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Visor


FILA ANDOU
Projeto que prevê a criação de pouco mais de mil cargos para a Saúde, em Florianópolis, foi aprovado, ontem, na Câmara de Vereadores. Não sem antes provocar acalorados debates entre a situação e a oposição, que, de quebra, emplacou a gratificação de R$ 3,8 mil para os servidores com nível superior.

HOSPITAL INFANTIL
Falta pessoal para atender

Com poucos funcionários, setor recém-inaugurado não está em funcionamento e procedimentos eletivos estão limitados

Referência estadual no tratamento de pacientes com até 14 anos em mais de 15 especialidades médicas de alta complexidade, o Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, precisa de atenção urgente. Por falta de funcionários, uma ala recém-inaugurada e que custou cerca de R$ 750 mil está fechada e as cirurgias eletivas (não urgentes) de ortopedia estão sendo restritas. Além disso, obras de reforma no centro cirúrgico, unidade de terapia intensiva e emergência devem fechar metade dos consultórios por quatro meses.

Os principais problemas enfrentados na área da saúde em Florianópolis serão discutidos, hoje, pelos integrantes do movimento Floripa Te Quero Bem. Cerca de 30 pessoas que formam o Comitê Consultivo deverão levantar quais os projetos que podem ser desenvolvidos para solucioná-los (leia mais na página pág. 26).

O Hospital Infantil ocupa uma área de aproximadamente 22 mil metros quadrados – equivalente a três campos de futebol – no Bairro Agronômica, região central da Capital, e é a principal unidade para tratamentos simples e complexos das crianças.

É lá, num hospital público, que mesmo com plano de saúde, se dirigem os pais quando se deparam com situações de emergência como quedas, queimaduras e acidentes domésticos. Mesmo diante dos problemas com recursos humanos, o Joana de Gusmão atende em média sete casos de emergência por hora, além de 170 consultas e 15 cirurgias todos os dias.

A falta de funcionários e de equipamentos no Hospital Infantil vem sendo investigada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MP/SC) desde 2008, quando uma ação civil foi ajuizada e tramita na Vara da Fazenda Pública da Capital.

Na última visita do promotor da Infância e da Juventude Marcílio Novaes da Costa, foram encontrados equipamentos quebrados e ultrapassados, cirurgias canceladas, irregularidades sanitárias e um grande déficit de funcionários em todas as unidades. Hoje, há pelo menos dois inquéritos em andamento no ministério envolvendo o Hospital Infantil. O promotor prefere não falar sobre eles enquanto tramitam.

A Secretaria de Estado da Saúde não informou quanto dos 160 médicos e 640 funcionários do hospital estão efetivamente trabalhando, já que, destes, há aqueles que estão em férias, afastados ou em processo de aposentadoria. No último domingo, o governo estadual realizou concurso público para a saúde. De 300 vagas, apenas 36 serão direcionadas ao Joana de Gusmão.

– Chamaremos tão logo o processo se encerre. No entanto, mais concursados poderão serem chamados dentro da validade do concurso – explica o superintende dos hospitais públicos do Estado, Walter Gomes.

Obra de R$ 750 mil sem prazo para uso

A situação mais grave que demonstrou na prática a necessidade de contratação de médicos e enfermeiros ocorreu na semana passada, quando a Associação dos Voluntários do Hospital (Avos) inaugurou as novas instalações da unidade C com recursos próprios, na ordem de R$ 750 mil. Mas desde o primeiro dia, a ala segue desativada até que a secretaria providencie os funcionários para trabalhar no local.

Além da reforma, foram adquiridos mobiliário e aparelhos de ar-condicionado. O número de leitos continua o mesmo, 20, para atendimento nas áreas de cardiologia, nutrologia, gastroenterologia e pacientes crônicos. O superintendente dos hospitais públicos do Estado informou que não há prazo definido para a abertura.

aline.rebequi@diario.com.br


Raio x
- 22 mil m² de área ocupada
- 33 anos de atuação
- 184 leitos, sendo 118 ocupados
- 640 funcionários
- 160 médicos
- 65,89% são pacientes da Grande Florianópolis
- 34,11% são de outros municípios
- 80 é média de pacientes/dia
- 4 dias é a média de permanência no hospital
ATENDIMENTOS EM 2011
- 7.327 internações
- 69.796 consultas ambulatoriais
- 83.745 atendimentos de emergência
- 5.635 cirurgias
- 56.199 exames de imagem (raio x, ultrassonografia, tomografia, radiológico)
- 1,52% índice de mortalidade geral
ATENDIMENTOS EM 2012 (JANEIRO E FEVEREIRO)
- 1.076 internações
- 10.334 consultas ambulatoriais
- 11.913 atendimentos de emergência
- 940 cirurgias
- 8.171 exames de imagem (raio x, ultrassonografia, tomografia, radiológico)
- 1,52% índice de mortalidade geral
- 69,23 taxa de ocupação em fevereiro
NÚMERO DE INTERNAÇÕES POR UNIDADE EM FEVEREIRO
- Adolescente 16
- Apartamento 13
- Berçário: 18
- Emergência: 11
- Isolamento: 13
- Oncologia: 42
- Queimados: 6
- Unidade B: 49
- Unidade C: 0
- Unidade D: 39
- Unidade E: 22
- UTI geral: 7
- UTI neonatal: 12

