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OPINIÃO DE A NOTÍCIA
Diário de um transplante


A série de reportagens de “A Notícia” sobre a preparação de um paciente para se submeter a um transplante de rim tem o mérito de individualizar uma situação atravessada por milhares de pessoas que dependem da operação para sobreviver ou mesmo melhorar a qualidade de vida. A narrativa traz informações de especialistas e analisa outras modalidades de transplante também realizadas em Joinville.

As reportagens mostram também a importância da doação de órgãos. No caso específico abordado na série, há possibilidade de doação intervivos e compatibilidade com uma irmã. Mas em boa parte dos casos, não há essa chance e há necessidade de doação de terceiros, com autorização da família em caso de morte encefálica. Ainda hoje, há negativas aos pedidos de retiradas dos órgãos. Um dos grandes avanços tecnológicos da medicina, o transplante, não pode deixar de ser utilizado, de salvar vidas, porque há rejeição à doação. Felizmente, há evolução nesse sentido, com mais consciência da necessidade de autorizar a retirada. O procedimento, de custo elevado, é bancado pelo Sistema Único de Saúde, mostra o esforço governamental para levar a chance de uma vida melhor ao maior número de pessoas possível. No caso dos rins, o crescimento anual dos transplantes é de 10% em Joinville. Nesta e em outras modalidades, a fila poderá andar mais rapidamente se houver concordância com a doação em casos de morte encefálica.

 

 

 

Geral


SAÚDE PÚBLICA
À espera de cirurgia, de novo

A falta de orientação a pacientes que estão a espera de cirurgias pode causar transtornos e atrasar a realização de procedimentos. A mensalista Albertina Treis Soares, 58 anos, sabe bem disso. Ela aguarda desde 2007 por uma cirurgia para a retirada de uma pedra na vesícula no Hospital Regional Hans Dieter Schmitd.

A espera de Albertina pela operação teve início em outubro de 2007. Na época, ela passou pelas consultas e exames preparatórios e, inclusive, entregou as receitas dos medicamentos que tomava regularmente à equipe médica. Um dos medicamentos é o AAS Infantil, que também é anticoagulante. “Levei a receita em uma das consultas, mas eles não falaram nada”, diz a mensalista. Quando já estava na sala de cirurgia, prestes a receber a anestesia, é que o médico verificou que Albertina estava tomando o medicamento que poderia expô-la a hemorragias. Por isso, a cirurgia foi cancelada. Quatro anos depois, a equipe do Regional ligou novamente para a casa dela. Como o marido não conseguiu contatá-la – ela estava trabalhando – perdeu a vez.

Na última segunda-feira, a equipe médica ligou após o cancelamento da cirurgia de outro paciente. Desta vez, o genro dela atendeu a ligação. Novamente, ela estava trabalhando e perdeu a oportunidade.

O diretor-técnico do Regional, Hercílio Fronza Junior, afirma que Albertina teve por três vezes a cirurgia agendada, mas em decorrência de problemas com a medicação teve dois procedimentos cancelados. O terceiro, segundo ele, não ocorreu porque Albertina não respondeu de forma imediata à equipe do hospital.

A cirurgia, agora, está marcada para 26 de junho. Segundo o diretor, o hospital realiza cerca de 400 cirurgias gerais todos os meses. Os procedimentos contemplam casos de níveis simples, médios e complexos. Em média, 50 pacientes já preparados para a cirurgia aguardam pela retirada de pedra na vesícula.

 


DIÁRIO DE UM TRANSPLANTE
O transplante está mais perto


Elisiel Silveira registrou em um diário as impressões sobre Joinville, a espera pela cirurgia, a saudade de casa e dos filhos e os simples desejos que poderá satisfazer depois do procedimento: tomar um suco de laranja, comer uma fatia de melancia...

Desde que chegou a Joinville para fazer a cirurgia, no dia 22 de maio, Elisiel Silveira, 26 anos, vem registrando em um diário como tem sido os dias que antecedem o transplante, que será realizado amanhã. As folhas de caderno escritas a lápis guardam suas impressões sobre a cidade, a ansiedade às vésperas da cirurgia e as expectativas para depois do procedimento.

