúde. A meta chegará até 700 computadores, que, segundo o secretário Dalmo Claro de Oliveira, ajudarão a dar a dimensão do número de cirurgias e de marcação de consultas no Estado.

 

 

O tratamento rápido é primordial para cura do AVC

  
Nos últimos cinco anos, cresceu, consideravelmente, o número de casos de internações de pessoas jovens com AVC (Acidente Vascular Cerebral). Ao todo, 32 mil mulheres e 28 mil homens com idade entre 20 e 44 anos precisaram buscar tratamento.

 Especialistas alertam que os sintomas se manifestam de acordo com a região do cérebro que é afetada, mas aconselham que se deve ficar atento em casos de dores de cabeça, náuseas, tonturas, desequilíbrios, além dos sintomas clássicos (uma parte do corpo paralisada, pés sendo arrastados e dificuldades para falar).

 Existem dois tipos de derrame cerebral. O isquêmico ocorre quando há o entupimento de vasos que levam o sangue ao cérebro, causando lesão e prejuízo no funcionamento da região cerebral. No segundo caso, o AVC ocorre com a ruptura de um vaso sanguíneo cerebral, caracterizando a ocorrência como hemorrágica. Nesse caso, a lesão cerebral ocorre por um derrame de sangue no interior do cérebro ou no espaço que o rodeia.


Fonte: American Stroke Association, ABC da Saúde