OMBRO AMIGO
Na saúde e na doença
Um ombro amigo, um colo para confortar e estar sempre presente. Este tem sido o papel do homem para ajudar a companheira a superar o longo tratamento em busca da cura para o câncer de mama. E são eles, os maridos, os maiores apoiadores e não escondem que sofrem junto e também fazem questão de dizer que o melhor disso tudo é comemorar a vitória de um tratamento que deu certo. Neste mês, o movimento Outubro Rosa – que surgiu com objetivo de alertar as pessoas sobre a doença – chama a atenção para todo o trabalho realizado por profissionais, como os da Rede Feminina de Combate ao Câncer. São voluntários que convivem com as pacientes e as famílias, passando informação para que eles ajudem as mulheres a superar as dificuldades que surgirem“Parece que eu caí em poço sem fundo.” Foi esta a sensação que a aposentada Vanilda Alves de Mira, 62 anos, teve quando soube que estava com câncer de mama. A notícia chocou toda a família, especialmente o marido, Francisco de Mira, 68 anos. Mas foi graças a ele, e aos filhos, que ela conseguiu passar pela parte mais difícil do tratamento. Principalmente, quando entrou em depressão.
A doença foi diagnosticada há 13 anos. “Eu lembro da cena até hoje. Estava na cozinha, tomando café com meu genro, quando ela (Vanilda) chegou, com a minha filha. As duas choravam, porque abriram o exame dentro do ônibus”, lembra Francisco. O aposentado fez questão de acompanhá-la durante todo o tratamento. “Eu dizia para ela não entrar em desespero. Que precisávamos ter fé e que tudo daria certo”, conta o Francisco. E deu. Mas não foi fácil.
As fases do tratamento foram complicadas para toda a família. Especialmente, durante as sessões de quimioterapia e radioterapia. “Eu ficava lá esperando por horas enquanto ela se tratava. Era triste de ver o sofrimento das pessoas e saber que a gente também estava passando por isso”, lembra. O tratamento fez com que os longos cabelos de Vanilda caíssem. “Meu cabelo era lindo. Quando eu acordei e vi um monte de fios caídos no travesseiro, entrei em desespero. Comecei a ficar com depressão, foram três meses sem sair de casa”, conta ela.
Para seu Francisco, foi difícil ter que passar por tudo isso sem demonstrar que estava sofrendo. “Eu acho que absorvi tanta coisa que dois anos depois elas saíram tudo de uma vez”, fala, referindo -se ao primeiro dos dois infartos que sofreu. Um ano depois de finalizado o tratamento, Vanilda foi convidada para conhecer a Rede Feminina de Combate ao Câncer. Lá encontrou uma nova família e conseguiu a cirurgia para a reconstrução do seio – que teve de ser retirado.
Hoje, ela é um das várias voluntárias que ajudam as mulheres que ainda sofrem com a doença. E disse que o grande segredo para superar esta fase foi o apoio que recebeu. “Posso dizer que não mudou em nada a nossa vida. Ela continua e a gente pode curtir cada minuto, agora, com a nossa família. E é isso que importa”, afirma Vanilda. PIVATTO
julimar.pivatto@an.com.br
JULIMAR
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Apoio também para eles
Como preparar estes homens para enfrentar a doença? A Rede Feminina de Combate ao Câncer de Joinville tem um grupo de apoio, promove palestras e encontros com as famílias das pacientes, mostrando como funciona a doença e ressaltando a importância do amor e da paciência nesta hora. “Felizmente, os maridos, na maioria, são os que mais apoiam”, afirma a coordenadora do grupo, a assistente social Ana Lúcia Olah.
Nestes encontros, mostra-se o que fazer durante o período do tratamento. “As sessões de quimioterapia e radioterapia deixam as mulheres muito mal, tanto psicologica quanto fisicamente.” Mas, segundo ela, o momento mais crítico da doença é quando a paciente precisa retirar o seio. “Isso mexe como a feminilidade. Se a pessoa não tiver um suporte de alguém que está preparado para conviver com esta situa- ção, as coisas ficam bem mais difíceis”, afirma. Os encontros com as famílias são realizados semanalmente.
Ana Lúcia conta que também há os grupos de acompanhamento, só com as mulheres. “Fazemos oficinas de artesanato, visitas a outras entidades. Tudo para aumentar a autoestima delas”, comenta. A assistente social diz que é bom as mulheres verem coisas novas, diferentes. “A felicidade delas ao ver, por exemplo, uma apresentação do Bolshoi, emociona”, conclui.
