AIDS
Contágio de mães a bebês preocupa
O Brasil somou 469 novos casos de transmissão de aids da mãe para o bebê em 2011, apesar de ser possível reduzir para zero esse contágio, segundo o Ministério da Saúde. Foram registradas crianças de várias faixas etárias – algumas convivendo com a doença sem diagnóstico ou tratamento.
O Brasil ainda contabiliza 5,4 novas infecções entre menores de cinco anos a cada 100 mil habitantes – proporção idêntica à de 2006, segundo o Boletim Epidemiológico de DST-Aids divulgado ontem. “Essas infecções são inaceitáveis, vamos melhorar”, disse o secretário de vigilância do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.
A transmissão da mãe para o bebê (chamada de vertical) pode ser evitada quando a grávida passa a usar remédios antiaids ou, em últim caso, no parto. Barbosa disse acreditar que as taxas de infecção vertical devem cair com a ampliação do teste rápido.
GREVE NA SAÚDE
Quase um mês sem ter o atendimento
Deputados estaduais fazem hoje reunião para tentar intermediar acordo
Charlene Lino, 31 anos, foi mais uma mãe a sair frustrada, sem atendimento, do Hospital Infantil Joana de Gusmão, ontem, em Florianópolis. Há uma semana que a filha de três anos reclama de uma dor no peito.
O choro constante e uma febre que vai e volta fizeram com que a mãe levasse a criança até a Unidade de Pronto Atendimento de Biguaçu. Não atendida, procurou o Hospital Infantil. Foi recebida com a porta entreaberta por um vigilante em uma sala de recepção vazia.
– Ele orientou que eu procurasse o Hospital Universitário, mas lá a espera está demais – disse desanimada.
Sem saber o que afeta a filha, Charlene preferiu ir embora e esperar.
A greve dos servidores da Saúde completa um mês esta semana e segue atingindo pessoas como Charlene. Em unidades onde a falta de servidores resultou no fechamento de alas inteiras pela direção, como a Maternidade Carmela Dutra e o próprio Hospital Infantil, é comum vigilantes fazerem a triagem dos pacientes que buscam atendimento.
Ontem, em coletiva na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, o presidente do SindSaúde, Pedro Chagas, disse que o "caos está criado e o governo não quer negociar". Uma reunião na manhã de hoje entre líderes de bancada do Legislativo vai colocar em pauta uma articulação para promover o diálogo entre sindicato e governo, que Pedro afirma não existir.
– Estão criminalizando o movimento, incentivando os pacientes não atendidos a denunciarem na polícia por omissão de socorro – afirmou.
De acordo com ele, mais de 50 BOs foram registrados contra servidores. Alguns, registrados pelos diretores e gerentes das unidades de Saúde, atendendo a um pedido da Secretaria de Estado da Saúde, como explicou o secretário da pasta Dalmo de Oliveira.
– Há descumprimento de ordem judicial que prevê 70 % do atendimento. Além disso, eles podem responder por omissão de socorro e até abandono de incapaz.
GERAIS
Veneno de cascavel pode combater câncer
Pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, descobriram que uma substância encontrada no veneno da cascavel ajudou a controlar a doença em ratos de laboratório. A cascavel é famosa por ter um veneno poderoso. Um dos seus componentes, a crotamina, prefere as células que se dividem rápido, como as do melanoma – conhecido como câncer de pele.
VÍRUS HIV
Campanha alerta para o diagnóstico
Governo quer informar sobre a importância de se descobrir a doença cedo
Um em cada quatro brasileiros infectados com o vírus HIV desconhece sua situação. A estimativa é do Ministério da Saúde, que lançou campanha hoje para diagnóstico e tratamento de casos de Aids, cujo título é “Eu vivo com HIV e descobri a tempo de me cuidar”.
Segundo números da pasta, há atualmente 530 mil pessoas com HIV no Brasil. Desse total, 135 mil (25,4%) não têm essa informação. Para o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa, fatores como preconceito e barreiras culturais prejudicam o diagnóstico precoce da doença.
O ministro Alexandre Padilha afirmou que nos últimos anos houve avanços no monitoramento clínico. Há cinco anos, 32% dos casos foram diagnosticados precocemente. Em 2011, o índice subiu para 36,7%.
– Esse é um resultado que queremos perseguir fortemente. É bom para o paciente, porque isso pode permitir uma melhor qualidade de vida (...) e muito bom para o enfrentamento, porque reduz o risco de transmissão – disse o ministro em entrevista coletiva.
