HOSPITAL REGIONAL
Protesto contra a OS
Funcionários não concordam com novo modelo de gestão e pararam os trabalhos“Saúde pede socorro.” A frase estampada nas camisetas utilizadas pelos servidores do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt era parte do protesto realizado ontem contra a passagem da unidade para as mãos de uma Organização Social (OS). Os servidores se reuniram em frente ao Pronto-socorro. Durante o dia, só os serviços de urgência e emergência funcionaram.
Às 13 horas, mais de 300 funcionários já haviam assinado o livro de presença. Segundo o presidente do SindSaúde/SC em Joinville, Pedro Paulo das Chagas, o ato foi uma resposta à declaração do secretário do Estado de Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, que disse que está sendo elaborado um estudo para determinar a viabilidade da troca da gestão. “É algo que não funciona. O Hospital Infantil é um exemplo disso”, diz.
A notícia preocupou os trabalhadores e o SindSaúde/SC. Segundo a diretora do sindicato, Mari Estela Nickel Eger, os servidores não aceitam uma OS gerindo hospital. “Os funcionários não querem de maneira nenhuma”, conta.
O diretor do Hospital Regional, Renato de Castro, garantiu que não houve paralisação no serviço nem prejuízo ao atendimento à população. Sobre a reclamação dos funcionários em relação à OS, foi enfático. “Isso é uma decisão do governador Raimundo Colombo, que foi eleito com maioria de votos ainda no primeiro turno e defendendo esta proposta”, comenta Castro.
COMO FUNCIONA
- No modelo de gestão proposto pelo governo do Estado, a Organização Social (OS) funciona como executora do serviço por meio de contrato de gestão com a Secretaria de Estado da Saúde, que fica apenas com o papel de fiscalizar e financiar os serviços. Estas empresas recebem bens e recursos públicos, servidores cedidos e total autonomia para a administração do hospital. Há também o fim do concurso público e do processo de licitação para a compra de materiais e a possibilidade de abertura para convênios privados.
HOSPITAL REGIONAL
“A paralisação, a meu ver, foi equivocada”
Entrevista/Dalmo Claro de OliveiraAo saber da paralisação, o secretário do Estado de Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, mostrou-se surpreso e afirmou que o ato era “equivocado”. Ele garantiu haver um diálogo entre a secretaria e os servidores para tirar dúvidas sobre a mudança. Sem querer confirmar qualquer prazo, ele garantiu que a troca de gestão ainda não foi definida, mas que existe “grande probabilidade de que aconteça nos próximos meses”.
A Notícia – A decisão de passar a gestão do Hospital Regional para uma Organização Social (OS) já foi tomada?
Dalmo – Não. Há uma diretriz do governo do Estado, até porque é parte do programa de governo passar a gestão dos hospitais estaduais para uma OS. O caso está sendo avaliado. Existe grande probabilidade de que aconteça nos próximos meses, mas não tenho a decisão definitiva.
AN – Os funcionários são contra a mudança e estão mobilizando a população. Qual o posicionamento da secretaria?
Dalmo – É algo que está sendo avaliado com cautela, tendo em vista sempre a melhora do atendimento à população, sem que nenhum funcionário seja prejudicado. Há um diálogo com os funcionários e confesso que fiquei surpreso com a paralisação, que, a meu ver, foi equivocada. Inclusive, uma reunião está marcada para segunda, às 14 horas, no hospital.
AN – A secretaria já tem algum prazo para a mudança?
Dalmo – Não, ainda não temos. Inclusive não vou passar nenhuma data, porque depois serei cobrado por isso. Tudo será decidido de forma minuciosa e responsável.
AN – Por que a Secretaria de Saúde optar por este modelo?
Dalmo – É um modelo de gestão que já existe e está aprovado, não só em Santa Catarina, como em outros Estados. Em Joinville, temos o exemplo do Hospital Infantil que funciona muito bem. O que precisa ficar claro é que problemas todos os hospitais têm. É uma parceria, um compartilhamento de gestão com o governo do Estado, que traz muito mais resultado, mais qualidade de serviço e maior quantidade de serviços prestados para a população.
AN – Como funciona a fiscalização dos gastos com uma OS na administração do hospital?
