OPinião DO GRUPO RBS
Luta pela prevenção
Autoridades têm razão em estarem inconformadas com a decisão do Ministério da Saúde de fechar os olhos às reivindicações dos três Estados mais meridionais, mantendo inalterada a política de prevenção e combate à gripe A no próximo ano. O retrospecto do problema demonstra claramente que, quando a cobertura vacinal foi maior e na época adequada, diminuíram os casos de registro da doença e de óbitos. A questão é que, no Sul, as estações do ano são mais demarcadas e as temperaturas têm oscilações maiores do que no restante do País, favorecendo o registro de casos, incluindo mortes que precisam ser evitadas.
Quando as autoridades estaduais de saúde alegam que o Sul registra cerca de 80% dos casos de gripe A e, por isso, deveria ser contemplado com um percentual equivalente de doses para imunizar a população, não estão defendendo um privilégio. O tratamento diferenciado se justifica por razões como as excessivas flutuações climáticas, que contribuem para mais registros de gripe. Ou, como definiu um dirigente da área médica, é preciso dar uma atenção especial nos locais em que o vírus circula e onde as pessoas acabam perdendo a vida. O inaceitável número de mortes por gripe A nos Estados sulinos torna injustificáveis políticas concebidas nacionalmente, exigindo mudanças imediatas com ênfase também na conscientização sobre o problema.
CAPA
Esclerose múltipla
Doença neurológica acomete indivíduos entre 20 e 40 anos de idade com surtos que deixam sequelas para a vida toda
Para quem desconhece a esclerose múltipla e, imediatamente, associa o adjetivo esclerosado ao substantivo velho, a maior surpresa é descobrir em qual faixa etária essa doença se faz mais presente.
- Ela acomete, em sua maioria, indivíduos de 20 a 40 anos - diz o neurologista Luciano Nogueira, de Florianópolis.
Tecnicamente, explica ele, trata-se de um mal - sem cura e sem causa conhecida - que destrói a mielina, substância que recobre e isola as fibras nervosas do cérebro. Metaforicamente, completa o médico, é como um ‘fio desencapado’ que produz de três a quatro choques, ou surtos, por ano.
Durante o tempo que dura cada surto, o paciente pode, por exemplo, perder a visão de um olho ou ter dificuldade para mover uma parte do corpo. Passado o surto, os problemas melhoram, mas a parte atingida nunca volta a funcionar como antes, deixando sequelas que vão se acumulando ao longo da vida do paciente.
- É uma das doenças neurológicas que mais causam debilidade ao ponto de incapacitar para o trabalho - afirma o médico.
Muitas vezes, o paciente procura uma série de especialistas, como oftalmologistas e ortopedistas, antes de conseguir ser diagnosticado corretamente.
- Os sintomas podem ser muito sutis e discretos. A doença passa despercebida e é confundida com outras situações - afirma Nogueira.
Com sintomas desde a década de 1990, a dona de casa Nilse Campana, de 52 anos, aposentada por invalidez, toma remédios para reduzir o número de surtos há 10 anos. Seu último surto grave ocorreu em 2003 e afetou o lado direito do corpo. Para ela, manter-se ativa é a receita para prolongar a qualidade de vida.
- Tenho dificuldade para andar, mas faço pilates, aulas de pathcolagem e canto num coral — diz Nilse, que também é presidente da Associação de Apoio aos Portadores de Esclerose Múltipla da Grande Florianópolis (Aflorem).
A Aflorem promove encontros no último sábado de cada mês. A partir de segunda-feira, a entidade realiza uma série de atividades para marcar a Semana Municipal de Esclarecimento e Conscienização à Esclerose Múltipla. Mais informações no site www.aflorem.com.br.