No dia 30 de maio, ele registrou, por exemplo, a ida à promotoria, para assinatura dos papéis necessários para a realização do transplante. A irmã, Elizia Silveira, teve de assinar um documento para oficializar a doação, e antes de voltar para casa, aproveitaram para passear pelo Centro da cidade e ver as vitrines. Um programa bem diferente para quem vem de uma cidade com cerca de 13 mil habitantes, que tem pequenos comércios, poucos carros e quase nenhuma rua pavimentada. “Aqui é tudo muito bonito, tem ruas asfaltadas, bem diferente da minha cidade, onde é tudo estrada de chão”, compara.

Por outro lado, Elisiel fala da saudade de algumas coisas que ele só tem na terra natal. No dia 7 de junho, ele conta que acordou com vontade de tomar banho de rio, como costuma fazer em Rondônia em dias quentes de sol, e relata ainda a saudade dos filhos, duas meninas e um menino. “Estou morrendo de saudades. Eles são a alegria da minha vida.”

Outro aspecto de Joinville que chamou atenção é o clima. Desacostumado com as baixas temperaturas, ele conta no diário que passou um pouco de frio. No dia 8 de junho, ele chegou a sair para caminhar para se esquentar. “Nunca tinha visto frio assim na minha vida, mas eu já estou acostumando com o frio daqui”, escreveu.

Quanto à expectativa para o transplante, Elisiel destaca alguns dos desejos que poderá realizar após a cirurgia, como tomar um copo cheio de água – bem gelada –, comer uma fatia de melancia e tomar suco de laranja, um dos seus prediletos. No domingo, dia 3, Elisiel escreveu que estava ansioso, pois estava chegando a hora da cirurgia. “Acordei mais ansioso, porque o transplante está mais perto.”

Já Elizia, a irmã de Elisiel e doadora do rim, passou ontem pelo último e decisivo exame antes da cirurgia. “É para definir qual dos dois rins eu vou doar”, conta Elizia, que não consegue esconder a ansiedade. “Tenho rezado todos os dias e, com a graça de Deus ,tudo correrá bem”, diz.

 


MORTES POR GRIPE A
Homens são a maioria
Óbitos já chegam a 21 em SC. Ministério da Saúde vai mandar novas doses da vacina

Homens entre 29 e 50 anos. Este é o perfil da maioria das vítimas de gripe A em Santa Catarina que morreram entre o começo de maio e ontem, quando chegou a 21 o número de mortes confirmadas. Novas doses da vacina serão enviadas ao Estado pelo Ministério da Saúde, mas para um grupo restrito e ainda não definido.

Em Joinville, até ontem a Vigilância Epidemiológica de Joinville havia confirmado seis casos de gripe A. Outros 17 continuam sob investigação.

Para o diretor da Vigilância Epidemiológica, Fábio Gaudenzi de Faria, a situação deixa todos em alerta. Ele confirma que há uma circulação intensa de H1N1 no Estado, mas que o retorno do vírus já havia sido detectado pelo Ministério da Saúde em abril.

“Foi quando começamos a identificar os casos e tivemos o primeiro óbito em Itajaí (em maio). A gente fala alerta e não preocupado, porque é um fenômeno que acontece todos os anos: o aumento dos vírus no inverno”, observa.

O fato de a maioria das vítimas serem jovens adultos não surpreende o diretor. De acordo com Faria, desde 2009, quando houve a pandemia, já se sabe que o vírus causa mais doença no jovem adulto. Este grupo não pertencia ao alvo da campanha nacional de vacinação, que terminou em 1º de junho. Faria explica que jovens adultos não foram incluídos porque a campanha é voltada também para outros tipos de gripe, como a sazonal.

“Quando pensamos em gripe de maneira geral, os mais atingidos são crianças pequenas e idosos. Já a ampla campanha de vacinação de 2010 e que foi voltada especificamente para o vírus de H1N1 contemplava jovens adultos.”

Ainda que a vacina seja importante, Faria destaca que a prevenção, com a chamada etiqueta da tosse e outros cuidados, evitam a circulação do vírus. Uma campanha da Secretaria de Estado da Saúde relembrando essas medidas deve ser veiculada na mídia até o final da semana.

 

 

 

GRIPE A
Homens adultos são os mais afetados pela doença
Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina confirmou que, até ontem à noite, 21 pessoas morreram este ano pelo vírus H1N1

Homens entre 29 e 50 anos. Este é o perfil da maioria das vítimas de gripe A em Santa Catarina que morreram entre começo de maio e ontem, quando chegou a 21 o número de mortes confirmadas. Novas doses da vacina serão enviadas ao Estado pelo Ministério da Saúde, mas para um grupo restrito e ainda não definido.

