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LUTA CONTRA A DENGUE
Mais recursos para Joinville
Ministério da Saúde autoriza R$ 219 mil à cidade. Mas é preciso um plano

Joinville é a única cidade de Santa Catarina na lista do Ministério da Saúde para receber recursos para os programas de combate à dengue.

O valor de R$ 219 mil será repassado para o município assim que enviar um plano de contingência para Brasília com metas específicas. O prazo para entrega deste documento é de 15 de dezembro e a previsão é que este valor chegue até os cofres públicos no início do ano que vem.

Entre as metas que precisam constar no plano estão garantir quantitativo adequado de agentes de controle de endemias; garantia de cobertura das visitas domiciliares pelos agentes; a adoção de mecanismos para a melhoria do trabalho de campo; realização do LIRA (Levantamento Rápido de Infestação por Aedes Aegypti) com ampla divulgação nos veículos de comunicação locais e notificação dos casos graves suspeitos de dengue.

A gerente de vigilância em saúde, Rosilei Baade, diz que vai até Florianópolis hoje para discutir esta questão com a Secretaria de Estado da Saúde e, em conjunto, elaborar o plano. O recurso, quando chegar, já tem destino certo. “São três áreas que iremos investir. A primeira é na prevenção, a segunda é no controle dos casos e investigação e, a última, na assistência à saúde da pessoa que contrair a doença”, conta Rosilei. Joinville entrou na lista por ter mais de 500 mil habitantes e ter registrado o primeiro caso da doença, em maio deste ano.

O Ministério da Saúde irá analisar os planos de contingência e os termos de compromisso, emitindo parecer técnico e propondo adequações, quando necessário. Já está se desenvolvendo uma série de atividades para garantir a adesão dos municípios, como, por exemplo, realização de vídeo conferência com as secretarias estaduais para esclarecer dúvidas com relação aos planos de contingência e reuniões com dirigentes estaduais de vigilância em saúde.

 

 

AJUDA A DEPENDENTES DE CRACK
Atendimento específico não é a regra

A cidade de Joinville faz parte de um seleto grupo de municípios catarinenses que contam com o atendimento de Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS). Uma pesquisa feita pelo Conselho Nacional de Municípios (CNM) indicou a falta de serviços de atendimento a familiares, amigos e usuários de crack em Santa Catarina.

Das 245 cidades do Estado que responderam à pesquisa, apenas 14,78% confirmaram a existência de um Caps. De acordo com o estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM), para apoiar as pessoas viciadas em crack, Joinville conta com cinco centros de referência de assistência social (Cras), três centros de referência especializado de assistência social (Creas), quatro centros de referência psicossocial, dois conselhos tutelares, e um Centro de Referência Especializado da Assistência Social, chamado Creas Pop. Porém, todos os casos são encaminhados para o chamado Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, o Caps AD.

Atualmente, o Caps AD atende a 83 pessoas e conta com uma equipe de 28 profissionais entre psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, médicos e enfermeiros, informa o coordenador, Nasser Haidar. “Cada paciente passa por um plano terapêutico. Avaliamos a necessidade de tratamento intensivo, semi e não intensivo. Eles podem realizar as atividades no Caps AD todos os dias, ou apenas uma vez por semana”, explicou.

Para Haidar, hoje Joinville consegue atender toda a demanda que procura ajuda em tratamentos contra o vício. “Nós poderíamos atender tranquilamente o dobro de pessoas”, avalia o coordenador. Em Santa Catarina, o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack, lançado em maio deste ano, contemplou 15 cidades de até ontem.

 

País

 

ALIMENTOS
Anvisa prorroga prazo para adequação de produtos

Os fabricantes têm até abril para se adequar às novas regras sobre creatina e cafeína. A determinação é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que prorrogou por mais seis meses o prazo de adequação às novas regras referentes à liberação do uso da creatina e da cafeína em alimentos para atletas. A decisão, publicada ontem no “Diário Oficial da União”, foi motivada por um pedido do setor para evitar a descontinuidade na produção.

 


ALERTA EM SC
Drogas atingem 86% das cidades
Maior preocupação revelada em pesquisa é com a presença do crack em quase todos os municípios onde há entorpecentes

As drogas atingem oito em cada 10 municípios catarinenses, ou o equivalente a 86,9%. O vício mais frequente é o crack, presente em quase todas estas cidades (86%) onde há consumo de algum tipo de entorpecentes. Os dados são de um levantamento divulgado ontem pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). Apesar de índices tão altos, as iniciativas de combate às drogas ainda são tímidas. O número de municípios catarinenses com Centro de Atenção Psicossocial (Caps), por exemplo, é de apenas 6,1%

O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, lamentou a falta de investimento no país e defendeu uma política nacional.

– Muitos governos falam de enfrentamento, mas quando vamos ver a execução orçamentária e as políticas, elas são praticamente nulas.

Em SC, a coordenadora de saúde mental, Maria Cecília Heckrath, explica que tem havido investimento. O número de Caps deve passar de 78 para mais de 80 até o ano que vem. Ela defende a internação apenas para casos específicos, como o paciente que oferece risco às pessoas.

– Internação por longo tempo não trata, exclui. E se internasse todo mundo, nunca teria vaga suficiente.

Mesmo para os que precisam de internação hoje, não há vagas. Dos 11 Caps voltados especificamente para o combate de drogas, apenas dois admitem internação, o de Criciúma e Joinville. De acordo com a pesquisa da CNM, 66 cidades contam ainda com conselho municipais antidrogas, e 24 têm centros de referência especializado em assistência social, para trabalhar a prevenção às drogas.

