OPINIÃO DE A NOTÍCIA
Mais leitos de UTI
Em 21 de setembro de 2005, o editorial de “AN” abordava investimentos do governo do Estado na ampliação de hospitais para aumentar o número de leitos em unidades de tratamento intensivo (UTIs). Joinville estava incluída no pacote, com auxílio estadual a um hospital municipal, o São José. Naquele momento, a limitação na capacidade de atendimento de UTIs já era crítica. A escolha de observações de sete anos atrás é aleatória, o problema já vinha de antes e continuou depois, como demonstra reportagem na edição de hoje. Mas a lembrança é interessante porque se tivessem sido concluídos os investimentos previstos naquele momento no Complexo Emergencial Ulysses Guimarães, a carência de leitos seria evidentemente menor. Não é o objetivo neste momento analisar quais esferas administrativas, se municipal, estadual ou federal, deixaram de cumprir suas tarefas. Joinville precisa é ser mais ágil.
Neste momento, há interesse do governo do Estado em construir um anexo no Hospital Regional, com previsão de leitos de UTI. É um projeto embrionário que precisa ser acelerado. O São José ainda não concluiu o complexo emergencial e caso não surjam fatos novos, o término das obras e ativação de mais leitos de UTI será só no ano que vem. A demanda atual é motivo mais do que suficiente para apressar a ativação dos novos leitos.
Geral
SAÚDE PÚBLICA
Hospitais em estado crítico
Faltam leitos de UTI desde domingo em Joinville. São José enfrenta superlotação pela sexta vez no ano
O caso da diarista de 42 anos atropelada no domingo em Joinville e levada a Jaraguá do Sul em busca de um leito de UTI é apenas uma amostra da situação difícil pela qual passam os hospitais públicos joinvilenses nesta semana. A lotação no pronto-socorro do Hospital Municipal São José também está em nível crítico. À tarde, havia 38 pacientes a mais do que o número de leitos disponíveis: os 20 masculinos e 16 femininos estavam ocupados.
Outros 13 pacientes esperavam por resultados de exames que ajudariam a definir altas. Há pessoas esperando por procedimentos em macas no pronto-socorro desde o fim de semana. É o caso da atendente Joslei Fröhlich, 33 anos, que completou ontem 11 dias esperando em uma maca no corredor para se submeter a uma cirurgia na perna quebrada.
Se o pronto-socorro ultrapassar o número de cem pacientes excedentes, corre o risco de restringir atendimento apenas a casos de emergência, como ocorreu pelo menos seis vezes neste ano. O caso mais grave foi registrado em fevereiro, quando estavam sendo atendidos 105 pacientes além da capacidade. Ainda em janeiro, os funcionários chegaram a redigir um manifesto para pedir melhorias nas condições de trabalho.
Joslei sofreu um acidente de motocicleta no dia 15, quando apresentou o namorado à família. Resolveram dar uma volta após o jantar, mas ela esquecera o casaco. Na volta, bateram contra um carro na rua Dom Gregório Warmeling – a atendente fraturou a perna em dois pontos. Desde então, está internada provisoriamente no corredor do pronto-socorro.
Depois de dez dias internada no corredor, Joslei diz não aguentar mais. “Meu lado psicológico está abalado. O pior é me sentir inútil, dependendo da ajuda dos outros”, relatou. Como o ritmo de trabalho é puxado, funcionários têm de se virar para ajudar a atendente a ir ao banheiro. Um dia, ela conta que esperou 45 minutos para alguém buscá-la para a maca. Ontem, cansou de aguardar, tentou ir sozinha e caiu. Como as visitas são liberadas duas vezes por dia, ela encontrou companhia em outra mulher, também “internada” em maca. Elas se ajudam e conversam quando estão sozinhas.
Na última visita do médico, na segunda-feira, a cirurgia de Joslei foi garantida para sexta. Mas o horário pode ser adiado caso pessoas com fraturas expostas cheguem à emergência, por terem prioridade. “Acabo sempre ficando para trás. Daqui a pouco, fico ainda mais doente aqui dentro”, disse a mulher. Além de Joslei, outras 15 pessoas esperavam ontem por cirurgia ortopédica no hospital.
gisele.krama@an.com.br caroline.stinghen@an.com.br
CAROLINE STINGHEN E GISELE KRAMA
SAÚDE PÚBLICA
Busca por vagas em cidades vizinhas
Desde domingo, os dois hospitais públicos gerais de Joinville estão sem vagas nas UTIs. No Hospital Regional Hans Dieter, das 20 vagas, 17 estavam ocupadas ontem e três estavam destinadas a pacientes do pronto-socorro. No São José, os oito leitos da UTI geral e seis da neurologia estavam com pacientes.
