Pelos corredores, não é possível notar – por volta de 17 horas de ontem, a fila não estava extensa no Pronto-atendimento (PA) Leste de Joinville, no bairro Aventureiro. Mas, nos bastidores, as condições são diferentes, afirmam funcionários. Na unidade, que assim como os outros dois PAs da cidade não tem estrutura para internações, pelo menos quatro pessoas passaram a noite à espera de vaga em hospital.
Desde a quinta-feira, com a falta contínua de clínico-geral no pronto-socorro do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, a greve dos servidores estaduais e a superlotação no PS do Hospital Municipal São José, o PA Leste tem recebido a demanda extra. A decisão foi tomada pela Secretaria Municipal de Saúde, mas começa a motivar reclamações por parte de funcionários.
“A secretaria não conversou com os médicos, nenhum médico foi acrescentado para atender às internações. Há sobrecarga enorme para nós”, disse uma médica, que preferiu não se identificar. Segundo ela, faltam alimentação e roupa de cama para internados – informação negada pela secretária Antônia Grigol.
E o sistema de contingência adotado pela secretaria parece longe de ser desmontado. Ontem, o PS do São José registrava 73 pacientes – a capacidade é para 43. Apesar da liminar da Justiça obtida pelo Estado na sexta para suspender a greve, os servidores esperam julgamento de recurso e mantêm a paralisação.Na segunda e na terça, o PS do hospital estadual não teve plantão contínuo. No fim de semana, o atendimento foi suspenso.
A secretária Antônia Grigol reconhece que o PA Leste não tem estrutura para internações e diz torcer pelo fim da greve. Mas afirma que a equipe foi remanejada. “Cancelamos procedimentos eletivos para os cirurgiões colaborarem com demais avaliações médicas”, afirmou.
Cirurgias canceladas
A greve de parte dos servidores, segundo a direção, levou ontem o Hospital Regional de Joinville a cancelar cirurgias eletivas (marcadas com antecedência). São entre 20 e 25 dessas operações por dia. À tarde, a direção tentava junto ao Samu vagas em outras cidades para nove pacientes com indicativo de internação em UTI.
Presença de Dalmo
O secretário estadual de Saúde, Dalmo Claro, visita o hospital hoje pela manhã para analisar quais providências podem ser tomadas para melhorar o atendimento.
Fica como está
A direção do Hospital São José atendeu ao pedido dos servidores e desistiu de mudar a escala de trabalho no pronto-socorro. A proposta era trocar as seis horas diárias por 12 horas por dia, com 36 de folga. A direção lembrou que um grupo de funcionários havia pedido a mudança
GERAIS
Pacientes de planos receberão remédios
Resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicada ontem no Diário Oficial da União define regras para a oferta de medicação de uso domiciliar a beneficiários de planos de saúde com doenças crônicas. A ANS informou que as medidas têm como objetivo melhorar o tratamento de doenças de maior prevalência na população brasileira: diabetes, asma brônquica, doença pulmonar obstrutiva crônica, hipertensão arterial, insuficiência coronariana, entre outras.
Aperto na saúde
Greve na saúde está atingindo níveis irresponsáveis e até criminosos. No Hemosc, por exemplo, foram remetidos mil e-mails aos doadores dizendo que o serviço estava suspenso. E se algum paciente em emergência precisar de sangue? O secretário Dalmo de Oliveira (PMDB) anunciou corte do ponto e reiterou que “o governo não negocia o que está fora da pauta”.
Polêmica
Governo e servidores da saúde em greve estão em uma sinuca de bico.
Assunto velado nos corredores do Centro Administrativo, conceder uma gratificação de 50% para substituir a hora-plantão, maior reclamação dos funcionários do setor, seria um tiro no pé, já que acenderia o debate em outros setores do funcionalismo estadual. A Assembleia se prontificou a ajudar na intermediação, uma proposta do deputado Sargento Amauri Soares (PDT), que tem o apoio do presidente da Comissão de Saúde, deputado Volnei Morastoni (PT).