Dalmo – A OS precisa abrir um CNPJ específico para aquele hospital. Conta bancária específica para receber os recursos para este hospital que venham do Estado e para sua aplicação. Ela apresenta ao Estado, todas as notas fiscais da prestação de serviço e compras para aquele hospital. Esta prestação de contas também é disponibilizada ao Tribunal de Contas. As contas e os resultados da gestão são apresentados trimestralmente, avaliados e discutidos por uma comissão de acompanhamento e fiscalização, a CAF, que é composta por membros da Secretaria da Saúde, do Planejamento e de membros do controle social. Então é um controle muito específico de recursos que têm que ficar na unidade.
CARTÃO DO SUS
Cadastro no Centreventos
A Secretaria de Saúde de Joinville resolveu abrir mais um ponto de atendimento para quem não fez o cartão do SUS. Desde ontem à tarde, a sala 10 do Centreventos Cau Hansen atende à população, com o objetivo de diminuir a espera na sede da secretaria, na rua Araranguá. Neste mês, a secretaria passou a fazer 1,5 mil cartões por dia. O espaço fica aberto das 7h30 às 18h30 e funciona até o dia 30.
A aposentada Maria Bernadete Cunha, 64 anos, aproveitou para fazer o cartão dela e da irmã. “Foi tão rápido que nem marquei quanto tempo fiquei esperando.”
A procura pelo cartão aumentou depois que o Ministério da Saúde tornou-o obrigatório. Para quem já tem cadastro no posto de saúde, são necessários dez minutos para o cartão ficar pronto.
Além disso, a pessoa precisa levar um documento de identidade ou a certidão de nascimento e um comprovante de residência. A coordenadora do setor de cadastramento, Marcia da Rosa, explica que, caso uma pessoa vá fazer mais de um cartão, é preciso pegar uma senha para cada um. “Tomamos essa decisão porque muita gente vem fazer vários cartões, o que aumenta a demora no atendimento”, conta Márcia.
O cartão também pode ser feitos pela internet no site da Prefeitura (www.joinville.sc.gov.br) ou da Secretaria da Saúde (veja quadro).
SAÚDE
Causa de morte é investigada
A Vigilância Epidemiológica de Joinville investiga a morte de um homem, ocorrida na madrugada de ontem em um hospital público da cidade. A primeira suspeita era de que ele havia falecido por causa da síndrome respiratória causada pela gripe A, mas o resultado de um exame recebido ontem à noite descartou a hipótese.
Conforme a gerente da Vigilância em Saúde, Rosilei Baade, três possibilidades estão sendo investigadas. “Pode ser leptospirose, hantavirose ou até mesmo dengue”, afirmou. A coordenadora não divulgou ontem detalhes sobre a identidade do homem.
SAÚDE PÚBLICA
País registra menos mortes por dengue
Doença matou 74 nos três primeiros meses. Em 2011, foram 374 vítimas
Números divulgados pelo Ministério da Saúde, ontem, indicam que caíram os registros de casos graves e mortes por dengue no País nos últimos três anos. Entre janeiro e abril de 2012, 74 pessoas morreram pela doença. Em 2011, foram registradas 374 mortes e, em 2010, 467. Isso significa uma redução de 84% em 2012 se comparado com 2010 e de 80% se comparado com 2011.
Santa Catarina é o único Estado que há dois anos mantém os melhores números no combate à dengue. Nos quatro primeiros meses do ano, não foi registrado nenhum caso grave da doença, assim como no ano passado.
No município do Rio de Janeiro, que arriscava passar pela maior epidemia de dengue da história, foram 15 as mortes confirmadas de janeiro a abril deste ano. Em 2011, 43 pessoas morreram no mesmo período.
O País teve, nos primeiros meses deste ano, 1.083 casos graves confirmados. Em 2011, foram registrados 8.630 casos graves e, em 2010, 11.845. O ministro Alexandre Padilha (Saúde) explica as reduções de mortes e casos graves da doença pela melhoria da assistência prestada à população e pela antecipação de ações, como o repasse de verba adicional para o combate da doença. “Não existe dúvida: a redução se deve à ampliação dos serviços e à redução no tempo de espera de diagnóstico e tratamento”, disse o ministro.
Outros fatores que poderiam explicar a queda, como redução de chuvas e o eventual comportamento diferente do subtipo 4 da dengue – disseminado neste ano no País, chegando a constar de 59,3% das amostras analisadas – ainda serão verificados com calma, segundo o ministério.
De acordo com Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde da pasta, os números de casos graves estão bem consolidados e o de mortes pode crescer entre 10% e 20%, com a confirmação de óbitos ainda em análise.