Para o diretor da Vigilância Epidemiológica, Fábio Gaudenzi de Faria, a situação deixa todos em alerta. Ele confirma que há uma circulação intensa de H1N1 no Estado, mas que o retorno do vírus havia sido detectado pelo Ministério da Saúde em abril.

– Foi quando começamos a identificar os casos e tivemos o primeiro óbito em Itajaí (em maio). A gente fica alerta e não preocupado, porque é um fenômeno que acontece todos os anos: o aumento dos vírus no inverno – observa.

O fato de a maioria das vítimas ser de jovens adultos não surpreende o diretor. De acordo com Faria, desde 2009, quando houve a pandemia de gripe A no mundo, já se sabe que o vírus causa mais doença no jovem adulto. Este grupo não pertencia ao alvo da recente campanha nacional de vacinação, que terminou em 1o de junho. Ela foi voltada a idosos, crianças entre seis meses e dois anos e mulheres grávidas. Pessoas com doenças crônicas também podiam receber a dose. Faria explica que jovens adultos não foram incluídos porque a campanha é voltada também para outros tipos de gripe, como a sazonal.

– Quando pensamos em gripe de maneira geral, os mais atingidos são crianças pequenas e idosos. Já a ampla campanha de vacinação de 2010 e que foi voltada especificamente para o vírus de H1N1 contemplava jovens adultos – relembra.

Diante do cenário, novas doses serão enviadas pelo Ministério da Saúde, mas o diretor adianta que não serão grandes quantidades. Por isso, ele ainda não sabe afirmar quais grupos serão vacinados.

– Para vacinar todos os adultos jovens seriam necessárias mais de 2 milhões de doses para o Estado, o que é impossível de se conseguir num período tão curto.

julia. antunes@diario.com.br

JÚLIA ANTUNES LORENÇO

 


GRIPE A
Vale pede mais vacinas

Diante do número elevado de contaminações e de mortes por gripe A em Blumenau – até ontem, eram 37 casos positivos e quatro óbitos –, a prefeitura pediu formalmente ao Ministério da Saúde a liberação de aproximadamente 200 mil doses da vacina para imunizar toda a população.

O pedido também foi estendido para os outros 13 municípios da regional de saúde. Apesar do ministério não ter se posicionado até o momento, a expectativa do município é de que a resposta seja divulgada nos próximos dias.

Após a solicitação formal a Brasília, técnicos do Ministério da Saúde solicitaram informações aos 14 municípios, como número de pessoas internadas, casos confirmados, quantos doentes estiveram em unidades de terapia intensiva (UTI), principais sintomas constatados e dados demográficos da população. As informações foram tabuladas e encaminhadas no início desta semana.

Segundo a secretária de Saúde de Blumenau, Juliana Rigo, o pedido de 200 mil doses para a cidade levou em conta o número de 42 mil pessoas já imunizadas na Campanha Nacional de Vacinação e 40 mil em clínicas particulares da cidade. Blumenau também já garantiu 29 mil doses para doentes crônicos, que estão sendo imunizados nas unidades de saúde. Em toda a regional de Blumenau, cerca de 91 mil pessoas foram imunizadas na Campanha Nacional.

Para o diretor de Vigilância em Saúde, Eduardo Edir Weise, ainda não é possível prever qual será a resposta do Ministério da Saúde.

reportagem@diario.com.br

MORGANA MICHELS | Blumenau

 

 


Rebatendo o governador

As declarações do governador Raimundo Colombo, durante a entrevista aos veículos da RIC Record e Notícias do Dia, dizendo que o PP é um excelente parceiro, e frisando que nada impede que participe do governo, provocaram no presidente dos progressistas Joares Ponticelli o seguinte comentário: “a aproximação do PP com o PSD é natural e vai se intensificar. Neste ano teremos o dobro de coligações que tivemos com o DEM em 2008. As alianças nos municípios estão acontecendo naturalmente.” Mas o que mais provocou insatisfação foi o tema saúde, quando o governador afirmou que vai contratar médicos não por meio de concurso, mas por serviços prestados, ou seja, o médico vai ganhar pelo que fizer, mesmo porque o governador considera que há sim médicos suficientes. Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos,

