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Cardiologista alerta sobre cuidados que foliões devem ter no carnaval

Não esquecer da hidratação é o primeiro cuidado que os foliões devem ter na época do carnaval para garantir aproveitamento máximo e prevenir doenças indesejáveis que podem estragar a festa.

Em entrevista à Agência Brasil, a cardiologista Isa Bragança, especializada em medicina do esporte, disse que nesta época de verão, as pessoas, às vezes, se esquecem de beber água, que hidrata, e ingerem muito álcool, café, mate e chá, “que desidratam”. “Hidratação é água ou isotônico, água de coco”, frisou.

Ela referiu-se ao excesso de comida em viagens, que pode ser prejudicial aos foliões. A ingestão de alimentos aos quais a pessoa não está acostumada pode acarretar problemas, somados à desidratação. “Você pode ter uma diarreia, uma gastroenterite. Vale então ter cuidado com a alimentação. O ideal é que você coma o que está acostumado”.

A médica lembrou que isso se aplica, principalmente, a alimentos feitos na rua. “Você não sabe de onde vem aquela comida”. Em relação à água, observou que nunca se deve aceitar beber água cuja embalagem esteja aberta. “Ela deve ser vedada, lacrada, para evitar alguma infecção intestinal”.

A cardiologista advertiu também para que as pessoas evitem gorduras e frituras, além de frutas que ficam expostas ao sol. “Tudo que fica exposto ao sol perde os nutrientes. Além disso, você estará comendo uma caloria vazia que ainda vai fazer mal”.

Sobre vestimentas, a recomendação é para evitar fantasias de tecidos ásperos e secos, com muita renda, fitas, que podem desenvolver alergia. “Podem complicar, dar edema ou fechamento de glote e levar o folião ao pronto-socorro”. O mesmo se aplica à maquiagem em crianças e às roupas fechadas ou pretas, que não transpiram.

Outro alerta diz respeito ao perigo de lesões no carnaval. Segundo a especialista, as mulheres, em especial, devem evitar fantasias com sapatos ou sandálias de salto alto. “Para não ter nenhuma lesão de tornozelo, de joelho, complicação ortopédica, que são muito comuns nessa época”. O calçado ideal para quem vai pular em blocos de rua é um tênis confortável ou sapato sem salto.

O uso de bebida alcoólica deve ser moderado. O ideal para os homens, disse Isa Bragança, é tomar 30 mililitros (ml) de álcool e para as mulheres, 15 ml. “Isso para quem está acostumado a beber. Quem não está acostumado, não deve beber nada que contenha álcool”. Ela esclareceu que essa é a dose que não é prejudicial ao organismo. Ainda sobre bebida alcoólica, a dica dada pela cardiologista é que para cada copo de álcool, o folião deve beber dois de água, “para poder diluir esse álcool”. E, se beber, não dirija, destacou.

Antes e depois da folia, os adeptos do carnaval devem consumir carboidratos, “porque têm muita energia”. Entre eles, a médica citou o macarrão sem molho branco, arroz, a batata cozida, o pão com peito de peru. Sugeriu que junto com o carboidrato, a pessoa pode comer também uma proteína, dando preferência a frango, peixe e ovo. “Porque é isso que dá energia, que dá pique, que faz a pessoa ficar em pé".


SAÚDE | Joinville
A maior fila de exames
Mais de 14 mil pessoas esperam por uma ultrassonografia na rede pública


A mãe de segunda viagem Ana Carolina Zanella Cordeiro completou 28 anos na quinta-feira ao lado da filha caçula Luana, de um mês e meio. Ainda pequena, a criança gosta de se alimentar e vem crescendo rapidamente, mas durante a gestação o progresso da menina nem sempre foi assim.

Ana não tem plano de saúde e fez o pré-natal no posto de saúde do bairro Comasa, em Joinville. Como em todo acompanhamento de gestação, a mãe foi informada que deveria fazer três ultrassonografias – uma no primeiro trimestre; outra no segundo, e a última, no terceiro, perto do nascimento. Mas essa meta nunca se concretizou.

Como nunca recebeu a ligação do posto de saúde agendando o exame, Ana decidiu fazê-los pela rede privada, pagando cerca de R$ 250 por duas avaliações. O telefonema do posto só veio semanas antes do nascimento da menina.

Na 32ª semana, perto do parto, uma consulta com o médico apontou um problema: a barriga de Ana Carolina estava muito pequena. Como não tinha dinheiro para pagar e até então não havia recebido a chamada para o exame público, a solução foi procurar a maternidade Darcy Vargas.