Apesar da queda nos números na maior parte do País e na média geral, alguns Estados registraram aumento de casos da doença entre 2011 e 2012, como Roraima, Tocantins, Pernambuco e Mato Grosso.
O maior aumento foi registrado em Tocantins, onde os casos passaram de 4.664 em 2011 para 11.589 em 2012. O balanço da dengue em 2012 revela outros índices positivos no combate à doença. Houve diminuição de 91% nos casos graves da doença, que passaram de 11.845 em 2010 para 1.083 registros em 2012. Já o número total de casos teve retração de 58% – foram 286.011 casos da doença em 2012, contra 682.130 em 2010.
Reação a OS
O secretário Dalmo Claro (Saúde) esperava resistência contra a adoção em estudos de organização social (OS) no Hospital Regional de Joinville. Mas se disse surpreso com o protesto de ontem dos servidores. “Estamos dialogando e informando todos os passos, inclusive tem reunião na segunda”.
Posicionamento
A baixa remuneração paga por procedimentos de média complexidade, como consultas, atendimentos hospitalares e ambulatoriais, exames e alguns procedimentos cirúrgicos, vem provocando uma série de descredenciamentos de especialistas do Sistema Único de Saúde em Santa Catarina.
A questão foi levada ao ministro Alexandre Padilha (Saúde) pela deputada federal Carmen Zanotto (PPS), secretária da Saúde no governo de Luiz Henrique, em audiência com o Fórum Parlamentar Catarinense, realizada para discutir a liberação de verbas para emendas da bancada e de emendas populares, ontem, em Brasília.
O Estado foi o que recebeu a maior nota na avaliação do Índice de Desempenho do SUS (IDSUS) em 2011. SC tem a maior taxa de longevidade e o menor índice de mortalidade infantil. É também o recordista nacional na captação de órgãos para transplante, com quase o dobro da média nacional, entre outros bons indicadores.
AN Jaraguá
HOSPITAL SÃO JOSÉ
Ampliação prevê mais 120 leitos
Melhoria custará R$ 25 milhões, um centro de imagem e pronto-socorro
Nos próximos três anos, o Hospital São José, de Jaraguá do Sul, vai passar por um projeto de ampliação que custará cerca de R$ 25 milhões. Para alcançar esse objetivo, o conselho de administração da entidade busca recursos com o governo do Estado, Prefeitura e parcerias com a iniciativa privada. Por enquanto, estão garantidos R$ 6 milhões para as obras, por meio de uma reserva do próprio hospital.
O planejamento foi apresentado pelo presidente do conselho de administração, Paulo Luiz da Silva Mattos, durante encontro no Centro Empresarial de Jaraguá do Sul, na segunda-feira. As obras começaram há cerca de dois meses, com a ampliação do centro de oncologia e a construção do novo centro de diagnóstico por imagem. O objetivo é concluir as melhorias até 2014.
Está prevista a construção de um pronto-socorro, que permitirá atender separadamente e com exclusividade os pacientes do SUS, planos de saúde ou particular. Também o aumento do estacionamento, ampliação em mais 360 m² do centro de oncologia e a construção de um centro de diagnóstico por imagem, com 300 m² e equipado com aparelhos de última geração. Ainda está no projeto a abertura de um ambulatório de ortopedia e de mais um centro de internações de 3 mil m², com 120 novos leitos.
Capacidade de atendimento
Mattos destaca que o investimento deverá reduzir a fila de espera no pronto-socorro, onde acontecem 240 atendimentos por dia, e aumentar a capacidade para internamentos. Hoje, o hospital conta com 202 leitos e até 2014 deve chegar a 322.
Até novembro, o centro de diagnóstico por imagem contará com um aparelho de ressonância magnética de R$ 1,3 milhão, que permitirá a realização de exames de alta precisão. “O novo centro de imagens vai ajudar muito nos diagnósticos, dando à equipe médica um suporte de altíssimo nível”, destaca.
A ampliação do centro de oncologia inaugurado há quatro anos está a todo vapor, com a construção de novas salas de atendimento médico. Hoje, cerca de 100 pacientes recebem acompanhamento na unidade com radioterapia e quimioterapia. “O São José é referência no Norte do Estado no atendimento oncológico e as obras vão garantir ainda mais qualidade ao tratamento”, afirma Mattos.