Para Maria Cecília, a mais eficaz é a política de acompanhamento, como a de redução de danos, em que profissionais da saúde propõem medidas, como o uso de injeções descartáveis.

– O Estado não tem como obrigá-las se tratarem e não se pode excluir essas pessoas e não fazer nada.

Outros aliados no combate às drogas no Estado são instituições como igrejas e ONGs, que existem em 18 municípios. Para o presidente e fundador de uma delas, o Centro de Recuperação de Toxicômanos e e Alcoolistas (Creta) de São José, na Grande Florianópolis, Jonas Pires, a redução de danos incentiva ainda mais o uso das drogas. Para ele, é preciso investir em locais de internação e na prevenção.

– Precisa ter informação desde a infância, a adolescência e um movimento para se conscientizar do mal que faz a droga na sociedade.

gabrielle.bittelbrun@diario.com.br

GABRIELLE BITTELBRUN

 


ALERTA EM SC
Um cenário deprimente

O domínio do crack é tão grave que em São Paulo provocou uma cena inusitada e preocupante, que mostra bem a dimensão do problema. Centenas de dependentes da cracolândia montaram um acampamento em pleno Centro da cidade, ao lado da Estação Júlio Prestes. Num trecho de 300 metros da Rua Helvétia, dezenas de barracas foram erguidas nas calçadas por usuários de drogas que se mudaram em definitivo para a região. Ninguém mais entra a pé ou passa de carro, nem mesmo o caminhão da coleta de lixo da prefeitura. Linhas de ônibus tiveram de mudar seu trajeto. Os motoristas desavisados dão marcha-ré quando se deparam com os viciados. Segundo relatos de moradores, a PM e a Guarda Civil Metropolitana teriam cercado os grupos de dependentes nesse espaço que está meio vazio e desabitado, cheio de pensões e bares lacrados em 2009 pela prefeitura.

 

São Paulo

 

 

ALERTA EM SC
Prevenção leva a baixo consumo

A pesquisa da CNM evidencia também que ainda há cidades catarinenses onde o consumo de drogas é baixo ou quase nulo. O que ajudou, nesses casos, foram políticas de prevenção e enfrentamento às drogas.

São Bento do Sul, no Norte do Estado, é citado como exemplo pelo levantamento. Na cidade, o efetivo policial, oferecendo segurança, aliou-se ao trabalho preventivo nas escolas. O psiquiatra do Caps para o combate ao álcool e outras drogas de Florianópolis, André Marquardt, confirma que um dos primeiros caminhos para evitar o crescimento de dependentes químicos é a informação.

– Iniciativas para capacitação de professores, para trabalharem com os estudantes, têm sido eficazes para evitar o consumo de drogas – afirma.

Para ele, o suporte para o combate às drogas no Estado está em evolução, com o crescimento de grupos de autoajuda, centros de apoio e programas de ensino nas escolas. André considera que o déficit se refere mais à falta de leitos de internação, nos casos mais graves. De acordo com o médico, a cultura atual de estímulo à satisfação imediata é um dos fatores que levam às drogas e, especialmente ao crack, pelo bem-estar passageiro que proporciona. Pessoas sem suporte familiar e em condições de pobreza também estão mais suscetíveis ao risco. Mas ele acredita que justamente os prejuízos causados pelas drogas podem ser um incentivo para o dependente querer sair do vício.

– Há perdas no trabalho, financeiras, no contato com a família. O prejuízo é tão rápido que pode levar a pessoa a se mobilizar e a querer sair.

  


ARTIGOS
Exemplo de saúde pública, por Francisco Karam*

A Suécia, país democrático com 9 milhões de habitantes, é um dos mais progressistas do mundo. E com alguns paradoxos. Conseguiu ficar fora das duas grandes guerras mundiais e tem grandes indústrias de armas, que são vendidas aos Estados Unidos. Possui, talvez, a maior carga tributária (60% da renda do cidadão), mas também escolas gratuitas de qualidade igual às nossas particulares.

E a assistência médica é exemplar. Os médicos do Estado, em início de carreira, recebem salário de R$ 15 mil, que, conforme a eficiência e novos títulos do profissional, podem chegar a R$ 45 mil ou mais. Eles cumprem horário integral, o governo lhes dá, gratuitamente, cursos de aperfeiçoamento e outros benefícios. Bem remunerados, não têm necessidade de correr entre dois ou três empregos. O atendimento ao paciente tem a qualidade das consultas particulares, um atendimento cuidadoso e consciencioso, sendo que os doentes que não podem locomover-se recebem visitas domiciliares.

O médico Vollmer Bomfim, que viveu na Suécia, conta um fato extraordinário que demonstra como o bom atendimento nos consultórios pode diminuir a necessidade de internações: há 30 anos o país tinha 100 mil leitos hospitalares ocupados e, atualmente, não mais do que 28 mil. Além disso, consultas eletivas, com especialistas, têm o prazo máximo de sete dias, não meses, como no Brasil. A economia de mais de 70 mil leitos, dispensando a necessidade de construção de mais e mais hospitais, pôde possibilitar uma melhor remuneração aos profissionais.

Ao contrário, países que pagam salários miseráveis têm que construir mais hospitais e gastar muito mais com o atendimento sofrível. Isso não significa que o profissional brasileiro seja mal-intencionado, mas com salários ruins e sobrecarga de trabalho, não sobra tempo para aperfeiçoar-se e dedicar-se como deve a cada paciente que chega ao seu consultório.

 

*Médico em Videira