COMBATE À GRIPE A
Propostas do Sul bem recebidas
Secretários de Saúde pedem mudanças na vacinação em 2013, propostas que estarão na pauta na próxima terça-feira
Apresentados ontem pelos secretários de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, os pedidos de mudanças na vacinação contra a gripe A foram recebidos com simpatia pelo Ministério da Saúde (MS).
As sugestões, entre elas a antecipação do começo da imunização, serão discutidas na próxima terça-feira, quando representantes das secretarias estaduais de todo o país vão se reunir em Brasília para tratar das ações visando à campanha do próximo ano.
O secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa, recebeu os pleitos dos Estados do Sul, região que mais sofre com o vírus H1N1. A partir do diagnóstico feito por técnicos das três secretarias, desde o término da vacinação deste ano, foi criada uma lista com quatro pedidos.
Catarinenses, gaúchos e paranaenses querem que a campanha comece mais cedo, no início de abril e não em maio, como aconteceu em 2012. Também se constatou que é necessário ampliar o número de vacinas disponibilizadas. Ainda foram solicitadas mudanças nos grupos de risco, além do aumento das atividades de conscientização sobre a importância da vacinação e do tratamento correto.
De acordo com a Diretoria da Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina, este ano, até setembro, foram registrados 757 casos de contaminação por H1N1. Foram 76 óbitos causados por Gripe A no Estado. O maior número de doentes foi em Blumenau (57), onde também ocorreu o maior número de mortes (11). O segundo município com maior incidência foi Videira (53), que registrou também o segundo número de óbitos (5).
Para o secretário de Vigilância, as demandas da Região Sul estão em consonância com alterações já previstas pelo próprio ministério.
– É muito boa a mobilização dos secretários. As propostas de mudanças estão de acordo com o que nós estamos estudando – afirmou.
rodrigo.saccone@gruporbs.com.br
RODRIGO SACCONE | Brasília
OPINIÃO DA RBS
REFÉNS DO CORPORATIVISMO
A greve dos funcionários do serviço estadual de saúde, que ontem completou um mês, envolve reivindicação absurda e abusiva que, se atendida pelo poder público, o tornaria cúmplice de um malfeito. Manter o pagamento da chamada hora-plantão, compensação salarial pelo trabalho extra realizado pela categoria em razão da falta de funcionários, depois de suprida esta carência por meio de novas contratações, este ano, mais do que liberalidade configuraria um gerenciamento capenga, senão uma irregularidade.
Seria como pagar com dinheiro alheio – no caso, recursos a duras penas recolhidos pela cidadania ao erário – para remunerar, em caráter permanente, um serviço que não mais será prestado, porque tornado desnecessário. Apesar disso, o sindicato da categoria exige como compensação uma gratificação de 50% sobre os salários. Proposta que beira o absurdo, esbarra em preceitos legais e até mesmo ignora que a queda da arrecadação do Estado no ano em curso já chega a R$ 800 milhões.
Neste quadro, o governo, à míngua de recursos para investimentos, precisa, de fato, ser austero no gerenciamento. E benesses salariais extemporâneas a uma categoria de servidores são descabidas. Neste e em qualquer outro momento, como sinalizam os princípios da boa administração pública, nos quais se enquadra, também, o corte do ponto dos grevistas, medida determinada na última sexta-feira, que radicalizou ainda mais a situação.
Também na mira da Justiça, que já determinou que pelo menos 70% dos serviços sejam mantidos nas unidades de saúde, os grevistas podem ser enquadrados em crimes de abandono de incapaz e de omissão de socorro.
Enquanto a negociação sequer foi cogitada até agora, a situação chega a um ponto-limite. A sociedade, ofendida e desamparada, mais uma vez foi tomada como refém de interesses corporativos por uma categoria funcional. Vidas estão em risco. O cenário mais crítico é o da Grande Florianópolis.
Justa é a revolta da cidadania que paga pelo que não recebe. Emergências fechadas, consultas, exames ambulatoriais e cirurgias, algumas marcadas há mais de três meses, e outros procedimentos não são honrados.
Mais do que preocupante, o quadro é ameaçador.