AS ESPECIALIDADES MÉDICAS

- Cardiologia
- Cirurgia (pediátrica geral, bucomaxilofacial, cardiovascular, neurocirurgia, plástica, pftalmologia, ortopedia, otorrinolaringologia, urologia)
- Endocrinologia
- Gastroenterologia
- Hebeatria
- Infectologia
- Nefrologia
- Neonatologia
- Neurologia
- Nutrologia
- Oncohematologia
- Pediatria geral
- Pneumologia
- Psiquiatria
- Terapia intensiva

OBRAS

Reforma do Centro Cirúrgico, UTI e emergência
- Início: 2010
- Prazo para entrega: segundo semestre de 2013
- Benefícios: aumento da capacidade de atendimento na emergência em 285%, do centro cirúrgico em 30% e da UTI em 100%
- Transtornos: consultórios serão fechados por quatro meses e 50% do atendimento será transferido para outros locais.
Reforma da unidade C
- Entrega: 28 de março
- Benefícios: pacientes que precisam de atendimento nas áreas de cardiologia, nutrologia e gastroenterologia estarão separados das demais unidades. priorizando estes casos e melhorando a qualidade do serviço prestado.
- Transtornos: por falta de funcionários ela está pronta, porém desativada e não há prazo para abertura

 

 

HOSPITAL INFANTIL
Muita paciência para esperar

Para quem vem de longe para o Hospital Infantil, a espera é longa. A média é um mês para marcar uma consulta, até um ano para conseguir um exame, e cerca de seis horas até entrar no consultório. Mas apesar da falta de funcionários e a longa espera por atendimento, os pacientes elogiam os médicos e enfermeiros que atuam na instituição.

Doroteia Pinto, 50 anos, saiu de Mafra, no Planalto Norte, a uma hora da madrugada dessa terça-feira em direção a Florianópolis com o filho Bruno Pinto, 7 anos. O menino tinha uma consulta marcada com cardiologista às 8h, mas só foi atendido às 14h30min. A volta para casa só ocorreu às 18h, com o transporte de pacientes da prefeitura municipal de Mafra.

– É uma jornada de 24 horas, cansativa, mas vale a pena. Lá na nossa cidade os médicos não sabiam dizer o que ele tinha. Ele ficava roxo e sentia dores no peito. Aqui descobrimos tudo, ele fez muitos exames e a médica é um doce, não tem pressa para atender e tira todas as nossas dúvidas – conta a mãe satisfeita.

Lucia Gonçalves também veio de Mafra com o filho Gustavo Gonçalves, 4 anos. Os dois vivenciam a mesma jornada de Doroteia desde que ele nasceu. Sem especialistas na cidade natal, o Joana Gusmão foi a esperança para o tratamento feito até hoje com gastroenterologista. Ela chega a fazer a viagem a cada 15 dias. Gustavo passa mal em todas elas, não consegue comer e sente fortes náuseas. Por outro lado, volta com todos os exames debaixo do braço.

– A única coisa que falta no hospital é gente. A estrutura é boa e os médicos que atendem são muito competentes. Se tivesse mais, não esperaríamos tanto por uma consulta ou exame. Além disso, com mais funcionários, seríamos atendidos na hora marcada – ressalta.

 


HOSPITAL INFANTIL
“Ninguém está deixando de ser atendido


WALTER GOMES, Superintendente dos hospitais públicos de Santa Catarina

Diário Catarinense – Quais as obras que estão em andamento atualmente no Hospital Infantil Joana de Gusmão?

Walter Gomes – Estamos reformando vários setores, como o centro cirúrgico, a unidade de terapia intensiva e também a emergência. O valor total de investimento no Hospital Infantil é de aproximadamente R$ 6,5 milhões.

DC – Qual o prazo para entrega?

Gomes – Esperemos entregar no segundo semestre de 2013.

DC –Com a reforma, metade dos consultórios serão fechados. Como ficará o atendimento ao público neste período?

Gomes – Certamente existe e sempre existirá algum transtorno durante as obras, mas nenhum paciente está deixando de ser atendido por conta das reformas. Também não estamos respeitando as divisões das unidades, e relocamos as diversas especialidades entre aquelas que estão em funcionamento.

DC – Estas reformas irão contribuir de que maneira para a melhoria do atendimento?

Gomes – As reformas estão focadas em vários objetivos, tais como adequação a novas legislações sanitárias, modernização tecnológica, aumento da capacidade de atendimento na emergência em 285%, do centro cirúrgico em 30% e da unidade de terapia intensiva em 100%.

DC– A ortopedia está fechada e estão ocorrendo cancelamentos de cirurgias neste área?

Gomes – A ortopedia não está fechada, no entanto, existem algumas limitações em cirurgias eletivas. Estamos priorizando os casos mais graves, de urgência mesmo.

DC – Há fila de espera?

Gomes – Existem filas em várias especialidades, umas mais demoradas, e outras menos. Para a otorrinolaringologia, a secretaria está em regime de mutirão, e os serviços estão espalhados por todo o Estado.

DC – A Secretaria Estadual de Saúde tem intenção de passar a gestão do Joana de Gusmão para uma Organização Social?

Gomes – Não existe uma intenção imediata neste sentido, no entanto, é sempre importante lembrar do compromisso do governador com o aumento do acesso e melhoria da qualidade ofertada à população.