FUNCIONALISMO PÚBLICO
Greve na saúde faz um mês nesta sexta
Governo interrompe as negociações e SindSaúde decide manter paralisação
A greve na saúde completa um mês. Sorte de quem possui plano privado e não precisa bater à porta dos hospitais da rede pública para ser atendido. A situação é crítica em unidades como a Maternidade Carmela Dutra, Hospital Infantil Joana de Gusmão e no Hospital Universitário (HU), na Capital.
Os números de quantos servidores estão paralisados não fecham, mas os usuários do Sistema Único de Saúde sentem as consequências da greve iniciada dia 23 de outubro. “Cada boletim de ocorrência que o governo registra é um leito de hospital fechado”, sugeriu Pedro Chagas, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde Público Estadual e Privado de Florianópolis (SindSaúde), ontem, na Assembleia Legislativa.
A diretoria do SindSaúde foi pedir para que os deputados sensibilizem o governo a reabrir as negociações. “Viajei três horas de Chapadão do Lageado para uma consulta marcada dois meses atrás. Fiz todos os procedimentos, mas na última hora meu filho de 10 anos ficou sem atendimento e a gente fica perdida sem saber quando o tratamento vai ser retomado”, contou, ontem pela manhã, Vera Lúcia Eduardo, na portaria do Hospital Infantil.
O governo acusa os servidores de sequer manterem 70% dos serviços, conforme determinação judicial. O SindSaúde rebate ao dizer que o governo cumpriria, no máximo, 60% dos serviços em funcionamento em períodos de não-greve. Citam como exemplo o relatório do Tribunal de Contas do Estado que apontou irregularidades no Hospital Infantil Joana de Gusmão, onde foi constatado que médicos não iam ao trabalho.
O sindicato reclama ainda da criminalização da greve com o incentivo de registros de boletins de ocorrência (BO). “Não se fez BO porque faltava gente na cozinha, mas por abandono de incapazes e diante da omissão de socorro”, disse o secretário Dalmo Claro.
Para o SindSaúde, o registro de mais de 50 BOs é uma forma de pressão que não ajuda a resolver o problema. O sindicato alerta ainda que até ontem não estava publicada na internet a folha que deve ser paga dia 28. “Os dias trabalhados precisam ser pagos”, observou Claudio Vitorino, do SindSaúde.
FUNCIONALISMO PÚBLICO
Mobilização segue em Joinville
Nos dois hospitais estaduais de Joinville, os servidores continuam em greve. No Hospital Regional, segundo o diretor Renato Castro o percentual de adesão teria caído de 36% para 26%. Os setores mais prejudicados pela greve continuam sendo a emergência e a UTI: 64% dos servidores dessas duas áreas aderiram ao movimento.
Na Maternidade Darcy Vargas faltam funcionários no ambulatório e na internação. A informação oficial é de que a emergência, a UTI e o centro obstétrico estão com 70% dos servidores.
A diretora do Sindsaúde em Joinville, Enilda Stolf, nega a volta ao trabalho. “O movimento está de pé até a situação ser resolvida.”
Multa e ponto
Duas más noticias para os servidores da Saúde em greve:
1) O desembargador Gaspar Rubick passou de R$ 1 mil para R$ 10 mil o valor da multa por descumprimento de duas outras decisões judiciais;
2) Auditores da Fazenda colocaram roupa branca e foram conferir na UTI do Hospital Regional São José os servidores faltosos para cortar o ponto.
CANCER DE PELE
Exames preventivos de graça
Neste sábado, Dia Nacional de Combate ao Câncer de Pele, 14 dermatologistas da Sociedade Joinvilense de Medicina farão, gratuitamente, exames preventivos no ambulatório do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt.
Além disso, também estão previstas atividades educativas, como aulas expositivas sobre fotoproteção.
O atendimento médico será das 9h às 13h e, segundo a presidente do departamento de Dermatologia da Sociedade Joinvilense de Medicina, Jussara Narciso, é voltado a pessoas que suspeitam que possam estar com câncer de pele.