De acordo com o mestre de obras Vilson Augusto Eccher, o projeto para a próxima etapa dos trabalhos no centro de imagens está sendo concluído.
DAIANE ZANGHELINI
HOSPITAL SÃO JOSÉ
Entidade está em busca de recursos
A mobilização do Hospital São José para conseguir os R$ 25 milhões previstos para as obras começou no ano passado. Em dezembro, o conselho administrativo encaminhou ofício ao governo do Estado reivindicando um repasse de R$ 15 milhões para o projeto, mas ainda não recebeu retorno sobre o assunto.
Paralelamente, a instituição busca outros R$ 4 milhões com empresários da região e a Prefeitura. De acordo com o presidente do conselho, Paulo Mattos, o governo municipal informou que este ano não será possível contribuir financeiramente por causa da lei eleitoral.
Nos últimos sete anos, o Hospital São José recebeu investimentos de R$ 34 milhões, entre ampliações e reformas. As despesas mensais giram em torno de R$ 3,7 milhões por mês, incluindo o salário do corpo clínico, que conta com 200 médicos. A Prefeitura repassa R$ 500 mil mensais e os outros custos são bancados com recursos próprios
EM FLORIANÓPOLIS
A faixa acima é parte da programação do 18º Congresso Brasileiro de Trauma Ortopédico, que terminha amanhã, no CentroSul, em Florianópolis. Ele compõe a conscientização, com cartazes e entrega de material educativo de segurança no trânsito. O movimento aconteceu por volta das 12h na Avenida Gustavo Richard. O evento discute traumas de trânsito e mobilidade urbana. Somente nas estradas estaduais e federais de Santa Catarina, 325 pessoas morreram e 6.166 se feriram neste ano.
GERAIS
Registrados mais três casos de gripe A
A Diretoria de Vigilância Epidemiológica confirmou ontem mais três casos de gripe A no Estado. Um em Tijucas e dois em Itajaí, que passa a ser a cidade com o maior número de contaminações pelo vírus H1N1 até agora, com quatro casos. No total, são 11 registros em Santa Catarina. Luciana Amorim, gerente de imunização da Vigilância Epidemiológica, diz que o fato de Itajaí ter saído na frente no número de contaminações confirmadas pode ser explicado por um maior cuidado da população e dos profissionais da saúde.
GERAIS
Dengue tem menos mortes no país
Números divulgados pelo Ministério da Saúde indicam que caíram os registros de casos graves e mortes por dengue no país nos últimos três anos. Entre janeiro e abril de 2012, 74 pessoas morreram. Em 2011, foram registradas 374 mortes e, em 2010, 467. Isso significa uma redução de 84% em 2012 se comparado com 2010. Santa Catarina mantém os melhores números no combate da dengue. Nos quatro primeiros meses do ano não foi registrado nenhum caso grave.
MOACIR PEREIRA | MÁRIO PEREIRA- INTERINO
Transtornos da modernidade
A Associação Brasileira de Psiquiatria estima que cerca de 10% dos brasileiros sofrem de depressão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) atesta que, aproximadamente, 450 milhões de pessoal sofrem de problemas mentais. Depressão, síndrome do pânico, bipolaridade e estresse crônico são algumas das doenças da modernidade que estraçalham a qualidade de vida do indivíduo.
Não raro, as vítimas chegam a perder o controle de suas vidas, arruinando-as tanto no ambiente familiar quanto no profissional.
Por que esses transtornos são chamados de “doenças da modernidade”? Porque, segundo a quase unanimidade dos especialistas, as exigências para atender aos “padrões modernos” abrem espaço para eles. “Um dos desencadeadores dessas doenças ou transtornos é a exigência de cumprir um padrão. Isso faz com que as pessoas estejam mais preocupadas em corresponder às expectativas externas, como o sucesso e a aquisição de bens materiais”, diz um conhecido terapeuta.
Para corresponder a essas expectativas mentecaptas, a individualidade é perdida e o esforço para tanto submete os desavisados que a elas se rendem a um constante estresse, porta aberta para as doenças emocionais. Que raio de “sucesso” é este? Parece que um instinto de morte inspira o consumismo selvagem do novo capitalismo.
A filósofa e crítica cultural Márcia Tiburi, em artigo publicado na revista Cult, investe contra os discursos prontos que promovem, via propaganda e as babacas publicações de autoajuda, “uma nova sacralização da felicidade pela pronta imagem plastificada”.
