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OPINIÃO DA RBS
SAÚDE AO RÉS DO CHÃO

Não entendo por que fazem isso com a gente!. A exclamação de Zenilda Castanho expressa, com eloquência, o desalento e a indignação dos catarinenses face à greve dos serviços estaduais de saúde. Com a filha de dois anos no colo, ela se deslocou de Gaspar, no Vale do Itajaí, até o Hospital Infantil Joana de Gusmão, na Capital, onde a menina tinha uma consulta agendada há um mês, e confirmada na véspera, com um otorrinolaringologista. Mãe e filha voltaram para casa sem atendimento. Cenas como esta se repetiram em diversos hospitais públicos da rede estadual, como foi conferido por equipe de repórteres deste jornal.

O atendimento nas emergências e ambulatórios foi mantido para os casos mais graves e urgentes – e seria criminoso se assim não fosse. Mas os transtornos impostos aos contribuintes, que pagam por serviços a que têm direito e não recebem, justificam o protesto. De fato, independente das razões da paralisação, o fato é que as greves nos serviços públicos das três esferas do poder – federal, estadual e municipal –, nesses meses recentes, têm ultrapassado o limite suportável. Uma circunstância que sugere reflexão e ações que, porventura, possam incluir até mesmo algumas mudanças na legislação referente.

Apesar de ser colocada no topo das prioridades demandadas pela sociedade, a saúde pública não tem recebido as atenções nem os investimentos necessários ao resgate da qualidade perdida. E isso em todo o país. Com efeito, não bastasse o descalabro crônico do Serviço Único de Saúde (SUS) no que concerne à medicina curativa e ao atendimento hospitalar dos brasileiros, não raro obrigados a esperar meses a fio pela marcação de uma simples consulta com um clínico geral. E obrigados, ainda, a longas esperas por atendimento na rede hospitalar pública ou conveniada, também a qualidade da medicina preventiva desabou. No Brasil, a saúde jaz ao rés do chão.

Neste quadro, é de justiça reconhecer que a situação de Santa Catarina, apesar de deficiências e problemas que ganham maior visibilidade quando eclode uma greve nos serviços de saúde, alinha-se entre as melhores no contexto nacional. Quanto à atual paralisação, que as negociações da categoria com o governo estadual sejam “destravadas” e conduzam ao final do impasse o quanto antes. Vidas estão em jogo. E não é lícito colocar interesses corporativos acima delas.

Ainda ecoa a desalentada exclamação da jovem senhora Zenilda Castanho: “Não entendo por que fazem isso com a gente!”. Por quê?

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Por falta de negociação, a greve continua 
 

Servidores da saúde afirmam que nenhum item da pauta de reivindicação foi atendido e cobram prioridade para o setor

 
A greve dos servidores da saúde acontece desde o dia 23 de outubro e ainda não houve negociação com o governo de estado. Todos os profissionais de Lages continuam em frente ao Hospital Tereza Ramos em regime de revezamento para manter 70% dos serviços à população. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde Público Estadual e Privado de Florianópolis (Sindsaúde), a urgência e emergência vêm sendo mantidos, além do atendimento aos pacientes já internados.

 
Na quarta-feira (7), a audiência pública convocada pela Comissão da Saúde da Assembleia Legislativa para discutir as reivindicações terminou sem uma decisão final sobre a greve. Representantes do governo afirmaram ser impossível a concessão de reajustes e mantiveram a posição de não negociar enquanto a categoria não voltar ao trabalho. Mas isso não foi aceito pelas entidades que representam os servidores.

 
As consultas, exames e as cirurgias eletivas já agendadas não estão acontecendo. Duas liminares da Justiça determinam a manutenção de 70% dos serviços de saúde e que os grevistas se mantenham a 200 metros das unidades hospitalares. Porém o diretor do SindSaúde em Lages, Luiz Henrique Leão, afirma que não chegou notificação oficial sobre essa exigência dos grevistas se manterem longe do hospital.

 Se for o caso, eles saem do Tereza Ramos, mas vai dificultar o atendimento à população. Ele explica que como o governador, Raimundo Colombo, está viajando, o pessoal que ficou não tem autonomia para decidir as questões da greve. “A gente fica sem saber o que fazer”, conta Leão. O Sindsaúde informa ainda que a falta de materiais e medicamentos nos hospitais é obrigação do Estado fornecer e não é uma reivindicação dos servidores.

 A secretária do Sindsaúde, Edileuza Garcia Fortuna, diz que mil servidores participaram da assembleia. Ela ressalta que há falta de remédios em todo o Estado. Em Lages, o buscopan utilizado para amenizar as dores das grávidas e remédios para pressão não atendem à demanda. O jurídico do sindicato irá mover uma ação contra o Estado.

  

As reivindicações dos servidores

 A secretária do SindSaúde, Edileuza Garcia Fortuna, afirmou que está havendo um desvirtuamento das reivindicações da categoria como tática. O movimento repassou uma pauta emergencial de reivindicações ao governo, em que constam a reestruturação da carreira, reposição salarial e contratação de servidores por meio de concurso público.

 Ainda pedem a suspensão de medidas que causem impacto financeiro negativo aos servidores, como a interrupção do pagamento de horas-plantão. Nada foi negociado até o momento. Fortuna lembra que, em Lages, falta aparelho de mamografia que está quebrado há mais de um ano. O setor de radioterapia não funciona e já foi inaugurado.

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Jornal da Manhã Criciúma

 

Oncologia Pediatrica recebe recursos

 

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