A ultrassonografia feita no hospital constatou que o bebê não ganhava peso. Luana recebia apenas 20% dos nutrientes pelo cordão umbilical. Começou aí uma série de exames e tratamento até o nascimento da menina, que veio ao mundo com 2,4 quilos.

Ela não está sozinha

A história de Ana Carolina não é a única. Ela diz que ficou sabendo que, em muitos casos, as gestantes recebiam a ligação de exame depois que o bebê havia nascido. “A maioria não faz ultrassom. Muitas não conseguiram fazer nenhuma porque só ligam depois que o bebê nasceu”, diz.

O atraso na hora de marcar a ultrassonografia está aliada à falta de profissionais atuando na rede pública e de equipamento. O resultado é uma fila de aproximadamente 14,2 mil pessoas aguardando pelo exame. O número é a soma da rede municipal (12 mil) com os 2,2 mil pacientes que procuram o Hospital Regional Hans Dieter Schmidt.

A quantidade de pessoas esperando pelo exame praticamente equivale à população de Itapoá, no Litoral Norte. Por causa deste número, o juiz Roberto Lepper concedeu liminar na quarta-feira exigindo que as secretarias municipal e estadual de Saúde apresentem, em 30 dias, um plano de medidas para acabar com a fila. A execução deve ser, no máximo, em 12 meses, sem sem que sejam suspensos os procedimentos já realizados pelo SUS.

Se o prazo fosse começar hoje, seriam 362 dias úteis até 8 de fevereiro do próximo ano para que a fila fosse zerada. O que equivale a quase 33 procedimentos por dia, fora a demanda normal.

Secretaria admite espera
Segundo a gerente de planejamento da Secretaria Municipal de Saúde, Michele de Souza Andrade, as ultrassonografias ginecológicas e obstétricas são as que mais elevam o número de pessoas na fila. Ela admitiu que há gestantes que terminam o pré-natal sem ter feito o exame, mas explicou que desde 2010 a secretaria tem criado medidas para garantir mais atendimento. Com as melhorias previstas para este ano, a gerente confirmou que há condições de zerar a lista de espera em 12 meses.

No município, são realizados 1.290 exames por mês. Destes, 500 são feitos por três médicos do PAM do Boa Vista e o restante por clínicas particulares conveniadas.

Depois de julho, a secretaria investiu em contratação de profissionais para o PAM. Um médico foi contratado naquele mês e outro no começo deste ano. Um quarto médico está em processo de contratação e pode começar a atuar até começo de março.

Cada médico recebe R$ 4,9 mil e trabalha em média três horas. Eles conseguem fazer por dia entre dez e 12 exames.

A Prefeitura não havia recebido a notificação judicial até o fim da tarde de sexta-feira e preferiu não se posicionar sobre a liminar.

Melhoria prevista no Regional
A assessoria de imprensa do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt informou que melhorias já estão sendo realizadas. Atualmente, a unidade estadual tem apenas um equipamento e um médico para realizar o exame. Por causa disso, os procedimentos estão restritos aos pacientes internados e aos em observação no pronto-socorro. As pessoas que procuram o ambulatório são encaminhadas para a rede municipal.

Para minimizar o problema, o hospital está com processo de seleção de mais dois médicos para trabalhar 80 horas mensais. Com isso, pacientes não internados poderiam fazer o exame.

Também está prevista a compra de quatro equipamentos. Antes da restrição de exames, eram atendidas, por mês, 120 pessoas que precisavam de ultrassonografia. Agora, para os pacientes internados ou do pronto-socorro, representam cem exames por mês.

A Secretaria Estadual de Saúde já recebeu a notificação do juiz Roberto Lepper, de Joinville. O documento foi encaminhado para a Procuradoria-geral. Por enquanto, a secretaria informou que não sabe o que irá fazer.

SAIBA MAIS
Conforme a gerente de planejamento da Secretaria Municipal de Saúde, Michele de Souza Andrade, a fila de espera já chegou a ser de 18 mil pessoas. Hoje, são 12 mil.

Excesso de pedidos, diz médico
O médico ginecologista e obstetra Hudson Carpes, também presidente da regional de Joinville do Sindicato Estadual dos Médicos, confirma que a ultrassonografia é importante para a gestação, mas alerta para o excesso de pedidos do exame. Ele diz que para as gestantes, três ultrassonografias seriam suficientes.