Segundo ela, para não atirarmos na lata de lixo a felicidade “como signo da busca humana por uma vida decente e justa, hoje é necessário separar duas formas de felicidade: uma felicidade “publicitária”, cuja busca frenética também pode redundar em doenças do espírito, e uma felicidade filosófica.
“A felicidade filosófica – conceitua Márcia –, desde os gregos significa a ideia da vida justa em que a interioridade individual e as necessidades da vida exterior entrariam em harmonia.” Portanto, felicidade não se compra em shopping center nem em farmácia, sob a forma de roupas de grife e outros que tais e de comprimidos para combater a ansiedade, a depressão e outras patologias do nosso tempo e condição.
Chega a ser um truísmo, mas deve ser lembrado, sempre, que ser feliz não é apenas ter. É ser e viver em harmonia com os outros, a natureza e consigo próprio.
Falta de pediatras no Pronto Atendimento deve ser resolvida com reajuste
A falta de médicos plantonistas no Pronto Atendimento do Hospital Infantil Seara do Bem gerou transtornos esta semana. No entanto, o problema não deve se repetir já que os médicos receberão mais pela hora plantão. Nesta quarta-feira, das 8 horas às 13 horas foram atendidos somente os casos de urgência e emergência.
O administrador do hospital, Éder Alexandre Gonçalves, explica que foi um problema pontual, que aconteceu este mês e somente nas quartas- feiras, mas admite que há dificuldade na contratação de médicos. “Estamos com dificuldades de fechar os plantões, os médicos preferem trabalhar nas unidades de saúde porque o valor pago pela hora plantão é maior”, ressaltou.
Outro agravante é que alguns médicos, mesmo os recém-formados trabalham um mês no hospital e optam por sair. Os atendimentos com crianças são mais complexos e consequentemente as consultas demoram mais tempos do que no atendimento de adultos. Nas unidades de Saúde, os médicos atendem cerca de 15 pacientes, já no Pronto Atendimento o número é bem maior, na última segunda-feira foram atendidas 148 crianças em 12 horas de trabalho. “Acreditamos que o problema será revertido ou amenizado já que a hora plantão paga aos médicos passará de R$ 56 para R$ 72”, lembrou Éder.
A estrutura física do Pronto Atendimento, funcionários e equipamentos são administrados pelo Hospital Seara do Bem e os médicos plantonistas são de responsabilidade da Secretaria Municipal da Saúde. Com os salários dos médicos o município gasta por mês R$ 96 mil e repassa mais R$ 78 mil para ajudar no custeio e manutenção do local. “O Hospital Infantil é Filantrópico e possui convênios com o SUS e recebe apenas R$ 12 mil por mês do Estado, estamos trabalhando para tentar aumentar este repasse por parte do Estado”, salientou o secretário municipal de Saúde, Paulo Duarte. Em 2011 o Pronto Atendimento atendeu mais 55 mil crianças, foram 4.600 por mês.
Problema é em todo o Brasil
A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que deve haver 2,5 médicos para cada mil habitantes. Entretanto a realidade no Brasil é bem diferente, são 1,95 médicos para cada mil pessoas. No sul do país o problema é ainda maior, são 1,6 médicos, ou seja, 0,9% de defasagem.
O problema é ainda maior nas cidades do interior, nas capitais e litoral dos Estado o índice é maior do que o previsto pela OMS, em Curitiba, por exemplo, são 3,25 médicos para cada mil habitantes. “Os médicos acadam optando por outras especialidades e não a pediatria porque os valores com outros procedimentos acabam sendo mais viáveis economicamente”, afirmou o secretário Paulo.
Déficit é de R$ 30 mil por mês
Em 2009, o Infantil possuía uma dívida de R$ 300 mil, entre fornecedores e bancos, a qual já foi quitada, porém o déficit mensal de R$ 30 mil continua, pois o valor repassado pelo SUS e convênios não é suficiente para suprir as despesas. A receita não operacional, ou seja, a ajuda da comunidade através de doações na conta de luz, eventos beneficentes e o auxílio de empresários, entre outras ações, contribuem para manter as contas positivas.
Correia Pinto é quem mais utiliza os serviços
O Hospital Infantil recebe pacientes de toda a região da Amures e ainda de pessoas vindas do litoral e do Sul de Santa Catarina. De janeiro a abril desta ano, pessoas vindas do município de Correio Pinto foram as que mais utilizaram os atendimentos, foram 270 pacientes.