Cyro Soncini, o governador está “mal informado”. “Somos os mordomos da vez. Ou seja, somos os grandes culpados”, afirmou Soncini, rebatendo o governador, que disse ter médicos suficientes. E, que a sugestão de pagar por serviços prestados é um retrocesso. “Viramos boias-frias no Estado, sem direitos e conquistas.” Soncini lembrou, inclusive, que o projeto de lei para a criação do cargo de gestor hospitalar, apresentado pelo governador, criou um desconforto com quem hoje está tocando e se dedicando aos hospitais. Concordou com as críticas de Colombo à tabela do SUS, completamente defasada, onerando governo do Estado e prefeituras. Para o Soncini, a cobrança em Brasília é obrigatória para que o governo Dilma liberar mais recursos à saúde para o Estado. O governador criticou o critério atual de repasse de verbas para o SUS. Vai a Brasília na semana que vem
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Gestão hospitalar sob análise
Saúde. Governo quer saber, com urgência, por que faltam médicos nas unidades do Estad
o

O governador Raimundo Colombo pediu pressa na análise da gestão de 14 hospitais do estado. O levantamento é ponto de partida para saber por onde há déficit de médicos nas unidades quando o estado tem a quantidade recomendada pela OMS. São 1.279 concursados. A Secretaria de estado da Saúde estuda mecanismos legais para contratar e pagar os futuros profissionais por produção, procedimento extinto a pedido do Ministério Público há cinco anos. Uma das possibilidades é a criação de uma nova empresa pública. O sindicato dos médicos se posicionou contrário à mudança.

O secretário-adjunto da Saúde, Acélio Casagrande, explicou que 46% do orçamento da pasta são utilizados para manter os hospitais administrados pelo estado, que custam R$ 48 milhões mensais. Segundo ele, é preciso avaliar o desempenho de cada unidade hospitalar. “Queremos saber quanto custa e o que faz cada uma delas. Queremos que o hospital público funcione como os que são administrados por particulares e entidades filantrópicas”, ressaltou.

A idéia da remuneração dos médicos de acordo com a produtividade será colocada em prática apenas caso haja necessidade. “Temos 150 funcionários no Hospital Joana de Gusmão. Não poderia faltar, mas muitos estão em outras áreas”, argumentou. Apesar de garantir que o número é adequado, Casagrande reconheceu a necessidade de contratar novos profissionais.

Para os futuros contratos atenderem à determinação de Colombo, a secretaria terá que aguardar o posicionamento do departamento jurídico. A legislação impede a contratação direta dos profissionais. Caso haja impedimento jurídico, Casagrande explicou que o governo poderá criar uma empresa pública. “Não queremos driblar a Justiça. O Governo Federal já fez isso para contratar profissionais para o SUS”, argumentou.. O estado gasta R$ 48 milhões para manter as estruturas, recebendo R$ 11,5 milhões de contrapartida do SUS.

Médicos receberiam por produção

Para garantir a transparência nas futuras contratações, o governo do estado passará a contratar os médicos por processo seletivo. Segundo o secretário-adjunto da Saúde, Acélio Casagrande, a medida facilita ainda a organização do sistema. “No concurso público, o médico é lotado em uma unidade. Depois não conseguimos trocar de lugar”, explicou.

Pela proposta, os médicos não teriam rendimento fixo, receberiam pela tabela do SUS. Para contornar os valores pouco atrativos oferecidos pelos procedimentos, o governo estuda pagar um percentual extra. “Os valores não foram definidos, mas a tabela é apenas parâmetro”, disse Casagrande.

Sindicato considera a idéia um retrocesso

O presidente do Simesc, Cyro Soncini, considerou a proposta de contratar médicos por produção um retrocesso. Segundo ele, a categoria reagiu negativamente à idéia do governador Colombo. “O ministério Público definiu que não poderia ter médicos só credenciados. O concurso assegura a justiça de que o cidadão possa se candidatar a um cargo e tenha condições transparentes de aprovação. É retrocesso. Acho que não prospera”, avaliou Soncini. O presidente disse ainda, que o assunto deverá ser analisado pelo sindicato apenas quando houver uma proposta efetiva. “Vamos analisar no papel. Acredito que o Ministério Público e a Assembléia Legislativa vão participar do debate”, finalizou.