“Isso é ruim (muitos pedidos de exame). Tem que melhorar a qualidade do atendimento e diminuir a insegurança do médico. Hoje, eles não se escoram na técnica, e sim no exame.” Por isso, acredita ele, o sistema fica congestionado.

Especificamente sobre a rede municipal, o médico destaca que seria importante criar um centro de imagens, que concentraria exames como de radiografia e ultrassonografia. Algo semelhante ao laboratório municipal. “Como não tem um local centralizado, é feito em uma vários locais”, afirma. E, para resolver o problema da falta de médicos, diz ele, um plano de cargos e salários poderia ajudar. “Sem ter como crescer, os profissionais vão para a rede privada”, argumenta.

A gerente de planejamento da Secretaria Municipal de Saúde, Michele de Souza Andrade, confirma que existiu um plano para criar um centro de imagens, mas que foi abandonado por falta de recursos. Segundo ela, o investimento seria alto e o projeto não teve aval do Ministério da Saúde, que não liberou recursos.

Sem o apoio, diz ela, é mais barato recorrer às clínicas que aceitam trabalhar pelo preço do Sistema Único de Saúde.

Há quatro técnicos habilitados. Eles usam um equipamento que, segundo o diretor do hospital, Tomio Tomita, está defasado. O atendimento é só para pacientes internados.

 

MORTE DE PACIENTE
Guia ensina a dar a notícia

Psicóloga cria manual para ajudar médicos na abordagem de famílias quanto à doação de órgãos
Na última década, o Brasil dobrou o número de transplantes – alcançou quase 24 mil cirurgias no ano passado. Mas a abordagem das famílias de possíveis doadores ainda é um tabu para os médicos.

Na tentativa de tornar menos difícil essa tarefa, a psicóloga Kátia Magalhães, coordenadora familiar do Programa Estadual de Transplantes do Rio de Janeiro, criou uma espécie de guia das más notícias – um protocolo de 12 passos que o profissional de saúde deve seguir para se comunicar melhor com os pacientes ou com a família deles.

A ideia do protocolo surgiu no ano passado, depois que Kátia participou do curso Comunicação de Notícias Difíceis, oferecido a profissionais de saúde numa parceria entre o Instituto Nacional do Câncer e a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. No curso, ela tomou contato com o protocolo Spikes, método criado por médicos americanos, há 10 anos, para nortear a comunicação de más notícias a pacientes com câncer. Kátia adaptou o guia americano de seis etapas para a realidade do transplante. E dobrou o número de passos.

– Muitos médicos se sentem incomodados em falar com os familiares de possíveis doadores. Eles entendem que já é um momento tão triste para a família que se sentem constrangidos de falar em doação. Mas as pesquisas depois do transplante revelam que para a família foi um conforto. Doar alivia o luto – afirma Kátia.

Cada família reage de uma forma diferente ao luto – algumas vão entrar em negação, outras reagir com muita violência; há ainda os que entram em total apatia.

– Quanto mais capacitação tiver o profissional de saúde, mais ferramenta ele terá para lidar com o imponderável da situação. Não existe fórmula fechada para lidar com a comunicação da morte. A ideia dos 12 passos é ter um norte para seguir, vai servir de base para o profissional lidar com essa situação tão difícil.

Entre as dicas estão: usar uma linguajar bem acessível, evitar termos técnicos, certificar-se de que a família (ou o paciente) está entendendo o que ocorreu, observar as emoções da pessoa que está recebendo a notícia. O trabalho foi apresentado no Congresso Brasileiro de Transplantes, em outubro do ano passado.

24 mil cirurgias foram feitas no Brasil em 2011

 

PESQUISA CIENTÍFICA
Descoberta sobre os tumores

Pesquisadores brasileiros demonstraram o mecanismo de ação de uma das principais enzimas ligadas ao crescimento dos tumores.

A enzima é a glutaminase, primeira participante da quebra do aminoácido glutamina no interior das células. Conhecer esse mecanismo é importante porque a glutamina e a glicose são fontes de alimento de células tumorais.

– Isso pode levar, no futuro, ao desenvolvimento de moléculas que possam inibir sua ação – explica Sandra Dias, do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio).

Há décadas pesquisadores estudam a ação da glicose no crescimento tumoral. Mas os trabalhos com foco na glutamina são mais recentes.

Os pesquisadores detalharam a ação da enzima glutaminase na quebra da glutamina. Eles notaram que uma das variantes da enzima, a glutaminase C, é mais importante. O trabalho, conduzido pelo LNBio e pela USP, com participação dos EUA e foi publicado na revista PNAS.

São Paulo