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CONSCIENTIZAÇÃO
Caminhada lembra o dia do autismo

Cerca de 200 pessoas participaram da caminhada do Dia de Conscientização do Autismo, ontem, em Joinville. Vestidos de azul, os participantes partiram da frente do Shopping Mueller, por volta das 14h30, e percorreram ruas do Centro da cidade até a praça da Bandeira, onde o evento, promovido pela Associação de Amigos dos Autistas (AMA), foi encerrado.

Segundo a coordenadora administrativa da AMA, Leila Dumke, a segunda edição da caminhada serviu para alertar a população sobre o autismo e quebrar preconceitos.


 

 

ARTIGOS
Técnicos x médicos de verdade

Em um mundo predominantemente racional, onde o material e a velocidade são as partes mais valorizadas, quando o rápido e imediato suplanta os ciclos naturais, como podemos formar verdadeiros médicos?

Nossos alunos são espelhos da nossa sociedade. A tecnologia está revolucionando a medicina: exames e cirurgias cada vez menos invasivos, reposição de órgãos por meio dos mais variados transplantes, toda biblioteca de conhecimento ao alcance da mão em um smartphone ou tablet. A tecnologia é fantástica para aproximar as pessoas, mas o que ocorre, na maioria das vezes, é o contrário. O ritmo louco faz com que o contato humano seja cada vez mais breve e raro. Consultas de uma hora são raridade. “Médico bom” é aquele que atende em cinco minutos e nem examina, pede logo dezenas de exames. E as novas fornadas de médicos já assimilam a velocidade como fator de eficiência. Estamos formando técnicos em medicina, esquecendo-se de formar médicos. O calor das relações humanas está se tornando um frio contrato de prestação de serviço.

A essência da medicina está se perdendo: a empatia, que é saber se colocar no lugar do outro, vestir as sandálias do paciente, tentar compreender o que ele está passando. Isso só se consegue depois de muita conversa e experiência em ouvir. Nenhum exame ou máquina consegue fazer isso. A divisão da medicina em sub-subespecialidades faz com que se perca a visão do indivíduo como um todo; trata-se somente o órgão doente, esquecendo-se que aquele órgão perdeu sua saúde por um desequilíbrio no paciente como um todo. Esquece-se o básico, o começo de tudo, que é o nome do paciente: não se chama o senhor Francisco, mas o paciente do tumor de fígado ou o paciente número 55. Por outro lado, os pacientes também nem sabem o nome do médico que está tratando deles: eles também vivem com pressa... Como pode surgir uma relação de confiança?

Uma profissão que é essencialmente humanista, em que se convive com os sofrimentos, temores e dores, não pode ter uma formação puramente técnica. Quem no futuro vai ensinar a abraçar os pacientes? Esqueceu-se há muito tempo de se ensinar filosofia na faculdade de medicina! Vou mais longe: literatura deveria ser obrigatória na universidade. Como tratar das dores da humanidade se não conhecemos os grandes clássicos da literatura que tão bem traduzem as emoções maiores? Onde se ensina poesia numa universidade? E fotografia? Se não aprendermos a captar a beleza de cada momento, de visualizarmos a beleza que existe em cada sorriso, o drama por trás de cada lágrima, não teremos condições de traduzir em palavras ao paciente a mais importante recomendação que um médico possa passar: a esperança.

*Cirurgião plástico e professor de medicina

bezbatti@terra.com.br

HUMBERTO THORMANN BEZ BATTI*