Embora pacientes vindos de vários outros municípios sejam atendidos no hospital de Lages, nenhum deles contribui com as despesas da entidade. A alegação é a falta de verbas. Em 2010, de janeiro a abril, foram realizados 15.942 atendimentos no Pronto Atendimento do Seara do Bem. No mesmo período em 2011, o número subiu para 19.238, um aumento de 20.67%, já em neste ano o número estabilizou, foram 19.162 atendimentos.
Número de pacientes atendidos por municípios de janeiro a abril de 2012
Correio Pinto 270
São José do Cerrito 253
Capão Alto 160
Risco lá e cá
O maior hospital infantil de Santa Catarina não possui médicos suficientes. Dados confirmam que em média são 215 atendimentos por dia. Isso provoca horas de espera. O quadro é visível na emergência do Hospital Infantil Joana de Gusmão, referência no setor. Só para se ter uma ideia, a escala de plantão noturno tem apenas um médico. Além de colocar em risco a vida dos pacientes atinge a reputação dos profissionais. E o pior disso tudo é de que foi homologado um concurso público da saúde e não foram destinadas vagas de pediatra para o hospital. A situação vergonhosa e perigosa foi relatada por meio de um documento, dias atrás, ao secretário da Saúde, Dalmo de Oliveira. Com a contratação de mais profissionais, no mínimo 50 leitos poderiam ser reativados, mas estão fechados. Falta um atendimento digno e de qualidade, inclusive dentro de um governo onde o mote são as pessoas em primeiro lugar. E estamos falando de crianças. Não se pode desmerecer a dignidade dos pacientes
INFORME POLÍTICO | ROBERTO AZEVEDO
Os números desfavoráveis
Reunido com o Fórum Parlamentar Catarinense e com o secretário adjunto de Saúde, Acélio Casagrande, o ministro Alexandre Padilha reconheceu que há uma defasagem de 10% a 12% na remuneração sobre os atendimentos de média e alta complexidade pelo Sistema Único (SUS) em Santa Catarina. O problema ganha proporções gigantescas em função destes valores serem responsáveis pelo crescente descredenciamento de médicos especialistas no Estado, um prejuízo certo para a maioria da população.
Coube a Acélio levar a comparação inevitável com os outros dois estados da Região Sul sobre a destinação de recursos e o pagamento pelo número de pacientes executado pelo SUS. Entre abril do ano passado e março deste ano, enquanto Santa Catarina recebeu R$ 854 milhões no teto de repasses federais, o Paraná obteve R$ 1,7 bilhão e o Rio Grande Sul R$ 1,845 bilhão. O cálculo é feito de acordo com o atendimento e os estados vizinhos têm maior população do que a catarinense. O argumento do Estado está na capacidade instalada de hospitais públicos e da rede filantrópica, que alcança os 100% dos habitantes.
A situação piora quando o ângulo de análise é feito pelo atendimento individual. Na relação per capita, enquanto um paciente catarinense vale R$ 136,80, um gaúcho corresponde a R$ 181,91. Já o paranaense equivale a R$ 164,62. O ideal, na visão de parlamentares e do secretário adjunto, é que exista, a partir de agora, uma equivalência para a tabela. No mínimo, em valores idênticos aos do Paraná.
Se a declaração de Padilha satisfaz em parte, a deputada federal Carmen Zanotto (PPS), enfermeira por formação e ex-secretária estadual da Saúde, lembra que mesmo que o Estado tenha o menor índice de mortalidade infantil e elevadas taxas de longevidade, além da maior nota na avaliação de desempenho do SUS, enfrenta dificuldades em serviços como exames laboratoriais, consultas pré-cirúrgicas e até radiografias.
A reclamação virará outra audiência com Padilha, com direito a relatório pormenorizado, à qual a sociedade estará atenta.
Policlínicas
Descentralização é a palavra-chave na saúde estadual, e o ministro Alexandre Padilha prometeu empenho para incentivar o aumento do serviço público de urgência e emergência no Estado. Parte disso virá com a entrega de cinco novos aparelhos de radioterapia na área de oncologia, um deles pronto para ser liberado ao Hospital São José, de Criciúma.Mas a novidade estadual será mesmo a implantação de policlínicas em cada uma das 22 microrregiões, com recursos, na maior parte, do governo catarinense, e que será detalhado na próxima terça-feira por Raimundo Colombo, informou Acélio Casagrande.