Sendo assim, as pessoas devem ficar atentas a uma série de sinais, como a presença de pintas que mudam de cor e formato, ou feridas que não cicatrizam, além de outros fatores que indicam que ela faz parte dos grupos de risco, como ter casos de câncer de pele na família; pele clara; cabelos e olhos claros; muitas pintas pelo corpo ou sardas.
– Idosos e pessoas que ficaram muito tempo expostas ao sol sem proteção também fazem parte dos grupos que devem fazer o exame preventivo – complementa a médica.
Segundo Jussara, em 2010, cerca de 400 pessoas foram atendidas pela campanha preventiva, sendo que aproximadamente 10% dos pacientes apresentavam alguma lesão. Este ano, a expectativa é atender pelo menos 500 pacientes.
Joinville
TROMBOSE VENOSA
O risco à saúde de uma viagem longa
Senado aprova projeto que obriga as empresas a informar os passageiros
O Senado aprovou hoje projeto que obriga as empresas de transporte coletivo a orientarem os passageiros sobre os riscos da trombose venosa em viagens longas. O projeto determina que as empresas insiram nos bilhetes de embarque orientações para a prevenção da doença.
O texto afirma que as orientações devem ser dadas aos passageiros antes do início das viagens, seguindo normas internacionais e nacionais de controle da doença. Não há, no projeto, um modelo de texto a ser usado pelas empresas, nem a previsão de punição para quem descumprir a lei.
O objetivo do projeto é a adoção de medidas que reduzem a possibilidade de ocorrência da trombose em viajantes, como a não permanência sentado por horas seguidas.
– A imobilidade prolongada durante uma viagem em que uma pessoa permanece sentada na mesma posição por várias horas seguidas é um dos maiores fatores de risco da trombose venosa profunda, sendo mais significativo quando a viagem é superior a cinco horas – afirma o ex-deputado Ciro Pedrosa (PV-MG), autor do projeto.
Relator da proposta, o senador João Vicente Claudino (PTB-PI) diz que medidas simples podem reduzir o risco da trombose.
– A informação sobre elas pode e deve constituir orientações a serem transmitidas aos passageiros pelas empresas transportadoras e, com isso, reduzir o risco da ocorrência daqueles danos, se adotadas pelos passageiros – disse.
O projeto segue para sanção da presidente Dilma Rousseff se não houver recurso para ser aprovado no plenário do Senado – uma vez que foi analisado em caráter terminativo pela Comissão de Assuntos Sociais da Casa.
Problema também ocorre em viagens prologandas de avião
A trombose venosa forma coágulos sanguíneos que obstruem vasos profundos do corpo. Por ficar muito tempo parado, o sangue pode se estagnar numa veia, criando um coágulo no local – que prejudica a passagem do sangue e forma a trombose. Em casos mais graves, o coágulo pode migrar para alguma artéria do pulmão e provocar embolia pulmonar.
Embora isso pode acontecer em transportes terrestres, os riscos se elevam muito no deslocamento por avião, devido à conjunção de fatores como imobilidade, altitude e pressão. Algumas pessoas são mais suscetíveis a esse problema, como idosos, gestantes e obesos.
Brasília
Colunista Cacau Menezes
Perigo à mesa
Há três anos, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de consumo de agrotóxicos no mundo. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dois terços dos alimentos consumidos, diariamente, pelos brasileiros estão contaminados pelos agrotóxicos, que contribuem para a insegurança alimentar da população e causam danos à saúde e ao meio ambiente.
ATENDIMENTO PRECÁRIO
Um mês e sem rumo
Governo do Estado e sindicato dos trabalhadores não se entendem, nem sequer voltam a negociar. Enquanto isso, a população sofre com a falta de atendimento nas emergências e o serviço precário oferecido a quem está internado nos hospitais
A greve na saúde, que começou no dia 23 de outubro, completa um mês sem perspectivas de terminar. Enquanto isso, a situação permanece crítica em unidades como Maternidade Carmela Dutra, Hospital Infantil Joana de Gusmão e no Hospital Celso Ramos, todas em Florianópolis, que recebem pacientes de outras regiões do Estado. Os usuários do SUS sentem as consequências da greve.