Segundo informações da assessoria de imprensa do São José, caso a demanda aumente nos próximos dias e nenhuma vaga seja liberada, a opção será levar pacientes para cidades vizinhas ou “comprar” leitos nos hospitais particulares na cidade.
Nos hospitais para públicos específicos, a situação não era muito diferente ontem. O Hospital Infantil Jeser Amarante Faria tinha ontem leitos vagos na UTI, mas poucos. Dos sete leitos neonatais, estavam ocupados seis; dos dez pediátricos, cinco.
Na Maternidade Darcy Vargas, não há vagas para bebês que nascerem prematuros ou com complicações. Das dez vagas de UTI neonatal, todas estão ocupadas.
Na rede privada, a busca pelas UTIs também está alta. No Hospital Dona Helena, a ocupação foi de 88,5% em agosto. Na unidade neonatal, das seis ofertadas, mais da metade ficou ocupada no mês passado. Não foram divulgados dados de setembro.
Leitos de UTI
A necessidade de remoção para Jaraguá do Sul da senhora atropelada na domingo na zona Sul mostra mais uma vez a carência de leitos de UTI em Joinville. O problema é grave. Pelas contas de especialistas, em torno de 30% dos leitos de um hospital deveriam ser de UTI. No São José e Regional, mal dá 10%.
Regulação
A remoção da mulher (vítima do acidente gravado) para Jaraguá foi feita pela regulação do Samu. O serviço avalia com médicos e hospitais de Joinville e região a gravidade de cada paciente e a disponibilidade de vagas antes de decidir para onde enviá-lo. Alguém na fila do Regional pode ir para o São José, por exemplo.
Nos dois hospitais
Os 14 leitos do São José sempre estão ocupados e são comuns filas de espera de cinco pacientes. No ano que vem, talvez o hospital ganhe mais 29 leitos de UTI no Complexo Emergencial Ulysses Guimarães. O Regional tem 20 leitos também permanentemente ocupados. Há dois anos, eram dez leitos.
Número de casos de intoxicação por leite no Estado sobe para 26
Foi registrado o primeiro caso em um adulto, uma mulher de 58 anos
Florianópolis
O diretor técnico do Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), João Marques, informou que o laudo dos exames laboratoriais para confirmar que não há mais presença de ácido nítrico em nenhum produto da empresa Papenborg Laticínios Ltda. deve ser divulgado até sexta-feira (28). “A gente precisa de três resultados negativos para agir com segurança”, declarou ele.
Produção da empresa continua paralisada em Biguaçu
Marques contou que também foram pedidos exames microbiológicos que poderão detectar outros tipos de contaminação no produto, mas não há estimativa do resultado. Segundo a Vigilância Sanitária, o número de crianças em Santa Catarina que foram intoxicadas pelo leite contaminado produzido pela fábrica subiu para 25 nesta terça-feira (25), além de uma mulher de 58 anos. Os três bebês que estavam internados em Tubarão já foram liberados. Um, em Penha, segue no hospital.
A fábrica da Papenborg Laticínios – que comercializa o leite tipo C, da marca Holandês sobretudo no litoral catarinense e tem sede no município de Biguaçu –, foi interditada e, de acordo com o diretor técnico do Cidasc, não tem previsão de voltar a funcionar. “O estabelecimento só será reaberto quando houver total segurança em relação aos produtos oferecidos ao consumidor”, adiantou Marques.
Além do laudo da coleta, outras medidas serão tomadas. O objetivo é verificar desde o recebimento do leite até as condições de trabalho dos funcionários da empresa. “Nossa preocupação é identificar todas as possíveis inconformidades e corrigi-las”, comentou Marques. Ele acrescentou que o monitoramento será realizado de modo permanente até que haja condições da fábrica ser reaberta.