A campanha do ministério inclui a oferta na rede pública de saúde de teste rápido para HIV, sífilis e hepatites B e C – o resultado do exame, implantando em 2005, fica pronto em 30 minutos. Até setembro deste ano, já foram distribuídos 2,1 milhões de unidades do exame.
SC é o segundo Estado com mais número de casos
De acordo com o Ministério da Saúde, Santa Catarina ocupa a segunda posição no ranking da taxa de incidência da Aids a cada 100 mil habitantes. Em 2011, o índice chegou a 36,4, atrás só do Rio Grande do Sul, com 40,2. O índice nacional é 20,2. Florianópolis é a segunda capital do ranking, com 71,6. Porto Alegre está na frente com 95,3.
Já o número de mortes provocadas pelo vírus da aids no mundo caiu pelo quinto ano consecutivo em 2011, estabelecendo-se em 1,7 milhão (-5,6%), anunciou ontem o Programa Conjunto das Nações Unidas.
EDITORIAIS
NEGOCIAR É A SOLUÇÃO
Desde o seu começo, a atual greve dos servidores estaduais da saúde, que esta semana completa um mês, tem se caracterizado pela radicalização de parte a parte. A negociação está emperrada, e até ontem, quando os hospitais já tinham registrado mais de 10 boletins de ocorrência contra os grevistas, sequer havia previsão de um acordo palatável entre o poder público e os funcionários. Na última sexta-feira, o governo, ao cortar o ponto dos grevistas, jogou mais gasolina na fogueira.
Por sua vez, o Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde (SindSaúde) acusa o governo de criminalizar o movimento. E desobedece a uma decisão judicial que determina a manutenção de 70% dos serviços hospitalares. Segundo o procurador-geral do Estado, João dos Passos Martins Neto, além de descumprirem decisão judicial, os grevistas estão omitindo socorro à população, circunstância que, comprovada, fundamentaria a legitimidade dos boletins de ocorrência, que podem resultar em inquéritos policiais e processos judiciais e administrativos.
Sem entrar no mérito das reivindicações da categoria e na posição do poder público, nunca será demais sublinhar que, neste episódio, um valor mais alto está envolvido: a saúde da cidadania, que não pode correr riscos por falta de atendimento. Se o direito de greve é assegurado pela Constituição Federal, há limites ao seu exercício, principalmente no que respeita a serviços públicos considerados essenciais.
Em nossa edição de ontem, foi publicado um balanço da situação em diversos hospitais públicos no Estado. Em muitos, embora precário e limitado, o atendimento é mantido. Em outros tantos, a situação é crítica e ameaçadora, como é o caso, por exemplo, do Instituto de Cardiologia, em São José, onde tanto a emergência quanto o ambulatório estavam fechados.
Entre as principais reivindicações da sociedade catarinense, apuradas em recentes pesquisas de opinião, que antecederam as últimas eleições, figuram a melhoria dos serviços de saúde e de segurança pública. Ambos estão em xeque, como agora foi possível conferir nos estabelecimento de saúde e nos episódios da violência desencadeada nas ruas por ordem de facções criminosas.
Para o setor da saúde, o primeiro passo será a negociação, sem posições radicais de um e outro lado da mesa. A propósito, uma greve só se legitima quando todos os meios suasórios para evitá-la tiverem se esgotado. A atual greve da saúde antecipou-se a qualquer negociação. Que a negociação, pautada pela razão e não pela paixão e pela radicalização, comece agora, em nome e para o bem da sociedade.
Deputados irão mediar disputa entre servidores da Saúde e governo
Reunião de líderes de bancadas ocorre nesta quarta-feira
Emanuelle Gomes
Florianópolis
A Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina) deve intermediar o diálogo entre governo do Estado e SindSaúde para o final da greve dos servidores, que completa um mês nesta sexta-feira. Os líderes das bancadas se reúnem nesta quarta-feira, às 11h30, para discutir estratégias para reabrir as negociações e encaminhar os lados para um consenso.
Servidores em greve chegam à Alesc após realização de ato público
Na tarde desta terça-feira, a diretoria do sindicato e servidores grevistas estiveram na Assembleia pedindo apoio aos deputados, depois de ato público pelas ruas da Capital. Eles esperam novas propostas do Governo, mas o secretário de Estado de Saúde, Dalmo de Oliveira, ressaltou que não haverá discussões enquanto os trabalhadores não voltarem ao trabalho.
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