– Viajei três horas de Chapadão do Lageado para uma consulta marcada dois meses atrás. Fiz todos os procedimentos, mas na última hora, meu filho de 10 anos ficou sem atendimento e a gente fica perdida – contava ontem pela manhã, na portaria do Hospital Infantil, Vera Lúcia Eduardo.
O ponto principal da greve gira em torno da hora-plantão. Trata-se de um acréscimo salarial correspondente ao trabalho extra feito pela falta de funcionários. Porém, este ano foram contratados mais servidores. Com isso, o governo sinalizou que deixaria de pagar este acréscimo, pois os novos funcionários cobririam esta lacuna. Mas o sindicato dos trabalhadores quer manter este acréscimo salarial.
Emergências de portas fechadas
A professora Vanessa Soares, 32 anos, teve mais sorte do que Vera Lúcia. Ela conseguiu fazer a ressonância magnética e o raixo-X marcados para filha Isabele, de três anos. A preocupação dela é com o retorno ao médico e uma possível emergência envolvendo a criança.
– Sempre que é algo urgente, trago para o Hospital Infantil, mas fiquei sabendo que a emergência não está funcionando. Se acontecer, não vou saber o que fazer – diz.
Com emergências de portas fechadas e atendimento prejudicado pela falta de funcionários, a Grande Florianópolis vive o retrato mais crítico da greve dos servidores da saúde em todo Estado.
No Hospital Celso Ramos, casos emergenciais são recebidos, mas o paciente pode aguardar entre uma ou duas horas para ter o caso analisado. No Instituto de Cardiologia, em São José, o setor de emergência está parado. Pacientes são encaminhados para o Hospital Regional, onde engrossam a fila de espera.
Com funcionários a menos, os hospitais garantem apenas que quem já estava internado receba atendimento. A mesma situação se vê na Maternidade Carmela Dutra, onde as só cirurgias emergenciais continuam sendo feitas.
ATENDIMENTO PRECÁRIO
Deputados vão mediar
Até ontem, não havia confirmação sobre data para uma nova reunião entre governo e sindicato dos trabalhadores, mas o líder do governo na Assembleia Legislativa, Darci de Matos (PSD), comprometeu-se a marcar para próximos dias.
O secretário de Saúde, Dalmo de Oliveira não deve participar, e sim Décio Vargas, interlocutor do governo junto a categorias em greve. Com o ponto cortado, boletim de ocorrências sendo abertos e a ameaça de não pagamento do salário neste mês, o diálogo entre governo e SindiSaúde havia se deteriorado nos últimos dias.
Ontem, o secretário Dalmo de Oliveira disse que o governo pretende atender as solicitações dos servidores sobre melhores condições de trabalho e assegurou manutenção da hora-plantão.
Mas reclamou do SindiSaúde, que conforme ele, entende que “negociar é concordar com todas as solicitações apresentadas”, o que nem sempre é possível por limitações financeiras do governo. O secretário disse que é intenção do governo contratar novos servidores e garantir o pagamento da gratificação salarial. Mas que isso representa um gasto superior a R$ 10 milhões mensais para os cofres do Estado.
Em outro ponto, o governo argumenta que os servidores não mantêm 70% dos serviços conforme determinação judicial. Já o SindiSaúde, que representa os servidores, alega que houve criminalização da greve com os registros de boletim de ocorrência na polícia.
– Não se fez BO porque faltava gente na cozinha, mas por abandono de incapazes e diante da omissão de socorro – observou Dalmo de Oliveira.
– Cada boletim de ocorrência que o governo registra é um leito de hospital fechado – contra-ataca Pedro Chagas, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde.
SindSaúde acusa o governo de SC de incentivar pacientes não atendidos a procurarem a polícia
De acordo com o sindicato, mais de 50 boletins de ocorrência foram registrados contra servidores nos últimos dias
A greve na saúde estadual teve mais um embate. Pedro Chagas, presidente do SindSaúde, que representa os trabalhadores, acusou o governo de incentivar pacientes não atendidos a procurarem a polícia por omissão de socorro. Falou que "o caos está criado e o governo não quer negociar".