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A rotina mudou na casa da família Dresch
Há sete anos, a rotina do ferramenteiro Paulo Roberto Dresch, 53 anos, mudou, assim como a de toda família. A mulher dele, Terezinha Schneider Rodrigues Dresch, 51 anos, começava uma batalha contra o câncer de mama. O susto com a descoberta da doença foi grande. A filha mais nova do casal, Ana Paula, tinha dois anos e ainda mamava no peito. E as más notícias não paravam. Mesmo com as sessões de radioterapia e quimioterapia, Terezinha teve de passar por cirurgia.
Paulo, então, resolveu pegar uma licença no trabalho para ficar do lado da mulher. Ficou com ela no hospital e assumiu as tarefas de casa durante o repouso de Terezinha. “Fiz questão de estar presente, principalmente na cirurgia. Até a alimentação a gente mudou por causa dela”, falou Paulo.
O amor ajudou também no momento mais difícil da doença. Quando estava na cirurgia, o médico percebeu que o caso era mais grave do que se previu. Por causa de 11 nódulos, ela teve de retirar a mama direito. E Paulo estava lá, do lado, quando ela recebeu a notícia.
“Sabia que tudo seria diferente sem o apoio dele e da minha família. Eu estava muito preocupada porque a pequena ainda mamava e dependia muito de mim. Felizmente todo mundo se ajudou, inclusive meus irmãos e cunhados e eu consegui sair bem desta fase”, lembra Terezinha.
Durante o processo também surgiu uma nova família. Os profissionais da Rede Feminina de Combate ao Câncer tornaram-se a segunda casa da família Dresch. Todos eram orientados sobre a saúde de Terezinha e de como deveriam ajudá-la. “Foi por causa deles que a gente descobriu que o caso tem solução e que eu poderia ficar curada”, lembra a ex-costureira. E foi por meio da Rede que ela conseguiu a cirurgia plástica para a reconstrução da mama. E tudo sem pagar nada. “A gente nem sabe como seria passar por isso tudo sem eles”, conta Paulo.
Hoje, a vida da família Dresch mudou. A pequena Ana Paula já tem nove anos e dona Terezinha ainda tem tempo e saúde para curtir o neto Mateus. Mas ela não deixa de participar das atividades da Rede Feminina.
“É bom participar, falar com as outras pessoas sobre o que a gente passou e como conseguimos superar”, explica Terezinha. Ela conta que na Rede se ocupa com várias atividades, como teatro e oficinas artesanais. “Toda segunda a gente se encontra. É uma forma também de retribuir o que fizeram por mim”, conta.
Previsão maior
O governo do Estado está querendo investir mais em organizações sociais na área da saúde. Entre 2009 e 2010, o valor previsto no orçamento passou de R$ 128 milhões para R$ 133 milhões. Para o ano que vem, conforme proposta em análise na Assembleia, o governo quer gastar R$ 200 milhões com as OS.
Visor
SEM REMÉDIO
Leitor escreve para relatar que a coisa anda feia na Farmácia Escola da UFSC, que fornece medicamentos gratuitos para tratamento de pacientes com doenças graves. A resposta mais comum para os que vão em busca de atendimento é: não tem mais, acabou!
Geral
OUTUBRO ROSA
Cidades contra o câncer de mama
Balneário Camboriú aderiu à luta contra o câncer de mama. O Cristo Luz, um dos pontos mais altos da cidade, está iluminado de rosa desde quinta-feira à noite. O movimento Outubro Rosa lembra a importância da prevenção à doença que acomete principalmente mulheres.
Em Jaraguá do Sul, a Rede Feminina de Combate ao Câncer promoveu sábado o lançamento da campanha com uma programação especial para reforçar a importância da prevenção ao câncer de mama. Entre as ações realizadas, um pedágio nas ruas centrais da cidade.
Em Joinville, a prefeitura iluminou de rosa sua sede e algumas árvores. O Joinville Garthen Shopping aderiu à campanha na sexta-feira. Até o fim do mês, voluntários da Rede Feminina receberão o público com folhetos explicativos sobre a doença. Quem entrar com o lacinho rosa no peito pode ganhar descontos ou prazos diferentes nas compras.
O shopping vai organizar, ainda, palestras e exposições sobre o tema.
Balneário Camboriú