- Estão criminalizando o movimento, incentivando os pacientes não atendidos a denunciarem na polícia por omissão de socorro - acusa Pedro.
Abandono de emprego
De acordo com o SindSaúde, mais de 50 BOs foram registrados contra servidores nos últimos dias. Alguns registrados pelos diretores e gerentes das unidades, atendendo a pedido da Secretaria de Estado da Saúde, como confirmou o secretário da pasta Dalmo de Oliveira.
- As faltas caracterizam descumprimento de ordem judicial que prevê 70% do atendimento. Os grevistas podem responder por omissão de socorro e até abandono de incapaz - justificou Dalmo.
O sindicato alega que não há como cumprir 70% porque a liminar os obriga a ficarem distante das unidades. Nesta quarta, uma reunião entre líderes de bancada do Legislativo tentará criar um canal de diálogo entre sindicato e governo do Estado, que Pedro afirma não existir.
Prejuízos à população
Enquanto isso, a população continua prejudicada. Terça-feira, Charlene Lino, 31 anos, foi mais uma mãe a sair frustrada do estacionamento do Hospital Infantil Joana de Gusmão. Há uma semana que a filha Mariana, de três anos, reclama de dor no peito e febre. Foi recebida por um vigilante numa recepção vazia.
- Ele orientou que eu procurasse o HU, mas lá a espera está demais - disse, antes de ir embora.
O que querem
A principal reivindicação dos trabalhadores é a gratificação salarial entre R$ 1,3 mil e R$ 2,8 mil sobre o vencimento. O secretário de Estado da Saúde, Dalmo de Oliveira, disse que o governo não tem condições de cumprir o apelo dos servidores e que o fim da greve só depende dos funcionários.
Fiquei doente. E agora?
- O Hospital Infantil Joana de Gusmão e a Maternidade Carmela Dutra só atendem casos graves, conduzidos pelo Samu ou ambulância, ou encaminhados por Unidades de Pronto Atendimento, com pedido por escrito do médico responsável.
- Nos demais hospitais da Grande Florianópolis, o atendimento nas emergências está reduzido. A emergência e o ambulatório do Instituto de Cardiologia, em São José, estão fechados, e o atendimento está sendo feito no Hospital Regional
Teste Rápido de HIV chega às cidades catarinenses
De hoje até sexta-feira, 48 profissionais de saúde de todo o Estado estão reunidos em Florianópolis, onde recebem treinamento para aplicação do Teste Rápido de HIV.
O objetivo é ampliar a execução de testes rápidos no Estado. Hoje, o Teste Rápido é aplicado em gestantes, nas maternidades estaduais. Com a capacitação desses profissionais, o exame será implantado, gradativamente, em todas as cidades catarinenses, conforme explica Elma Fior da Cruz, gerente de DST/Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Estado da Saúde.
O Teste Rápido é um exame que detecta o vírus da Aids em 30 minutos. Feito a partir da coleta de uma gota de sangue, o exame se assemelha ao teste de glicose. Se o resultado for positivo, o paciente é encaminhado para exames laboratoriais. “A intenção é facilitar o acesso da população ao teste. E agilizar o resultado”, explica Elma, ao lembrar que, hoje, já está comprovado que o tratamento precoce melhora a qualidade de vida do paciente, além de evitar novas transmissões.
Há dois treinamentos. Um teórico, que está acontecendo no Ingleses Praia Hotel, e um prático, conduzido no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), pela Dra. Cristine Ferreira, gerente técnica do órgão. Durante 10 anos, Cristine trabalhou no Ministério da Saúde, no processo de implantação do Teste Rápido no Brasil. Agora, atuando na Secretaria de Estado da Saúde, a profissional está capacitando profissionais da Atenção Básica.
Os kits de Teste Rápido são fornecidos pelo Ministério da Saúde. O Estado repassa às cidades catarinenses. A cada teste realizado, o município ganha R$ 1,00.
O Hospital Regional de Araranguá é um excelente exemplo de como a gestão por Organização Social (OS) pode ser salutar. Há seis meses, a Secretaria de Estado da Saúde assinou contrato com uma OS, para gestão da unidade de saúde.
Desde então,